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Índice

Introdução........................................................................................................................................1

1. O processo eleitoral na Constituição da República de 1990....................................................2

2. Análise dos processos eleitorais na Constituição da República de 2004, revista em 2018.....3

Conclusão........................................................................................................................................6

Referências Bibliográficas...............................................................................................................7

Legislação....................................................................................................................................7
Introdução
Em Moçambique, o Estado nasce em 1975, com a Independência do país e existência de um
texto legal escrito, ou seja, a Constituição da República Popular de Moçambique (CRPM). É, no
entanto, na Constituição da República de 1990 que se introduz o Estado de Direito Democrático,
pela inclusão clara no texto fundamental dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos
cidadãos.

É neste contexto que falaremos no presente trabalho, do processo eleitoral na Constituição de


1990 até a constituição actual.
O método usado neste estudo é bibliográfico, por mostrar-se o mais adequado e por consistir na
recolha do conhecimento acumulado sobre o tema em discussão.

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1. O processo eleitoral na Constituição da República de 1990
A Constituição da República de 1990 é uma constituição de transição entre o regime
monopartidário e o pluripartidário, que já se adivinha no horizonte.

A Constituição da República de 1990, que também surge numa situação de luta armada, (guerra
civil) introduziu o Estado de Direito Democrático alicerçada na separação e interdependência de
poderes e no pluralismo político. Esta separação de poderes em nosso entender marcou o
principio de liberdade política, no país.

Portanto, a Constituição de 1990 torna possível a recomposição do campo político em


Moçambique.

Mas embora a Constituição tenha introduzido o fundamento legal de um sistema multipartidário


em Moçambique em 1990, foi apenas praticamente dois anos depois, com a assinatura do acordo
de paz em Roma em Outubro de 1992, que as perspectivas se abriram para uma efectiva
transformação do sistema político moçambicano.

Não se pode falar do processo de democratização do país sem ter em conta a Constituição de
1990, que introduz o multipartidarismo e conduz às primeiras eleições gerais e legislativas, cujas
atenções ficaram voltadas para a participação do povo no governo e a forma como se concebeu e
se concebe na prática a definição etimológica da democracia enquanto poder do povo.

O artigo 73 da CRM de 1990, afirme que “o povo moçambicano exerce o poder político através
do sufrágio universal, directo, igual, secreto e periódico para a escolha dos seus representantes,
por referendo sobre as grandes questões nacionais e pela permanente participação democrática
dos cidadãos na vida da Nação”.

Está patente naquela disposição o principio da democracia directa.

Outro elemento importante no âmbito da democratização de Moçambique foi a Constituição da


República de 1990 que preconizava para além de muitos outros aspectos reivindicados pela
Renamo, a garantia dos direitos básicos individuais tais como a liberdade de crença, de opinião e
de associação; o pluralismo partidário, a independência dos tribunais e as eleições livres e
secretas e uma eleição directa do Presidente da República como oportunidade máxima no
exercício da cidadania e do direito democrático.

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É aqui que se pode dizer que o processo de democratização em Moçambique propriamente dito,
teve o seu ponto máximo a partir e através do AGP (Acordo Geral de Paz), firmado entre o
Governo da Frelimo e a Renamo em Outubro de 1992 em Roma. Assim, as primeiras eleições
multipartidárias realizadas em 1994 não só marcaram formalmente o fim da guerra civil, como
constituíram, igualmente, o passo inicial no caminho tortuoso rumo a uma estabilidade política e
à implementação de estruturas democráticas. Contudo, é preciso sublinhar que a estabilidade
política conseguida pelo AGP mostrou-se fraca por causa das bases nas quais assentava e o modo
como foi alcançada.

Embora Moçambique saliente-se como verdadeiramente um país democrático após o Acordo


Geral de Paz, visto ter sido este o primeiro momento em que Moçambique sentou-se à mesa
como um país e assim decidir sobre o rumo a tomar no crescimento do País e no respeito da
unidade na diversidade já prevista na Constituição de 1990, é com base nesse acordo que uns e
outros reclamam a paternidade da Democracia em Moçambique, o que é irrelevante nesses
patamares em que nos encontramos e muito menos ainda quando a luta é pela consolidação dessa
mesma Democracia e a sua efectivação, que tem se mostrado muito além do desejado.

2. Análise dos processos eleitorais na Constituição da República de 2004, revista em


2018.
 A atual Constituição da República de Moçambique – a CRM, de 16 de novembro de 2004 – foi
elaborada no âmbito de um procedimento constitucional democrático, de cariz parlamentar e
presidencial, já em ambiente de parlamento pluripartidário.

Embora não se pudesse duvidar da introdução do modelo de Estado de Direito Democrático que
a CRM 1990 operou, o certo é que deste modo a legitimidade do texto constitucional surgiria
reforçada por dimanar de um parlamento sufragado por eleições pluripartidárias.

O preâmbulo do texto constitucional, dá indicações claras do estabelecimento do Estado de


Direito Democrático, iniciado com o texto legal de 1990. O Titulo I, que estatui sobre os
princípios fundamentais, reafirma no artigo 1º os princípios democráticos preconizados na
Constituição de 1990 e ampliou a redação sobre os princípios do Estado de direito democrático,
ao dedicar os artigos 2º a 4º sobre a soberania e legalidade do Estado; Estado de Direito
democrático e pluralismo jurídico.  

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O artigo 11º, que preconiza sobre os objetivos fundamentais do Estado, define nas alíneas e) e f)
respetivamente “a defesa e a promoção dos direitos humanos e da igualdade dos cidadãos perante
a lei; o reforço da democracia, da liberdade, da estabilidade social e da harmonia social e
individual”.

O Titulo III que estabelece sobre os direitos, deveres e liberdades fundamentais, ampliou estes
conceitos distribuindo-os em cinco capítulos, com um total de 59 artigos, portanto um acréscimo
de mais artigos que o texto legal anterior. A estatuição e ampliação destes direitos cívicos,
políticos económicos e sociais, conjugados com os princípios de separação e interdependência de
poderes preconizados no artigo 133º, da atual lei mãe configuram, sem margem de dúvidas, os
traços fundamentais do regime de direito democrático do Estado moçambicano.

Conforme sustenta Gouveia (2015, p. 259): 

A caracterização de Moçambique como um Estado de Direito Democrático se obtém, sem


qualquer hesitação através da análise da prática politica de todo este percurso da II República
(…) desde então a  experiência democrática tem amadurecido não apenas com a multiplicação
das formações partidárias, como  também pelo alargamento do principio eletivo as assembleias
provinciais e aos órgãos autárquicos já com diversas eleições efetuadas.

Moçambique trilhou num processo ascendente rumo a efectivação desta participação


representativa do povo no governo, ou seja, das sociedades primitivas e tradicionais (a
Constituição de 1975) até à sociedade moderna actual (a Constituição de 1990 e 2004), com o
multipartidarismo introduzido à luz da Constituição de 1990, no qual surgiram os partidos
políticos, as eleições gerais e locais, entre outras formas consideradas democráticas de
governação, dentro do contexto moçambicano.

Actualmente, o âmbito eleitoral não se restringe somente para os órgãos centrais como o
presidente, e os deputados da Assembleia da República, nem tampouco para os órgãos locais. O
processo eleitoral passou com a revisão pontual da Constituição de 2018 para os órgãos de
governação descentralizada, do qual fazem parte as autarquias.

Pode-se verificar que os órgãos de governação descentralizada que antes foram órgãos locais do
Estado, tem como forma de designação ao cargo, a eleição.

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Nos termos do n. 2 do artigo 279 da CRM, é eleito Governador de Província, o Cabeça de Lista
do partido político, da coligação de partidos políticos ou de grupo de cidadãos eleitores que
obtiver a maioria de votos nas eleições para a Assembleia Provincial.

O mesmo sucede com o Administrador de distrito que é eleito como o cabeça de lista do partido
político, da coligação de partidos políticos ou de grupo de cidadãos eleitores que obtiver maioria
de votos nas eleições para a Assembleia distrital.(n. 2 do art. 283 CRM).

Portanto vemos aqui que a revisão constitucional que se operou em 2018 alargou o leque de
figuras que assumem o protagonismo no processo eleitoral, que é a manifestação do princípio do
Estado democrático introduzido pela Constituição de 1990 e consolidado pela CRM de 2004.

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Conclusão
O presente trabalho procurou fazer uma análise dos processos eleitorais na Constituição de 1990
e na Constituição actual. Desta feita ficou demonstrado que a Constituição de 1990 torna
possível a recomposição do campo político em Moçambique.

Ficou dito que não se pode falar do processo de democratização do país sem ter em conta a
Constituição de 1990, que introduz o multipartidarismo e conduz às primeiras eleições gerais e
legislativas, cujas atenções ficaram voltadas para a participação do povo no governo e a forma
como se concebeu e se concebe na prática a definição etimológica da democracia enquanto poder
do povo.

Vimos também que a atual Constituição da República de Moçambique – a CRM, de 16 de


novembro de 2004 – foi elaborada no âmbito de um procedimento constitucional democrático, de
cariz parlamentar e presidencial, já em ambiente de parlamento pluripartidário.

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Referências Bibliográficas
GOUVEIA, (2015). Jorge Bacelar, Direito Constitucional de Moçambique, Lisboa, IDiLP,
MAZULA (ed). Eleições, Democracia e Desenvolvimento. Maputo.
DAHL, Robert. (1997). “Democratização e oposição”, in Poliarquia: Participação e Oposição,
Juliana Nonato Corrêa. As Concepções Contemporâneas de Democracia. S. Paulo.

Legislação
Constituição da República de Moçambique, aprovada em 1990.
Constituição da República de Moçambique, aprovada a 16 de Novembro de 2004.

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