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Preparação para o Teste de Sociologia Jurídica II

I. A Justiça em Moçambique

Fale da Justiça Moçambicana no Período colonial.


Durante o período colonial em Moçambique, a justiça era administrada pelas autoridades
portuguesas e seguia os padrões legais europeus. No entanto, havia uma grande disparidade
entre a aplicação da justiça para os colonos portugueses e os povos indígenas moçambicanos.
Os colonos portugueses tinham acesso a um sistema de justiça mais sofisticado, com
tribunais, juízes e advogados. Já os moçambicanos eram frequentemente julgados por
tribunais informais, administrados por autoridades locais e sem direito a representação legal.
As sentenças impostas aos moçambicanos também eram frequentemente mais severas do que
as dadas aos colonos portugueses por crimes semelhantes.
Durante o período colonial, o código civil e o código penal português foram aplicados a
Moçambique, embora em muitos casos com adaptações para as circunstâncias locais. Além
disso, a Justiça colonial em Moçambique foi marcada pela discriminação racial e pela
violência contra os moçambicanos.

Qual foi a maior dificuldade encontrada pelas autoridades portuguesas em relação à


aplicação das leis no ultramar?
Era o desconhecimento dos usos e costumes dos indígenas (termo utilizado para designar os
moçambicanos de raça negra) que deveriam ser observados.

O que o Governo Português fez para superar tais dificuldades?


Para tentar resolver esta dificuldade, porquanto os usos e costumes dos indígenas eram muito
diversos das condutas reguladas pelas leis portuguesas, o Governo Português, autorizado pela
própria Constituição Portuguesa editava leis especiais que obedeciam a certos princípios,
princípios estes que justificavam a exclusão dos indígenas, como eram denominados os
africanos, dos direitos relativos aos cidadãos portugueses. Assim é que na edição dessas leis
observava-se os princípios da especialidade e da urgência, tudo como uma estratégia de tirar
do parlamento a apreciação das medidas aplicáveis ao ultramar, bem como afastar o acesso
dos indígenas aos direitos inerentes aos cidadãos portugueses.
Ao lado destes dois princípios, estavam outros, o da missão civilizadora e o de maior
relevância, no que se refere à aplicação da justiça, o do respeito aos usos e costumes, que foi
observado mesmo quando Portugal decidiu pela política da assimilação.

Fale sobre os usos e costumes dos Indígenas


Os usos e costumes dos indígenas eram marginalizados, ditos como atrasados, impondo-se a
estes a cultura portuguesa.

Qual era a proveniência das leis que vigoravam em Moçambique?


Portanto, as leis que vigoravam em Moçambique eram do Estado português e visavam,
fundamentalmente, exigir aos moçambicanos o pagamento de imposto, praticar a agricultura
orientada para culturas de exportação para a Metrópole (Portugal), como o algodão, as
oleaginosas, o arroz, incluindo trabalho forçado para as plantações de cana de açúcar, chá,
cacau. Para estas últimas culturas, muitos moçambicanos foram deportados como mão-de-
obra barata para as plantações em São Tomé e Príncipe, e como escravos para a construção de
infra-estruturas de diversos tipos na Europa e América.
Qual era a sanção atribuída à quem não cumprisse com as suas obrigações?
Os moçambicanos que não cumprissem com aquelas obrigações, sofriam tratamentos cruéis,
degradantes, desumanos e, por fim, presos sem julgamento.

De que forma Moçambique deu um fim na colonização?


Cansados pela repressão, humilhação, e discriminação racial, os combatentes da Frente de
Libertação de Moçambique (FRELIMO), em 1962, desencadearam a luta armada de
libertação nacional contra o regime colonial português, e, no dia 25 de Junho de 1975, o
governo colonial português concedeu independência a Moçambique.

Quando e por quem foi implantado o socialismo em Moçambique?


Em 1977, a Frelimo, partido no poder, no seu III Congresso, decidiu implantar o sistema
socialista em Moçambique, tendo vigorado até 1990.

Fale da Justiça no Período pós-independência

Contextualização:
Antes da Constituição de 1990, estava em vigor a de 1975, período em que Moçambique era
monopartidário(1975-1990) designando a AR de AP, mas com a Constituição de 1990 a
Assembleia Popular aprovou a Constituição de 1990, adoptando o regime democrático
multipartidário fazendo com que a economia passasse de socialista para capitalista, daí a
existência da 2ª República.
No pos-independência, a actual Assembleia da República tinha a denominação de
Assembleia Popular, o actual Tribunal Supremo tinha a denominação de “Tribunal Supremo
Popular”, que prestavam assistência as “Assembleias do Povo”, enquanto que os actuais
Tribunais Judiciais Provinciais tinham a denominação de “Tribunais Populares Provinciais”

Fale da Constituição de 1990.


A Constituição de 1990 rompeu com o regime monopartidário, e introduziu o
pluripartidarismo, fazendo surgir novos partidos políticos, uma vez que esta admitia novos
partidos políticos; A economia passou a ser neo-liberal, de mercado ou capitalista.
A constituição de 1990 tinha uma economia tendencialmente socialista.

“Em 1990, Moçambique deixou de ser socialista, e passa a ser capitalista”, Comente a
afirmação
Em 1990 a Assembleia Popular aprovou nova Constituição, adoptando o regime de
democracia multipartidário e o sistema de economia neoliberal ou de mercado ou capitalista.
A Constituição de 1990 foi revista em 2004. Reconheceu o pluralismo jurídico, ou seja, a
existência de vários sistemas normativos e de resolução de conflitos.

O que foi estabelecido na Constituição de 1990?


A Constituição de 1990 estabeleceu a existência do Tribunal Supremo (TS), Tribunal
Administrativo (TA) e Tribunais Judiciais Provinciais. Na área dos Tribunais Administrativos,
existem Tribunais especializados, como por exemplo, em questões aduaneiras e fiscais, que
se subordinam ao TA, e não ao TS.

Quando é que se pode dizer que há uma nova República?


Quando ocorrem mudanças radicais no sistema económico e no regime político, como
aconteceu na Constituição de 1975 e a de 1990.
Faça um estudo relativo as duas repúblicas.
1ª República (1975) 2ª República (1990)
Economia Tendencialmente socialista Capitalista
Regime Político Monopartidário Multipartidário

Qual foi a necessidade de alteração da Constituição de 1990 em 2004?


Houve a necessidade de alteração da Constituição de 1990 em 2004 pois os direitos do
cidadão estavam sobrepostos, com vista a alargar os direitos dos mesmos, havendo o
abandono total do socialismo, fazendo com que a economia passasse a ser completamente
capitalista, mas Moçambique continuou pluripartidário.

O que trouxe a Constituição de 2004?


Trouxe consigo o pluralismo jurídico, ou seja, diferentes sistemas jurídicos no mesmo estado,
que resolvem problemas dos cidadãos, nomeadamente: o Tribunal Administrativo(TA);
Tribunais Estaduais e Comunitários; Tribunal Supremo(TS); Tribunal Superior de
Recursos(TSR), e o Conselho Constitucional(CC).

II. Qual é o papel do IPAJ no apoio aos cidadãos de baixa renda para o alcance da
Justiça?
O Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ) desenvolve actividades de
conscientização da população sobre os seus direitos e deveres jurídicos, como forma de
garantir o acesso à assistência jurídica em todo país por parte da população carenciada, com
vista a prestar assistência jurídica e judicial de forma gratuita aos moçambicanos, uma vez
que a Constituição da República de Moçambique, no artigo 100, estabelece que “o estado
garante o acesso dos cidadãos aos tribunais”.
Ou seja, o IPAJ garante a concretização do direito de defesa constitucionalmente consagrado,
proporcionando ao cidadão economicamente desprotegido, o patrocínio judiciário e
assistência jurídica de que carecer.

III. Contributo da MULEID na resolução de conflitos sociais nas famílias


Moçambicanas (Violência Doméstica)
A Associação Moçambicana Mulher, Lei e Desenvolvimento (MULEID) tem a missão
fundamental de fazer o atendimento e aconselhamento psicológico da mulher desfavorecida,
a Muleid faz também a resolução de conflitos conjugais, a Muleid faz também a resolução
extra-judicial de conflitos, e para os casos que não resultam em consenso, aquela associação
faz a tramitação dos processos para o tribunal.
A MULEID actua como mediador entre as partes envolvidas e ajudar a facilitar a
comunicação e o diálogo, proporcionando um espaço seguro e imparcial para as pessoas
expressarem suas preocupações e pontos de vista oferecendo suporte e aconselhamento às
famílias, fornecendo informações sobre estratégias de resolução de conflitos e ajudando a
identificar soluções viáveis para as questões em questão. Esta promove a compreensão
mútua e a empatia entre as partes envolvidas, trabalhando para reduzir as tensões e minimizar
a possibilidade de mais conflitos.Visa fortalecer os relacionamentos familiares e melhorar a
comunicação e a resolução de problemas dentro da família.
Em resumo, a MULEID desempenha um papel crucial na resolução de conflitos sociais nas
famílias, fornecendo suporte, orientação e assistência para ajudar a promover
relacionamentos familiares saudáveis e harmoniosos.
IV. Organização dos Tribunais em Moçambique

Fale da função dos Tribunais.


*Tribunal Comunitário: Os Juizes eleitos(idosos que julgam casos desde que não condenem
o indivíduo à prisão) julgam os casos de acordo com as línguas e tradições locais, desde que
não contrariem o que vai de acordo com a Constituição. Julgar situações em que as
populações não entendem e nem escrevem português, populações que possuem usos e
costumes locais, fazendo com que ao invés de serem submetidos aos Tribunais Estaduais,
submetam nos tribunais comunitários. deliberam e promovem conciliação sobre pequenas
controvérsias de natureza civil, seguindo os usos e costumes tradicionais locais. Decidem,
também, pequenos delitos em que não haja pena de prisão. Julgam por equidade e bom senso.

Qual é a função dos “Juizes eleitos”?


A Constituição, prevê no artigo 216 que os juízes eleitos, que só actuam em primeira
instância e sobre matéria de facto. Esses juízes têm a função principal de facilitar acordos,
explicar ao juiz de Direito os costumes locais ou serem tradutores das línguas maternas locais
das partes ou testemunhas. A forma de indicação e outros dados está prevista no artigo 79 e
seguintes da Lei 10/92 (revogada pela Constituição de 2004).

*Tribunais Judiciais Provinciais: foram criados para descongestionar o Tribunal Supremo,


uma vez que todas as 11 províncias de Moçambique (3 no Norte:Niassa, Cabo Delgado e
Nampula, 4 no Centro: Zambézia, Tete, Manica e Sofala e 4 no Sul: Inhambane, Gaza,
Maputo e Cidade de Maputo) enviavam os seus processos ao Tribunal Supremo que possui
poucos Juizes, fazendo com que os mesmos processos durassem anos.
Tribunal Administrativo: Velar pela justiça administrativa, fiscal e aduaneira ao cidadão,
bem como o controlo da boa gestão e da utilização dos dinheiros públicos e pela progressão
da carreira dos funcionários.

*Tribunal Superior de Recursos: Sua principal função é revisar as decisões tomadas pelas
cortes inferiores (como tribunais de primeira instância e tribunais de apelação) para garantir
que elas estejam de acordo com a lei e os precedentes judiciais, garante que a lei seja aplicada
de maneira uniforme e consistente em todo o sistema judicial, corrigindo erros e omissões das
cortes inferiores, para além de revisar questões legais importantes que afetam a sociedade
como um todo, como questões de direitos civis, direito comercial, direito tributário, entre
outras.

*Tribunal Supremo: é o mais alto tribunal da nação e é responsável por garantir que as leis e
a Constituição sejam interpretadas e aplicadas corretamente, garante que a lei e a
Constituição sejam interpretadas e aplicadas corretamente, revisar decisões tomadas por
cortes inferiores e interpretar a lei em casos importantes e de grande relevância para a
sociedade, é responsável por julgar casos de grande importância política ou social (esses
casos podem incluir questões de direitos humanos, eleições ou disputas entre diferentes
poderes do Estado, como o Executivo e o Legislativo).

*Conselho Constitucional: Compete ao CC dirimir conflitos relativos a pleitos eleitorais, o


controle da constitucionalidade das leis. Portanto, não cabe aos Tribunais Judiciais
reconhecer a inconstitucionalidade de leis.
Fiscaliza a aplicação correcta da Constituição e administrar a justiça em matérias de natureza
jurídico-constitucional.
Fale sobre a “Magistratura de carreira”
A magistratura de carreira é exercida por magistrados judiciais e magistrados do Ministério
Público. O ingresso é por concurso público, seguido por um curso de formação por um
período de um ano, findo o qual os candidatos escolhem se serão juízes ou procuradores da
República. A partir daí seguirão carreiras diferentes e se subordinarão a conselhos diversos.
A carreira de magistratura judicial é estabelecida pela Lei
7/2009, que é o Estatuto dos Magistrados Judiciais.
● Toda a carreira é regulada pelo Conselho Superior da
Magistratura Judicial, e encontra-se prevista no artigo 128
e seguintes do Estatuto.
A carreira de magistratura judicial é estabelecida pela Lei
7/2009, que é o Estatuto dos Magistrados Judiciais.
● Toda a carreira é regulada pelo Conselho Superior da
Magistratura Judicial, e encontra-se prevista no artigo 128
e seguintes do Estatuto.
A carreira de magistratura judicial é estabelecida pela Lei
7/2009, que é o Estatuto dos Magistrados Judiciais.
● Toda a carreira é regulada pelo Conselho Superior da
Magistratura Judicial, e encontra-se prevista no artigo 128
e seguintes do Estatuto.
A carreira de magistratura judicial é estabelecida pela Lei
7/2009, que é o Estatuto dos Magistrados Judiciais.
● Toda a carreira é regulada pelo Conselho Superior da
Magistratura Judicial, e encontra-se prevista no artigo 128
e seguintes do Estatuto.
A carreira de magistratura judicial é estabelecida pela Lei 7/2009 de Março, que é o Estatuto
dos Magistrados Judiciais. Toda a carreira é regulada pelo Conselho Superior da Magistratura
Judicial, e encontra-se prevista no artigo 128 e seguintes do Estatuto.

Pq que nos 500 anos de dominação Portugal não conseguiu implantar inteiramente o
seu Sistema Jurídico em Moçambique?
Em primeiro lugar, o sistema jurídico português era adaptado às tradições e à cultura
europeias, e não levava em consideração as tradições e culturas africanas. Isso tornou difícil a
sua aplicação em sociedades africanas, como a de Moçambique. Além disso, a administração
colonial portuguesa em Moçambique era frequentemente inadequada, com falta de recursos e
infraestrutura, e com corrupção generalizada. Isso tornava difícil para as autoridades
portuguesas implementar efetivamente suas políticas e leis, incluindo seu sistema jurídico.
Outro factor que contribuiu para a dificuldade de Portugal em implantar seu sistema jurídico
em Moçambique foi a resistência dos povos locais.

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