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Universidade Licungo
Quelimane
2020
Paula Elvira Matias Njovo
Universidade Licungo
Quelimane
2020
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0. Introdução
Gilles Cistac nasceu em 1961 na cidade francesa de Toulouse, onde estudou direito
público e se doutorou. Em 1993 trabalhou como conselheiro civil na embaixada francesa
em Maputo e, entre outros, trabalhou com a Universidade Eduardo Mondlane. Após uma
breve volta a França, mudou-se em 1995 para Maputo. Desde aí trabalhou como docente
universitário de direito na universidade pública Universidade Eduardo Mondlane. Até à sua
morte, exerceu o cargo de Director-adjunto para Investigação e Extensão na Faculdade de
Direito.
Informações
José Luís de Oliveira Cabaço é professor Emérito da Universidade Técnica de Moçambique,
sobre os
na qual ocupou o cargo de reitor entre agosto de 2008 e dezembro de 2014. Com graduação em
autores
Sociologia pela Universidade de Trento (1971), é doutor em Antropologia social - Fac. de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP (2007), com a tese intitulada Moçambique,
colonialismo, identidades e libertação, que obteve o prêmio ANPOCS de melhor tese em
Ciências Sociais em 2008. Foi pesquisador visitante da Universidade de Campinas entre março
de 2017 e marco de 2018, com bolsa FAPESP. Foi pesquisador convidado no CEBRAP em
2002 e na Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1996. Foi professor convidado pelo
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP, tendo ministrado curso "Africa
Cultura e Poder; os Outros e seus Sentidos", em 2015. Foi Ministro dos Transportes e
Comunicações e Ministro da Informação nos primeiros governos de Moçambique.
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realizou-se numa altura em que a cooperativa não era efectivamente uma forma de
produção dominante, tendo o congresso definido e decidido dar um apoio especial às
cooperativas por forma a torná-las dominantes no campo (Almeyra 1978).
Numa segunda fase, entre 1977 e 1982, o III Congresso do Partido Frelimo, nas suas
directivas económicas e sociais, definiu a machamba estatal como uma instituição
fundamental, que devia dominar e determinar o processo de desenvolvimento.
Simultaneamente, era sugerido que um apoio especial deveria ser dado ao sector
cooperativo e às aldeias comunais.
Em Fevereiro de 1979, o Ministério da Agricultura de Moçambique criou o Gabinete de
Organização e Direcção das Cooperativas Agrícolas (GODCA), um órgão de apoio às
cooperativas agrícolas e sua coordenação, pela aprovação e publicação da lei das
cooperativas (lei 9/79, Junho). Esta lei apresentava uma concepção das cooperativas
como uma unidade de produção socialista com meios de produção colectivos e lucros
equitativamente divididos.
O movimento cooperativo foi atingido pela guerra. Entre 1983 a 1992, as organizações
cooperativas eram consideradas alvos militares por uma das organizações envolvidas na
guerra, a RENAMO, Resistência Nacional de Moçambique. Esta guerra contribuiu em
grande medida para a diminuição de muitas cooperativas agrícolas.
2.2.Direito da sociedade colonial
O Direito da sociedade colonial ficou caracterizado por inconstâncias, variações,
incongruências e contradições quanto a ideia e o modelo de Direito a criar para as
colónias. Como pudemos registar na caracterização do mesmo Direito, este esteve ao
sabor das vicissitudes conjunturais de política interna e externa vividos ao longo do
período da colonização. A mudança dos regimes e governos ditou a sorte do Direito da
sociedade colonial, dentro de indefinições ou contradições que variavam entre “indirect
rule”, “direct rule” e sistema híbrido.
Quanto à colonização portuguesa, destaca-se o Código Civil de 1867, que
reconheceu o princípio de igualdade dos cidadãos perante a lei, princípio tido como um
dogma constitucional. Consequentemente, a partir desde Código, viu-se uniformizada a
legislação civil no território português e no colonial e eliminada a desigualdade entre os
cidadãos. Dada a especificidade dos espaços e a realidade diversa dos povos nas colónias, o
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legislador produziu vários Decretos88 para adequar e responder a estes ditames. Com estes
Decretos e em especial o de 25 de Fevereiro de 1869, o legislador veio a readmitir e
reconhecer as diferenças quanto ao estatuto civil e político das pessoas que residem nas
colónias, reconhecendo assim novos espaços jurídicos.
Por outro lado, os agentes políticos locais da FRELIMO, dos quais se destacam os grupos
dinamizadores, não manifestavam empenho, ou conhecimento social suficiente para lidar
com algumas particularidades socioculturais das comunidades rurais (como por exemplo o
casamento, o divórcio, questões de herança, resolução de conflitos familiares e/ou
comunitários, a encenação de rituais de iniciação, de chuva, a súplica aos antepassados e o
controlo da feitiçaria), porém as Autoridades Tradicionais – quer fossem comprometidas ou
não – eram usualmente mais sensíveis a estas questões sociais e mais competentes para lidar
com elas (Lundin, 1995).
Em segundo lugar, o começo da guerra civil nas localidades rurais de Moçambique apenas
dois anos após a independência fez com que, cada vez mais, as comunidades rurais se
afastassem do Estado e, consequentemente, das instituições e projetos políticos, sociais e
económicos da FRELIMO. Por outro lado, alguns governantes locais, nomeados pelo
Estado, mantiveram uma relação de tolerância e até de trabalho com as Autoridades
Tradicionais, recorrendo a estes para o exercício e manutenção do poder através de práticas
mágico-religiosas, na clandestinidade e geralmente à noite.
2. Conclusão