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Paula Elvira Matias Njovo

Ficha de Leitura da Historia do Direito Moçambicano no Período Pré-Colonial, Colonial


e Pós-Colonial.

Licenciatura em Direito – 1º Ano

Universidade Licungo
Quelimane
2020
Paula Elvira Matias Njovo

Ficha de Leitura da Historia do Direito Moçambicano no Período Pré-Colonial, Colonial e


Pós-Colonial.

Licenciatura em Direito – 1º Ano

Trabalho de carácter avaliativo a ser


apresentado na cadeira de Historia do
Direito Moçambicano recomendado pelo
docente: dr. Ricardo Cardoso

Universidade Licungo
Quelimane
2020
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0. Introdução

Em Moçambique, os conflitos decorrentes da legislação e das práticas no acesso e no uso da


terra pelas comunidades rurais no período pré-colonial, colonial e actualmente, resultam de
factores que datam do período dos impérios europeus, à semelhança de factores também vividos
nalguns países da África Austral, com realce para a África do Sul e Zimbabué. Para uma análise
profunda deste pressuposto é necessário voltarmos à matriz da colónia portuguesa para
estabelecermos uma ponte entre os períodos colonial e pós-independência relativamente às
questões da terra e território. O presente estudo propõe-se analisar a história do direito no
período pré-colonial, colonial e pós-colonial. É necessário estudar, por exemplo, a relação entre
os privilégios e o modo de actuação das companhias que operavam durante o colonialismo e
aquelas que estão a obter concessões em Moçambique na actualidade. Acredita-se que o estudo
vai contribuir para uma reflexão sobre a defesa dos direitos das comunidades rurais e para a
promoção da agricultura e desenvolvimento sustentável rumo ao alcance da justiça social.
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1. Ficha de leitura da Historia do Direito Moçambicano no período pré-colonial,


colonial e pós-colonial.

Nome: Delmira Jaime


Autoria da Curso: Licenciatura em Direito;
Ficha Cadeira: História do Direito Moçambicano
Semestre: 1º.
CISTAC, Gilles; História Do Direito Processual Administrativo Contencioso Moçambicano,
Referências Faculdade de Direito da UEM.
da Obra CABAÇO, José Luís de Oliveira; Moçambique: Identidades, Colonialismo e Libertação;
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo 2007.

Gilles Cistac nasceu em 1961 na cidade francesa de Toulouse, onde estudou direito
público e se doutorou. Em 1993 trabalhou como conselheiro civil na embaixada francesa
em Maputo e, entre outros, trabalhou com a Universidade Eduardo Mondlane. Após uma
breve volta a França, mudou-se em 1995 para Maputo. Desde aí trabalhou como docente
universitário de direito na universidade pública Universidade Eduardo Mondlane. Até à sua
morte, exerceu o cargo de Director-adjunto para Investigação e Extensão na Faculdade de
Direito.
Informações
José Luís de Oliveira Cabaço é professor Emérito da Universidade Técnica de Moçambique,
sobre os
na qual ocupou o cargo de reitor entre agosto de 2008 e dezembro de 2014. Com graduação em
autores
Sociologia pela Universidade de Trento (1971), é doutor em Antropologia social - Fac. de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP (2007), com a tese intitulada Moçambique,
colonialismo, identidades e libertação, que obteve o prêmio ANPOCS de melhor tese em
Ciências Sociais em 2008. Foi pesquisador visitante da Universidade de Campinas entre março
de 2017 e marco de 2018, com bolsa FAPESP. Foi pesquisador convidado no CEBRAP em
2002 e na Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1996. Foi professor convidado pelo
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP, tendo ministrado curso "Africa
Cultura e Poder; os Outros e seus Sentidos", em 2015. Foi Ministro dos Transportes e
Comunicações e Ministro da Informação nos primeiros governos de Moçambique.
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Síntese dos 1. Historia do direito moçambicano no período pré-colonial


autores 1.1.1. Direito de habitação em Moçambique

Os primeiros habitantes de Moçambique foram provavelmente os Khoisan, que eram


caçadores-recolectores. Nos séculos I a IV, a região começou a ser invadida
pelos Bantu (ver expansão bantu), que eram agricultores e já conheciam
a metalurgia do ferro. A base da economia dos Bantu era a agricultura, principalmente de
cereais locais, como a mapira (sorgo) e a mexoeira; a olaria, tecelagem e metalurgia
encontravam-se também desenvolvidas, mas naquela época a manufactura destinava-se a
suprir as necessidades familiares e o comércio era efectuado por troca directa. Apesar da
sociedade moçambicana se ter tornado muito mais complexa, muitas das regras tradicionais
de organização ainda se encontram baseadas na "linhagem".

Entre os séculos IX e XIII começaram a fixar-se na costa oriental de África populações


oriundas da região do Golfo Pérsico, que era naquele tempo um importante centro comercial.
Estes povos fundaram entrepostos na costa africana e muitos geógrafos daquela época
referiram-se a um activo comércio com as "terras de Sofala", incluindo a troca de tecidos
da Índia por ferro, ouro e outros metais.

2. História do Direito moçambicano no período colonial


2.1. Direito de terra no período colonial
Na primeira fase, de 1975 a 1977, o Partido Frelimo assumiu uma estratégia
aparentemente contraditória. Em Fevereiro de 1976, a FRELIMO, Frente de Libertação
de Moçambique, realizou a 8ª sessão do comité Central do Partido, onde foi aprovada a
resolução das aldeias comunais e onde estas foram definidas como a espinha dorsal para
o desenvolvimento do campo. A aldeia comunal e a cooperativa tinham sido definidas,
em 1975, como os principais eixos do desenvolvimento económico e social da
República Popular de Moçambique. Nisto, em 1976, a prioridade em termos de
investimento do Estado continuou a ser dada à machamba estatal. Esta situação reflectia
a existência de duas posições diferentes no seio do partido e do governo em relação à
questão da cooperativização. Segundo Almeyra, o III Congresso do Partido Frelimo
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realizou-se numa altura em que a cooperativa não era efectivamente uma forma de
produção dominante, tendo o congresso definido e decidido dar um apoio especial às
cooperativas por forma a torná-las dominantes no campo (Almeyra 1978).
Numa segunda fase, entre 1977 e 1982, o III Congresso do Partido Frelimo, nas suas
directivas económicas e sociais, definiu a machamba estatal como uma instituição
fundamental, que devia dominar e determinar o processo de desenvolvimento.
Simultaneamente, era sugerido que um apoio especial deveria ser dado ao sector
cooperativo e às aldeias comunais.
Em Fevereiro de 1979, o Ministério da Agricultura de Moçambique criou o Gabinete de
Organização e Direcção das Cooperativas Agrícolas (GODCA), um órgão de apoio às
cooperativas agrícolas e sua coordenação, pela aprovação e publicação da lei das
cooperativas (lei 9/79, Junho). Esta lei apresentava uma concepção das cooperativas
como uma unidade de produção socialista com meios de produção colectivos e lucros
equitativamente divididos.
O movimento cooperativo foi atingido pela guerra. Entre 1983 a 1992, as organizações
cooperativas eram consideradas alvos militares por uma das organizações envolvidas na
guerra, a RENAMO, Resistência Nacional de Moçambique. Esta guerra contribuiu em
grande medida para a diminuição de muitas cooperativas agrícolas.
2.2.Direito da sociedade colonial
O Direito da sociedade colonial ficou caracterizado por inconstâncias, variações,
incongruências e contradições quanto a ideia e o modelo de Direito a criar para as
colónias. Como pudemos registar na caracterização do mesmo Direito, este esteve ao
sabor das vicissitudes conjunturais de política interna e externa vividos ao longo do
período da colonização. A mudança dos regimes e governos ditou a sorte do Direito da
sociedade colonial, dentro de indefinições ou contradições que variavam entre “indirect
rule”, “direct rule” e sistema híbrido.
Quanto à colonização portuguesa, destaca-se o Código Civil de 1867, que
reconheceu o princípio de igualdade dos cidadãos perante a lei, princípio tido como um
dogma constitucional. Consequentemente, a partir desde Código, viu-se uniformizada a
legislação civil no território português e no colonial e eliminada a desigualdade entre os
cidadãos. Dada a especificidade dos espaços e a realidade diversa dos povos nas colónias, o
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legislador produziu vários Decretos88 para adequar e responder a estes ditames. Com estes
Decretos e em especial o de 25 de Fevereiro de 1869, o legislador veio a readmitir e
reconhecer as diferenças quanto ao estatuto civil e político das pessoas que residem nas
colónias, reconhecendo assim novos espaços jurídicos.

3. História do Direito Moçambicano no Período Imediatamente Seguinte À


Independência
3.1. Uma continuidade cautelosa

De uma forma geral, depois da independência nacional, o legislador moçambicano não


operou mudanças de vulto, verificando-se portanto, até certo ponto, a continuidade do
Direito positivo que vigorara no período colonial, de matriz romano-germánica. Foi uma
continuidade cuidada (pretendendo-se eliminar algumas das ideologias intrisicamente
caracterizadoras do Direitos colonial opressionisa segregassionista português), na medida em
que haviam algumas ressalvas1.
A Constituição da República Popular de Moçambique, de 1975, revogou apenas a legislação
anterior que fosse contrária à nova Constituição. Em outras palavras, toda a legislação que se
não demostrasse contrária à ordem Constitucional imposta pela primeira lei-mão
genuinamente moçambicana, manteve-se em vigor.

3.2. Desiderato de destruição do Direito colonial e tudo a ele ligado

O direito vigorado no período seguinte à independência, caracteriza-se também pelo


desiderato de destruir o Direito colonial capitalista e a sua estrutura judicial – em virtude de
uma decisão da 8ª sessão do Comité Central da FRELIMO havida em Fevereiro de 1976.
Esta característica, foi resultado do objectivo de eliminar o poder colonial, no sentido de ser
imperativo eliminar todas a estrutura de opressão e exploração do homem pelo Homem,
ligadas ao colono bem como por via das autoridades tradicionais, tal combate que incluia a
mentalidade que lhes era inerente – tal como preconizava mesmo o artigo 4 da Constituição
da República Popular de Moçambique.
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3.2.1. As Autoridades Tradicionais sempre estiveram activas

É de salientar que, apesar da retórica ideológica e práticas políticas hostis da FRELIMO, os


agentes políticos que o partido-estado rotulava de Autoridades Tradicionais nunca deixaram
completamente de exercer influência no mundo rural, quer no imediato período pós-
independência de Moçambique, quer mesmo durante os anos em que a FRELIMO
implementou com sucesso político relativo (Victor Alexandre Lourenço), o seu programa de
modernização socialista.

Por outro lado, os agentes políticos locais da FRELIMO, dos quais se destacam os grupos
dinamizadores, não manifestavam empenho, ou conhecimento social suficiente para lidar
com algumas particularidades socioculturais das comunidades rurais (como por exemplo o
casamento, o divórcio, questões de herança, resolução de conflitos familiares e/ou
comunitários, a encenação de rituais de iniciação, de chuva, a súplica aos antepassados e o
controlo da feitiçaria), porém as Autoridades Tradicionais – quer fossem comprometidas ou
não – eram usualmente mais sensíveis a estas questões sociais e mais competentes para lidar
com elas (Lundin, 1995).

Em segundo lugar, o começo da guerra civil nas localidades rurais de Moçambique apenas
dois anos após a independência fez com que, cada vez mais, as comunidades rurais se
afastassem do Estado e, consequentemente, das instituições e projetos políticos, sociais e
económicos da FRELIMO. Por outro lado, alguns governantes locais, nomeados pelo
Estado, mantiveram uma relação de tolerância e até de trabalho com as Autoridades
Tradicionais, recorrendo a estes para o exercício e manutenção do poder através de práticas
mágico-religiosas, na clandestinidade e geralmente à noite.

3.3. Banimento da advocacia


Foi ainda na senda da alegada eliminação de todas as formas de exploração do homem pelo
homem que O Conselho de Ministros da República Popular de Moçambique fez publicar o
Decreto-Lei Nº 4/75, em 16 de Agosto, que encerra os escritórios de advogados, por ter
sido julgada incompatível a existência de advocacia privada com uma justiça que se irá pôr
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ao serviço das largas massas do povo moçambicano.


Em consequência deixou de ser permitido em Moçambique, a título de profissão liberal,
exercer advocacia ou funções de consulta jurídica, solicitar judicialmente ou praticar
procuradoria judicial ou extra judicial, tendo sido criado o Serviço Nacional de Consulta e
Assistência Jurídica” na dependência da Procuradoria-Geral da República.
O exercício da advocacia privada, foi considerada um instrumento de exploração do Homem
pelo homem, pois o recurso aos advogados só era possível aos indivíduos da classe média e
alta.

3.4. Direito Pluralista


O direito vigorado logo após a independência, era um Direito Plural, quer no contexto rural,
como no periurbano, sendo que as autoridades tradicionais foram substituídas pelos Grupos
Dinamizadores.
O direito tradicional da justiça ou consuetudinário que visa promover e manter o equilíbrio
social através da conciliação, foi substituído pelo Direito aplicado pelos Grupos
Dinamizadores.
Os Grupos Dinamizadores eram na verdade uma continuidade das experiências de
participação comunitária nas zonas libertadas e foram formalmente institucionalizados no
período de transição.
Dentre as várias funções que desempenhavam, os Grupos Dinamizadores administravam a
justiça em cada bairro residencial e nas localidades e postos administrativos no caso das
zonas rurais, resolvendo sobre tudo problemas de natureza Social.
De um outro modo podemos sustentar a ideia do pluralismo do Direito Moçambicano no
período imediatamente à seguir à independência Nacional, com o facto de muitos embora
tenha sido suprimido, o direito tradicional sobreviveu e continuou a ser aplicado em
determinadas zonas. Ou seja, o Direito aplicado pelos Grupos Dinamizadores e pelas
Autoridades Tradicionais, coexistiu com o Direito forma, Estadualmente emanado.
Importa aqui salientar que apesar de todo um esforço tendente a evitar, as Autoridades
Tradicionais continuaram a existir e a aplicar o Direito Tradicional, à pedido, quer das
populações, quer das autoridades oficiais locais.
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3.5. Direito de posse da terra


Em 1979, foi publicada a lei n. 6/79 de 3 de Julho, a primeira lei de terras que
consagrava a propriedade estatal e as formas de exploração empresarial de tipo
socialista. Às famílias eram limitadas as áreas de forma a orientá-las para as
cooperativas agrárias e como força de trabalho das empresas estatais. Aos indivíduos o
Estado permitia a concessão dos direitos de uso e aproveitamento da terra através de um
título (Negrão 1998: 2). A nova política era uma aplicação da teoria do
desenvolvimento rural integrado, que defendia a complementaridade entre a agricultura
e a agro-indústria e que devia, para tal, utilizar formas de trabalho intensivo nas grandes
machambas, sejam elas propriedade do Estado ou privadas. Segundo a afirmação de
Negrão (1999), era um modelo que visava incorporar o dualismo sectorial estruturalista
no modelo de desenvolvimento rural (Negrão 1998: 15)5, o que acabava por validar o
antigo sistema de dualismo no novo contexto sobre a posse da terra. Por outras palavras,
podemos dizer também que se pretendia a socialização do meio rural através de um
processo radicalizado, onde a estatização do sector privado constituía um dos eixos de
desenvolvimento.
Destaque das A história do movimento cooperativo em Moçambique está ligada à história da sua
citações antiga potência colonial, desde as organizações que existiram até à legislação comum
relevantes num determinado momento (veja-se, por exemplo, o código comercial). De acordo com
Adam, a cooperativa não é uma organização específica de classe (Adam 1986: 55-58).
A história do movimento cooperativo no período colonial em Moçambique mostra que
as cooperativas coloniais eram grémios de produtores que tinham por objectivo lutar
pelo reforço das suas posições no mercado e opor-se a outros interesses industriais,
comerciais e mesmo do próprio estado colonial. A primeira cooperativa de que há
notícia em Moçambique foi criada em 1911. O movimento cooperativo em
Moçambique permite-nos traçar as grandes linhas da sua evolução. Três grandes
períodos são normalmente distinguidos: o periodo pré-colonial, o período colonial e o
período pós-colonial. O movimento corporativo durante o período colonial não foi
homogéneo. Podemos distinguir duas fases. Nessas fases, a cooperatização e a as
políticas do Estado colonial que a sustentavam, exprimiam a estratégia da administração
colonial visando a sua manutenção e a gestão dos conflitos entre os diversos grupos de
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interesse que se manifestavam em Moçambique.


A primeira fase, compreendida entre 1911 e 1945, caracteriza-se pelo predomínio de
organizações de brancos. Organizações de classe formadas para conseguir o apoio do
Estado e certas isenções de impostos. Com a promulgação do diploma legislativo n.
132, em 1929, o Estado português assumiu um papel de activo na defesa das
associações ao definir como tarefa do Estado o apoio à agricultura colonial e
concedendo créditos, várias proteções fiscais e garantias quanto ao recrutamento de
mão-de-obra, fazendo a integração das organizações de agricultores no figurino
cooperativista. Nesta fase, a aprovação do estatuto do agricultor indígena, em 1944,
representou a expressão da necessidade do Estado criar uma elite de pequenos
proprietários negros rurais que pudessem servir de defesa ao regime colonial.
A segunda fase, compreendida entre 1945 e 1960, tem como principal característica, o
desenvolvimento de organizações de cooperativas de negros (Amiño 1997: 131). A
primeira cooperativa indígena a ser criada foi a de Chibuto (sul de Moçambique).
Envolvendo régulos e camponeses ricos, consubstanciava as pretensões do Estado
colonial em relação a esta classe (Amiño 1997: 131). A publicação do estatuto das obras
de cooperação social, em 1960, veio reflectir o receio de alguns sectores do Estado
colonial e a convensão das cooperativas em obras de cooperação social agravou as
divergências existentes.
Avaliação Num olhar critico sobre o tema encontramos diversas vertentes no período pré-colonial e
critica colonial os autores não observam as medidas compreensivas pelo factor tempo, nesse
período os recursos de direito eram escassos e as leis eram feitas sem uma devida análise
profunda, já no período pós-colonial esses aspectos foram melhorando.
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2. Conclusão

Têm surgido conflitos sobre a posse da terra, resultantes da corrupção, fragilidade da


legislação sobre a sua posse e erros nas políticas de governação, que afectam os
interesses das populações em relação ao seu acesso e uso. A distribuição da terra em
Moçambique ainda não se faz de forma a permitir que as populações beneficiem da
mesma para realizar as suas actividades económicas de forma adequada.
O conjunto de leis actuais em Moçambique afirma que a terra é do Estado, mas no
concreto, sempre que há interesses empresariais de vulto, recorre-se a uma autêntica
expropriação da terra, mesmo quando esta está a ser utilizada pelas comunidades rurais
para sua agricultura de subsistência ou outra actividade. Acresce ainda que as
multinacionais acabam por ter acesso às terras comunitárias, impedindo assim as
famílias de realizarem a sua actividade agrícola. Outro factor prende-se com a alocação
de terras a pessoas consideradas de elite e que açambarcam grandes extensões da
mesma sem, no entanto, realizarem qualquer investimento. Existe uma continuidade na questão
dos conflitos de terra entre o período colonial e o
período pós-independência. As comunidades rurais foram tratadas como sujeitos de
importância secundária. Os camponeses continuam desprovidos de instrumentos de
defesa face aos assaltos que ocorrem à sua terra.

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