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INSTITUTO POLITÉCNICO E PEDAGÓGICO DE QUELIMANE

CURSO DE ENSINO

NAÇÃO MOÇAMBICANA

Disciplina: Educação Patriótica, Ética e Deontologia Profissional

Quelimane

2021

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INSTITUTO POLITÉCNICO E PEDAGÓGICO DE QUELIMANE

CURSO DE ENSINO

NAÇÃO MOÇAMBICANA

Disciplina: Educação Patriótica, Ética e Deontologia Profissional

Quelimane

2021

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Índice
1. Introdução.....................................................................................................................3

1.1. Objectivos.................................................................................................................3

1.1.1. Objectivo geral......................................................................................................3

1.1.2. Objectivos específicos..........................................................................................3

1.2. Metodologia..............................................................................................................3

2. Nação Moçambicana....................................................................................................4

2.1. Noção de nação Moçambicana.................................................................................4

2.2. O surgimento do nacionalismo moçambicano..........................................................4

2.3. Luta Clandestina e Prisão politica............................................................................6

2.4. A Fundação da FRELIMO e o processo da Luta de Libertação Nacional...............7

2.4.1. Primeiro congresso da FRELIMO........................................................................7

2.5. O papel da Mulher no processo da luta de libertação Nacional...............................8

2.6. Ofensivo Nó-Gordio...............................................................................................11

2.7. Golpe de Estado em Portugal.................................................................................12

2.8. Os Acordos de Lusaka............................................................................................12

2.9. O governo de Transição..........................................................................................13

2.10. Noção de defesa da pátria...................................................................................13

2.11. Noção de Democracia.........................................................................................14

Conclusão..........................................................................................................................16

Referencias Bibliográficas.................................................................................................17

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1. Introdução

O presente trabalho da cadeira de Edução patriótica e deontologia profissional, aborda sobre


o seguinte tema: Nação Moçambicana, porem com este tema ira se desenvolver os seguintes
subcapítulos (Noção de nação Moçambicana, o surgimento do nacionalismo Moçambicano,
Luta Clandestina e Prisão politica, A Fundação da FRELIMO e o processo da Luta de
Libertação Nacional, Primeiro congresso da FRELIMO, O papel da Mulher no processo da
luta de libertação Nacional, Ofensivo Nó-Gordio, Noção de Democracia, Os Acordos de
Lusaka, O governo de Transição, Noção de defesa da pátria e o Golpe de Estado em
Portugal).

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral

Este trabalho visa:

 Falar sobre a Nação Moçambicana


1.1.2. Objectivo específico
 Descrever sobre os diferentes pontos da nação moçambicana desde o surgimento
do nacionalismo Moçambicano ate ao golpe de estado em Portugal.
1.2. Metodologia

Para a materialização deste trabalho, baseou-se no método dedutivo, saindo-se das


perspectivas gerais para particular, consulta bibliográfica em livros físicos e formato
electrónicos.

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2. Nação Moçambicana
2.1. Noção de nação Moçambicana

Nação é a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, falando o mesmo idioma e
tendo os mesmos costumes, formando assim, um povo, cujos elementos componentes trazem
consigo as mesmas características étnicas e se mantêm unidos pelos hábitos, tradições,
religião, língua e consciência nacional”.

Em conformidade com a realidade moçambicana, o conceito de nação pode-se estruturar


observando o facto de ser um povo que habita o mesmo território, promove colectivamente a
vontade de manifestar a unidade nacional, ter vivido o mesmo passado histórico tal como,
mesma influência da colonização ao exemplo de Moçambique. Por outro lado, por sentimento
comum manifestado ao favor de interesses e objectivos colectivos, assim como, na busca de
soluções adversas baseadas num pensamento generalizado.

Neste contesto Moçambique é uma nação do sul da África cujo longo litoral no Oceano Indico
é permeado de praias conhecidas, como Tofo, e de parques marinhos peros da costa no
arquipélago Quirimbas, uma faixa de 250 quilómetros de ilhas de corais, a ilha do Ibo,
coberto por manguezais, tem ruínas de era colonial que sobreviveram desde o período do
domínio português. O arquipélago de Bazaruto, mais ao sul, tem recifes que protegem
espécies marinhas raras, como os dogongos.

2.2. O surgimento do nacionalismo moçambicano

De acordo com Eduardo Mondlane (1964), o nacionalismo moçambicano, como praticamente


todo nacionalismo africano, nasceu do colonialismo europeu directo. A mais específica fonte
de unidade nacional de Moçambique é a experiência comum do povo no sofrimento, durante
os últimos cem anos do controle colonial português. Mondlane define o nacionalismo como
uma consciência por parte de indivíduos ou grupos afiliados de uma nação de um desejo de
desenvolver a força, a liberdade, ou a prosperidade daquela nação.

Existe um nacionalismo moçambicano que une todos os variados povos do vasto território do
Rovuma ao Maputo, independente de línguas, religiões, raças e culturas. Em outras palavras,
Mondlane afirma que existe uma consciência da parte do povo de todo o país de pertencer a
uma nação. Os povos moçambicanos, depois de enfrentar por muitos anos um inimigo comum
se fundiram em um só povo, sólido, pronto para se libertar do sistema colonial português. O

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povo moçambicano veio a se considerar uma nação da mesma maneira que os povos da Índia,
China, União Soviética e outras nações que se consideram agora uma nação.

O Nacionalismo moçambicano nasce como resultado da opressão, através dos maus tratos,
exploração de homem para homem assim como de recursos naturais existentes, o
envolvimento dos moçambicanos em trabalhos forçados (Xibalo), implantação de Culturas
obrigatórias e a instituição obrigatória no pagamento de impostos, como o caso do palhota
assim como Mussoco.

Todas estas acções vividas ao longo da colonização em Moçambique envolvendo


directamente os moçambicanos, fez com que eclodisse um ciclo de revoltas contra o regime
colonial. Revoltas estas, que se manifestavam de diferentes maneiras, desde: a destruição de
forma Vandalizada de máquinas, greves envolvendo moçambicanos maltratados nos portos e
caminhos-de-ferro, torravam as sementes, empreendiam fugas para países vizinhos e o
fingimento de doenças como forma de escapar aos trabalhos abusivos e pesados sobre o
homem. Durante a primeira metade do Séc. XX, começam a surgir movimentos e jornais
nacionalistas como o Pan-Africanismo, a Negritude, NESAM, o grémio Africano, O Brado
Africano e a criação de um Instituto Negrófilo manifestando as causas nacionalistas.
Entretanto, alguns pensadores da história de Moçambique estabelecem o seu pensamento
olhando para os pressupostos de influências das convivências coloniais.

“A emergência do nacionalismo moçambicano encontra a sua explicação dos factores


internos e externos. No quadro interno, a administração colonial e todo seu aparato
de exploração, discriminação e de repreensão conduziram ao surgimento de um
sentimento de revolta, inicialmente manifesto por via de imprensa e das artes e,
posteriormente pela criação de associações e movimentos independentistas. No
contexto externo foi marcado pela eclosão e participação de alguns africanos na II
Guerra Mundial, assim como pelas resoluções das nações Unidas, conjugadas as
declarações da União Soviética e dos Estados Unidos de América sobre o direito à
autodeterminação dos povos” (DAVA, F., ANTONIO, A., LEMIA, R., at all.2011:
53)

Com a manifestação do espírito nacionalista em Moçambique, várias formas expressivas


foram-se evidenciando ao longo do Séc. XX até a fase da independência nacional em 1975.

Porém, a sociedade moçambicana foi se afirmando sob forma de protesto, expressando-se


através de Canto e Dança, Poesias, Artes Plásticas entre outras formas.

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Não obstante, torna-se importante sublinhar que, para além dos mecanismos como factores
que condicionaram a emergência do nacionalismo moçambicano anteriormente mencionados,
outros factores também puderam evidenciar-se, tais factores destacam-se pela participação
dos soldados moçambicanos na I e II Guerras, ao exemplo concreto do seu envolvimento
durante a invasão alemã no Norte de Moçambique, atravessando rio Rovuma em direcção a
Milepa, tendo alcançado Marrupa-posto Administrativo de Nungo, onde até hoje é possível
ver-se as suas evidências. O envolvimento dos Moçambicanos nas duas Grandes Guerras
Mundiais associado a carta das Nações Unidas como Consequência da II Guerra Mundial
invoca o direito da autodeterminação dos povos, a conferência afro-asiática (Bandung 1955) e
o surgimento do Movimento dos Não Alinhados, de certo modo, influenciou e despertou a
consciência para a independência do Povo moçambicano, tendo impulsionado
significativamente para a posição nacionalista entre os moçambicanos.

2.3. Luta Clandestina e Prisão politica

A luta na clandestinidade no contexto Moçambicano decorrida entre os fins da primeira


metade do Séc. XX e os princípios da segunda metade do mesmo Séc. ao longo do processo
da colonização, traduziu-se na actuação nacionalista como forma de divulgação da
necessidade de lutar pela independência, uma vez que, de forma pacífica e negociável, o
governo colonial Português não se sentia em condições de se abrir com os moçambicanos que
de forma incansável solicitavam apelando aberta e pacifica a sua liberdade e independência,
todavia, estes eram respondidos por massacres e repreensão violenta.

“Queríamos nos organizar, mas não podíamos porque éramos perseguidos pela polícia
secreta. Tínhamos actividades culturais e educativas, mas durante os debates e discussões
tínhamos que nos manter atentos por causa da PIDE. Ela nos perseguia e chegou mesmo a

banir o NESAM” (MONDLANE apud MATUSSE & MALIQUE, 2008: 37).

Porem os grupos que fossem descobertos ao serviço de promoção para luta pela
independência, era assassinado, deportados, alvos de perseguição pela PIDE ou mesmo
presos. Motivo pelo qual, a actividade clandestina ia se desenvolvendo de forma acentuada
em várias zonas do país. A reflexão sobre a luta na Clandestinidade ocorrida em Moçambique
assume-se como efectivamente realizada e se enaltece sob seguinte relato.

“Ate 1964, toda actividade tinha que ser clandestina, o que significava que apenas
uma pequena minoria da população, os mais politizados, estava envolvida. A medida
que algumas áreas iam sendo libertadas, contudo, o Partido podia funcionar

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livremente como um órgão legal, aberto a todos moçambicanos adultos.

(MONDLANE, 1969:132),

Nesta vertente a luta na clandestinidade espelhou um alto sentido de coragem e entrega por
parte de alguns moçambicanos ansiosos para independência e o progresso autónomo
protagonizado pelos moçambicanos. No entanto, este processo em Moçambique, viu-se
possível mediante vários factores intervenientes como os casos da participação das igrejas
através da mobilização de jovens, cânticos religiosos expressados em língua materna, como
também, através da educação fundamentada pelas igrejas protestantes, ao exemplo da igreja
Presbiteriana e Anglicana. Esta acção, impulsionou a participação massiva de muitos jovens
da época, a destacar: Samora Machel, Josina Machel, Armando Guebuza, Paulo Samuel
Kamkhonba, Filipe Samuel Magaia, Mateus Sansão Muthemba, Manuel Braz da Costa, entre
outros.

2.4. A Fundação da FRELIMO e o processo da Luta de Libertação Nacional

Com o surgimento do nacionalista por parte dos moçambicanos, união dos primeiros
movimentos Políticos sendo UNAMI, UDENAMO e MANU, contribuíram duma forma
estratégica para a criação do movimento único, que deu origem à FRELIMO no dia 25 de
Junho de 1962.Depois da unificação das Forças da Frente de Libertação de Moçambique
FRELIMO, definiu se como objectivo prioritário, a consolidação da Unidade Nacional como
instrumento base para a organização e unificação de todos os Movimentos que se
encontravam a soldos no território Moçambicano. Deste modo, o Eduardo Mondlane, que
naquela época era um Professor Universitário nos Estados Unidos da América e funcionário
das Nações Unidas, acabou se tornando o Principal Dirigente e mentor da FRELIMO, fundada
como resultado da unificação dos Três Movimentos Nacionalistas.

A FRELIMO foi fundada em Dar-Es-Salaam na Tanzânia, em 25 de junho de 1962, quando


três organizações Nacionalistas de base regional a União Democrática Nacional de
Moçambique (UDENAMO), a Mozambique African National Union (MANU, à maneira da
KANU do Quênia), e a União Nacional Africana de Moçambique Independente (UNAMI),
fundiram-se em movimente guerrilheiro de base amplo sob os auspícios do presidente
antropólogo Eduardo Chivambo Mondlane. A recém-formada FRELIMO estabeleceu a sua

sede em 1963 na cidade de Der-es-Salaam. (FRELIMO, 1962).

2.4.1. Primeiro congresso da FRELIMO

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O primeiro congresso da FRELÍMO, foi realizado no dia 23 a 28 de Setembro de 1962, em
Dar-Es-Salaam na Tanzânia, onde a FRELIMO oficializou o movimento que acabava de ser
criado, com a união dos Moçambicanos de vários pontos do país, sendo norte, sul e centro,
tomaram a decisão do futuro de Moçambique, tendo como lema, a luta armada para
liquidação do Colonialismo Português, rumo à independência Nacional.

No seu primeiro Congresso, a FRELIMO definiu uma plataforma capaz de unir todos os
patriotas Moçambicanos, fixou como objectivo central a Libertação Nacional e determinou a
estratégia e a táctica para atingir esses objectivos. Definiu ainda o papel fundamental da
unidade no processo de Libertação Nacional, pois a divisão era a causa maior do fracasso da
resistência histórica ao Colonialismo. (FRELIMO, 1977, p.24).

De uma forma geral, no Primeiro Congresso da FRELIMO, foram aprovadas várias


resoluções, com destaque para a que preconizava o emprego de todos os esforços para o
alcance da Independência Nacional. Com efeito, de acordo com o programa aprovado, a
FRELIMO defendia a “liquidação geral do colonialismo português em todas as suas formas e
manifestações e a luta por todos os meios para a liquidação da dominação colonial portuguesa
e de todos os vestígios do colonialismo e imperialismo em Moçambique.

2.5. O papel da Mulher no processo da luta de libertação Nacional

“Onde estão as mulheres?” pergunta Cynthia Enloe, teórica feminista de Relações


Internacionais, chamando atenção para a invisibilidade feminina na política internacional.
A guerra e a luta armada não são vistas como espaços femininos, pois há uma
generificação da divisão entre o privado e o público, o doméstico e o internacional, na qual
as primeiras são dimensões femininas e as outras, masculinas. Em Moçambique, as
iniciativas anti-coloniais foram conduzidas por mulheres, particularmente nas zonas rurais
a propaganda de desprestígio do governo colonial, que se configurou essencial para o
processo de independência, mobilizando a população e, de modo especial as mulheres,
despertando compreensão política da guerra e adesão ao movimento.

A actuação das moçambicanas em movimentos contra a colonização antecedeu a entrada na


luta armada e, juntamente com estudantes do Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos
de Moçambique (NESAM), compuseram os quadros iniciais da criação da FRELIMO. O
NESAM teve papel crucial no debate sobre a participação das mulheres na luta pela
independência com participação de Josina Machel, que ocupou cargos importantes na
FRELIMO. Morta em 7 de abril de 1971, durante a luta armada, tornou-se figura
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importante histórica de Moçambique e, em 1972, o dia de sua morte foi declarado como o
Dia Nacional das Mulheres Moçambicanas.

A Liga Feminina de Moçambique (LIFEMO) foi a primeira organização criada depois da


FRELIMO com objectivo de apoiar as famílias de combatentes e divulgar os princípios da
Frente. Entretanto, com o início do conflito armado, novas exigências foram impostas ao
movimento que não conseguiu acompanhá-las. O Destacamento Feminino (DF) composto
por guerrilheiras foi iniciativa das próprias mulheres diante da necessidade de defesa e
mobilização das zonas libertadas e nas ainda controladas por Portugal. Em 1965, um grupo
de mulheres solicitou treinamento militar à direcção da FRELIMO, constituindo a DF.
Essas combatentes ocuparam território reservado aos homens, provocando uma revolução
nas zonas camponesas e conservadoras, delimitando o poder e controle que os homens
exerciam sobre a função produtiva e reprodutiva das mulheres.

Isabel Casimiro discute como as mulheres que se juntaram à luta ainda eram vistas como
reprodutoras, fonte de prazer sexual para guerrilheiros e submetidas ao controle de sua
força de trabalho por parte de alguns chefes tradicionais, os quais também controlavam o
acesso dos homens às mulheres. Para eles, a presença das mulheres, consideradas fracas e
inaptas ao treinamento militar, representava “aproximar o fogo ao capim”. Chefes de
família receavam pelo envio de suas filhas pois achavam que a participação delas na
atividade militar seria uma ameaça à tutela paterna. E, para as mulheres, não era fácil
conciliar as tarefas domésticas com as militares.

A emancipação feminina foi ponto crucial para os debates de carácter revolucionário da


luta armada. Grande parte das mulheres que participou do movimento identificou na luta
pela libertação nacional uma forma de defenderem seus interesses. Entretanto, o carácter
progressista da FRELIMO em relação à emancipação feminina, divergia do ideário
defendido pelo feminismo internacional .

Para o presidente Samora a emancipação feminina não consistia em igualar homens e


mulheres e criticava o feminismo, acusando de ser um grupo de mulheres liberais que
confundiam os propósitos de libertação e apontava os riscos de uma emancipação
espelhada nos países capitalistas onde “A mulher emancipada é a que bebe, é a que fuma, é
a que usa calças e minissaias, a que se dedica à promiscuidade sexual, a que recusa ter
filhos”. Ele e outros homens públicos não associavam a emancipação à acumulação de
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diplomas ou ao acesso a um certo nível económico e social. Para Machel, nenhuma dessas
concepções atingiam o coração da contradição do capitalismo, nem propunham uma
verdadeira emancipação da mulher.

O papel designado à mulher no processo revolucionário, portanto, ainda que nomeado


como libertação e emancipação, valorizava as funções exercidas no lar, exaltando a
maternidade. Era esperado que as guerrilheiras formassem uma nova geração, apresentando
uma nova mentalidade às crianças, tarefas que reforçavam concepções de género que
colocam a maternidade inerente à mulher, invocando a ideia de “natureza feminina”.

A mulher moçambicana, como agente histórico, forjou seu protagonismo através do


movimento nacionalista. Entretanto, sua representação social ficou dependente das
necessidades nacionalistas e, mais tarde, no período pós-colonial, das directrizes da
FRELIMO, uma vez que a OMM é definida como um “braço do partido”. Sua luta, então,
passou a ser pautada pela política do partido que, muitas vezes, não considera outras lutas
de género, como aponta Signe Arnefred, socióloga cultural.

2.6. Ofensivo Nó-Gordio

Operação Nó Górdio foi a maior e mais dispendiosa campanha militar portuguesa na


província ultramarina de Moçambique, na África Oriental. Decorreu em 1970, durante a
Guerra Colonial Portuguesa (1961 - 1974). Os objectivos desta campanha consistiam em
erradicar as rotas de infiltração das guerrilhas independentistas ao longo da fronteira com a
Tanzânia e destruir as suas bases permanentes em Moçambique. A Nó Górdio durou sete
meses, mobilizou no total trinta e cinco mil militares e foi parcialmente bem-sucedida.

Na perspectiva de conseguir derrotar a guerrilha, após a morte de Eduardo Mondlane em


1969, o Exército Português desencadeou a operação denominada Nó Górdio, que consistiu
numa grande ofensiva de cerco contra a FRELIMO. A operação, porém, não atingiu o sucesso
esperado. A partir desse momento a Frente de Libertação foi conquistando espaço e apoio da
população e zonas libertadas foram sendo criadas. Este avanço por parte da guerrilha
conduziu as primeiras fissuras dentro do próprio movimento, mas especificamente na
concepção da Linha Política que estava se processando na Luta, dividindo se em linhas
revolucionária e linha reaccionária.

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Os revolucionários argumentavam que a produção dos bens alimentares, para além do
que os camponeses necessitavam para a sua própria sobrevivência, devia ser colectiva.
As forças moderadas eram da opinião que nas zonas libertadas devia haver um sistema
comercial privado, que comprasse os excedentes dos camponeses em troca de bens de

consumo. (ABRAHAMSSON; NILSON, 1994, p.33).

Dai a linha revolucionária conquistou o espaço no seio da organização armada e lançou a base
da concepção política adoptada pela FRELIMO durante o processo de preparação da
independência nacional de Moçambique.

O Nó Górdio foi lançado sob ordens de Kaúlza de Arriaga, entretanto promovido a


comandante-chefe após oito meses de comando de forças terrestres no teatro de operações
moçambicano, e executada pelo Comando Operacional das Forças de Intervenção (COFI). O
início da Operação Nó Górdio foi marcado para 1 de Julho de 1970, com a presença do
general Comandante-Chefe e do seu Estado-Maior em Moeda, prolongando-se até 6 de
Agosto, tendo participado mais de oito mil homens, onde se incluía a totalidade das forças
especiais (Comandos, Pára-quedistas e Fuzileiros Navais) e dos Grupos Especiais e a quase
totalidade da artilharia de campanha, unidades de reconhecimento e de engenharia. Esta
operação incluía acção psicológica, com uma secção instalada em equipes de acção
psicossocial em Moeda e no Sagal.

2.7. Golpe de Estado em Portugal


Ocorrida em Portugal, foi um golpe militar realizado em 25 de Abril de 1974 e que pôs
fim aos 41 anos de ditadura salazarista. Trata-se de um dos mais importantes
acontecimentos históricos da década de 70. No dia 25 de Abril de 1974 Os portugueses
não suportavam mais as imposições do regime salazarista, de forma que um grupo de
militares, os chamados “capitães de abril”, começou a planejar sua deposição. Houve uma
primeira tentativa em Março, mas esta não teve sucesso. Desta maneira, um mês depois,
outra investida é feita e no dia 25 de Abril de 1974, as ruas de Lisboa se tornam o palco do
golpe militar que conseguiu depor o presidente Marcello Caetano. Caetano se rendeu às
19h30 desse dia e seguiria para o exílio no Rio de Janeiro, onde faleceria.
Deste modo, a situação interna de Portugal, também foi um dos factores que favoreceram
o fim da guerra em proveito da FRELIMO. No ano de 1974, em Portugal, ocorreu a
Revolta dos Cravos, desencadeada pela revolta militar de 25 de Abril, dando início a um
período de instabilidade política com a troca de Governo. As autoridades Portuguesas

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discordavam quanto aos rumos que deveriam tomar em relação à disputa que ocorria em
Moçambique.

2.8. Os Acordos de Lusaka


Os Acordos de Lusaka foram assinados no dia 7 de Setembro de 1974, em Zâmbia, entre o
Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), movimento
nacionalista que desencadeou a Luta Armada de Libertação Nacional, com o objectivo de
conquistar a independência de Moçambique.

Nestes acordos o Estado Português reconheceu formalmente o direito do povo de


Moçambique à independência e, em consequência, acordou com a FRELIMO o princípio da
transferência de poderes, ou seja, transferência da soberania que detinha sobre o território de
Moçambique. No âmbito dos mesmos acordos foi igualmente estabelecido que a
independência completa de Moçambique seria solenemente proclamada no dia 25 de Junho de
1975, data que coincidiria, propositadamente, com o aniversário da fundação da FRELIMO.

2.9. O governo de Transição

Além dos princípios já enunciados (o da independência e o da transferência de poderes), os


Acordos de Lusaka estabeleceram, relativamente ao território de Moçambique, o regime
jurídico que vigoraria durante o período de transição para a independência (período a iniciar
com a assinatura dos acordos e a terminar com a proclamação da independência de
Moçambique. Tal regime consistiu, essencialmente, numa bipartição de poderes sobre o
território, tendo-se confiado a soberania ao Estado português, representado por um Alto-
Comissário e o governo ou administração à FRELIMO, a quem foi reconhecida a prerrogativa
de designar não só o primeiro-ministro como também dois terços dos ministros do Governo
de Transição.

Com este resultado de Acordo de Lusaka, de 7 de Setembro de 1974, um Governo transitório


foi instalado. O seu principal objectivo era estabelecer um ambiente político e económico
propício para a independência, marcada para ocorrer em 25 de Junho de 1975, quando o
Samora Machel assumiria a presidência do País.

2.10. Noção de defesa da pátria

De acordo com a constituição da República de Moçambique, no seu artigo 75, pt. 2, d),
estabelece que, os partidos políticos devem empenhar-se em:
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“reforçar o espírito patriótico dos cidadãos e a consolidação da nação moçambicana”.

Na lei n ˚ 32/ 2009, 25 de Novembro, no artigo n˚ 1, ponto 1 descreve o conceito e


objectivos do serviço militar nos seguintes modos:

A participação na defesa da Independência Nacional, soberania e integridade territorial é


um dever sagrado e uma honra para todos os cidadãos Moçambicanos. No seu ponto dois
(2), do mesmo artigo explica que, o serviço militar é o contributo prestado por cada
cidadão, no âmbito militar para a defesa da pátria. Assim. O serviço militar, para além de
constituir um instrumento de promoção da unidade nacional e de desenvolvimento da
consciência patriótica, deve ainda servir para a valorização cívica, cultural, física e
profissional dos cidadãos que o cumprem.

“Todos os cidadãos moçambicanos dos 18 aos 35 anos de idade, estão sujeitos ao dever
ou a obrigatoriedade de prestação de serviço militar e ao cumprimento das obrigações
militares dele decorrentes.”

Portanto, este infalivelmente deve potenciar-se de bases fundamentais para protecção dos
elementos de benefícios comuns perigados pelos interesses externos, desta feita, pautando
pela instrução, formação e conhecimentos básicos sobre os mecanismos de defesa aos
recursos nacionais e o seu controlo prevalecente. Ainda, de acordo com a constituição da
Republica de Moçambique, no seu artigo 267 (Defesa da pátria, serviço militar e serviço
cívico) estabelece um pensamento sustentando que:

 A participação na defesa da independência nacional, soberania e integridade


territorial são dever sagrado e honra para todos os cidadãos moçambicanos;
 2O serviço militar é prestado nos termos da lei, em unidades das forças armadas
de defesa de Moçambiqu;
 A Lei estabelece um serviço cívico em substituição ou complemento do serviço
militar para todos os cidadãos não sujeitos a deveres militares.
2.11. Noção de Democracia

Etimologicamente, o termo “democracia” vem do Grego: Democracy, que significa


governo do povo. A democracia manifesta-se pela vontade colectiva nas tomadas de
decisão, através da iniciativa de participação política múltipla (pluripartidarismo), o
direito do cidadão ao voto livre e secreto (sufrágio universal), a livre iniciativa económica

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(o Estado não detêm o controlo da economia privada) e acima de tudo, a liberdade
individual. Em muitos países, a existência de vários partidos políticos tem sido
interpretado como existência da democracia, não é apenas desta forma que se deve
perceber este paradigma, mas sim, pelas acções destes, que se devem reverter em acções
concretas e encaixada no contexto real.

A democracia como legado colectivo, deve merecer a sua protecção e bem percebida no
seu sentido abrangente e em contrapartida, respeitando as suas particularidades de acordo
com cada território especificamente. Para que as noções de defesa da pátria e a
consolidação da democracia sejam efectivamente visível e contínua, e necessário que se
respeitem os princípios ou pressupostos básicos referentes a coesão dos direitos
fundamentais do cidadão e do homem. A fase da democracia em Moçambique,
compreendeu duas distintas etapas, do mono partidarismo, que vai até ao período pós
guerra civil que terminou com os Acordos Gerais da Paz em Roma, no dia 4 de Outubro
de 1992 e do multipartidarismo que teve o seu início a partir das primeiras eleições
multipartidárias de 1994.

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Conclusão

Chegado ao fim da materialização deste trabalho é de destacar que nação é a reunião de


pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, falando o mesmo idioma e tendo os mesmos
costumes, formando assim, um povo, cujos elementos componentes trazem consigo as
mesmas características étnicas e se mantêm unidos pelos hábitos, tradições, religião, língua e
consciência nacional, neste contesto refere-se a nação Moçambicana uma nação do sul da
África cujo longo litoral no Oceano Indico é permeado de praias conhecidas, como Tofo, e de
parques marinhos peros da costa no arquipélago Quirimbas, uma faixa de 250 quilómetros de
ilhas de corais, a ilha do Ibo, coberto por manguezais, tem ruínas de era colonial que
sobreviveram desde o período do domínio português. O arquipélago de Bazaruto, mais ao sul,
tem recifes que protegem espécies marinhas raras, como os dogongos.

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Referencias Bibliográficas

ANDRADE, Mário. Origens do nacionalismo africano Lisboa: Dom Quixote, 1997.

ARAÚJO, H.C. (1985). Profissionalismo e Ensino in Cadernos de Ciências Sociais, n.º3,


Lisboa.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Imprensa Nacional de


Moçambique, Maputo, 2008.

DAVA, Fernando., ANTÓNIO, Alexandre, at all “ SAMORA MACHEL Historia de uma


vida dedicada ao povo Moçambicano”, edição ARPAC, Maputo, 2011.

MATUSSE, Renato & MALIQUE, Josina “Josina Machel, Ícone da emancipação da Mulher
Moçambicana”, 1ª ed., editora ARPAC, Maputo, 2008.

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