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Índice
Introdução ......................................................................................................................... 3
Objectivos ......................................................................................................................... 3
2.1 Os diferentes papéis sociais e culturais na obra Terra Sonâmbula de Mia Couto .... 13
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Introdução
Quando pensamos que o assunto envelhecer é um assunto novo, temos que ter clareza
que a população não começou a envelhecer agora, porém, o número de centenários
aumentou muito nos últimos anos, e os porquês dessa mudança estão motivando novas
pesquisas. Essa mudança pode ser relacionada a diferentes aspectos, dentre eles, o estilo
de vida que as pessoas levam, o qual influencia directamente no aumento da expectativa
de vida. O envelhecimento inicia em determinadas épocas, com diferentes ritmos e traz
mudanças para o organismo humano.
Este trabalho tem como tema “O papel do idoso para o desenvolvimento sócio-cultural
em Moçambique na obra Terra Sonâmbula de Mia Couto”. O trabalho, além da
introdução, divide-se em dois capítulos: o primeiro capítulo que é o da componente
teórica, tratará de apresentar a vida e obra de Mia Couto, abordar sobre o conceito do
idoso, diferenciar a velhice do passado e do presente e abordar sobre o papel social e
cultural do idoso no e em Moçambique. O próximo capítulo a ser desenvolvido que é o
da componente prática, será acerca de identificar os diferentes papéis sociais e culturais
na obra “Terra Sonâmbula” de Mia Couto.
Objectivos
Geral:
✓ Compreender o papel do idoso para o desenvolvimento sócio-cultural em
Moçambique, na obra “Terra Sonâmbula” de Mia Couto.
Específicos:
✓ Descrever a vida e obra do escritor Mia Couto;
✓ Definir o termo “idoso”:
✓ Trazer discussões sobre o idoso no passado e no presente;
✓ Identificar o papel social e cultural do idoso no mundo e em Moçambique.
Metodologias de pesquisa
Para o presente estudo buscamos a abordagem descritiva, de modo que o objecto de
estudo e os procedimentos metodológicos já se encontram definidos, a fim de
chegarmos à resposta, sobre aquilo que pretendemos analisar conforme o tema proposto.
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Desse modo, Fonseca (2002), afirma que “a pesquisa bibliográfica é feita a partir do
levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e
electrónicos” (p. 32).
Assim sendo, realizamos um estudo sistematizado dos assuntos já apresentados visando
discorrer sobre o processo histórico e alguns aspectos da visão antropológica do
envelhecimento, o envelhecimento e o papel do idoso nas sociedades e culturas.
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Capítulo I – Componente teórica
Primeiro, a Beira era uma cidade muito particular, porque existia esse estigma da
divisão racial, se calhar era o lugar de Moçambique onde essa hierarquia espacial
por raças era evidente. Segundo, a Beira era também um pântano, essa arrumação
espacial não foi plenamente conseguida. A Beira acabou por ser até à
independência, uma cidade mistura onde essas margens dos territórios negros,
brancos e das outras raças se entrecruzavam. E por circunstâncias da minha vida,
vivi nessa margem, os outros estavam do outro lado da rua: os indianos, os pretos,
os mulatos chineses – que só existiam na Beira. Isso me ajudou a encontrar a
mestiçagem, (Macedo, 2007, p.193).
A cidade da Beira era uma espécie de recorte da situação que vivia a colónia
Moçambique, Mia Couto afirma que não precisava que lhe explicassem o que era o
colonialismo, porque na sua cidade a tensão racial era muito forte; nas escolas em que
estudou quase não havia a presença de negros e o racismo contra negros e brancos
nascidos na colónia era muito forte, esses mestiços eram chamados de brancos de
“segunda categoria”.
O autor afirma ainda que ele se “encaixava” nesta categoria e, por isso, “não precisaram
explicar para mim o que era colonização, pois eu sentia na pele o que era o
colonialismo” (Couto, 2008, p.12).
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No ano de 1971, Couto mudou-se para a capital Lourenço Marques (actual Maputo).
Após 25 de Abril de 1974 passou a exercer a função de jornalista. Sobre este período o
escritor relembra:
Mia Couto trabalhou no jornal Tribuna, até 1975, quando este foi destruído por
colonizadores que se opunham às lutas contra a independência. Participou activamente
dessas insurreições como militante da FRELIMO. Com a chegada da independência,
Mia Couto se tornou director da Agencia de Informação de Moçambique (AIM), de
1976 a 1979. Além disso, foi director da revista Tempo, no período de 1979 – 1981, e
do jornal Noticias de Maputo, de 1981 – 1985. Deste período de sua vida como
militante ele relata:
A minha passagem pelo teatro foi uma das melhores escolas que eu tive, eu
escrevia para um grupo de teatro, ao qual pertenço a 14 anos. E escrever para eles,
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e depois perceber como é que as pessoas reagiram ao ver às peças de teatro aqui na
cidade, nas zonas rurais, quais eram as diferenças, me ensinou muito sobre o que é
se comunicar com os outros (Couto, 2002).
Mia Couto é um escritor moçambicano que continuaria a sê-lo onde quer que vivesse e
escrevesse. De família portuguesa recente em Moçambique, e de inquestionável etnia
europeia, mas sem duvida moçambicana, porque consegue integrar em suas “palavras
escritas” a tradição oral das culturas nacionais […] E creio também que não só pelo
valor culturalmente abrangente, que também possa ter, não apenas porque dá voz escrita
às vozes moçambicanas sem escrita, mas porque é, sobretudo, uma literatura que traz
forma à incerteza e que imagina a plural nação que Moçambique possa vir a ser para
que possa perceber a nação plural que é. A obra de Mia Couto é uma escrita que está à
espera da História, é uma literatura de fundação virada para o futuro (Jornal das Letras,
Novembro de 2008).
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questionar, quem é a pessoa considerada idosa? Posteriormente, como o envelhecimento
é visto pelas diferentes culturas? Por último, a pessoa idosa ocupa qual espaço na
sociedade actual? Diante de tais questionamentos, algumas ponderações serão
utilizadas, a fim de ilustrarmos o assunto.
Para tanto, primeiramente tomaremos emprestadas as definições do autor Jorge José,
(UDESC, 1996 p.243 -244), “idosa é a pessoa que tem muita idade; velha é a pessoa
que perdeu a jovialidade”.
Ele ressalta ainda que “a idade causa a degenerescência das células; a velhice causa a
degenerescência do espírito.” Em seguida, o autor conclui que: “por isso, nem todo
idoso é velho e há velho que ainda nem chegou a ser idoso”.
Conforme a Organização Mundial de Saúde - OMS (2005), “o envelhecimento da
população é um dos maiores triunfos da humanidade” (p. 8).
Também de acordo com Veras e Caldas (2004):
Ainda segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), idoso é todo individuo com 60
anos ou mais.
A vida vai deixando através do corpo suas marcas, vai desenhando traços firmes
que contornam os rostos abrindo sulcos, como marcas indeléveis que se
multiplicam e se acentuam ao longo dos anos. Vai embranquecendo e rarefazendo
os cabelos, vai fazendo o corpo sentir os anos passarem inexoravelmente. A vida
vai escrevendo nossa história em nosso próprio corpo, em nossos gestos, em nosso
olhar. Os caminhos percorridos, os anos vividos, as alegrias e sofrimentos, as
esperanças, os desejos escondidos parecem confluir todos para o mesmo corpo,
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agora capaz de revelar uma história, capaz de deixar as rugas falarem, porque elas
têm de fato uma história. O rosto envelhecido é história, permite uma interpretação,
provoca interpretações, faz pensar. Envelhecer é perceber esse passar da vida,
constante e intenso, como se a gente pudesse se olhar no espelho e, em um minuto,
ver a metamorfose do mesmo rosto desfilando sucessivamente diante dos próprios
olhos, transformando-se gradativamente de jovem para velho. (Gebara, 1991, p.
109).
Segundo Hamilton (2000), também existem vários métodos para definir as diferenças na
expectativa de vida:
- Efeitos distais de envelhecimento, como falta de mobilidade;
- Efeitos proximais de envelhecimento, como aquisição de determinadas características
da velhice;
- Envelhecimento probabilístico, efeitos prováveis, mas não universais.
Por isso, temos vários conceitos semelhantes para classificar o envelhecimento, como o
aumento da sabedoria, porém um decréscimo das faculdades mentais.
Muitos foram os aspectos que melhoraram nos cuidados da saúde e nos padrões de vida.
Os adultos mais jovens podem superar os mais velhos, não por serem menos velhos,
mas por serem mais sadios, terem mais instrução e conviver em um mundo mais rico
culturalmente. Porém, tudo isso depende de como essa pessoa está sendo tratada no
meio em que vive. No Brasil, são considerados velhos todas as pessoas com sessenta e
cinco anos (65) ou acima.
Segundo Hayflick (1997) a velhice pode ser conceituada da seguinte forma:
Já em Papaléo Netto (1996), encontra-se um outro conceito que mostra a velhice como
um processo progressivo, porque vai, aos poucos, modificando tanto a área interna
como a externa. Gradativamente vai alterando e agredindo as estruturas internas como
as externas. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS), classifica da seguinte forma o
envelhecimento: “O idoso passa por quatro estágios: Meia Idade, Idoso, Ancião e
velhice extrema”.
O quadro abaixo retrata o envelhecimento de acordo com (OMS) Organização Mundial
da Saúde.
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Tabela 1: Classificação do envelhecimento conforme OMS
Meia-idade: 45 a 59 anos,
Idoso: 60 a 74 anos,
Ancião: 75 a 90 anos,
Velhice extrema: 90 anos em diante.
Fonte: Papaléo Netto (1996)
“É preciso que o corpo permaneça intacto para que a velhice seja feliz: uma bela
velhice é aquela que tem a lentidão da idade, mas sem deficiências. Ela depende ao
mesmo tempo das vantagens corporais que se poderia ter, e também do acaso. O
declínio do corpo acarreta o do indivíduo inteiro” (p. 136).
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Debert (1999) destacou que a elite dominante da época via os velhos com total
indiferença, ignorando-os completamente, mas a partir da segunda metade do século
XIX, o número de velhos aumentou substancialmente e a sociedade não podia mais
ignorá-los, passando a desvalorizá-los. Surge, então, a noção ambivalente da velhice.
Ainda segundo Debert (1999), é “esse movimento que marca as sociedades modernas,
onde, a partir da segunda metade do século XIX a velhice é tratada como uma etapa da
vida caracterizada pela decadência física e ausência de papéis sociais" (p. 14).
No entanto, com as mudanças no modo de produção capitalista, onde o principal
objectivo é o lucro, através da exploração da força de trabalho ocorreu uma
desvalorização social dos idosos.
Verificou-se, conforme citado por Silva (2008), que a noção de velhice como etapa da
vida surgiu no período de transição entre os séculos XIX e XX.
Algumas mudanças modificaram o curso da vida, propiciando o surgimento do conceito
de velhice como se conhece hoje. Dois factores foram fundamentais: a formação de
novas disciplinas médicas que estudam o corpo envelhecido e a criação das pensões e
aposentadorias. Gradativamente, a velhice passa a ser vista como um estado fisiológico
específico, com características específicas que se reúnem sob o signo da “senescência”.
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Capitulo 2 – Componente prática
2.1 Os diferentes papéis sociais e culturais na obra Terra Sonâmbula de Mia Couto
Tudo começa com a “Estrada Morta”, apresentação dos personagens protagonistas: o
menino Muidinga e o Velho Tuahir, que fugiram da guerra e das consequências da
guerra, fugiram dos ataques que grassavam o país naquela altura. Estes dois
personagens principais não têm nenhuma ligação familiar, mas a questão é que Tuahir
encontrou o menino e salvou-o da morte, circunstância que os liga de forma indelével.
O menino não se lembra de nada, nem dos pais, nem de onde vem. O velho acolheu-o
como o seu filho e ensinou tudo de início, como se fosse um recém-nascido, ensinou-o a
andar, a falar e até como pensar.
Quem o recolhera fora o velho Tuahir, quando todos outros o haviam abandonado.
O menino estava já sem estado, os ranhos lhe saiam não do nariz mas de toda
cabeça. O velho teve que lhe ensinar todos os inícios: andar, falar, pensar.
Muidinga se meninou outra vez. (Couto, 2008, p.10).
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2.2 Conclusão
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2.3 Bibliografia
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terceira idade?. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v15n1/09.pdf>.
Acesso em: 15 Set. 2023
UDESC (1996). "Poesias Contos Crónicas". Universidade do Estado de Santa Catarina,
Fundação Viva Vida e Conselho Nacional do Idoso, e publicado no livro -
Editora da UDESC Florianópolis.
Veras, P.; Caldas, C. P. (2004). Ciências e Saúde Colectiva, Promovendo a saúde e a
cidadania do idoso: o movimento das universidades da terceira idade. v. 9, n. 2.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/csc/v9n2/20396.pdf>. Acesso
em: 15 Set. 2023
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