Você está na página 1de 7

A nação moçambicana

Moçambique é um conceito moderno, e é sob essa óptica que o projecto nacionalista deve ser
visto. O mundo deve à revolução francesa os três princípios de igualdade, fraternidade, e
liberdade que, hoje, continuam a ser os ideais que legitimam a acção governativa. Estou em
crer que os mesmos princípios podem muito bem fundamentar qualquer modelo analítico que
procure entender o fracasso do projecto da Frelimo. Insistir sobre as forças centrífugas, isto é as
etnias e as estruturas que lhes são afins (29), constitui um erro de perspectiva analítica e é até
certo ponto arrogante.
Nacionalismo Moçambicano
O nacionalismo moçambicano, como praticamente todo o nacionalismo africano, foi fruto
directo do colonialismo europeu. A base mais característica da unidade nacional
moçambicana é a experiência comum (em sofrer) do povo durante os últimos cem anos de
controle colonial português.
Uma das bases fundamentais da crescente exploração que Portugal quis implementar em
Moçambique após 1930, era a repreensão político fascista, que impediu o desenvolvimento de
organizações anti-coloniais. A luta dos moçambicanos contra a dominação e exploração
colonial capitalista nunca esteve apagada. No entanto, ela foi adquirindo formas e dimensões
diversas de acordo com as circunstâncias da exploração e preensão colonial.
Antes do fim na Segunda Guerra Mundial, exerceu-se uma luta através de jornais e outras
publicações como é o caso das pinturas, denunciando os abusos, arbitrariedades, actos injustos
e imorais praticados por agentes da autoridade colonial. Caso típico destes jornais foi o Brado e
Grémio Africano, liderados pelos irmãos João e José Albasini. Nestes jornais procuravam
denunciar aos abusos cometidos pelo colonialismo.
Por outro lado, criaram-se em Moçambique associações legais de carácter cultural e recreativo
que procuravam divulgar os
Ainda neste período através da música, da canção, da literatura, das artes plásticas e da
imprensa se vão também veiculados valores da cultura moçambicana, denunciando as
frustrações e as humilhações sofridas pelos moçambicanos. A difusão de artigos e de poemas
nos jornais, possibilitaram a transmissão de mensagens invocando a reafricanização,
destacadamente na música de Fany Mpfumo, na poesia de Noémia de Sousa e de José
Craverinha, nos escritos de João Dias, Marcelino dos Santos e de Luís Bernardo Honwana, nas
obras plásticas de Bertina Lopes, Malangatana Ngwenya e Alberto Chissano.
Todavia, em 1960, os moçambicanos de Moeda foram ao administrador colonial pedir o
aumento salarial, o que culminou com a prisão de muitos moçambicanos que haviam se

1
pronunciado sobre o acto. Em resposta, o administrador colonial ordenou a prisão dos actores
da reivindicação do aumento salarial, o que criou uma ira a população presente. Esta ira levou
ao administrador de Moeda a abrir fogo contra os moçambicanos aí presentes, tendo
massacrado mais de 600 pessoas, ao que veio a se designar de massacre de Moeda, acto
ocorrido a 16 de Junho de 1960. Esta violência de Moeda marcou uma etapa decisiva na
tomada de consciência de um verdadeiro sentimento nacional, passando o povo moçambicano a
pensar seriamente na independência de Moçambique.
Este sentimento levou a muitos moçambicanos a residir fora do País, nos países vizinhos e
organizam-se criando em 1959 a MANU (União Nacional Africana de Moçambique), fundada
no Quenia, liderada por Mateus Mole; a UDENAMO (União Democrática Nacional de
Moçambique) em 1960, formada na Antiga Rodésia do Sul, actual Zimbabwe e liderada por
Adelino Gwambe e que mais tarde teve que mudar a sua sede para Tanzania devido a
perseguições da PIDE e a UNAMI (União Nacional Africana para Moçambique Independente),
em 1961, que tinha a sua sede no Malawi, liderada por Baltazar Chagonga. Estes três
movimentos lutavam sob um carácter Tribal, razão pela qual não conseguiam vencer o
colonialismo.
Porém, no período de 1945-1961, a luta anti-colonial foi desenvolvida em várias formas, entre
as quais de destacam a resistência contra aspectos da exploração económica colonial, que
culminou com a formação de movimentos dentro e fora do país e o seu acompanhamento
cultural e intelectual. A repreensão colonial fascista impediu e perseguiu os líderes destes
movimentos.

SURGIMENTO DO NACIONALISMO
O nacionalismo moçambicano nasceu da contestação ao colonialismo e revelou-se
principalmente ao nível das associações, imprensa e da poesia, na linha mais ampla da
emancipação africana cuja a aspiração predominante chamou-se de pan-africanismo.
Em Moçambique foi da dominação colonial que criou a base para a consciência nacionalista
fundada na experiencia de descriminação, exploração, trabalho forçado entre outros aspectos
ligados a sistema colonial.
O Nacionalismo Africano foi feito de diversas formas, quer através das greves e sabotagens por
parte dos trabalhadores e camponeses através das empresas e literaturas críticas por parte dos
intelectuais do período pela arte e religião.
A primeira greve dos trabalhadores negros do porto e caminhos-de-ferro de Lourenço Marques
(PCFLM), teve lugar em Maio de 1919 na qual os trabalhadores negros do cais abandonaram o

2
trabalho exigindo o aumento salarial de $20 por turno, a reacção do Estado não fez sentir: 400
trabalhadores foram detidos acusados como os principais promotores da greve a 28 de Agosto
de 1913 incluiu uma curta mais uma das greves pesadas – A greve Quinheta, a causa foi a
intenção do Estado de corta os salários entre 10% a 30% para minimizar o alagamento das
férias. Além das duas greves outras greves tiveram lugar outras nomeadamente: – Greve do
PCFLM: 7 de Junho de 1947 – Greve monte da pedreira de Goba, Maputo: 22 de Setembro de
1954 – Greve da açucareira de Chinavane: 18 de Agosto de 1954.
A luta contra o Nacionalismo pelos moçambicanos não se fez sentir só na cidade, mas também
nas zonas rurais. Foram várias as formas e tipos de protestos levados a cobo pelo governo
moçambicano de 1914 até a independência de 1975 destacando-se as migrações para fora do
território para as zonas de difícil acesso, as decepções do trabalho mal remunerado, as greves
entre outras. Com o objectivo comum de libertar Moçambique em 1962 formou-se a Frente de
Libertação de Moçambique (FRELIMO) em Dar-es-salaan na Tanzânia para acabar com a
situação colonial do país objectivo alcançado com a independência declarada a 25 de Setembro
de 1975
O nacionalismo moçambicano, como praticamente todo nacionalismo africano, nasceu do
colonialismo europeu direto. A mais especifica fonte de unidade nacional de Moçambique é a
experiência comum do povo no sofrimento, durante os últimos cem anos do controle colonial
português. Mondlane define o nacionalismo como uma consciência por parte de indivíduos ou
grupos afiliados de uma nação de um desejo de desenvolver a força, a liberdade, ou a
prosperidade daquela nação.
Existe um nacionalismo moçambicano que une todos os variados povos do vasto território do
Rovuma ao Maputo, independente de línguas, religiões, raças e culturas. Em outras palavras,
Mondlane afirma que existe uma consciência da parte do povo de todo o país de pertencer a
uma nação. Os povos moçambicanos, depois de enfrentar por muitos anos um inimigo comum
se fundiram em um só povo, sólido, pronto para se libertar do sistema colonial português.
O povo moçambicano veio a se considerar uma nação da mesma maneira que os povos da
Índia, China, União Soviética e outras nações que se consideram agora uma nação. Foi
sobretudo nos últimos setenta e cinco anos (século XX), conforme postula Eduardo Mondlane,
que os moçambicanos aprenderam a lição da unidade.
A unidade nacional moçambicana nasceu da experiência comum do sofrimento em conjunto,
durante o trabalho forçado nas grandes plantações de sisal; durante a roçagem nas florestas
densas para o plantio do algodão, durante a colheita de algodão em conjunto, enfrentando a
labuta e carregando os pesados fardos de algodão por centenas de quilômetros até aos centros

3
de mercado, monopolizado pelo português “branco’’, colonialista por excelência e pelas
companhias concessionárias estrangeiras; enquanto suavam juntos, algumas vezes com sangue,
cultivavam amendoim, cana de açúcar e chá, carregando e descarregando cargas destes
produtos e de maquinarias pesadas dos navios transoceânicos para os trens, ou vice-versa tudo
em benefício dos portugueses, sulafricanos, rodesianos, europeus e americanos brancos .
A unidade moçambicana nasceu da labuta em conjunto nos escuros, quentes, estreitos e
empoeirados veios das minas de carvão, diamante e ouro de Transval. A unidade nacional
nasceu da experiência comum de tentar escapar das prisões portuguesas, do trabalho forçado,
da palmatória e das perseguições políticas.
Causas do nacionalismo moçambicano
Pode se dizer que, em Moçambique foi a dominação colonial que criou a base para a
consciência nacionalista tendo como causas: a experiencia de descriminação, exploração,
trabalho forcado, os maus tratos entre outros aspectos ligados a sistemas colonial.

Percurso histórico ate a proclamação da independência nacional


Período Pré-Colonial

Os primitivos povos de Moçambique eram bosquímanos caçadores e reflectores.


As grandes migrações entre 200/300 DC dos povos Bantu de hábitos guerreiros e oriundos dos
Grandes Lagos, forçaram a fuga destes povos primitivos para as regiões mais pobres em
recursos.
Antes do séc. VII, foram estabelecidos Entrepostos comerciais pelos Suahil-árabes na costa
para trocar produtos do interior, fundamentalmente ouro e marfim por artigos de várias origens.
Penetração Colonial
No final do séc. XV há uma penetração mercantil portuguesa, principalmente pela demanda de
ouro destinado à aquisição das especiarias asiáticas.
Inicialmente, os Portugueses fixaram-se no litoral onde construíram as fortalezas de Sofala
(1505), Ilha de Moçambique(1507). Só mais tarde através de processos de conquistas militares
apoiadas pelas actividades missionárias e de comerciantes, penetraram para o interior onde
estabelecerem algumas feitorias como a de Sena (1530), Quelimane (1544).
O propósito, já não era o simples controlo do escoamento do ouro, mas sim de dominar o
acesso às zonas produtoras do ouro. Esta fase da penetração mercantil é designada de fase de
ouro. As outras duas últimas por fase de marfim e de escravos na medida em que os produtos
mais procurados pelo mercantilismo eram exactamente o marfim e os escravos
respectivamente.
4
O escoamento destes produtos acabou sendo efectivado através do sistema de Prazos do vale do
Zambeze que teriam constituído a primeira forma de colonização portuguesa em Moçambique.
Os prazos eram uma espécie de feudos de mercadores portugueses que tinham ocupado uma
porção de terra doada, comprada ou conquistada.
A abolição do sistema prazeiro pelos decretos régios de 1832 e 1854 criou condições para a
emergência dos Estados militares do vale do Zambeze que se dedicaram fundamental ao
tráfego de escravos, mesmo após a abolição oficial da escravatura em 1836 e mais tarde em
1842.
No contexto moçambicano as populações macúa-lómué foram as mais sacrificadas pela
escravatura. Muitos deles foram exportadas para as ilhas Mascarenhas, Madagáscar, Zanzibar,
Golfo Pérsico, Brasil e Cuba. Até cerca de 1850, Cuba constituía o principal mercado de
escravos Zambezianos.
Com o advento da conferência de Berlim (1884/1885), Portugal foi forçado a realizar a
ocupação efectiva do território moçambicano. Dada a incapacidade militar e financeira
portuguesa, a alternativa encontrada foi o arrendamento da soberania e poderes de várias
extensões territoriais a companhias majestáticas e arrendatárias.
Companhia de Moçambique e a Companhia do Niassa são os exemplos típicos das companhias
majestáticas. Companhia da Zambézia, Boror, Luabo, sociedade do Madal, Empresa agrícola
do Lugela e a Sena Sugar Estates perfazem o exemplo desde companhias arrendatárias.
O sistema de companhias foi usado no Norte do rio Save. E, estas dedicaram-se principalmente
a uma economia de plantações e um pouco do tráfego de mão de obra para alguns Países
vizinhos. Os Sul do Rio Save (províncias de Inhambane, Gaza e Maputo) ficaram sob
administração directa do Estado colonial.
Nesta região do País foi desenvolvida basicamente uma economia de serviços assente na
exportação da mão de obra para as minas sul-africanas e no transporte ferro-portuário via Porto
de Maputo.Estada divisão económica regional explica a razão da actual simetria de
desenvolvimento entre o Norte e o Sul do País.
A ocupação colonial não foi pacífica. Os moçambicanos impuseram sempre lutas de resistência
com destaque para as resistências chefiadas por Mawewe, Muzila, Ngungunhane, Komala,
Kuphula, Marave, Molid-Volay e Mataca. Na prática a chamada pacificação de Moçambique
pelos portugueses só se deu no já no séc. XX.
A Luta pela Independência
A opressão secular e o colonial fascismo português acabaria por obrigar o Povo moçambicano a
pegar em armas e lutar pela independência.

5
A luta de libertação Nacional, foi dirigida pela FRELIMO (Frente de Libertação de
Moçambique).
Esta organização, foi fundada em 1962 através da fusão de 3 movimentos constituído no exilo,
nomeadamente, a UDENAMO (União Nacional Democrática de Moçambique), MANU
(Mozambique African National Union) e a UNAMI (União Nacional de Moçambique
Independente).
Dirigida por Eduardo Chivambo Mondlane, a FRELIMO iniciou com a luta de libertação
Nacional a 25 de Setembro de 1964 no posto administrativo de Chai na província de Cabo
Delgado. O primeiro presidente da FRELIMO, Eduardo Mondlane, acabaria por morrer
assassinado a 3 de Fevereiro de 1969.
A ele sucedeu Samora Moisés Machel que proclamou a independência do País a 25 de junho de
1975. Machel que acabou morrendo num acidente aéreo em M'buzini, vizinha África do Sul
acabou sendo sucedido por Joaquim Alberto Chissano, que por sua vez foi substituido pelo
actual Presidente Armando Emílio Guebuza.
A partir do início dos anos 80, o País viveu um conflito armado dirigido pela RENAMO
(Resistência Nacional de Moçambique).
O conflito que ceifou muitas vidas e destruiu muitas infra-estruturas económicas só terminaria
em 1992 com a assinatura dos Acordos Gerais de Paz entre a o Governo da FRELIMO e a
RENAMO.
Em 1994 o País realizou as suas primeiras eleições multipartidárias ganhas pela FRELIMO que
voltou a ganhar as segundas e terceira realizadas em 2000 e 2004.

Proclamação da independência nacional


No dia 25 de Junho de 1975, foi declarada a proclamação da independência de Moçambique,
um território colonizado pelo império português a partir de finais do séc. XV e inícios do séc.
XVI. A opressão secular e o colonial fascismo português acabaria por obrigar o povo
moçambicano a pegar em armas e lutar pela independência. Em 1964, a Frente de Libertação
de Moçambique (Frelimo) iniciou a luta armada contra o Estado Novo, porque este não
reconheceu as pretensões autonomistas e independentistas existentes no território, finalizando
na proclamação da independência de Moçambique.

Em 1964, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) iniciou a luta armada contra o


Estado Novo porque este não reconheceu as pretensões autonomistas e independentistas
existentes no território.

6
A guerra colonial terminaria com o golpe militar de 25 de Abril em Portugal e, no seguimento
dos acordos de Lusaka a 7 de Setembro de 1974, teria lugar a passagem de administração do
território de Moçambique para a FRELIMO, em representação do povo moçambicano, a 25 de
junho de 1975
O acordo de transferência do poder tinha sido assinado entre Portugal e a Frente de Libertação
de Moçambique (FRELIMO) no dia 7 de Setembro de 1974, nove meses antes da proclamação
da independência. As negociações só foram possíveis depois da revolução dos Cravos em
Portugal, em 25 de Abril de 1974, que derrubou o regime português do Estado Novo.

Em Moçambique a guerra de libertação do jugo colonial durou dez anos. O regime português, a
ditadura salazarista, continuada por Marcelo Caetano, nunca formulou uma solução para a
guerra que levasse em conta o ambiente internacional de apoio ao movimento descolonizador,
nem as recomendações e resoluções da ONU que apoiavam os processos de independência dos
territórios não-autônomos e muito menos o sentimento nacionalista dos povos colonizados.
O movimento descolonizador, pelas razões que são conhecidas, reforçou-se depois da segunda
guerra mundial, levando à independência de vários territórios coloniais e à constituição de
novos países. Costuma apontar-se a Conferência de Bandung, ocorrida em Abril de 1955, como
um acontecimento decisivo para o reforço do apoio à ideia descolonizadora de todos os
territórios dependentes. (Cf. Pereira, 1978).

Em Moçambique, os movimentos autonomistas modernos encontram as suas raízes na década


de 50 do século XX, mas a necessidade de organizar politicamente o sentimento de resistência
à situação colonial começou a produzir os seus efeitos em 1960, em especial junto às
comunidades moçambicanas emigradas nos territórios vizinhos.
Oficialmente, em 25 de Junho de 1962 é fundada a Frente de Libertação de Moçambique,
também conhecida por seu acrônimo FRELIMO, em Dar-es-Salaam, na Tanzânia, quando três
organizações nacionalistas de base regional - a União Democrática Nacional de Moçambique
(UDENAMO – Salisbury, hoje HarareZimbábue, 1960), União Nacional Africana de
Moçambique (MANU, à maneira da KANU do Quênia, formada em 1961, a partir de vários
pequenos grupos já existentes entre os moçambicanos trabalhando em Tanganica e Quênia,
sendo um dos maiores a União Makonde de Moçambique - UMM) e a União Nacional
Africana de Moçambique Independente (UNAMI - fundada por exilados da região de Tete que
viviam no Malawi em 1961) - fundiram-se em um movimento guerrilheiro de base ampla sob
os auspícios do presidente tanzaniano Julius Nyarere.

Você também pode gostar