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Livro Digital - CARTOGRAFIA E NOVAS TECNOLOGIAS https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/cartografia_e_novas_tecnolog...

1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Iniciaremos nossa jornada pela Cartografia, abordando neste capítulo os fundamentos


teóricos da Cartografia, utilizando as seguintes seções: A Cartografia e suas origens,
O que é Cartografia? e a Cartografia brasileira. Assim, conheceremos o histórico de
como ocorreu a evolução dessa ciência geográfica, suas tecnologias e aplicações ao
longo da história até os dias atuais. Também conheceremos os conceitos básicos da
Cartografia e as diferentes abordagens existentes, seguido pelos diferentes tipos de
mapas, escalas, projeções e simbologias. Por fim, abordaremos a importância da

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Cartografia no âmbito brasileiro.

Dessa forma, neste livro você conhecerá os fundamentos de interpretação e


compreensão da Cartografia aplicada na análise geográfica. Para nos ajudar nessa
caminhada, será necessário que você adquira alguns conhecimentos sobre a
Cartografia. A propósito, o que é Cartografia? O que é possível realizar utilizando essa
ciência geográfica?

Os mapas parecem estar em todos os lugares que olhamos: nos nossos celulares, em
jornais, revistas e livros, na internet, na televisão, nos trens, nos ônibus, nos quiosques
ou mesmo nas nossas casas. Há também uma grande variedade de tipos de mapas.
Alguns são muito detalhados e parecem projetos de engenharia, já outros aparecem
como esboços à mão livre. Alguns mostram o mundo inteiro, outros uma área
pequena, por exemplo, sua cidade ou seu bairro. Como a nossa sociedade se tornou
mais complexa, as necessidades e usos para mapas de todos os tipos aumentaram.

É importante que você entenda as aplicações e os fundamentos da Cartografia para


conseguir utilizar todo o potencial dessa ciência geográfica. Neste capítulo, você
aprenderá os fundamentos da representação gráfica, para que possa utilizá-la da
melhor maneira possível.

Bons estudos e vamos lá!

2 A CARTOGRAFIA E SUAS ORIGENS

Prezado aluno, neste capítulo, conheceremos a origem e evolução da Cartografia,


conheceremos o que é a Cartografia, suas definições e conceitos básicos e também
sobre a Cartografia brasileira. Inicialmente, vamos a uma breve conceituação sobre a
Cartografia.

As representações gráficas da superfície terrestre possuem papel importante na vida


do ser humano há milhares de anos. Vários povos, como babilônios, chineses,
egípcios e maias, tinham o costume de representar o ambiente onde viviam, os
trajetos de suas caçadas, os percursos de rios, as áreas e os territórios conquistados,
entre outros. Esses diferentes povos empregavam instrumentos e materiais existentes
na época, como argila, conchas, pedaços de madeiras, que eram fixados nas paredes
das cavernas, em rochas ou ainda em troncos de árvores. Ao longo do tempo, com a
crescente obrigação de se registrar as áreas da superfície terrestre, sejam elas: áreas
conquistadas, reinos, propriedades etc., isso fez com que, nós, seres humanos,
desenvolvêssemos e aprimorássemos técnicas de representação espacial.

Várias pesquisas e estudos foram realizados, assim, descobriram que diversos povos,
como europeus, árabes e chineses, contribuíram e muito para que essas técnicas
utilizadas nas suas representações espaciais se tornassem cada vez mais

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desenvolvidas. Todos esses movimentos permitiram que a Cartografia evoluísse e se


tornasse um conjunto de técnicas, métodos científicos e artísticos para a elaboração
de mapas.

2.1 OS PRIMEIROS REGISTROS

Os povos pré-históricos retratavam os fenômenos da natureza, cenas do seu convívio


em sociedade, atividades do seu cotidiano, além do espaço em que viviam em
pinturas rupestres. Essas primeiras representações gráficas eram repletas de crenças
e mitos. Como já mencionamos, essas representações na superfície terrestre eram
produzidas pelos homens ao longo do tempo e utilizavam inúmeras técnicas e
materiais.

Fitz (2008a, p. 19) cita que “a Cartografia, através dos tempos, foi experimentando
diferentes utilizações em função de suas diversas aplicabilidades”.

F IGU R A 1 – PIN TU R A R U PEST R E

FONTE: <https://bit.ly/2WS0RrH>. Acesso em: 2 maio 2019.

Se analisarmos a história do homem, chegaremos à conclusão de que os mapas são


uma das representações gráficas mais antigas da humanidade, pois vários povos nos
deixaram evidências robustas sobre como realizavam sua comunicação gráfica,
conforme cada momento da história.

Você sabia que o mapa mais antigo já encontrado tem mais de 4.500 anos?
Acesse o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e se aprofunde
um pouco no assunto. Disponível em: https://bit.ly/2Zgl4Ia

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Foram encontrados relatos, provas e objetos de mapas babilônicos, egípcios e


chineses de épocas remotas, e isso permitiu que arqueólogos, geógrafos e etnólogos
pudessem confirmar como foi a evolução gráfica ao longo da história. Na Babilônia –
Capital da Mesopotâmia (atual Iraque) – foi o local onde encontraram o mapa mais
antigo já conhecido. O mapa conhecido como Ga-Sur foi produzido em uma pequena
placa de argila cozida, entre os anos de 2400 e 2200 a.C. (Figura 2). Essa placa
representa montanhas e um rio ao centro, provavelmente demonstrando as
características geográficas daquela localidade, por exemplo, a Babilônia foi construída
nas margens do Rio Eufrates. Com base em pesquisas, ficou constatado que essa
placa possui mais de 4.500 anos de existência.

F IGU R A 2 – M APA GA- SUR

FONTE: <https://bit.ly/33YMAej>. Acesso em: 2 maio 2019.

Na comuna de Capo di Ponte, Brescia (Itália), em uma região chamada Bedolina,


foram encontradas inúmeras pinturas rupestres nas rochas superficiais retratando
formas de mapas. Essa pintura rupestre realizada pelos Camônios e rica em detalhes,
foi realizada em uma rocha superficial e representa toda a organização social e
econômica daquele povo. A partir do mapa de Bedolina (Figura 3), com sua riqueza de
detalhes e com as simbologias utilizadas por eles, pode-se analisar como eram as
suas atividades agropastoris. O mapa está em grande escala com base na visão
cartográfica.

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Os Camônios eram povos de atividades agrícolas que viviam no norte da


Itália.

Você sabia que Comuna, na Itália, seria o equivalente ao município aqui no


Brasil?

F IGU R A 3 – M APA RU PEST R E D E BED OLIN A

FONTE: <https://bit.ly/3aBwqKw>. Acesso em: 2 maio 2019.

Vários outros povos realizaram contribuições para a Cartografia, sendo os chineses,


os gregos e os egípcios, os que mais se destacaram. Por exemplo, desde a
Antiguidade os chineses utilizam os mapas para representar seus recursos naturais e
potencialidades, gerando, assim, uma grande contribuição na história cartográfica.

Os gregos desenvolveram vários conhecimentos básicos da Cartografia atual, sendo –


latitude e longitude; primeiras projeções; concepção da Terra como sendo uma esfera;
noção de polos, os círculos máximos da Terra, cálculo de projeções cartográficas – os
que mais se destacam. Os egípcios que desenvolveram os primeiros conceitos

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básicos da Geodésia que contribuíram no cálculo de circunferência da Terra.

Geodésia – ciência que estuda a superfície da Terra com a finalidade de


conhecer a sua dimensão, orientação, forma e campo de gravidade.

2.2 A IDADE MÉDIA

Considerado um dos períodos mais obscuros da história cristã, a Idade Média


interrompeu o desenvolvimento da ciência cartográfica. Nesse momento histórico, a
Igreja Católica sobrepunha os conhecimentos e os conceitos religiosos ao
conhecimento matemático e científico. Kimble (2013, p. 219) menciona que quase
nenhum mapa dessa época refletia a real extensão do conhecimento, mostrando
assim que vários mapas eram irreconhecíveis perante o desenvolvimento existente.

A influência clerical sobre o conhecimento foi responsável por duas das mais
importantes características do mapa mundo típico; primeiro, a proeminência dada aos
aspectos bíblicos e topográficos e, segundo, a sobrevivência de certas tradições na
época em que o conhecimento recente estava tornando-as insustentáveis ou no mínimo
exigindo modificações. O Paraíso terrestre, por exemplo, era um componente
praticamente constante dos mappamundi (KIMBLE, 2013, p. 224).

Uma representação marcante desse período é o mapa “T – O”. O “T” representava o


Mediterrâneo dividido em três continentes: Europa, África e Ásia; já o “O” simbolizava
o oceano que envolvia todos eles. Esse mapa retrata o mundo conhecido, mas de
forma totalmente desproporcional. Em vários mapas dessa época, a representação
cartográfica do mundo era bem simples e simbólica, utilizando poucos recursos que
foram desenvolvidos ao longo da história. As restrições impostas pela Igreja Católica
prejudicaram sobretudo a Europa, outros povos continuaram avançando no
desenvolvimento da Cartografia durante esse período. Por exemplo, os árabes
utilizavam os mapas para representar as áreas conquistadas, a orientação em direção
a Meca e, ainda, para facilitar as longas viagens dentro das grandes extensões de
áreas que o reino possuía.

F IGU R A 4 – M APA T – O

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FONTE: <https://pt.wikipedia.org>. Acesso em: 2 maio 2019.

2.3 DAS GRANDES NAVEGAÇÕES ATÉ A ATUALIDADE

Entre os séculos XV e XVI, os europeus promoveram as Grandes Navegações. A


partir desse momento, as representações cartográficas passaram por importantes
avanços. A Cartografia utilizada pelas potências marítimas daquele período possuía
precisão, pois retratavam de maneira detalhada os continentes e os novos locais
descobertos. As escolas náuticas de Portugal, Espanha, Inglaterra, França, Holanda e
as cidades litorâneas de Veneza e Gênova possuem grandes destaques nesse
período devido a essas escolas estarem localizadas nos principais locais de onde se
partiam as Grandes Navegações.

Nesse período, os participantes dessas viagens de exploração necessitavam de


mapas cada vez mais precisos e detalhados das rotas oceânicas e das terras
conhecidas. A precisão e as descrições das rotas e das terras recém-descobertas
foram essenciais para que os novos mapas passassem a representar a superfície do
planeta com mais detalhes e precisão.

F IGU R A 5 – T EAT R O D O GLOBO T ER R EST R E – APON TAD O C OMO SEN D O O


PRIM EIR O AT LAS MOD ERN O

FONTE: <https://pt.wikipedia.org>. Acesso em: 2 maio 2019.

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Nesse período histórico nasceu Gerhard Kremer, ou simplesmente Mercator,


considerado o pai da Cartografia moderna. Mercator nasceu na Bélgica em 1512 e
faleceu em 1594, aos 82 anos. Ele cursou ao longo de sua vida Geografia, Geometria
e Astronomia.

F IGU R A 6 – M ER CATOR

FONTE: <https://pt.wikipedia.org>. Acesso em: 2 maio 2019.

De acordo com pesquisadores, Mercator foi um excelente cartógrafo e realizou vários

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estudos relevantes que permitiram desenvolver mapas de uso prático. Um dos seus
principais legados para a Cartografia foi a criação da projeção cilíndrica, que surgiu a
partir de um grande projeto de confecção de um mapa-múndi que reproduzia uma
parte da América Central e uma representação mais correta da Ásia (Figura 7).

A criação dessa projeção surgiu para resolver um problema que acontecia naquela
época, muitos navegantes lamentavam a falta de cartas exatas para a navegação,
pois essas cartas não possuíam métodos de projeções cartográficas exatas, devido a
isso, foi descoberto que as rotas traçadas em uma carta com o uso de bússola não
faziam qualquer sentido, criando espirais, dificultando, assim, a navegação.

A bússola é um instrumento de orientação criada pelos chineses no século X.


Esse equipamento é muito utilizado em viagens marítimas e aéreas, em
expedições em áreas de floresta, montanha e desertos.

F IGU R A 7 – M APA NA PROJ EÇÃO DE M ER C ATOR

FONTE: <https://pt.wikipedia.org>. Acesso em: 2 maio 2019.

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Na projeção cilíndrica do mundo proposta por Mercator, as linhas dos meridianos e


paralelos aparecem como linhas retas verticais à Linha do Equador. A consequência
foi que causou uma distorção em algumas regiões no mapa que cresciam cada vez
mais a partir do Equador. A distorção próxima à Linha do Equador era mínima e nos
polos eram distorcidos e alongados. Os mapas que utilizavam essa projeção, mesmo
com essa característica (distorções mínimas próximas ao Equador e distorcidos e
alongados nos polos), facilitou a navegação marítima. Ressalta-se, porém, que a
projeção proposta por Mercator conseguia mostrar para os navegantes o rumo certo,
mesmo as distâncias não sendo exatas, resolvendo com isso o problema dos
navegantes de cartas exatas para a navegação.

Nesse período das Grandes Navegações, o uso da Cartografia para representar os


locais conquistados pelas grandes potências foi contínuo, a representação cartográfica
das colônias foi um instrumento estratégico de poder.

No decorrer do século XX, tivemos duas guerras mundiais, a Guerra Fria, a corrida
espacial e o desenvolvimento técnico científico, portanto, várias dessas inovações
tecnológicas criadas para as guerras e fins bélicos foram incorporadas à Cartografia,
conseguindo desse modo gerar vários tipos de mapeamentos, não somente para
questões geopolíticas, mas para o mapeamento da Terra, para usos na agricultura, no
meio ambiente, na docência e várias outras aplicações.

Vários softwares também foram desenvolvidos no século XX para auxiliar na


representação gráfica, e dentre os que mais se destacam, podemos citar o Desenho
Assistido por Computador (em inglês, Computer Aided Design – CAD) que teve início
na década de 1950 com o uso do computador na engenharia e os Sistemas de
Informação Geográfica (SIG), que surgiu na década de 1960 pelo governo do Canadá
para criar um inventário de recursos naturais. No final da década de 1950, teve início o
uso de satélites artificiais para fins de navegação e posicionamento global e,
posteriormente, com a corrida espacial durante a Guerra Fria, os satélites tornaram-se
uma importante fonte de dados para ser utilizada na área cartográfica. As novas
tecnologias dos drones, que surgiram na década de 1940 para fins militares e,
posteriormente, na década de 1980 para uso civil, fizeram uma nova revolução na
área de mapeamento, permitindo, assim, melhorar ainda mais a aquisição de dados
para posterior representação cartográfica.

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Acesse o site da Embrapa Monitoramento por Satélite e conheça todos os


satélites em atividade. Caso queira conhecer ainda sobre as características de
cada satélite, basta clicar na imagem dele para saber o tempo de vida projetado,
sensores utilizados e período de revisita. Disponível em: https://bit.ly/3351VK5

Desse modo, é possível notar um aprimoramento das técnicas cartográficas. Nos dias
atuais, podemos encontrar vários tipos de representações bem detalhadas com
relação ao espaço e às informações representadas. No Capítulo 3 do nosso livro, nos
aprofundaremos e conheceremos todas as novas tecnologias utilizadas na área
cartográfica, seus termos, conceitos e aplicações de forma detalhada.

F IGU R A 8 – M APA ATU AL – IN TEGR AÇ ÃO SAT ÉLIT ES E D RON ES

FONTE: O autor

3 O QUE É CARTOGRAFIA?

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Segundo o IBGE, a palavra cartografia surgiu na língua portuguesa no século XIX,


aparecendo pela primeira vez em 1839 em uma correspondência do Segundo
Visconde de Santarém – Manoel Francisco de Barros e Souza de Mesquita de Macedo
Leitão (1791-1856). Nessa correspondência apareceram os primeiros significados do
traçado e descrição de cartas. Como podemos ver, as primeiras definições utilizavam
termos simples e mal caracterizados para definir a atividade cartográfica. A
Associação Cartográfica Internacional (em inglês,nternational Cartographic Association
– ICA), definiu a Cartografia, sendo:

A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações científicas, técnicas


e artísticas que, tendo por base os resultados de observações diretas ou da análise de
documentação, se voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de
expressão ou representação de objetos, elementos, fenômenos e ambientes físicos e
socioeconômicos, bem como a sua utilização (IBGE, 1999, p. 10).

A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio de uma comissão composta por
especialistas cartográficos, definiu a Cartografia como sendo “a ciência que se ocupa
da elaboração de mapas de toda espécie, desde os primeiros levantamentos até a
impressão final dos mapas” (IBGE, 1999, p. 9).

A representação cartográfica surgiu há milhares de anos integrando diversas ciências,


como: a Geografia, a Astronomia, a Engenharia, a Geodésia, a Geologia, entre várias
outras, que se beneficiaram dos avanços técnico-científicos que aconteceram ao longo
da história. As recentes transformações tecnológicas nos computadores popularizaram
a elaboração de mapas e o uso de mapas, não ficando restrita somente a
determinados nichos da sociedade, mas fazendo parte do cotidiano.

Você já ouviu falar na Associação Cartográfica Internacional? Essa


associação internacional é composta por entidades, associações e organizações
nacionais de todo o mundo para discussões de questões técnicas sobre a
cartografia e a ciência geográfica. Para saber mais, acesse o site da ICA.
Disponível em: https://icaci.org/.

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Agora é com você! Se tivesse que definir o que é Cartografia utilizando


somente duas palavras, como seria?

3.1 REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS

Você sabia que existem várias formas de se realizar a representação cartográfica do


espaço geográfico? Vamos conhecer as mais utilizadas no nosso dia a dia?

O mapa é uma das representações do espaço geográfico e é elaborado em uma


superfície plana e em tamanho reduzido. Nele, são registradas várias características
da superfície terrestre por meio de diferentes símbolos e outros recursos visuais,
como: relevo, clima e vegetação, cidades, ruas, estradas e rodovias ou, ainda, a
distribuição da população em um determinado território. Os mapas podem fornecer
várias informações que poderão auxiliar na compreensão de fenômenos naturais ou
de intervenções do ser humano no espaço geográfico.

Os mapas se diferem de outras representações gráficas, por exemplo, croquis,


plantas, gráficos, desenhos ou diagramas. Em que elas se diferem? As plantas para
construções não precisam apresentar a localidade referente as outras construções e
nem a curvatura da Terra. Os gráficos e desenhos possuem dois eixos não
geográficos para demonstrar tendências econômicas. Os diagramas não necessitam
de base geográfica, podendo, assim, incluir desenhos feitos para auxiliar manuais de
montagens de móveis, por exemplo.

Você sabia que o croqui é também uma forma de representar o espaço geográfico
igual a um mapa? E que ele é um dos mais utilizados no nosso cotidiano? O croqui é
um esboço que não possui escala e pode representar áreas pequenas, médias ou
grandes. Segundo Fitz (2008a), muitas vezes utilizam-se os croquis para a
representação do terreno, mas eles devem ser considerados como um levantamento
com pouca exatidão.

F IGU R A 9 – C R OQU I

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FONTE: <https://upload.wikimedia.org>. Acesso em: 2 maio 2019.

Você quer conhecer mais sobre os outros tipos de croquis existentes? Para
saber mais, não deixe de acessar o link: https://bit.ly/2R0mvG1(página 131).

Os globos terrestres também representam a superfície da Terra de maneira mais


aproximada de sua forma real. O IBGE (1999, p. 19) define o globo como a
“representação cartográfica sobre uma superfície esférica, em escala pequena, dos
aspectos naturais e artificiais de uma figura planetária, com finalidade cultural e
ilustrativa”. No entanto, por causa desse formato arredondado, não conseguimos ver,
de uma só vez, toda a superfície representada.

F IGU R A 10 – GLOBO T ER R EST R E

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FONTE: <https://bit.ly/2WTg3Vu>. Acesso em: 1º jul. 2019.

ATIVIDADE DE ESTUDO:

Os planisférios também representam toda a Terra em uma superfície plana, igual aos

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mapas e cartas. Graças a essa característica, conseguimos observar toda a superfície


do planeta, porém com algumas distorções.

F IGU R A 11 – PLAN ISF ÉRIO

FONTE: <https://bit.ly/2JoqYhN>. Acesso em: 2 maio 2019.

Pronto, você já conheceu as representações cartográficas mais utilizadas, agora nos


aprofundaremos nos conceitos de “mapa” e “carta”. Essa distinção entre os conceitos
será importante, pois, no nosso país, existe uma predisposição de utilizar o termo
mapa para representar informações mais simples e, representações extensas ou mais
complexas, denomina-se de carta.

A palavra “mapa” surgiu na Idade Média e era utilizada para representar inicialmente
feições terrestres. Com o início das Grandes Navegações, os mapas marítimos
passaram a se chamar cartas náuticas ou marítimas e representavam áreas náuticas.
Com o passar do tempo, o uso da palavra carta se popularizou de tal modo que não se

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restringiu somente para caracterizar as cartas marítimas e locais costeiros, mas


também para reproduzir vários tipos de representações da superfície terrestre, como
os tipos de solos, relevo, geologia, tipos de vegetações e climas, entre outros.

F IGU R A 12 – R EPRESENTAÇ ÃO D E M APA M AR ÍT IM O

FONTE: <https://bit.ly/3bOKosH>. Acesso em: 2 maio 2019.

Segundo o IBGE (1999), podemos definir a palavra Mapa como sendo a


representação de informações geográficas naturais e artificiais do planeta Terra,
independentemente de suas aplicações técnicas, científicas, culturais ou ilustrativas e,
normalmente, representada em pequena escala, cobrindo uma área relativamente
pouco extensa. A palavra Carta, também segundo o IBGE (1999), é a representação
gráfica em superfície plana de aspectos naturais ou artificiais, que possui caráter
especializado, sendo comumente subdividido em folhas articuladas, com a sua
representação associada ao uso de escala média e/ou grande e para representar
grandes extensões de áreas.

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As cartas são classificadas em vários produtos cartográficos, sendo:

Tipos de Cartas Destaque

Representação da superfície terrestre, dos fenômenos da


Carta Geográfica paisagem e da interação entre o homem e o meio
ambiente.

Carta Topográfica Representação de levantamentos topográficos.

Representação de levantamentos topográficos, mas não é


Carta Planimétrica
necessário representar as altitudes, por exemplo, o relevo.

Representação de limites de propriedades, quadras e lotes,


Carta Cadastral
uso de grandes escalas normalmente.

Representação da superfície terrestre para fins de


Carta Aeronáutica
navegação aérea.

Representação de mares, rios, canais e lagoas para fins de


Carta Náutica
navegação.

Representação dos componentes geológicos existentes


Carta Geológica
abaixo da crosta terrestre.

Carta
Representação das formas do relevo.
Geomorfológica

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Carta
Representação das classificações climáticas existentes.
Meteorológica

Representação dos tipos de solos e sua distribuição


Carta de Solo
espacial.

Representação das características e distribuição da


Carta de Vegetação
cobertura vegetal.

Representação da classificação dos diversos usos


Carta de Uso da
existentes na superfície terrestre, por exemplo: área de
Terra
pastagem, cerrado, agricultura etc.

Representação dos fenômenos geofísicos que acontecem


Carta Geofísica
no planeta Terra.

FONTE: O autor

F IGU R A 13 – R EPRESENTAÇ ÃO C ARTA TOPOGR ÁF IC A

FONTE: <https://upload.wikimedia.org/>. Acesso em: 1º jul. 2019.

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F IGU R A 14 – R EPRESENTAÇ ÃO C ARTA AER ON ÁU TIC A

FONTE: <https://upload.wikimedia.org>. Acesso em: 1º jul. 2019.

F IGU R A 15 – R EPRESENTAÇ ÃO C ARTA N ÁU TIC A

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FONTE: <https://bit.ly/39qcgkZ>. Acesso em: 1º jul. 2019.

Os mapas estão intimamente ligados às cartas, pois vários tipos de mapas são
resultantes dos diversos tipos de cartas existentes. Por exemplo, possuímos mapas de
temas como: os tipos de solos utilizados na agricultura, os tipos de vegetação,
questões geomorfológicas que podem impactar uma cidade, representação do clima
local, entre outros.

3.2 ATRIBUTOS NECESSÁRIOS PARA UM MAPA

Você provavelmente já se perguntou o que é um mapa? Vamos conhecer? Dessa


maneira, o que diferencia um mapa de outras representações gráficas? Para ser
considerado um mapa são necessários três atributos básicos: escala, projeção e
simbolização.

A escala presente nos mapas serve para reduzir ou aumentar a realidade interpretada;
ela atua na quantidade e na qualidade de detalhes que poderão ser vistos nos mapas,
pois ela varia de ponto a ponto. Essa variação da escala está relacionada à projeção
utilizada. A projeção é empregada para representar os paralelos da latitude e os
meridianos da longitude do nosso planeta; sua expressão gráfica é relacionada aos
símbolos empregados com o objetivo de representar paralelos, meridianos, divisões
políticas e, ainda, referências espaciais que ajudarão o usuário a se localizar. A

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simbolização transmite a informação proposta no mapa, utilizando simbologias,


traçados, sinais, sem obrigatoriamente possuir correspondência com a realidade.

F IGU R A 16 – R EPRESENTAÇ ÃO D OS T R ÊS AT RIBU TOS BÁSIC OS D E U M


M APA

FONTE: <https://bit.ly/33ZjpHP>. Acesso em: 2 maio 2019.

Esses atributos são interdependentes, ou seja, estão ligados em uma dependência


mútua. Entretanto, em referência a essa interdependência, o profissional que
elaborará os mapas possui uma autonomia na definição da projeção, da escala e
simbologia proposta, pois cada um desses atributos requer uma escolha separada.
Cada escolha, se não for bem pensada e feita, poderá provocar o não entendimento e
consequente menor uso do mapa criado.

Extra, extra! Você sabia que além dos atributos básicos mencionados (escala,
projeção e simbolização), para que possamos interpretar um mapa corretamente
devemos identificar também outros atributos? Vamos descobrir quais são? O
Título, a Legenda, a Rosa dos Ventos e a Fonte de dados utilizada.

F IGU R A 17 – IN F OR M AÇÕES PAR A A LEIT U RA D E U M M APA

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FONTE: <https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#mapa73>. Acesso em: 2 maio 2019.

Com essas informações, você, usuário, conseguirá interpretar um mapa corretamente,


absorvendo toda a informação passada.

3.3 ESCALA

Você conhece o que é escala? Vamos descobrir? A partir do século XVII, durante o
domínio dos países colonizadores em diversas partes do mundo, teve início o
detalhamento de mapas e cartas. Esses países precisavam desses detalhamentos
para aumentar ainda mais o poder de dominação nas suas colônias, pois, assim, eles
teriam informações precisas e detalhadas desses locais.

Segundo Fitz (2008a, p. 19), podemos definir a escala “como a relação ou proporção
existente entre as distâncias lineares representadas em um mapa e aquelas existentes
no terreno”. Basicamente, a escala é a redução que ocorre nas dimensões do mundo
real para o plano do mapa. É importante notar que a definição de escala, conforme
discutido aqui e em outros livros didáticos é específico para cartografia e mapas.

Segundo o IBGE (1999, p. 22), “escala é definida como a relação existente


entre as dimensões das linhas de um desenho e as suas homólogas. Para saber

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mais, não deixe de acessar o link: https://loja.ibge.gov.br/nocoes-basicas-de-


cartografia-1999-manuais-tecnicos-em-geociencias-n-8.html (páginas 21 a
26).

Os valores que aparecem nos mapas normalmente estão relacionados a milímetros,


centímetros, metros e quilômetros. Outras unidades de medida, como polegadas e
jardas, também podem aparecer nos mapas, mas são pouco usuais na nossa
realidade brasileira. Vamos conhecer as principais?

Polegadas: unidade de medida inglesa de comprimento, equivalente a 2,54


centímetros. Muito usada nos Estados Unidos para representar medidas de área
e volume.

Pés: unidade de medida de comprimento utilizada nos Estados Unidos e


Inglaterra, corresponde a 30,48 cm ou, ainda, a 12 polegadas.

Jardas: unidade de medida de comprimento utilizada nos Estados Unidos e


Inglaterra, correspondendo a 91,44 centímetros ou, ainda, 3 pés.

Braça: unidade de medida de comprimento em desuso, corresponde a 220


centímetros.

Milha: unidade de medida de comprimento utilizada nos Estados Unidos e


Inglaterra, correspondendo a 1609,344 metros, referente à milha terrestre.

Ares: unidade de medida de área equivalente a 100 metros quadrados.

Hectares: unidade de medida de área equivalente a 10.000 metros quadrados


ou 100 ares.

Acre: unidade de medida de área equivalente a 4042 metros quadrados.

Alqueire: unidade de medida de área, porém varia conforme o estado, não


sendo usual sua utilização.

É importante o conhecimento da unidade durante os trabalhos, uma vez que a não


conversão correta da informação proposta pode acarretar erros nas medições
realizadas. Vamos conhecer as unidades métricas comumente utilizadas e suas
conversões?

QUADRO 2 – UNIDADES MÉTRICAS

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FONTE: O autor

No Brasil, quando criamos mapas, são utilizadas as unidades de medidas do Sistema


Internacional (SI), sendo milímetros, centímetros, metros e quilômetros para
distâncias, áreas e perímetros.

O Sistema Internacional de Unidades de Medidas Físicas é o conjunto


padronizado de definições de unidades de medida. Acesse o site para conhecer
mais sobre o SI. Disponível em: https://bit.ly/3dNM6MK.

De modo geral, existem três formas de representar a escala em mapas: gráfica,


numérica e nominal, vamos conhecer?

• Escala Gráfica: é representada em forma de linha, barra simples, barra graduada,


entre outras. Esse tipo de escala possui subdivisões denominadas talões e
normalmente usam-se valores inteiros na sua representação. É considerada a
representação de escala mais utilizada em mapas.
• Escala Numérica: é representada em forma de fração, sendo o numerador o valor
medido no mapa e o denominador o valor real. Por exemplo, se o valor observado for
1:60.000, lê-se “um para sessenta mil”, ou seja, a cada 1 cm medido no mapa, tem-se
sessenta mil unidades reais, dessa forma: 1 cm = 6000 cm = 600 m. São chamadas
unidades reais os números reais, e sua correspondência é utilizada em medidas. Esse
tipo de escala também é muito utilizado em mapas.
• Escala Nominal: é representada na forma nominal, ou seja, por extenso. Apresenta
valores em centímetros e seu correspondente na distância real no mapa.

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F IGU R A 18 – R EPRESENTAÇ ÃO D AS ESCALAS

FONTE: O autor

A escala a ser utilizada para um mapa depende da complexidade, finalidade, nível de


detalhamento pretendido do estudo ou elemento a ser representado e ainda qual
recurso será utilizado na impressão do mapa final (mapas impressos e/ou mapas
digitais). Em todos os casos, a escolha da escala é livre, mas aquela selecionada
(escala gráfica, numérica ou nominal) deverá ser suficiente para proporcionar uma
interpretação fácil e clara da informação retratada.

Se o recurso utilizado for mapas digitais, a sua importância será relegada a um


segundo plano, pois essa escala poderá ser transformada em qualquer valor; mas
caso seja impresso o mapa, será necessário o conhecimento do tipo e tamanho de
papel, pois a escala e o tamanho do objeto/tema estudado em questão são
parâmetros para a escolha do formato da folha de desenho, exemplo: A0 – tamanho:
841mm x 1.189 mm; A2 – tamanho: 420 mm x 594 mm; A4 – tamanho: 210 mm x 297
mm etc.

Outro ponto importante quanto à escolha da escala, conforme menciona Fitz (2008a,
p. 24), é “a realidade e origem das informações” utilizadas nos mapas, pois você não
pode criar um mapa de grande detalhamento se seus dados não conseguem gerar o
detalhamento esperado, por exemplo, você precisa realizar o mapeamento dos tipos
de solos de uma propriedade rural (Figura 19 (nível de mapeamento local, detalhado))
e sua fonte de dados é a carta de solos do Brasil (nível de mapeamento macro)
(Figura 20).

F IGU R A 19 – M APA D OS T IPOS D E SOLOS – N ÍVEL D ETALH ADO

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FONTE: O autor

F IGU R A 20 – C ARTA D E SOLOS D O BR ASIL – NÍVEL M ACR O

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FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/tematicos/solos>. Acesso em: 1º jul. 2019.

ATIVIDADES DE ESTUDO:

3.4 PROJEÇÃO

Você já ouviu falar em projeção? E projeções cartográficas? Vamos conhecer? A


forma da Terra se aproxima a um elipsoide devido a seus polos serem achatados. No

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entanto, nosso planeta possui áreas com diversas variações de altitudes,


caracterizando seu formato acidentado e irregular, sendo que o geoide é a melhor
representação do formato real da Terra. Existem várias projeções cartográficas
desenvolvidas pelo homem, a fim de representar a esfericidade terrestre em mapas e
cartas.

A fim de solucionar as questões relacionadas com a forma do planeta, foram feitas


algumas adaptações, buscando aproximar a realidade da superfície terrestre para uma
forma passível de ser geometricamente transformada em uma superfície plana e
facilmente manuseável: um mapa (FITZ, 2008a, p. 41).

F IGU R A 21 – R EPRESENTAÇ ÃO D AS ON DU LAÇÕES D O GEOIDE

FONTE: <https://pt.wikipedia.org>. Acesso em: 2 maio 2019.

Para facilitar os estudos geodésicos, utiliza-se um elipsoide de referência ou elipsoide


de revolução, que é a figura geométrica gerada pela rotação de uma semielipse em
torno de um de seus eixos, uma vez que se aproxima da forma do geoide e permite
aplicações por meio de cálculos. Existem mais de 70 diferentes elipsoides de
referência (ou revolução) utilizados em trabalhos técnicos no mundo, desse modo, em
várias regiões do nosso planeta o profissional técnico utilizará aquele que melhor se
adequar ao seu local.

Geodésia é a ciência que estuda as formas, as dimensões e os campos


gravitacionais do planeta.

Um sistema geodésico, também denominado datum geodésico, é definido pela forma


e tamanho do elipsoide de referência e a posição dele em relação ao geoide. O

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Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) é constituído por redes de altimetria, gravimetria


e planimetria. A referência da rede altimétrica está vinculada ao geoide, determinando
as altitudes. Já a referência da rede planimétrica, que determina a latitude e a
longitude, é vinculada ao Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas
(SIRGAS 2000). A referência da rede gravimétrica é vinculada a diversas estações no
território nacional, que fornecem dados gravitacionais.

O Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) possui sua rede planimétrica vinculada ao


SIRGAS 2000. Esse sistema é o elipsoide de revolução adotado atualmente no Brasil.
No Brasil, já foram adotados outros, como o elipsoide Córrego Alegre e SAD69 (South
American Datum). Existe ainda o WGS-84, considerado o Datum mundial.

Você conhece o SIRGAS 2000? O SIRGAS é o Sistema de Referência


Geocêntrico para as Américas. Ele teve início na Conferência Internacional para
a Definição de um Sistema de Referência Geocêntrico para a América do Sul
em 1993. Para saber mais a respeito sobre o SIRGAS 2000, basta acessar o
site e conhecer um pouco sobre esse projeto multinacional. Disponível em:
http://www.sirgas.org/pt/.

No século XVII, Jean Richer (1630-1696), um astrônomo francês, verificou


que existiam diferentes forças gravitacionais em comparação com áreas
próximas e áreas distantes da linha imaginária do Equador. Para isso, ele
utilizou um relógio de pêndulo em dois locais distintos, observando que atrasava
aproximadamente dois minutos e trinta segundos por dia, constatando que a
distância da superfície e o centro da Terra na linha do Equador era maior que
em relação aos polos.

Qualquer ponto situado na superfície terrestre pode ser localizado por meio das
coordenadas geográficas. Esse ponto, para ser encontrado, necessita de duas
coordenadas, a latitude e a longitude geográfica, também denominada geodésica. É a
coordenada geográfica que fornece a localização de qualquer ponto da superfície
terrestre. Elas são representadas por meio da notação de graus, minutos e segundos.

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Para determinar as coordenadas, precisamos compreender o que é a latitude e seus


paralelos e o que é a longitude e seus meridianos, vamos lá?

F IGU R A 22 – R EPRESENTAÇ ÃO D A LAT IT UD E E LONGIT UD E

FONTE: <https://upload.wikimedia.org/>. Acesso em: 2 maio 2019.

A latitude corresponde à distância angular dos paralelos em relação à Linha do


Equador. Os paralelos são linhas circulares imaginárias projetadas horizontalmente
sobre as representações do planeta no sentido leste-oeste. O principal paralelo que
existe é a Linha do Equador, que divide o planeta em duas partes, o Hemisfério Norte
e o Hemisfério Sul.

A longitude corresponde à distância dos meridianos em relação ao Meridiano de


Greenwich. Toda coordenada deve possuir uma orientação de referência, norte (N) ou
sul (S) para latitude e leste (L) ou oeste (O) para longitudes. O principal meridiano
existente é o Meridiano de Greenwich, que também divide o planeta em duas partes, o
Hemisfério Ocidental e o Hemisfério Oriental.

Você conhece o que é o GPS? Conhecido como Sistema de Posicionamento


Global, em inglês Global Positioning System (GPS), foi criado na década de
1970 nos Estados Unidos para fins militares. O GPS consegue fornecer a

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localização exata na superfície terrestre de pessoas ou objetos. O uso do GPS


na Cartografia tem sido muito importante, pois essa ferramenta consegue
delimitar e medir elementos, como propriedades, rios, morros, limites de
municípios etc., que posteriormente serão representados cartograficamente.

F IGU R A 23 – GPS

FONTE: <https://bit.ly/3azWm9h>. Acesso em: 2 maio 2019.

ATIVIDADES DE ESTUDO:

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Quando falamos em latitude e longitude, estamos nos referindo a um sistema de


coordenadas esféricas. No entanto, existem outros tipos de sistemas de coordenadas
que utilizam valores lineares e que são chamados de coordenadas planas ou plano-
retangulares. Com os avanços tecnológicos que estão acompanhando a Cartografia,
tornou-se popular o uso do Sistema Universal Transversa de Mercator (UTM), também
conhecido como Sistema Gauss-Kruger, o qual é baseado em coordenadas plano-
retangulares.

Essa projeção UTM é plana e é caracterizada por paralelos e meridianos retos e


equidistantes. A sua superfície de projeção é um cilindro transverso, perpendicular ao
meridiano central, dividindo a Terra de 6 em 6 graus, totalizando 60 fusos,
denominados zonas. Para facilitar a utilização, as zonas foram divididas a cada 8
graus, no sentido paralelo à Linha do Equador, totalizando 20 divisões representadas
pelas letras do alfabeto, com exceção das letras A, B, I, O, Y e Z. Por questão de
conversão, a divisão representada pela letra X, localizada na região do Polo Norte,
possui 12 graus.

F IGU R A 24 – SISTEM A U N IVER SAL T RAN SVER SA D E M ER CATOR ( UT M )

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FONTE: <https://docs.qgis.orgg>. Acesso em: 2 maio 2019.

Cada zona UTM é associada a coordenadas planas. Ressalta-se que toda


representação plana de uma superfície curva apresenta deformações. Dessa forma,
qualquer mapa em qualquer projeção, figura apenas como uma representação
aproximada da superfície terrestre. Segundo Fitz (2008a), existem várias outras
metodologias para se classificar as projeções cartográficas, buscando sempre o
melhor ajuste da superfície a ser representada.

QUADRO 3 – CLASSIFICAÇÃO DAS PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS

Classificação quanto às deformações apresentadas

Projeções
Mantêm a verdadeira forma das áreas a serem
Conformes ou
representadas.
Semelhantes

Projeções
Apresentam constância entre as distâncias representadas.
Equidistantes

Projeções Possuem a propriedade de manter constantes as dimensões


Equivalentes relativas das áreas representadas.

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Projeções
Destinadas a finalidades bem específicas, quando nem as
Azimutais ou
projeções conformes ou equivalentes satisfazem.
Zenitais

Projeções Não possuem nenhuma das propriedades das anteriores,


Afiláticas ou não conservam áreas, ângulos, distâncias e nem os
arbitrárias azimutes.

Classificação quanto à localização do ponto de vista

Gnômica ou
Quando o ponto de vista está situado no centro do elipsoide.
Central

Quando o ponto de vista se localiza na extremidade


Estereográfica
diametralmente aposta à superfície de projeção.

Ortográfica Quando o ponto de vista se situa no infinito.

Classificação quanto ao tipo de superfície de projeção

Plana Quando a superfície de projeção é um plano.

Cônica Quando a superfície de projeção é um cone.

Cilíndrica Quando a superfície de projeção é um cilindro.

Quando se utilizam vários planos de projeção que, reunidos,


Poliédrica
formam um poliedro.

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Classificação quanto à situação da superfície de projeção

Quando a superfície de projeção tangencia o elipsoide em


Tangente
um ponto ou em uma linha.

Quando a superfície de projeção corta o elipsoide em dois


Secante
pontos ou em duas linhas de secância.

FONTE: Adaptado de Fitz (2008b)

F IGU R A 25 – R EPRESENTAÇ ÃO D AS PR OJEÇ ÕES QU AN TO À POSIÇÃO E À


SITU AÇÃO DA SUPER FÍC IE D E PR OJEÇ ÃO

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FONTE: Adaptada de Fitz (2008b)

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Você gosta de ler? Conheça a principal obra literária de Dava Sobel,


Longitude. Nesse livro, ela conta a fantástica jornada de John Harrison,
relojoeiro do século XVII que criou um relógio (cronômetro) tão preciso a ponto
de ser utilizado para indicar a longitude do oceano.

FONTE: SOBEL, D. Longitude: a verdadeira história do gênio solitário que resolveu o maior problema
científico do século XVIII. São Paulo: Companhia de Bolso, 2008.

ATIVIDADE DE ESTUDO:

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3.5 SIMBOLIZAÇÃO

Talvez o mais complexo dos atributos de um mapa seja a simbolização. Para se criar
um mapa, é necessário utilizar uma simbologia que represente o mundo real. Na
representação cartográfica, se um elemento ou atributo é mapeado, geralmente é dito
que foi simbolizado. Existem duas classes principais de símbolos que são usadas nos
mapas: o replicativo e o abstrato.

Os símbolos replicativos são aqueles que são projetados para se parecer com suas
contrapartes do mundo real; eles são utilizados para representar apenas objetos
tangíveis, ou seja, que são concretos, por exemplo, mares, florestas, estradas, casas e
carros. Os símbolos abstratos geralmente são formados por formas geométricas,
como triângulos, quadrados e círculos. Eles são tradicionalmente usados para
representar quantias que variam de lugar para lugar; eles podem representar qualquer
coisa e exigem sofisticação do usuário.

A simbolização é um processo que está associado ao uso da escala no mapa. Em


escalas menores, é impossível representar as características detalhadas, nesse caso,
distorções serão necessárias. Por exemplo, os rios nos mapas de base são alargados
e as cidades que possuem limites na realidade são representados por quadrados ou
pontos. A escolha de quais símbolos utilizar no mapa final não é tão fácil assim, pois o
processo de simbolização em mapeamentos é mais complexo, devido a uma
variedade de fatores, por exemplo: a informação e/ou dado a ser representado, o tipo
de dados utilizado, o leitor da informação, entre outros. Nos aprofundaremos nesses
fatores no Capítulo 2, quando entenderemos a representação e a comunicação

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cartográfica.

Você sabia que foi criado um sistema de símbolos que ficou conhecido como
convenções cartográficas? Essa convenção cartográfica reúne vários símbolos e
foi escolhida por possuir um certo grau de compreensão, facilitando desse modo
a leitura e o entendimento do mapa.

F IGU R A 26 – SIM BOLIZAÇ ÃO D E U M MAPA TOPOGR ÁF IC O

FONTE: <https://portaldemapas.ibge.gov.br>. Acesso em: 2 maio 2019.

A seleção dos símbolos do mapa deve se basear na associação lógica entre: o nível
de medição/representação proposto no mapa e as variáveis gráficas e convenções
utilizadas, permitindo, desse modo, uma leitura fácil para o entendimento do mapa. A
grande variedade de mapeamentos realizados atualmente na superfície terrestre
necessita de vários símbolos e pode acontecer do número de símbolos preexistentes
não conseguir representar o dado proposto, desse modo, se necessário, pode ser
representado utilizando uma combinação de vários símbolos ou, ainda, através do uso
de uma representação especial, mas que deve ser acrescida no rodapé da
correspondente carta ou mapa.

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Você sabia que para facilitar a identificação dos fenômenos mapeados, os


símbolos geralmente são impressos em cores nas cartas topográficas, sendo
que cada cor representa um tipo de fenômeno?

F IGU R A 27 – F EN ÔM EN OS M APEADOS E SU AS C OR ES

FONTE: <https://portaldemapas.ibge.gov.br>. Acesso em: 2 maio 2019.

Com o surgimento das novas tecnologias computacionais, dos Sistemas de


Informações Geográficas – SIG, Desenho Assistido por Computador – CAD e o uso da
internet, temos uma nova simbolização, que permite, desse modo, criar vários novos
tipos de símbolos com as suas ferramentas computacionais e de edição. Ainda que
todo esse avanço tenha alterado sensivelmente a criação dos mapas, essas novas
tecnologias não alteram o processo de simbolização dos mapas, que continua sendo
essencial na área cartográfica.

F IGU R A 28 – OU T ROS TIPOS D E SIM BOLIZAÇ ÃO

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FONTE: <https://portaldemapas.ibge.gov.br>. Acesso em: 2 maio 2019.

ATIVIDADES DE ESTUDO:

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4 CARTOGRAFIA BRASILEIRA

O desenvolvimento da Cartografia desde o início de sua história até os dias atuais tem
acompanhado o progresso da civilização. Esse progresso da Cartografia está
associado com as guerras, as descobertas científicas e o desenvolvimento das artes e
ciências, que possibilitou e exigiu maior precisão na representação gráfica da
superfície terrestre. No Brasil, o desenvolvimento da Cartografia está intimamente
ligado a sua história. Vamos conhecer?

4.1 HISTÓRIA DA CARTOGRAFIA BRASILEIRA

Os primeiros mapas da história do Brasil variavam na nomenclatura dessa nova terra


recém-descoberta: Terra de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Terra Nova, Terra
Incógnita, Terra de Papagaios, Terra de Brazília, Terra de Antropófagos etc. Essa terra
recém-descoberta era grande demais e raros eram os conhecimentos geográficos a
seu respeito, propiciando o surgimento de teorias e fantasias sobre esse mundo
totalmente desconhecido.

F IGU R A 29 – M APA D E JU AN D E LA C OSA (1500) – C ARTA N ÁUT IC A M AIS


ANT IGA EM QU E A AMÉR ICA D O SU L F OI ELABOR ADA APÓS O
D ESC OBR IM ENTO D O BR ASIL

FONTE: <https://upload.wikimedia.org>. Acesso em: 1º jul. 2019.

Os mapas do século XVII ainda possuíam muitas características náuticas, e foram


criados não somente pelos portugueses, como também pelos espanhóis, holandeses,
franceses e ingleses.

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No século XVIII, a representação cartográfica do Brasil nesse momento histórico é


singular, pois foi nesse período que Portugal viria a dedicar grande atenção aos limites
do seu território com a América Espanhola. Grande quantidade de engenheiros,
astrônomos e cartógrafos portugueses e brasileiros foi utilizada para levantar e
mapear toda a área e a hidrografia conhecida. Nesse século, chegam ao Brasil os
padres jesuítas Carbone e Capacci, conhecidos como “padres matemáticos”. Eles
foram enviados pelo Rei Dom João V, em 1730, para determinarem a latitude e a
longitude do país e, em seguida, elaborarem os mapas corretos e atualizados,
procedendo desse modo uma extensa renovação da cartografia brasileira.

A cartografia brasileira do século XIX, com a chegada da família real ao Brasil, tem um
enorme avanço, permitindo, desse modo, um grande aperfeiçoamento na elaboração
das cartas geográficas brasileiras. Ao longo desse período, várias instituições foram
criadas, com destaque para a Real Academia Naval e a Academia de Artilharia e
Fortificação, as quais eram responsáveis pelas atividades de mapeamentos a campo e
de cartografia. A partir 1875, foi criada a Comissão Astronômica do Observatório
Imperial, que tinha como finalidade a determinação de posições geográficas do
império. Nesse período existiram vários estudos visando à criação de um órgão
responsável por realizar levantamentos geodésicos e topográficos e confeccionar um
mapa exato da área total do país, mas que foram malsucedidos nesse propósito. A
cartografia hidrográfica durante o século XIX foi muito importante para a cobertura e o
conhecimento da nação. No final daquele século foi criada a Repartição Hidrográfica,
que era encarregada pelo levantamento e atualização das cartas náuticas brasileiras.
Na cartografia terrestre, enormes esforços foram realizados pelo exército para a
construção de um mapa básico do nosso país de proporções continentais.

Somente no início do século XX foi criada a Comissão da Carta Geral do Brasil,


programa proposto pelo exército. Esse programa foi muito bem organizado, com todas
as minúcias sobre as operações geodésicas, topográficas, astronômicas e
cartográficas. Durante o século XX, a Cartografia brasileira, em decorrência das duas
grandes guerras mundiais, e também pelo desenvolvimento cartográfico europeu e
americano, passou por profundas mudanças. O exército contratou, em 1920, a famosa
Missão Austríaca, chefiada pelo engenheiro Emílio Wolf e composta por vários
profissionais europeus. Seus trabalhos resultaram numa produção topográfica e
cartográfica de ótima qualidade do solo brasileiro.

Em 1921, o exército brasileiro realizou o levantamento do Rio de Janeiro, antigo


Distrito Federal na escala de 1:50.000. Nesse levantamento foi utilizado pela primeira
vez um avião para uma cobertura aerofotogramétrica. Na década de 1930, o governo
brasileiro criou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o objetivo
de coordenar as atividades estatísticas, censitárias e geográficas do país. Ainda na
década de 1930, iniciou a preparação do projeto Carta do Brasil ao Milionésimo. Esse
projeto visava à coleta e ao levantamentos de dados em todo o território nacional, a

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fim de que a carta fosse compilada na melhor base de documentação cartográfica


existente.

Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos, à frente de operações


estratégicas em todo o mundo, haviam promovido uma extensa cobertura
aerofotogramétrica, sobretudo em áreas pouco desenvolvidas cartograficamente, e um
desses locais era o Brasil. Eles haviam fotografado dois terços do território brasileiro,
posteriormente, eles cederam todos os negativos. Com esses negativos foi possível
realizar a documentação e a representação de áreas das regiões Norte e Centro-
Oeste, até então sem nenhum mapeamento detalhado.

No final do século XX, houve um investimento do governo brasileiro para se realizar o


aperfeiçoamento teórico e prático em diferentes países, como nos Estados Unidos,
Inglaterra, França, Alemanha e Itália, para se conhecer as novas tecnologias utilizadas
nos mapeamentos. Após esse investimento em pessoal, e acompanhando os avanços
tecnológicos que aconteceriam ao longo do século XX, o governo, no sentido de
preencher o imenso vazio territorial brasileiro em mapas topográficos básicos, investiu
e designou ao IBGE o dever de realizar a cobertura sistemática do território a fim de
gerar cartas e mapas topográficos, indispensáveis ao desenvolvimento econômico e
social do país.

Desse modo, o IBGE investiu na aquisição de vários instrumentos fotogramétricos em


parceria com outros órgãos, instituições e empresas brasileiras para realizar diversos
estudos, que já cobrem todo o território brasileiro, permitindo, assim, o Brasil estar
hoje, no século XXI, perfeitamente equipado, desde a área governamental (nível
federal, estadual e municipal), mas também em várias instituições de pesquisas,
empresas públicas e privadas para qualquer tipo de planejamento, execução e
representação cartográfica, desde mapeamentos macro a microdetalhados.

4.2 PRINCIPAIS ÓRGÃOS E INSTITUIÇÕES CARTOGRÁFICOS


BRASILEIROS

Agora conheceremos alguns órgãos cartográficos brasileiros importantes. No Brasil


existe um alto número de órgãos e instituições envolvidas nas atividades cartográficas.

• SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARTOGRAFIA, GEODÉSIA, FOTOGRAMETRIA E


SENSORIAMENTO REMOTO (SBC): a SBC é considerada uma das mais antigas
sociedades técnico-científicas em atividade no Brasil, tendo seu início datado da
década de 1950. A SBC possui como objetivo principal o desenvolvimento dos estudos
e pesquisas no campo da Cartografia e áreas afins, buscando, desse modo,
disseminar o conhecimento. A SBC publica a Revista Brasileira de Cartografia, que
possui alto teor de impacto em várias áreas do conhecimento. • INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE): o IBGE surgiu em 1936 e
possui como uma das suas principais funções na área cartográfica, a coordenação dos

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sistemas estatísticos e cartográficos nacionais. Além de coordenar essa área, o IBGE


elabora cartas e mapas em nível: local, regional, nacional e internacional, e também é
o gestor da mapoteca nacional, permitindo, desse modo, que todos tenham acessos
livres e gratuitos aos materiais e estudos realizados.

Você sabia que o IBGE possui um portal que contém cerca de 33.000 mapas
disponíveis e com vários temas que poderão ser utilizados nas suas aulas e
dinâmicas? Para você ter acesso ilimitado a eles, basta criar uma conta! Para
saber mais, não deixe de acessar o link, disponível em:
https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#homepage.

• COMISSÃO NACIONAL DE CARTOGRAFIA (CONCAR): a CONCAR é um órgão


colegiado do Ministério do Planejamento, descendente da antiga Comissão de
Cartografia (COCAR), que possui o objetivo de criar e promover a padronização de
nomes geográficos dentro do território brasileiro, assim como dos nomes estrangeiros
que serão inseridos em produtos cartográficos nacionais. Uma das atribuições da
CONCAR é coordenar a execução da Política Cartográfica Nacional.

Você sabia que a CONCAR desempenha um papel de destaque para


incorporar as novas tecnologias na geração de produtos cartográficos de
qualidade, bem como promover a qualidade e a integração dos serviços e
produtos cartográficos nos níveis federal, estadual e municipal? Para saber
mais, não deixe de acessar o link disponível em: https://www.concar.gov.br
/Default.aspx.

• DIRETORIA DE SERVIÇO GEOGRÁFICO (DSG): o Serviço Geográfico foi criado


em 1890, inicialmente em outro órgão e depois transferido para o Ministério do
Exército (Antigo Ministério da Guerra). No início do século XX iniciou a execução do
Projeto “A Carta Geral do Brasil”. Atualmente, é um órgão de apoio técnico-normativo
do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), departamento dentro do Exército.
Esse órgão possui como objetivo a elaboração de produtos cartográficos para uso do
exército brasileiro.

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Pronto, agora você já conhece alguns órgãos e instituições que possuem papel de
destaque na Cartografia nacional.

ATIVIDADES DE ESTUDO:

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Primeiramente, vimos um breve histórico sobre a origem da Cartografia, o qual


permitiu que fossem entendidas a origem e a evolução da Cartografia (no mundo e no
Brasil) e também conseguimos distinguir os tipos de representação cartográfica ao
longo do tempo, pois as representações gráficas da superfície terrestre possuem papel
importante na vida do ser humano há milhares de anos. Vários povos, como
babilônios, chineses, egípcios e maias, já apresentavam o costume de representar o
local, o ambiente onde viviam, os trajetos de caçada, os percursos de rios, as áreas e
os territórios conquistados, entre outros.

Posteriormente, você conheceu o que é Cartografia, suas definições e conceitos


básicos, por exemplo, para ser considerado um mapa são necessários três atributos
básicos: escala, projeção e simbolização. Existem três formas de representar a escala

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em mapas: a gráfica, a numérica e a nominal. A escala gráfica é considerada a mais


utilizada em mapas. Diferentemente do que se pensava, hoje sabemos que a Terra
não é redonda e sua forma aproximada é um geoide e, uma vez que se torna difícil
aplicações com esse formato, por convenção, utilizamos um elipsoide de referência. O
Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) é constituído por redes de altimetria, gravimetria
e planimetria (vinculada ao SIRGAS 2000, que determina as latitudes e as longitudes).
Atualmente, o Brasil utiliza o SIRGAS 2000 como referência.

Talvez o mais complexo dos atributos de um mapa seja a simbolização, pois, para se
criar um mapa, é necessário utilizar uma simbologia que represente o mundo real de
forma adequada. Na representação cartográfica, se um elemento ou atributo é
mapeado, geralmente é dito que pode ser simbolizado. Existem duas classes
principais de símbolos que são usadas nos mapas: o replicativo e o abstrato. Com o
que abordamos ao longo dessa seção, você será capaz de analisar e interpretar as
definições e os conceitos básicos sobre a Cartografia.

Por fim, você conheceu a história da Cartografia brasileira, que o desenvolvimento da


Cartografia está intimamente ligado a sua história e também conheceu alguns órgãos
cartográficos brasileiros importantes. No Brasil existe um alto número de órgãos e
instituições envolvidas nas atividades cartográficas e estão presentes no nosso dia a
dia.

Conteúdo escrito por:


Todos os direitos reservados ©
MSc. Matheus Oliveira Alves

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