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As doenças hematológicas?

As doenças hematológicas são aquelas que comprometem a produção dos componentes do sangue
ou o funcionamento destes componentes.
Os componentes do sangue são: hemácias (os glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e
plaquetas – todos eles são fabricados na medula óssea. Também são componentes do sangue
algumas proteínas fundamentais para o funcionamento do organismo como fatores de coagulação –
que são fabricadas no fígado, mas têm muita importância na coagulação do sangue e por isso seu
mau funcionamento é considerado uma doença hematológica.

Amostras de Sangue
A amostra para o hemograma é o sangue total, que deve ser coletado com anticoagulante. Os
anticoagulantes são substâncias utilizadas para evitar a coagulação sanguínea. O sangue total é
estável por 24 horas em refrigeração, mas a extensão sanguínea deve ser feita imediatamente após a
coleta do sangue, em lâmina limpa e seca. Se a amostra de sangue permanecer por muito tempo no
anticoagulante e houver demora (mais de duas horas) para a confecção da extensão, ocorrem
alterações na morfologia das células sanguíneas. As células sanguíneas (leucócitos) de aves podem
romper com facilidade durante a confecção da extensão sanguínea, dificultando a identificação das
células. Desta forma, a confecção da extensão sanguínea deve ser feita com cuidado, com volume
adequado de sangue e sem apertar a lâmina extensora no sangue.
Após realizar a extensão, secar a lâmina ao ar e corar. Na extensão sanguínea corada é realizada a
avaliação da morfologia dos eritrócitos, a contagem diferencial de leucócitos e a pesquisa de
hemoparasitas.

Os anticoagulantes mais utilizados são o ácido diamino tetra acético (EDTA), a heparina e citrato
de sódio. É importante ressaltar que o processamento da amostra de sangue para hemograma deve
ser realizado em até 24 horas, porque após esse tempo, ocorrem alterações nos eritrócitos (hemólise)
e nos leucócitos, inviabilizando a análise e interpretação dos resultados.
O sangue pode ser coletado em tubos com EDTA (1,5 mg/mL de sangue). Porém, em algumas
espécies de aves (Corvidae, Gruidae, Struthionidae, Alcedinidae) o EDTA causa hemólise
progressiva dos eritrócitos, sendo necessário utilizar a heparina lítica como anticoagulante.
As amostras de sangue de aves podem ser coletadas em seringas heparinizadas com heparina sódica
(1000 UI) e depois a amostra é transferida para o tubo, com cuidado, para evitar hemólise.
O plasma é a parte líquida do sangue, com anticoagulante. O sangue deve ser coletado com
anticoagulante e centrifugado. Após a centrifugação (por 10 minutos, 3000 rpm) retirar o
sobrenadante (plasma). O plasma pode ser refrigerado ou congelado, e é utilizado para análises
bioquímicas. Deve-se verificar a compatibilidade do anticoagulante com a prova bioquímica.
O soro é a parte líquida do sangue, e o sangue deve ser coletado sem anticoagulante. Após a
coagulação, separar o soro. O soro pode ser refrigerado ou congelado, e é utilizado para análises
bioquímicas.
Na coleta de sangue, cuidar no manuseio da amostra. Identificar os tubos, lâminas e frascos.
Observar a quantidade de anticoagulante necessária para o volume de sangue a ser coletado. Após a
coleta do sangue total, homogeneizar com cuidado o sangue com o anticoagulante.

COLORAÇÃO DAS CÉLULAS

Há vários tipos de corantes hematológicos disponíveis no mercado para serem adquiridos.


Esses corantes são compostos por duas misturas, o azul de metileno que fixa os
componentes protéicos básicos (ex.: núcleos) e a eosina que revela as proteínas ácidas.
Esses dois compostos são as bases para os principais corantes usados na maioria dos
laboratórios brasileiros. Entre os corantes hematológicos destacamos o May-Grunwald-
Giemsa, o de Wrigth e o de Leishman. Em qualquer dos três corantes há necessidade que
sejam tomadas as seguintes precauções: (1) esfregaço totalmente fresco; (2) o pH do
tampão fosfato (água tamponada) ajustado (pH 7 a 7.4) e a sua concentração apropriada
(0,01M); (3) o tempo de coloração adequadamente padronizado. Quando o pH do tampão
do corante está abaixo de 7.0 os componentes basófilos não se coram adequadamente, os
leucócitos ficam pálidos e o esfregaço adquire coloração com tons vermelhos. Quando o
pH está acima de 7.5 há excesso de coloração, com dificuldade de caracterizar os
eritrócitos policromáticos e o esfregaço tem cor azul escuro.
Importância dos Exames hematológicos
Os exames hematológicos, que analisam o sangue, são fundamentais para o monitoramento da saúde,
porque mostram a situação dos órgãos hematopoiéticos e as doenças que podem surgir no sangue. O
principal exame realizado é o hemograma, que pode detectar as três principais e mais comuns
doenças no estudo da hematologia: alteração dos glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas.
– Alterações dos glóbulos vermelhos:
Quando é detectado no exame hematológico que os glóbulos vermelhos estão baixos, significa que a
pessoa possui anemia. Já quando o número está alto é chamado de policitemia, também conhecido
como “sangue grosso”;

HEMOGRAMA
O hemograma é o exame que avalia o número e a qualidade das células sanguíneas. É utilizado para
avaliar o estado geral da ave, a saúde e doença do indivíduo, monitorar a resposta e evolução do
paciente em terapia, e o seu prognóstico. No hemograma são avaliados os eritrócitos, os leucócitos e
os trombócitos. Compreende o eritrograma, o leucograma e a avaliação dos trombócitos.
O hemograma é utilizado para obter o diagnóstico e monitorar as anemias, como as anemias
regenerativas e não regenerativas, anemias hemolíticas e hemorrágicas; diagnóstico dos
hemoparasitos; presença de inflamação e doenças mielo e linfoproliferativas (leucemias) e a
avaliação do estresse
A amostra para o hemograma é o sangue total, coletado com anticoagulante.
Os parâmetros e as respectivas técnicas estão descritos a seguir.
Processamento da amostra de sangue para hemograma
 Fazer a extensão sanguínea imediatamente após a coleta de sangue
 Manter a amostra de sangue total sob refrigeração até o processamento da amostra
 A extensão da capa leucocitária (camada branca de leucócitos, visível no tubo de microhematócrito
após a centrifugação) pode ser feita para observar a morfologia das células (leucócitos), pesquisa de
hemoparasitas e bactérias
 Corantes hematológicos para coloração das lâminas: Wright, May-Grünwald Giemsa, corantes
seletivos para os leucócitos
LEITURA DA EXTENSÃO SANGUÍNEA:
morfologia, tamanho, coloração, parasitas, bactérias, corpúsculos de inclusão, avaliação dos
trombócitos
Estimativa do número de TROMBÓCITOS
TÉCNICAS
 Hematócrito ou Volume globular (VG) – “Packed Cell Volume” (PCV)
 homogeneizar o sangue total
 preencher 2/3 do tubo capilar de microhematócrito
 fechar uma das extremidades do tubo capilar
 centrifugar na centrífuga de microhematócrito (12.000 rpm) por 5 minutos
 fazer a leitura no cartão de microhematócrito (%)
Após a centrifugação, observar a cor e o aspecto do plasma.
Cor: incolor, amarelo-claro, róseo (hemolisado)
Aspecto: límpido, levemente turvo, turvo, lipemico (branco e turvo)
Nas aves saudáveis o plasma é amarelo palha e levemente turvo.
 CONTAGEM de ERITRÓCITOS e LEUCÓCITOS
Método manual – em Câmara de Neubauer
Diluição com o corante supra vital Azul de cresil brilhante
 Preparo da solução de azul de cresil brilhante:
50 mL de soro fisiológico
 µL de azul de cresil brilhante
2.1) Diluição do sangue
 homogeneizar a amostra de sangue
 diluir a amostra em tubo de ensaio (diluição 1:100):
 1000 µL (1,0 mL) da solução de azul de cresil previamente preparada
 10 µL de sangue total
 homogeneizar
 aguardar 5 a 10 minutos
 preencher a Câmara de Neubauer (espelhada), aguardar 5 minutos
 fazer a contagem no microscópio ótico (objetiva de 20X), com pouca iluminação

interpretacao dos resultados

A interpretação do resultado de qualquer exame laboratorial requer que se avalie se o resultado é


normal ou não. Normal significa que os resultados estão dentro dos parâmetros de normalidade
(valores padrões) para sexo e idade. Assim, os valores de referência no hemograma e em outros
testes laboratoriais são obtidos por meio de critérios definidos, oriundos de uma população
clinicamente sadia que incluiu indivíduos que participaram desses critérios. Os valores de
referência são os resultados dos exames feitos nos indivíduos de referência e obtidos
estatisticamente dentro de limites que estabelecem a média, a mediana e a moda. A mediana
revela numa curva de distribuição dos resultados os valores acima e abaixo da média. A moda
indica os valores mais freqüentes da distribuição. Desses cálculos se obtém os valores normais
que se distribuem numa faixa de normalidade, estabelecidos por valores normais mínimos e
máximos, conforme podem ser apreciados nas tabelas 1 e 2. É importante destacar que para cada
índice avaliado (ex.: contagem de eritrócitos, dosagem de hemoglobina, hematócrito, etc.) há
unidades específicas que indicam a sua referência em relação ao espaço ocupado.
2.2) Contagem na Câmara de Neubauer
 nas aves a contagem de eritrócitos e de leucócitos é realizada no quadrado grande central da câmara
(Figuras 1 e 2)
 contagem de eritrócitos: no quadrado grande central da câmara = contar todos os eritrócitos (Figura
3) nos cinco quadrados pequenos (letras A, B, C, D e E na figura 1), localizados no quadrado grande
central. Somar e X 5.000. A leitura pode ser realizada em diagonal, em cinco quadrados pequenos.
Resultado: número de eritrócitos /µL
 contagem de leucócitos: os leucócitos coram-se de azul e são esféricos (Figura 3). Contar todos os
leucócitos no quadrado grande central, somar e X 1.000. Resultado: número de leucócitos / µL

Figura 1: Retículo da Câmara de Neubauer. O quadrado grande central tem 25 quadrados pequenos.
Os eritrócitos de aves são contados em CINCO desses quadrados (letras A, B, C, D e E). Contar
todos os leucócitos (aves) presentes no quadrado grande central.

Figura 2: Retículo da câmara de Neubauer, com células sanguíneas de aves. O quadrado grande
central tem 25 quadrados pequenos.
Figura 3. Um quadrado pequeno ampliado, do quadrado grande central, delimitado por linhas
triplas. Observar os eritrócitos e dois leucócitos esféricos (corados em azul).
HEMOGLOBINA
Método da cianometahemoglobina
Utilizar kit comercial para determinação da hemoglobina e kit padrão de hemoglobina
Equipamento necessário: espectrofotômetro
Técnica:
 preparar dois tubos, um tubo branco com 2,5 mL de reagente de hemoglobina
 Tubo com amostra
2,5 mL de reagente de hemoglobina (kit comercial)
10 µL de sangue total (amostra previamente homogeneizada)
 Aguardar 5 minutos
 centrifugar o tubo antes da leitura no espectrofotômetro. Centrifugar o tubo a 3000 rpm por 5
minutos. A centrifugação é necessária para que os núcleos dos eritrócitos não interfiram na leitura.
Depois da centrifugação fazer a leitura no espectrofotômetro – leitura a 540 nm (520-550).

LEITURA DA EXTENSÃO SANGUÍNEA CORADA


 na extensão sanguínea corada é realizada a contagem diferencial de leucócitos, a avaliação dos
eritrócitos, contagem de trombócitos e a pesquisa de hemoparasitos
 avaliar os eritrócitos: cor, presença de inclusões, eritrócitos imaturos (metarubrócitos,
policromatófilos)
 IMPORTANTE: observar o número de policromatófilos por campo. Nas aves anêmicas, o aumento
do número de policromatófilos no sangue indica aumento da eritropoese e ocorre nas anemias
regenerativas; observar presença de eritrócitos imaturos, como os metarubrócitos)

 leucócitos: tipos, presença de células imaturas, inclusões


 contagem diferencial de leucócitos: contar 100 leucócitos em microscópio óptico e objetiva de
imersão (100 X).
 Identificar os leucócitos: heterófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos. Contar 100
leucócitos e estabelecer a porcentagem de cada um (contagem relativa, em %)
 observar a presença de heterofilos imaturos (bastonete, metamielócito ou mielócito). O aumento
dessas células no sangue é denominado de desvio nuclear dos heterofilos à esquerda e indica
inflamação
 observar a morfologia dos heterófilos, presença de heterófilos tóxicos
 avaliar os trombócitos: contar o número de trombócitos por campo, observar a morfologia.

A identificação das células sanguíneas está descrita no tópico “células sanguíneas”, com as fotos.
ANEMIAS
É uma anomalia caracterizada pela diminuição da concentração da hemoglobina dentro das
hemácias, intraeritrocitária, e pela redução na quantidade de hemácias no sangue. Isso resulta em
uma redução da capacidade do sangue em transportar o oxigênio aos tecidos.
A hemoglobina, uma proteína presente nas hemácias, é responsável pelo transporte de oxigênio
dos pulmões para os demais órgãos e tecidos e de dióxido de carbono destes para ser eliminado
pelo pulmão.
Sinais e sintomas
São variáveis, mas os mais comuns são fadiga, fraqueza, palidez (principalmente ao nível das
conjuntivas), déficit de concentração ou vertigens. Nos quadros mais severos podem aparecer
taquicardias, palpitações. Afeta também a gengiva (causando, em casos mais graves, o seu
sangramento).
Causas da Anemia Genéticas:
Hemoglobinopatias, sendo as mais comuns hemoglobinopatias S (anemia falciforme), C, E e D
Síndromes Talassêmicas (talassemia alfa ou beta) Defeitos na membrana da hemácia: eliptocitose
e esferocitose
Anormalidades enzimáticas:
deficiência em glucose-6-fosfato desidrogenase Abetaproteinemia Anemia de Fanconi
Nutricionais:
Deficiência de ferro (Anemia Ferropriva) Deficiência de vitamina B12 (Anemia megaloblástica)
Deficiência de folato (Anemia megaloblástica)
Perda de sangue:
Hemorragia excessiva por acidentes, cirurgia, parto Sangramento crônico por sangramentos
causados em casos de úlcera, câncer intestinal, ciclo menstrual excessivo, sangramento nasal
recorrente (epistaxes), sangramento por hemorróidas

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