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Administração Pública
2º Ano
Pós- Laboral
Discente:
Docente:
Introdução......................................................................................................................................................3
Nacionalismo Africano..................................................................................................................................4
Os Intelectuais................................................................................................................................................6
Os estudantes.................................................................................................................................................7
As Igrejas.......................................................................................................................................................8
Os Partidos Políticos......................................................................................................................................8
Conclusão.....................................................................................................................................................13
Referências bibliográficas............................................................................................................................14
Introdução
A ocupação da África iniciou no final do século XIX e, a partir desta altura também, surgiram as
primeiras manifestações de oposição à presença europeia, no continente. Nas primeiras décadas
do século XX o nacionalismo africano passou por momentos de menor impacto, mas nunca
desapareceu e retomou o seu impacto a partir da década de 1940 tendo conduzido à reconquista
da independência dos países africanos. A palavra Nação, provém do latim natio, de natus
(nascido), e designa a reunião de pessoas do mesmo grupo étnico, mesma língua e mesmos
costumes, formando, assim, um povo, cujos membros têm identidade étnica e estão unidos pelos
hábitos, tradições, religião, língua e consciência nacional. Entretanto, os elementos território,
língua, religião, costumes e tradição, são requisitos secundários para definição de nação, pois o
elemento dominante, assenta no vínculo que une estes indivíduos, determinando entre eles a
convicção de um querer viver colectivo. Os acontecimentos dos anos 1970 (crise económica
mundial e crise de legitimidade política dos Estados Unidos) criaram as bases para um novo
modelo de acumulação a acumulação flexível em que os processos de industrialização que
estavam dentro do pacto fordista dos anos 1940 já não eram necessários para manter o terceiro
mundo controlado pelo centro dinâmico capitalista. A “breve” integração da África no sistema
mundial (1880- 1960) teve seu fim.
O NACIONALISMO AFRICANO (1960), A INSERÇÃO INTERNACIONAL DE
ÁFRICA RUMO AS NOVAS DESIGUALDADES ECONÓMICAS
Nacionalismo Africano
O termo Nacionalismo remete-nos antes de mais ao conceito de nação. A palavra Nação, provém
do latim natio, de natus (nascido), e designa a reunião de pessoas do mesmo grupo étnico,
mesma língua e mesmos costumes, formando, assim, um povo, cujos membros têm identidade
étnica e estão unidos pelos hábitos, tradições, religião, língua e consciência nacional. Entretanto,
os elementos território, língua, religião, costumes e tradição, são requisitos secundários para
definição de nação, pois o elemento dominante, assenta no vínculo que une estes indivíduos,
determinando entre eles a convicção de um querer viver colectivo. É, assim, a consciência de sua
nacionalidade, em virtude da qual se sentem constituindo um organismo ou um agrupamento,
distinto de qualquer outro, com vida própria, interesses especiais e necessidades peculiares.
A Nação é diferente de Estado pois este é uma forma política, adoptada por um povo com
vontade política, que constitui uma nação, ou por vários povos de nacionalidades distintas, para
que se submetam a um poder público soberano, emanado da sua própria vontade, que lhes vem
dar unidade política. Por seu turno, nação existe independente de qualquer tipo de organização
legal. E mesmo que, habitualmente, seja utilizada indistintamente de Estado, na realidade
significa a substância humana que o forma, actuando aquele em seu nome e no seu próprio
interesse, isto é, pelo seu bem-estar, por sua honra, por sua independência e por sua
prosperidade.
Mais recentemente, nação também significava “a comunidade dos cidadãos de um Estado que
vivem sob o mesmo regime ou governo e têm uma comunhão de interesses, a colectividade dos
habitantes de um território com tradições, aspirações e interesses em comum e subordinados a
um poder central que se encarrega de manter a unidade de grupo; o povo de um Estado”.
O principal significado de nação é o político e este está associado à ideia de “povo”, a “nossa
terra comum”, o “público”, o “bem-estar público”. Pode assim referir-se que se trata afinal de um
“corpo de cidadãos cuja soberania colectiva constituía um Estado”(KI ZERBO, 1972).
O nacionalismo africano surgiu como expressão da indignação e oposição dos africanos perante
o jugo colonial. Iniciou com as primeiras manifestações de oposição à presença europeia e,
embora tenha passado por momentos de menor impacto, nunca desapareceu.
A política dos Estados Unidos da América: os EUA tinham uma atitude liberal em
relação aos problemas africanos, o que se explica pela sua tradicional política anticolonial
e democrática, pelo interesse em impor uma política de "porta aberta" nos territórios
africanos para obter novos espaços para investimentos e, finalmente, evitar o avanço dos
russos caso fossem os únicos a defender África.
A política da URSS: a URSS também teve uma política anti colonial. A política anti
colonial soviética baseava-se na ideologia-mãe do próprio regime - o marxismo. No
início a presença soviética em África efectivou-se através dos partidos comunistas das
metrópoles, bem como dos sindicatos e associações de inspiração marxista. Com o
avanço do movimento nacionalista os soviéticos passaram a intervir de forma mais
directa, tanto concedendo apoio aos movimentos nacionalistas, como apoiando os novos
estados após o abandono dos colonizadores, preenchendo o vazio que se abria
O nacionalismo em África teve primeiros focos alguns círculos mais ou menos organizados e/ou
esclarecidos entre os quais se destacam os sindicatos africanos, os intelectuais, os estudantes, as
igrejas, os partidos políticos, entre outros que já possuíam uma estrutura capaz de suportar as
acções nacionalistas.
Os Intelectuais
A acção dos intelectuais no nacionalismo teve as suas origens bastante ligadas aos escritos
antilhanos e malgaxes versando as suas origens africanas. Se em 1930 Etiene Léro, da Martinica,
fundou o jornal Legitime defense no qual se debruçava sobre o esmagamento da sua raça (negra),
nos anos imediatos Aimé Césaire, Lopold Senghor, Davo Dion, Dadié, Birago Diop, Paul Niger,
Paul Roumain, Léon Damas, Rabemanjara e outros deram eco ao grito negro através de diversas
manifestações artísticas. Era o surgimento da Negritude, um movimento intelectual altamente
comprometido com a ideia da (re) valorização da raça negra, a (re) afirmação do Homem negro.
Através de publicações diversas (revistas, jornais, livros, etc.) os intelectuais africanos
desempenharam portanto papel importante no surgimento e crescimento no nacionalismo
africano.
Os estudantes
Os estudantes desempenharam um papel muito próximo ao dos intelectuais, mas com muito mais
vigor. Nos melhores dentre eles, a reivindicação do seu próprio “eu” devia tomar corpo num
desígnio histórico colectivo. Sob este aspecto, os estudantes aproximavam muito mais das ideias
pan-africanistas espalhadas na inteligência dos países africanos anglófonos. Na sua maioria
eram membros da secção universitária de algum partido nacionalista africano ou participavam
em círculos de estudos com militantes de partidos ou movimentos europeus progressistas.
O Pan-africanismo fazia apelo à consciência dos africanos para que despertassem da dominação
colonial que era exercida pelo Ocidente. Na sua intervenção política e nacionalista Du Bois
reclamava a dignidade africana. Ou seja, pretendia reivindicar para os povos afro-americanos o
livre acesso à participação na sociedade em situação de igualdade e não subjugação ou
inferioridade racial, i.e. defendeu o despertar de consciências para o encontro de povos e para o
contributo do homem negro com toda a sua história e cultura no avanço da humanidade
(CAPOCO, 2012: 42-48).
As Igrejas
Os Partidos Políticos
O Gana e a Guiné-Conacri foram dos primeiros a acolher as ideias defendidas por Du Bois.
Destaca-se que tal feito foi conseguido pela aliança entre os dois estadistas Kwame Nkrumah e
Sékou Touré. Dos diversos teóricos que teorizaram sobre o Pan-africanismo político, Kwame
Nkrumah foi o que mais se destacou no projecto da autonomia de África. É mesmo considerado
o pai do nacionalismo africano. Segundo Santos, ao longo do século XX os teóricos Pan-
africanistas seguiram diversas vertentes para disseminar as suas ideias. Assumiram a vertente
poética, racista, cultural e política (SANTOS, 1968: 17).
Os acontecimentos dos anos 1970 (crise económica mundial e crise de legitimidade política dos
Estados Unidos) criaram as bases para um novo modelo de acumulação a acumulação flexível
em que os processos de industrialização que estavam dentro do pacto fordista dos anos 1940 já
não eram necessários para manter o terceiro mundo controlado pelo centro dinâmico capitalista.
A “breve” integração da África no sistema mundial (1880- 1960) teve seu fim.
Dos anos 1970 aos anos 2000 a África ficou à “mercê” do processo de mundialização do capital.
A exploração económica foi aprofundada (realizado pelas tradicionais potenciais europeias e
pelos Estados Unidos) e sua operacionalização ficou a cargo das multinacionais –que entraram
para actuar, sobretudo, no sector primário (minérios, petróleo, comercialização dos produtos
primários); o ajuste estrutural imposto pelas instituições financeiras internacionais como
receituário para a crise da dívida, impôs às economias africanas a reprimarização dos países que
haviam alcançado algum avanço “formal” no processo de industrialização (pois eram das
exportações primários que se esperava prover os dividendos para o pagamento dos juros e
serviços das dívidas). Portanto, os países desenvolvidos relegaram à África o status de “reserva
potencial” para exploração do Sistema Interestatal Capitalista (HOPKINS, WALLERSTEIN,
1987; AMIN, 2010).
A discussão sobre a hierarquia do poder internacional no Sistema Interestatal Capitalista
reascendeu com vigor nos entrantes anos 2000, do mesmo modo que a África reapareceu como
importante continente para as estratégias e a competição entre as potências que buscam alcançar
a hegemonia no Sistema Mundial. O ciclo económico expansivo a partir da ascensão chinesa
reintroduziu a África como um importante actor económico, sobretudo, pela estratégica
capacidade de fornecer matérias-primas para os países desenvolvidos. Do mesmo modo, a
ascensão económica chinesa supõe novas preocupações político-militares, recolocando a África
como importante cenário geoestratégico (ARRIGHI, 2008).
O mais significativo a assinalar é que, como aponta Ngoenha (2014), depois das independências
africanas, certos países optaram por economias planificadas, outros por modelos de
desenvolvimento autocentrado, outros fizeram programas de promoção das exportações, outros
privilegiaram o desenvolvimento de um sector do Estado, outros aderiram aos programas de
ajustamento estrutural, por aí em diante, mas o resultado mantém-se o mesmo: insucesso.
Algumas questões se podem colocar em relação a esta situação: O que torna os países africanos
incapazes de marchar ao mesmo ritmo que países de outros continentes que experimentaram um
passado similar ao dos africanos? É a Europa e os EUA a cura para os problemas da África?
Parece que a resposta a estas questões pode ser encontrada na génese das independências dos
países africanos e na situação política internacional que se vivia na altura (guerra fria). Embora a
maioria desses países tenha adoptado a política de “não-alinhamento” ao bloco ideológico Leste-
Oeste, essa situação não lhes isentou de desenvolverem relações privilegiadas (mesmo não sendo
estáveis) com uma ou outra superpotência. Isso permitiu que os estados africanos continuassem a
solicitar, e a receber, apoios financeiros e políticos importantes com base na sua lealdade no
conflito entre as superpotências (OLIVEIRA, 2009).
Na verdade, esta, passou a ser característica da inserção da África na economia mundial. Mas,
com o fim da Guerra Fria, inaugura-se uma nova fase, “menos generosa e previsível, em que os
frutos recentes do processo de extroversão – respeito pela soberania e recursos financeiros na
forma de apoios para o desenvolvimento ou de assistência militar – já não eram dados adquiridos
(OLIVEIRA, 2009, p. 100) ”. Em contrapartida, governantes corruptos e autoritários como
Mobutu, do Zaire, e Samuel Doe, da Libéria, continuaram a encontrar sustento exterior e
protecção dos seus antigos colonizadores nas instituições financeiras internacionais, que de
forma irresponsável emprestam biliões de dólares sem garantia de pagamento desse débito,
tornando os seus países eternos devedores dessas instituições (ADEBAJO, 2013).
A partir daí, novas exigências para o acesso ao crédito para os países africanos são colocadas,
tendo como a face mais visível o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, que
impuseram um ajustamento estrutural, sem ter em conta as especificidades e necessidades reais
dos povos africanos. Como corolário, essa medida resultou num fracasso, produzindo efeitos
desestabilizadores sobre as sociedades africanas, como assinala, por exemplo, (HARRISON,
2004). Essa situação foi também acompanhada por aquilo que Adebajo (2013) designou de
global apartheid, promovido pela ONU.
Para o autor, o global apartheid causa, na maioria da população do mundo (em particular do
terceiro mundo) sofrimento e piores formas de opressão e injustiças como resultado, em parte, da
estrutura global do poder político e social. E o ponto crítico desta situação, particularmente para
a relação África/ONU, é o fato de a ONU (apesar de ter sido criada sob o escopo de justiça e
igualdade), na sua estrutura possuir um Conselho de Segurança capaz de manipulá-la em
desvantagens para a África, o que torna cada vez mais uma miragem a saída dos países africanos
da condição da pobreza. O resultado disso é a crónica dependência dos países africanos aos
doadores e prisão aos modelos transplantados da Europa e EUA, que pouco contribuem para o
desenvolvimento do continente. Como Moyo (2009) sublinha, a África vive uma “cultura de
ajuda”, na qual aqueles que estão em melhor situação comungam tanto mental assim como
financeiramente a ideia de que dar esmolas aos pobres (África) é a coisa certa a fazer. Fazem
acreditar aos africanos que: “the rich should help poor, and the form of this help should be aid”.
O primeiro elemento que parece importante abordar é a existência de uma aparente clivagem
entre os atores tradicionais de cooperação com África e os emergentes. O principal ponto de
discórdia assenta na forma que cada grupo de atores libera as ajudas para o continente. Enquanto
os atores tradicionais impõem condições para liberar a ajuda para a África, os emergentes não
impõem condições, resultando daí críticas aos últimos. A principal crítica é de que, os
emergentes não estão tendo em conta a pressão que o Ocidente tem feito aos Estados africanos
no sentido de melhorarem a protecção dos direitos humanos e governação. A resposta dos
emergentes é de que o guia as relações desses países com África são necessidades económicas e
políticas sob a retórica de benefícios mútuos e a não interferência nos assuntos internos dos
Estados africanos (SAUTMAN & HAIRONG, 2006; TULL, 2009).
Conclusão
Os estudantes desempenharam um papel muito próximo ao dos intelectuais, mas com muito mais
vigor. Nos melhores dentre eles, a reivindicação do seu próprio “eu” devia tomar corpo num
desígnio histórico colectivo. Sob este aspecto, os estudantes aproximavam muito mais das ideias
pan-africanistas espalhadas na inteligência dos países africanos anglófonos. O Gana e a Guiné-
Conacri foram dos primeiros a acolher as ideias defendidas por Du Bois. Destaca-se que tal feito
foi conseguido pela aliança entre os dois estadistas Kwame Nkrumah e Sékou Touré. Dos
diversos teóricos que teorizaram sobre o Pan-africanismo político, Kwame Nkrumah foi o que
mais se destacou no projecto da autonomia de África. É mesmo considerado o pai do
nacionalismo africano. Segundo Santos, ao longo do século XX os teóricos Pan-africanistas
seguiram diversas vertentes para disseminar as suas ideias. Assumiram a vertente poética,
racista, cultural e política. Dos anos 1970 aos anos 2000 a África ficou à “mercê” do processo de
mundialização do capital. A exploração económica foi aprofundada (realizado pelas tradicionais
potenciais europeias e pelos Estados Unidos) e sua operacionalização ficou a cargo das
multinacionais que entraram para actuar, sobretudo, no sector primário (minérios, petróleo,
comercialização dos produtos primários); o ajuste estrutural imposto pelas instituições
financeiras internacionais como receituário para a crise da dívida, impôs às economias africanas
a reprimarização dos países que haviam alcançado algum avanço “formal” no processo de
industrialização (pois eram das exportações primários que se esperava prover os dividendos para
o pagamento dos juros e serviços das dívidas).
Referências bibliográficas
ADEBAJO, A. The Curse of Berlin. Columbia University Press. New York, 2013.
BENOT, Yves (1981), Ideologias das Independências Africanas, Volume I e II, Livraria Sá da
Costa Editora.
HARRISON, G. The World Bank and Africa. Routledge. Lond and New York, 2004.
HOPKINS, T.; WALLERSTEIN, I. Capitalism and the incorporation of new zones into the
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OLIVEIRA, Ricardo Soares de. A África desde o fim da Guerra Fria. Revista de Relações
Internacionais, no 24 . Dezembro: 2009, [p. 93-114]
SAUTMAN, B; HAIRONG, Y. Honour and shame? China’s Africa ties in comparative context
In WILD, L; MEPHAM, D. The New Sinosphere: China in Africa. IPPR, 2006.