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GIRO

DECOLONIAL
Disciplina Seminários Avançados 2021.2
Prof. Dr. Claudio Penteado
PPGCHS/UFABC

Taís Oliveira
Achille Mbembe (1957), de Camarões. É
filósofo, teórico político e historiador. Atualmente
é professor de história e ciência política na
Universidade de Witwatersrand (África do Sul) e
na Universidade de Duke (EUA).

Em um de seus principais conceitos, a


Necropolítica, desenvolve a ideia de que o
poder social e político do sistema capitalista
determina quem tem o direito de viver e de
morrer.
Algumas obras de
Achille Mbembe:
No texto "A
universalidade de
Frantz Fanon" Mbembe
comenta a trajetória e
obra de Fanon.
Frantz Fanon (1925 - 1961), da França e
Argélia. Foi um psiquiatra e filósofo político, cujo
interesses perpassam os estudos pós-coloniais,
teoria crítica e o marxismo.

Fanon era um radical político, pan-africanista e


humanista marxista. Se preocupava com a
psicopatologia da colonização e as consequências
humanas, sociais e culturais da descolonização.
Algumas obras de
Frantz Fanon:
01: o Fanon passa pelo nazismo, o colonialismo e a independência da
França;

o Achille fala sobre o desenvolvimento das contribuições de Fanon


em meio ao caos, abuso de poder, violência, guerra, etc;

o A "saída da grande noite" é um forjar um sujeito humano novo


mesmo em meio a esse caos;

o Reafirma que Fanon se debruça em compreender e discutir os


sofrimentos psíquicos causados pelo racismo e pelo sistema
colonial;

"Viver é simplesmente não morrer."


O campo fanoniano se desenvolve em três tempos: as lutas anticoloniais
02: o
(revolução), as lutas anti-imperialistas (identidades) e a luta contra o apartheid
(contra-insureição);

o Achille dá ênfase na articulação que Fanon proporcionou a partir de correntes


como o existencialismo, a psicanálise e o marxismo e como o pensador colaborou
com o desenvolvimento de uma tradição africana diaspórica, principalmente nos
circuitos do Atlântico (ref. Paul Gilroy);

o As reflexões em África se tornam exemplo para as Américas, especialmente


quanto às relações entre racismo e consciência de classe, colonialismo,
capitalismo, nacionalismo, pan-africanismo e socialismo (ref. Os Condenados da
Terra);

"A África não é apenas o lugar a partir do qual Fanon pensa. É o próprio tema
desse pensamento, bem como a sua matéria. E é à África que ele se dirige em
primeiro lugar [...] A universalidade da obra de Fanon é assim inseparável da sua
'africanidade'.”
03: o Pele negra, máscaras brancas se torna um dos livros de referência para o
pensamento pós-colonial;

o Depois da consolidação do sistema capitalista, a "nova questão social" é focada


no reconhecimento das identidades lesadas, da diferença e da alteridade;

o No fim do século XX ocorre um processo de descentramento do mundo em


vários campos do saber e Fanon é leitura obrigatória nesse movimento;

"As preocupações de Fanon respeitantes às cisões do eu são objecto de


atenção renovada e de um prolongamento que visa demonstrar que toda a
diferença é, finalmente, uma questão de relação, de desejo e de ambivalência.
Por outro lado, as suas teses sobre o poder dos homens e a lei da raça como
estruturas elementares da formação do eu em situação colonial servem de
ponto de partida para uma crítica da ética do tratamento psiquiátrico."
04: o O mundo entra na era da contra-insurreição baseada (retorna à) na lógica
colonial de segregação racial e expropriação econômica;

o A raça é demarcador de territórios, direitos, liberdades, de direito à circulação,


etc;

"A raça, deste ponto de vista, funciona a um tempo como ideologia, dispositivo
de segurança e tecnologia de governo das multiplicidades. É o meio mais eficaz
para abolir o direito, no próprio acto através do qual se pretende erigir a lei.“

"A sua consciência histórica foi particularmente sensível à sua própria inscrição
no tempo – o tempo colonial, sem dúvida, o tempo das guerras e dos
sofrimentos que elas geram no plano psíquico, mas, mais ainda, o tempo do
mundo. O “preto” era a figura epifânica desse tempo do mundo, uma vez que, no
“preto”, a própria ideia de raça encontrava o seu lugar de esgotamento."
No texto
“Afropolitanismo”
Mbembe trata do
impacto da circulação
dos mundos no
continente africano.
o O discurso africano foi dominado por três paradigmas político-intelectuais: nacionalismo
anti-colonial, “socialismo africano” e o movimento pan-africanista. Para Mbembe essa
tríade é limitada para entender as transformações sociais em curso;

o Duas reconfigurações podem influenciar a vida cultural e a criatividade estética e política


dos próximos anos: quem é africano e o reflexo nativista;

o Quem é africano está relacionado a dois movimentos: a dispersão e a imersão; Dispersão:


saída dos africanos, sobretudo pelo processo de escravidão. Atualmente, milhões de
pessoas de origem africana são cidadãos de diversos países do globo; Imersão: diz
respeito à minorias que se instalam no continente africano e que trazem suas concepções
estéticas e políticas que se misturam nas "tradições" do território;

o O reflexo nativista: apresenta um reforço da diferença e proteção dos costumes; faz uma
distinção entre "os que são daqui" e "aqueles que vieram de outro lugar";
o O afropolitanismo é uma maneira de ser no mundo que recusa toda forma
de identidade vitimizadora, o que não significa que ela não tenha
consciência das injustiças e da violência que a lei do mundo infringiu a
esse continente e a seus habitantes;

o É preciso, portanto, seguir em frente se queremos reanimar a vida do


espírito na África e, por consequência, as possibilidades de uma arte, de
uma filosofia, de uma estética que possam dizer algo de novo e de
significante ao mundo em geral;

o Afropolitanismo: se nutre na fonte de múltiplas heranças raciais, de uma


economia vibrante, de uma democracia liberal, de uma cultura do
consumo que participa diretamente dos fluxos da globalização.
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