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Nota 9,0
Turma 7
A exploração era justificada porque, afinal, era o que cabia aos povos inferiores
na escala de valores eurocêntricos, colocando a raça branca abençoada pelas forças
políticas, econômicas, sociais e religiosas. A ciência, a filosofia e a literatura, por sua
vez também deram sua contribuição na construção de um imaginário que afirmava e
reafirmava essa condição de superioridade que detinha o poder de vida e de morte sobre
seus criados/servos/escravos.
Como sabemos, o sistema colonial ruiu, mas sua racionalidade, que separou a
população mundial através do parâmetro de raça, persiste e sustenta o atual sistema
capitalista de exploração e opressão, que atinge a população afrodescendente de forma
mais contundente.
Todas essas práticas fundamentadas na violência, por sua vez, também
subjetivaram os oprimidos que, a partir da tomada de consciência, principalmente
depois da Segunda Guerra, passaram a se organizar para reivindicar sua libertação da
condição de colonizados, passaram a rejeitar continuar vivendo em um país ocupado por
grupos que lhes impuseram toda sorte de sofrimentos.
Nos processos de libertação dos quais participou pôde observar também que os
líderes que conduziam as guerras, seguiam os mesmos referenciais eurocêntricos e
percebeu que essa prática os conduziria ao fracasso e que, portanto, o melhor a fazer era
se distanciar desse modelo predatório que encantou o mundo, mas só trouxe destruição e
muito sofrimento. Predatório porque o objetivo central da empresa colonial era extrair
os recursos naturais dos territórios ocupados, atividade que degradou o meio ambiente e
dizimou populações inteiras em muito lugares, muitas vezes por serem obrigadas a
trabalhar até morrer.
Diante dos horrores do projeto colonial colocado em curso pela Europa,
verificáveis nos resultados trágicos que podia observar e acompanhar, Fanon sugere a
necessidade de um afastamento desse modelo nas nações que então se libertavam, sob
pena de não haver uma libertação efetiva das cadeias físicas, morais, psíquicas,
intelectuais e até mesmo espirituais construídas pela razão colonial, profundamente
desumana. Entretanto, reconhece que, atravessados por séculos de violências, e
animados pelo desejo de se libertar do jugo colonial, a insurreição violenta se mostrava
um recurso válido, pois diante da fúria colonial em manter seus territórios subjugados
não deixava outra alternativa. Mas, sempre alertando para a necessidade de trabalhar
pela sua superação, sob pena de apenas reproduzir o que outra colônia europeia se
tornou, “um monstro”, em referência aos Estados Unidos.
Por fim, no prefácio da professora Gayatri Chackravort Spivack, onde ela nos
apresenta Franz Fanon, e acrescenta sua observação sobre as questões de gênero, que
afetam as mulheres que participaram ativamente das guerras de libertação ou de
inúmeras outras lutas, mas que seguem sofrendo as mesmas violências no momento de
reconstrução nas nações pós-coloniais, ou que se decidem sobre os rumos da política.
Referências