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FACULDADE LATINO AMERICANA DE CIÊNCIAS SOCIAIS –

FLACSO BRASIL
CURSO: MAESTRIA ESTADO, GOBIERNO Y POLÍTICAS PÚBLICAS

JOSÉ ANTÔNIO MONTEIRO NETO

O texto foi escrito em dupla com Talita Selene ?


Pq os textos são iguais ?

CONCERNING VIOLENCE (A RESPEITO DA VIOLÊNCIA):


COLONIALIDADE DO SABER E DO PODER

SALVADOR
2019
CONCERNING VIOLENCE (A RESPEITO DA VIOLÊNCIA):
COLONIALIDADE DO SABER E DO PODER

A RESPEITO DA VIOLÊNCIA é, um documentário baseado em material de arquivo


que abrange os momentos mais ousados da luta de libertação no Terceiro Mundo e uma
exploração dos mecanismos de descolonização com base na obra Os Condenados da Terra,
de Frantz Fanon. Conta a história das pessoas e das ideias por trás de uma das lutas mais
urgentes pela liberdade e mudança do século XX. A organização do filme em nove capítulos
relaciona ideias bastante abstratas com imagens concretas e pessoas reais que personificam e
transportam a história.
O filme remete à estrutura de um livro. Inicia-se com prefácio-falado pela intelectual
indiana Gayatri Chakravorty Spivak no qual são apresentados dados biobibliográficos do
autor.
Em seguida são apresentados nove capítulos, “as nove cenas de autodefesa
antiimperialista”, onde imagens ora da luta armada, ora do cotidiano de colonizados e
colonizadores - em plena guerra colonial - são continuamente contrastadas.
Ao ilustrar a violência colonial, o documentário possibilita a reflexão da permanência
desta na contemporaneidade. Assim, direciona-se o olhar para a realidade brasileira,
especificamente para os obstáculos no reconhecimento e enfrentamento do genocídio da
população negra.
Os Condenados da Terra (publicado em 1961), considerado uma obra-testamento, pois
foi escrita nos seus últimos meses de vida, após um diagnóstico de leucemia, a qual ceifaria
sua vida aos trinta e seis anos de idade.
Nesta obra, Fanon (1968) se recusa a enxergar o colonialismo como um evento no
qual povos europeus encararam a missão de levar o progresso e a civilização ultramar, mas o
entende enquanto violência constituída no racismo, bem como prevê as dificuldades que os
países africanos teriam caso se erguessem como nações sem enfrentarem processos
verdadeiros de descolonização. Este último aspecto trata de uma advertência – na verdade
uma premonição - sobre os riscos de os países africanos se libertarem do colonialismo
europeu sem se desvencilharem dos modelos econômicos, institucionais e intelectuais
importados da Europa.
O autor analisa mecanismos como a linguagem, as relações afetivas entre pessoas
brancas e negras dentre outros aspectos, demonstrando como “a civilização branca, a cultura
europeia, impuseram ao negro um desvio existencial” (FANON, 2008, p. 30). Na cena final,
de novo as palavras de Fanon: “Para muitos de nós, o modelo europeu era o mais inspirador.
Mas quando procuramos a humanidade na técnica e no estilo da Europa, vemos apenas uma
sucessão de negações da humanidade.” E ainda: “A Europa assumiu a liderança do mundo
com ardor, cinismo e violência. Vejam como a sombra dos seus palácios se alonga e
multiplica. Temos de nos livrar da escuridão pesada em que fomos lançados, e deixá-la para
trás.”

BIBLIOGRAFIA

FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,


1968.

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