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Nelson Aníbal Paulino

História de Moçambique do século XIX a 1ª Metade do Sec. XX

Actividade 1

Tema: Evolução política de Moçambique durante a Monarquia e a


República

Docente: Dr. José Sumburane

UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MAPUTO

Faculdade das Ciências Sociais e Filosóficas

Departamento de História
Maputo, 26 de Março de 2023
Autor: Nome da Obra:
Malyn Newit História de Moçambique, 1997, páginas: (345 - 349), 1ª
Edição
Editora: Publicações Europa-
América

Assunto: História de Moçambique


Evolução política de Moçambique durante a Monarquia e a República
Resumo:

Evolução política
A história administrativa e política de Moçambique durante o último século de domínio
português foi vista como um diálogo entre tendências centralizadoras e descentralizadoras. A
centralização implicava, por norma, não só o controlo político cerrado de Lisboa, mas tentativas
melhor ou pior sucedidas de integração económica e assimilação social.
A Monarquia liberal de meados do século aspirara à centralização, e grande parte da legislação
reformadora foi aprovada dentro desse espírito. Todavia, os acontecimentos da década de 1890
haviam dado origem a fortes exigências de descentralização administrativa e autonomia colonial
e desenvolveu-se nas reformas de 1907 e noutros diplomas nos últimos anos da Monarquia uma
tentativa no sentido de se alcançar algum equilíbrio entre as duas escolas de pensamento.
Os políticos da República que depuseram o rei em 1910 apostavam na ideia da autonomia
colonial, e o período republicano, de um modo geral, foi de descentralização.
Durante os últimos anos da Monarquia, as oportunidades de desenvolvimento politico
administrativo foram severamente coarctadas pelos termos de concepções que haviam sido
outorgadas as companhias avalizadas e aos prazos.
A concessão da Companhia do Niassa expiraria em 1929, a da Companhia de Moçambique em
1942. Mais de metade de Moçambique estava parado em termos políticos enquanto as zonas do
país sob a administração directa do governo se encontravam geograficamente fragmentadas e os
portugueses preparavam se para tentar criar um estado moderno.
A primeira questão foi resolver o estatuto legal do território e dos seus habitantes. Enquanto as
colónias eram ainda vistas como parte integrante da metrópole, os habitantes passaram a ser
classificados como indígenas e não indígenas.
Um dos desenvolvimentos mais importantes foi a criação de uma administração para os
assuntos africanos. Houvera um curador responsável pelos trabalhadores migrantes
moçambicanos em Joanesburgo, desde 1897, e em 1902 criou-se uma Intendência da
Emigração.
Em 1901, foi promulgada uma lei importante que regulamentava a posse da terra e declarava
que toda a terra não ocupada pertenceria ao estado. Estima-se que, aquando da independência,
apenas entre a 3% da zona agrária de Moçambique estivesse a ser cultivada.
Excepto nas zonas do Norte que permaneciam por pacificar, e no distrito militar de Gaza, onde
os comandantes militares representavam o governo português, o objectivo deste era introduzir
uma administração civil regular.
António Enes esboçou primeiro uma estrutura administrativa na região à volta de Lourenço
Marques em Maio de 1907. Esta lei tinha por objectivo a criação de una hierarquia da
administração civil.
O país era dividido em cinco distritos ou províncias, cada um com um governador. Os distritos
eram Lourenço Marques, Inhambane. Quelimane, Tete e Moçambique, sendo o distrito militar
de Gaza absorvido pelos dois primeiros. Por sua estes distritos estavam divididos em
circunscrições e concelhos. Estavam divididas em postos administrativos sob a alçada de um
chefe de posto.
Depois de Enes e Mouzinho de Albuquerque, não se nomeou mais nenhum comissário-rés
durante a Monarquia, e a colónia foi administrada por um governador-geral.

Muito embora se criasse desta forma um sistema de administração regular, a principal


dificuldade era arranjar recursos humanos. A esmagadora maioria dos funcionários mais
categorizados era ainda recrutada das forças armadas, destacando-se algumas nomeações entre
os colonos ou populações afro-portuguesas locais. Contudo, constituiu-se em Lisboa uma escola
para funcionários coloniais, a Escola Colonial e criou-se uma hierarquia de funcionários
públicos, tendo os mais categorizados de se submeter a exames para conseguirem a promoção.
O regime que foi tomando gradualmente forma em Moçambique era essencialmente
burocrático. A democracia local existia apenas nas poucas cidades com conselhos municipais
activos na realidade, apenas Lourenço Marques e a Beira.
Quando Lisboa devolveu a autonomia às colónias na década de 1920, Moçambique continuou a
ser governado não pelos colonos locais mas por uma elite de funcionários coloniais que eram
Portugueses na sua orientação e lealdade e pediam apoio a Lisboa.
A incapacidade de criar quaisquer órgãos de democracia dos colonos ou indígenas investir
primordial importância. Significava que os colonos nunca seriam capazes de preparar uma
ocupação independente de Moçambique. Também, que os Afro-Portugueses, se viam
completamente excluídos do poder e não iriam surgir em qualquer sector da população
moçambicana. Esta falta de experiencia política ou mesmo administrativa ira ter graves
consequências quando Moçambique e alcançou finalmente a independência.

Moçambique republicano
Os governos republicanos Portugueses procuraram, com uma relativa urgência, reestrurar a
administração do império. Em Moçambique, muito embora o governo fosse em teoria altamente
centralizado, com os orçamentos controlados por Lisboa e os défices cobertos metrópole, o país
encontrava-se, na prática, fragmentado em termos administrativos e económicos; era controlado
directa ou directamente pelo capital estrangeiro, cujas concessões- conferindo direitos quase
feudais sobre a população-estavam a originar abusos cada vez mais embaraçosos e inaceitáveis.
Para autonomia às colónias e simultaneamente fortalecer a autoridade administrativa dos
governos coloniais. Redigiu uma constituição em 1911, cuio artigo 67.° referia sumariamente:
«Predominará, na administração das províncias ultramarinas, o sistema de descentralização,
com leis especiais adequadas ao estado de civilização de cada uma delas.»
Foi prometida uma Lei Orgânica para cada uma delas, que definiria a estrutura legal do governo
desenvolvido, e as colónias iriam adquirir autonomia financeira.
Em 1911 criou-se em Lisboa um Conselho Colonial que representava os interesses das colónias.
Era eleito indirectamente por assembleias dos principais colonos de todas as províncias, e tinha
por missão aconselhar o ministro e servir de tribunal judicial ouvindo os ecursos contra a
administração.
Durante o Estado Novo, o Conselho recebeu a designação de «Conselho Ultramarino»,
lembrando o império dos séculos XVI e XVII, e sobreviveu até ao fim do domínio colonial.
A constituição republicana de Portugal separou oficialmente a igreja e o Estado e retirou os
subsídios às missões católicas, enquanto em 1914 era publicado um novo código do trabalho e
se iniciou uma investigação mais profunda dos abusos que se verificavam cada vez mais nos
prazos.

Comentário É uma obra muito importante para quem deseja conhecer ao fundo a
pessoal: Evolução política de Moçambique durante a Monarquia e a República

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