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Índice

1. Introdução..................................................................................................................5

1.1. Objectivos...............................................................................................................5

1.1.1. Objectivo geral....................................................................................................5

1.1.2. Objectivos específicos........................................................................................5

2. Encaminhamentos Metodológicos.............................................................................6

2.1. Real Objectivo da Avaliação Escolar.....................................................................6

2.2. Diferença Entre Examinar e Avaliar......................................................................7

2.3. Legislação Sobre a Avaliação................................................................................8

2.4. O que é e Para que Serve a Avaliação Escolar?...................................................10

2.5. O Papel da Avaliação nos Processos de Ensino e Aprendizagem........................12

2.6. Avaliação Enquanto Mediação.............................................................................15

Conclusão........................................................................................................................17

Bibliografia......................................................................................................................18
1. Introdução
A produção didáctico – pedagógica que será apresentada no decorrer deste
trabalho, cujo tema é “A avaliação e sua importância para o processo de ensino e
aprendizagem”.
O grande desafio na prática da avaliação é desenvolver um processo mediador que
atinja as expectativas dos alunos, aproximando-o intelectualmente do professor. Devido
a isso a avaliação deve existir enquanto aproximação de ideias articuladas e veiculadas
nessa sequência de aprendizagem, ou seja, a avaliação deve ser o momento de
investigação e reflexão do professor em relação a sua prática docente.
A avaliação da aprendizagem deve ser vista como um mecanismo para que o
professor possa detectar as dificuldades dos alunos, bem como verificar quais
possibilidades esse aluno apresenta para construir novos conhecimentos e atingir os
objectivos propostos pelo professor em sua prática educativa.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
 Desenvolver um estudo sobre avaliação no processo de ensino e aprendizagem

1.1.2. Objectivos específicos


 Conceituar a avaliação no processo de ensino e aprendizagem;
 Analisar a importância da avaliação no processo de ensino e aprendizagem;
 Descrever os tipos de avaliação no processo de ensino e aprendizagem.

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2. Encaminhamentos Metodológicos
A avaliação sempre esteve presente no ambiente escolar e é um assunto polémico,
pois é vista como desagradável, autoritária, inflexível e ameaçadora.
O que se pretende com esse grupo de estudos é levar à conscientização de que a
avaliação é uma prática contínua que faz parte do processo de ensino e aprendizagem e
deve ser considerada como um recurso para repensar o ensino e criar situações que
realmente garantam a aprendizagem dos alunos.
Ao ser entendida como parte integrante da aprendizagem, a avaliação permite aos
envolvidos no processo um exercício de reflexão, que favorece a tomada de decisões e a
superação de desafios com o objectivo final que é uma formação crítica tanto dos
professores quanto dos alunos.

“A avaliação e sua importância para o processo de ensino e aprendizagem”, o qual


objectiva conscientizar os educadores de que a avaliação é uma prática contínua que faz
parte do processo de ensino e aprendizagem e deve ser considerada como um recurso
para repensar o ensino e criar situações que realmente garantam a aprendizagem dos
alunos, bem como relatar as experiências durante o primeiro ano de estudos no
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.

A avaliação está presente no dia-a-dia de todos, no ambiente de trabalho, em uma


notícia, em algum acontecimento da sociedade, ou seja, é uma actividade que faz parte
da existência humana. No ambiente escolar, é um dos recursos que auxilia o professor
na sua prática pedagógica, principalmente no que diz respeito à avaliação do ensino e da
aprendizagem, VASCONCELOS (1994:43), se refere ao processo avaliativo em sentido
amplo:
Avaliação é um processo abrangente da existência humana que implica uma reflexão
crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas
dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os
obstáculos.

2.1. Real Objectivo da Avaliação Escolar


O que vimos até aqui, demonstra como persiste em muitas de nossas escolas o
método tradicional de avaliação de nossos alunos, que como percebe-se não é prática de
avaliação e sim prática de exame. Historicamente, somos herdeiros de uma longa
história de exames, da forma como ela é praticada na escola hoje.

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Exame era todo tipo de procedimento avaliativo sobre a forma de testes e provas.
Conforme LUCKESI (2003:16):
A tradição dos exames escolares que conhecemos hoje, em nossas escolas, foi
sistematizada nos séculos XVI e XVII, com as configurações da actividade pedagógica
produzidas pelos padres jesuítas (séc. XVI) e pelo Bispo John Amós Comênio (fim do
séc. XVI e primeira metade do século XVII).

O que vemos actualmente é que ainda são aplicadas provas e em seguida verifica-
se os acertos do aluno e são atribuídos valores numéricos para concluir se o aluno será
aprovado ou reprovado. Essa ainda é uma tradição antidemocrática e autoritária, porque
está centrada no professor e no sistema de ensino e não no aluno.
"Os exames são pontuais, não levam em conta o aluno antes e depois da prova, são
selectivos e excludentes". Já a avaliação está a serviço de um projecto pedagógico
construtivo, que olha para o ser humano como alguém em construção permanente".
(LUCKESI:1982).

Portanto, de acordo com os interesses da sociedade capitalista a escola deve ser


excludente e classificatória. Para Luckesi (2005:63) “Quanto mais ignorância e
inconsciência, melhor para os segmentos dominantes da sociedade”, ou seja, não há
preocupação com a formação da cidadania, pois para uma elite dominadora se torna
mais fácil controlar pessoas, ditas ignorantes, de acordo com interesses e necessidades
de produção capitalista.
(...) quanto mais o educando for objecto dos conhecimentos nele depositados, menos
condições terá de emergir como sujeito de consciência crítica, condição esta de sua
inserção transformadora no mundo. (BECKER, 1993 apud HOFFMANN, 2003, p. 145).

A avaliação escolar é um compromisso social que deve proporcionar aos alunos o


acesso aos conhecimentos sistematizados e aos bens culturais, mas dependendo da
maneira como é utilizada, a avaliação pode se aproximar ou se afastar desses objectivos.

2.2. Diferença Entre Examinar e Avaliar


Actualmente muito se fala em mudanças quanto aos métodos avaliativos, no
entanto, na prática a avaliação quantitativa prevalece sobre a qualitativa, ou seja, a nota
que o aluno tira em determinada avaliação ainda é mais importante do que a qualidade
do conteúdo que o mesmo aprendeu.

Mesmo com tantas mudanças no âmbito educacional, ainda prevalece em nossas


escolas a prática do exame escolar ao invés da avaliação da aprendizagem de nossos
alunos. Para Luckesi, (2011:181), “os exames escolares e académicos estão voltados

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para o passado”, pois o professor espera e deseja que o aluno apenas reproduza aquilo
que aprendeu. Na prática do exame,
não importa o que ainda possa ou precise aprender, e, sim que ele seja classificado com
base na aprendizagem manifestada ao responder aos instrumentos de colecta de dados
sobre o seu desenvolvimento aqui e agora. (LUCKESI, 2011:182)

A diferença entre avaliar e examinar fica ainda mais evidente nas palavras de
Luckesi (2001):
O ato de avaliar a aprendizagem implica em acompanhamento e reorientação
permanente da aprendizagem. Ela se realiza através de um ato rigoroso e diagnóstico e
reorientação da aprendizagem tendo em vista a obtenção dos melhores resultados
possíveis, frente aos objectivos que se tenha à frente. E, assim sendo, a avaliação exige
um ritual de procedimentos, que inclui desde o estabelecimento de momentos no tempo,
construção, aplicação e contestação dos resultados expressos nos instrumentos;
devolução e reorientação das aprendizagens ainda não efectuadas. Para tanto, podemos
nos servir de todos os instrumentos técnicos hoje disponíveis, contanto que a leitura e
interpretação dos dados seja feita sob a óptica da avaliação, que é de diagnóstico e não
de classificação. O que, de fato, distingue o ato de examinar e o ato de avaliar não são
os instrumentos utilizados para a colecta de dados, mas sim o olhar que se tenha sobre
os dados obtidos: o exame classifica e selecciona, a avaliação diagnostica e inclui.

2.3. Legislação Sobre a Avaliação


Sobre o rendimento escolar, a Lei 9394/96 de Directrizes e Bases da Educação
Nacional diz que:
A verificação do rendimento escolar deve se dar por meio de uma avaliação contínua e
cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre
os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
finais.

De acordo com a Lei 9394/96, os aspectos qualitativos devem prevalecer sobre os


quantitativos. Atribuir nota é apenas parte do processo. A avaliação deve ter carácter
investigativo e reflexivo, devendo ocorrer no dia-a-dia da sala de aula, sendo mediadora
e diagnóstica do processo de ensino aprendizagem, analisando o desenvolvimento da
capacidade crítica e reflexiva dos estudantes, levando-os a analisar e interpretar as
informações obtidas para que se desenvolvam intelectualmente. Ao se autoavaliar, o
aluno passa a conhecer suas dificuldades, reflectir sobre si mesmo e sobre suas
necessidades.

Art. 1º A avaliação deve ser entendida como um dos aspectos do ensino pelo qual o
professor estuda e interpreta os dados da aprendizagem e de seu próprio trabalho, com
as finalidades de acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos,
bem como diagnosticar seus resultados e atribuir-lhes valor. 1º - A avaliação deve dar
condições para que seja possível ao professor tomar decisões quanto ao

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aperfeiçoamento das situações de aprendizagem. 2º - A avaliação deve proporcionar
dados que permitam ao estabelecimento de ensino promover a reformulação do
currículo com adequação dos conteúdos e métodos de ensino. 3º - A avaliação deve
possibilitar novas alternativas para o panejamento do estabelecimento de ensino e do
sistema de ensino como um todo. Art. 2º - Os critérios de avaliação, de responsabilidade
dos estabelecimentos de ensino, devem constar do Regimento Escolar, obedecida a
legislação existente. Parágrafo Único - Os critérios de avaliação do aproveitamento
escolar serão elaborados em consonância com a organização curricular do
estabelecimento de ensino. Art. 3º - A avaliação do aproveitamento escolar deverá
incidir sobre o desempenho do aluno em diferentes situações de aprendizagem. 1º - A
avaliação utilizará técnicas e instrumentos diversificados. 2º - O disposto neste artigo
aplica-se a todos os componentes curriculares, independente do respectivo tratamento
metodológico. 3º - É vedada a avaliação em que os alunos são submetidos a uma só
oportunidade de aferição. Art. 4º - A avaliação deve utilizar procedimentos que
assegurem a comparação com os parâmetros indicados pelos conteúdos de ensino,
evitando-se a comparação dos alunos entre si. Art. 5º - Na avaliação do aproveitamento
escolar, deverão preponderar os aspectos qualitativos da aprendizagem, considera a
interdisciplinaridade e multidisciplinaridade dos conteúdos. Parágrafo único – Dar-se-á
relevância à actividade crítica, à capacidade de síntese e à elaboração pessoal, sobre a
memorização. Art. 6º - Para que a avaliação cumpra sua finalidade educativa, deverá ser
contínua, permanente e cumulativa. (BRASIL, 1996).

Ao fazer uso de diferentes formas de avaliação o professor tem, a seu favor, um


rico componente de aprendizagem que irá contribuir para a evolução do educando, já
para o aluno.
A avaliação deve ser um instrumento para estimular o interesse e motivar o aluno para
maior esforço e aproveitamento, e não uma arma de tortura ou punição. Nesse sentido, a
avaliação desempenha uma função energizante, à medida que serve de incentivo ao
estudo. Mas complementando essa função, a avaliação desempenha, também, outra: a
de feedback ou retro alimentação, pois permite que o aluno conheça seus erros e acertos.
(HAYDT, 1997:27).

Segundo HAYDT (1997), para que a função da avaliação seja realmente


energizante, o professor deve fornecer aos alunos o resultado da prova, ou seja, os
alunos precisam saber quais foram seus erros e acertos, pois dessa forma o aluno será
estimulado a estudar mais para corrigir suas falhas.
Portanto, após uma avaliação, quanto antes o aluno conhecer seus acertos e erros, mais
facilmente ele tende a reforçar as respostas certas, sanar as deficiências e corrigir os
erros. Dessa forma, a avaliação contribui para a fixação da aprendizagem e constitui um
incentivo para o aluno aprender (e não apenas se preocupar com a nota). (HAYDT,
1997:28).

Tanto aluno quanto professor, precisam saber em que nível se encontra a


aprendizagem e o que deve ser feito para avançar, para que isso ocorra, cabe ao
professor informar o que será trabalhado durante a aula e o porquê de estudar
determinado conteúdo. Ao escolher qual será o instrumento de avaliação, o educador
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deve ter claro se o mesmo tem coerência com a prática diária, se é relevante para a
aprendizagem e se aponta os caminhos para que possa haver as intervenções
necessárias, identificando as reais necessidades dos alunos, pois, o que realmente deve
ser valorizado são os conhecimentos que os alunos adquirem ao longo do período letivo
e não apenas as notas que atingem.

2.4. O que é e Para que Serve a Avaliação Escolar?


Avaliar vem do latim “a+valere”, que significa atribuir um juízo de valor
(LUCKESI, 1995:28).

De acordo com o dicionário Michaelis (1950), o verbo examinar significa:


“proceder ao exame de, inspeccionando atenta e minuciosamente. Investigar a aptidão
ou capacidade de (...)” Mesmo com tantas mudanças no âmbito educacional, ainda
prevalece em nossas escolas a prática do exame escolar ao invés da avaliação da
aprendizagem de nossos alunos.

Para Luckesi, (2011:181), “os exames escolares e académicos estão voltados para o
passado”, pois o professor espera e deseja que o aluno apenas reproduza aquilo que
aprendeu. Na prática do exame,
não importa o que ainda possa ou precise aprender, e, sim que ele seja classificado com
base na aprendizagem manifestada ao responder aos instrumentos de colecta de dados
sobre o seu desenvolvimento aqui e agora. (LUCKESI, 2011:182)

Nesta visão, o ato de examinar tem como objectivo classificar o aluno com o
aprovado ou reprovado, levando em conta somente o conhecimento que o aluno
adquiriu até o momento, deixando de lado os encaminhamentos necessários para que
haja a recuperação da aprendizagem desse aluno.

De acordo com HOFFMANN (1993), os professores apenas “constatam os


resultados e os apontam. Como se bastasse apontar aos pacientes sua doença sem lhe
oferecer tratamento adequado”. (HOFFMANN, 1993:57).

Assim, cabe ao professor, verificar as dificuldades dos alunos e oferecer-lhes


condições para que possam sanar suas dificuldades e ir além no processo de ensino
aprendizagem, e não apenas aplicar testes com o objectivo de constatar resultados,

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reforçando a ideia de uma concepção de avaliação que tem como objectivo classificar o
aluno, pois dessa forma, para Hoffmann, (1993:56) “o teste é a prova que comprova um
resultado numérico atribuído pelo professor”.

Ao ser utilizado como um instrumento classificatório o teste deixa de cumprir sua


real finalidade que é a de ser, de acordo com Hoffmann, (1993:59).
(...) é um instrumento de investigação sobre a acção de ambos os sujeitos envolvidos no
processo educativo: aluno e professor. Considerando-se essa perspectiva do teste, o que
se pretende é a formulação de hipóteses sobre a produção conjunta de conhecimento:
qual o significado de determinadas respostas dos alunos nesse momento do processo de
aprendizagem? Como partir do conhecimento produzido até esse momento para auxiliar
o aluno a ir além, ampliar o seu saber?

Ao testar ou examinar o professor desconsidera a manifestação e discussão de


ideias dos educandos. Ao elaborar seu instrumento de colecta de dados o professor deve
e precisa levar em consideração todos os factores que possam interferir no momento da
avaliação como, por exemplo, factores psicológicos, sociais, históricos e biológicos,
pois as dificuldades dos educandos dependem das condições que se dá o ensino, da
relação com o professor e com o currículo.

Nesse sentido, deve-se levar em consideração que são inúmeros os factores que
podem influenciar os resultados de uma boa ou má aprendizagem. Ao apenas examinar
o aluno, o educador não leva em consideração o processo pelo qual o educando passou
até chegar ao produto final.
Ao professor examinador interessa apenas o desempenho final do aluno, isso se
constata na afirmação de Luckesi, (2011:187).
A situação é tão verdadeira, que, se um estudante apresentar respostas correctas obtidas
por meios fraudulentos e não for descoberto nessa prática, as respostas são assumidas
como certas, pois se olha somente para o produto.

Para que tal situação se torne ainda mais clara, o autor nos dá um exemplo que
ocorre fora da escola.
(...) o vestibular como meio de acesso ao ensino superior ou a prova realizada em
qualquer concurso para acesso a determinada actividade profissional numa empresa ou
numa instituição pública caracterizam-se como exames, nessas ocasiões, tem-se em
conta somente o desempenho do examinando no momento em que ele está sendo
examinado – nem antes nem depois. É com esse desempenho que será classificado no
ranking selectivo. (LUCKESI, 2011:187).

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Segundo LUCKESI (2011), dentro da escola essa realidade não é diferente, o aluno
não está concorrendo a uma vaga, mas é examinado para ser classificado numa escala
de notas que terá como resultado final sua aprovação para a série seguinte ou sua
reprovação, ou seja, é meramente classificatória, pois há uma preocupação excessiva
com os resultados finais e, infelizmente esse tipo de avaliação é praticada como se não
fizesse parte do processo ensino aprendizagem.
(...) Essas dificuldades apontam para a distância entre as riquezas das propostas teóricas
e a precariedade das práticas avaliativas, predominantemente tecnicistas, onde avaliar
significa medir, atribuir notas a situações de prova com único resultado de
aprendizagem, acarretando em grande parte os problemas de repetência, fracasso e
exclusão escolar. (CAPELLETTI, 1999:20).

O que se percebe é que a prática do professor ainda está restrita ao transmitir


conteúdos e corrigir as actividades que são solicitadas aos alunos num processo
desvinculado da aprendizagem. Nesse sentido, vê-se claramente que o modelo
tradicional de ensino ainda persiste em muitas de nossas escolas.

2.5. O Papel da Avaliação nos Processos de Ensino e Aprendizagem


A sociedade actual evoluiu muito e apresenta características muito diferentes da
sociedade de 20 anos atrás. O que vimos até aqui, demonstra como persistem em muitas
de nossas escolas o método tradicional de avaliação de nossos alunos, que como
percebe-se não é prática de avaliação e sim prática de exame.

Há um discurso contraditório entre os educadores. De acordo com Hoffmann,


(1993:28).
Embora professores ainda relacionem estreitamente a acção avaliativa a uma prática de
provas finais e atribuição de graus classificatórios (coerente a uma concepção
sentenciva), criticam eles mesmos o significado dessa prática nos debates em torno do
assunto.

Segundo HOFFMANN (1993), os educadores criticam a maneira como a avaliação


vem sendo utilizada em nossas escolas, mas ao mesmo tempo, continuam agindo de
acordo com as exigências do sistema burocrático de ensino e acabam reduzindo a
avaliação a apenas um momento que parece não fazer parte do processo de ensino e
aprendizagem, ou seja, a avaliação da aprendizagem apenas reflecte o poder de uma
sociedade liberal e capitalista que valoriza a memorização e a reprodução do
conhecimento através do registo de resultados.

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De acordo com a LDB 9394/96 em seu artigo 24, parágrafo V:
V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação
contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
eventuais provas finais. (BRASIL, 1996).

Embora haja muitas discussões sobre diferentes tipos de avaliação, é a partir de


1990 até os dias actuais, que basicamente a avaliação passa a apresentar três funções:
diagnosticar, controlar e classificar.
De acordo com Haydt, (1994:16), “relacionadas a essas três funções, existem três
modalidades de avaliação: diagnóstica, formativa e sumativa”.

E essas três modalidades de avaliação devem se complementar: a diagnóstica


detecta as dificuldades, a formativa fornece dados para aperfeiçoar o processo de ensino
e aprendizagem e a sumativa classifica os resultados de aprendizagem alcançados pelos
alunos.

A avaliação diagnóstica identifica dificuldades e avanços no processo de aquisição


de conhecimento e pode ser usada para classificar ou subsidiar a aprendizagem.

Para PENNA FIRME (1994:6) “[...] as avaliações diagnósticas são conduzidas


com o propósito de identificar as fraquezas e as potencialidades dos estudantes, com o
intuito de informar futuras estratégias ao professor e ao aluno”.

Através do diagnóstico se chega à avaliação formativa, que tem como objectivo a


promoção de sujeitos.
Dessa forma, o ato de avaliar não serve como pausa para pensar a prática e retornar a
ela. Mas sim como meio de julgar a prática e torna-la estratificada. De fato o momento
de avaliação deveria ser um “momento de fôlego” na escalada, para, em seguida,
ocorrer a retomada da marcha de forma mais adequada, e nunca como um ponto
definitivo de chegada, especialmente quando o objecto da acção avaliativa é dinâmico
como, no caso, a aprendizagem. Com a função classificatória, a avaliação não auxilia
em nada o avanço e o crescimento. Somente com a função diagnóstica ela pode servir
para essa finalidade. (LUCKESI, 2005:34-35).

A avaliação diagnóstica exige que o professor medeie o processo de construção de


novos conhecimentos, exige que o professor permaneça mais tempo em sala de aula,

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pois deve atender o aluno individualmente e lhe oferecer novas situações desafiadoras,
novas explicações e também indicar leituras que possam enriquecer o tema estudado.
Para Hoffmann (2003:63):
[...] na concepção mediadora a acção educativa realiza-se com base na busca de
alternativas de integração aluno - escola, com vistas a que, mediante questões
desafiadoras, o educando desenvolva a sua autonomia nos diversos campos de sua
formação, seja este moral, afectivo, intelectual ou social.

Assim, dependendo da maneira como o professor age após a aplicação de uma


avaliação é que vai ser definido se essa avaliação tem carácter classificatório ou se
permite a tomada de decisões quanto à continuidade dos processos pedagógicos,
estimulando o aluno à reflexão daquilo que ele precisa melhorar no seu processo de
aquisição de novos conhecimentos.

A avaliação formativa pressupõe desenvolver competências, ou seja, é um processo


que ocorre de forma contínua, participativa, diagnóstica e investigativa. Através da
avaliação formativa é possível verificar os avanços e dificuldades do aluno e dessa
forma intervir agindo e redefinindo os rumos que devem ser percorridos fazendo
considerações relevantes para reconstrução e aprimoramento do saber. A avaliação
formativa é também emancipatória, pois oferece aos alunos a oportunidade de
reflectirem sobre seus avanços, levando em consideração as avaliações realizadas em
diferentes momentos e de diferentes maneiras.
Uma avaliação formativa ajuda o aluno a compreender e a se desenvolver. Colabora
para a regulação de suas aprendizagens, para o desenvolvimento de suas competências e
o aprimoramento de suas habilidades em favor de um projecto. Um professor
comprometido com a aprendizagem de seus alunos utiliza os erros, inevitáveis,
sobretudo no começo, como uma oportunidade de observação e intervenção. Com base
neles, propõe situações – problema cujo enfrentamento requer uma nova e melhor
aprendizagem, possível e querida para quem a realiza. MACEDO, (2007:118).

Percebe-se que a avaliação formativa ou emancipatória, vai além das notas


atingidas em uma prova, ele é uma oportunidade a mais de aprendizagem.

Para HAYDT, (1997:18)


A avaliação sumativa com função classificatória realiza-se ao final do curso, período
lectivo ou unidade de ensino, e consiste em classificar os alunos de acordo com os
níveis de aproveitamento previamente estabelecidos, geralmente tendo em vista sua
promoção de uma série para outra, ou de um grau para outro.

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Na avaliação sumativa é possível proporcionar aos estudantes os chamados
feedback, através deste os alunos podem perceber o nível de aprendizagem alcançado e
tentar atingir um nível maior de conhecimento, esse tipo de avaliação também compara
os resultados obtidos, visando a atribuição de nota.

2.6. Avaliação Enquanto Mediação


O professor deve usar a avaliação como um meio que leve os alunos a pensar,
reflectir sobre o que estão aprendendo, o professor deve orientar suas acções, fazendo
da avaliação um momento de participação do aluno, levando-o a identificar suas
dificuldades e necessidades e a partir dessa verificação conduzi-lo à aquisição de novas
competências.
Ao ter seus objectivos claramente definidos, o professor consegue preparar bem
suas aulas, levando em consideração e analisando os conteúdos curriculares propostos e
verificando se estes são relevantes para a realidade na qual seus alunos estão inseridos.

Para LIBÂNEO, (1994, apud BARBOSA, 2016, p. 2)


A avaliação é uma tarefa didáctica necessária e permanente do trabalho docente, que
deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela os
resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos
alunos são comparados com os objectivos propostos a fim de constatar progressos,
dificuldades e reorientar o trabalho para as correcções necessárias.

A principal preocupação que o professor dever ter é se a avaliação está levando seu
aluno ao crescimento e, se os objectivos propostos estão sendo atingidos. Avaliar é um
processo que exige compromisso e responsabilidade, a avaliação deve contribuir para a
compreensão das necessidades e dificuldades dos alunos, com o objectivo de rever,
mudar e adoptar acções que favoreçam o desenvolvimento integral do aluno, bem como
levar professores e estudantes a compreenderem de forma mais organizada o processo
de ensinar e aprender, sendo utilizada dessa forma, a avaliação perde seu carácter de ser
punitiva e classificatória.

A prática a avaliativa deve ser planejada a partir das interacções que ocorrem no
interior da sala de aula com os alunos e de acordo com as possibilidades de
entendimento dos conteúdos que estão sendo abordados; ao pensar nos instrumentos de
avaliação o professor deve verificar se a linguagem utilizada está sendo clara e

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objectiva, se há um contexto bem elaborado, se o conteúdo é significativo para o aluno
que está sendo avaliado, se está coerente com os objectivos do ensino e se explora a
capacidade de leitura e de escrita do aluno.

O principal objectivo da avaliação é fornecer informações acerca das acções da


aprendizagem e, por esse motivo, não pode ser realizada apenas no final do processo,
pois dessa forma o seu objectivo principal, que é a aprendizagem do aluno, acaba se
perdendo.

Para LUCKESI (2008:176) “a avaliação dever ser definida como um ato amoroso
no sentido de que a avaliação, por si, é um ato acolhedor, integrativo e inclusivo”, ou
seja, o ato de avaliar deve proporcionar oportunidades para que professor e alunos
possam interagir com o objectivo de fazer com que os educandos assimilem novos
conhecimentos.
O professor deve avaliar de diferentes maneiras e em diversos momentos pois,
dessa forma,
a avaliação deixa de ser um momento terminal do processo educativo para se
transformar na busca incessante da compreensão das dificuldades do educando e na
dinamização de novas oportunidades de conhecimento. HOFFMANN, (2008:19).

Ao se caracterizar como um processo contínuo, a avaliação passa a ser auxiliar do


crescimento, pois visa diagnosticar as dificuldades dos alunos e orientar os professores
quanto à metodologia que deve ser empregada para que haja a real construção da
aprendizagem, dessa maneira o professor passa a ser o mediador entre o aluno e o saber.

É nesse sentido que percebemos como as três modalidades de avaliação: formativa,


sumativa e diagnóstica se complementa.

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Conclusão
Face ao exposto, a importância de se verificar o contraste entre o institucional
normativo e o efectivamente praticado. Tal discrepância configura um distanciamento
entre o ideal (norma) e o real (prática). No que se refere ao processo avaliativo, é
notória a total diferenciação entre a realidade ilusória estabelecida por leis, pareceres,
estatutos e regimentos e a realidade concretizada através da aplicabilidade prática nas
salas de aulas. A avaliação adoptada em sala de aula tem impacto directo e indirecto no
processo de ensino – aprendizagem. Dessa forma, torna indispensável um
aperfeiçoamento constante em busca de novas técnicas e metodologias mais eficientes e
eficazes através do melhor panejamento e implementação cuidadosa.
Contudo, pode-se observar que, como a educação, a avaliação também tem uma
função política, pois ela deve ser aliada num processo docente crítico e construtivo a
serviço da aprendizagem dos alunos, no que diz respeito as suas capacidades cognitivas
e sociais.

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Bibliografia
BARBOSA, Maria R. L. da S.; MARTINS, Angélica P. R. Avaliação: Uma prática
constante no processo de ensino e aprendizagem. 2016.
________.Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Estabelece as
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: 1996.
CAPPELLETTI, Isabel Franchi (org.). Avaliação Educacional: fundamentos e práticas.
São Paulo. Articulação Universidade/Escola, 1999.
HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. 6ª ed. São
Paulo, Ática: 1997.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 12ª
ed. Porto Alegre: Educação e Realidade, 1993.
LUCKESI, Cipriano Carlos. A avaliação da aprendizagem escolar: estudos e
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VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação: concepção dialética libertadora do
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PENNA FIRME, T. Avaliação Políticas Públicas em Educação. Rio de Janeiro, v. 2.
1994.

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