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NATUREZA JURÍDICA DO DTO DE FAMÍLIA

1. Natureza de Grupo e Interiormente: o DF define as relações jurídicas


familiares que se desenvolvem dentro de um determinado grupo, grupo
familiar (composto por membros ligados entre si por diversos vínculos
familiares, como sendo o parentesco (por laços de sangue ou adopção,
afinidade, a tutela, a união de facto e o casamento); Interiormente –
porque circula de membro para membro em reciprocidade ou seja o dto do
marido em relação a mulher, corresponde os direitos da mulher em relação
ao marido e o mesmo ocorre nas demais relações entre pais e filhos e entre
parentes etc.
2. Natureza Funcional: os DF são na sua maior parte verdadeiros poderes
funcionais porque devem ser exercidos de acordo com a função que a lei
lhes assinala. O fim em vista do qual o dto é exercido tem que ser aquele
que é permitido por lei.
3. Natureza Imperativa e Indisponibilidade: porque os institutos do DF,
são regulados por normas interrogáveis de natureza imperativa. As normas
relativas ao casamento, divorcio, filiação etc, não podem ser derrogadas
ou substituídas por outras estabelecidas por acordo entre as partes.
4. Natureza Pessoal: é um dto eminentemente pessoal, derivada como
consequência o facto de serem direitos indisponíveis que não podem ser
cedidos ou transmitidos a outrem por vontade das partes. Os dtos são
intransmissíveis quer inter vivos ou mortes causa, porque extinguem-se
com a morte do titular. Excepcionalmente a lei permite a transmissão de
alguns dtos por morte a certos herdeiros. São ainda dtos irrenunciáveis,
porquanto não consentir que os titulares a eles renunciem.
5. Estabilidade: registo civil e tipicidade: as relações de família são por
natureza de carácter duradouro delas resultando situações jurídicas
estáveis e permanentes a que se chama estados. O estado civil é uma
situação jurídica complexa e duradoura e é formado por um conjunto de
direitos, deveres, faculdades etc, relativos a uma determinada pessoa
enquanto membro da comunidade familiar. Os estados são: solteiro,
casado, divorciado ou viúvo. Em relação a família temos o estado de filho
quanto ao parentesco e à afinidade, temos o estado de parente, o estado de
afim. Estes dtos pela importância social que têm na vida de cada cidadão e
da sociedade em geral, estão sujeitos a um regime especial que se
denomina o registo civil. Este registo, torna publico os factos pertinentes à
identificação de cada cidadão e bem assim ao seu estado familiar.
6. Efeitos Pessoais do Casamento
a) Igualdade de Direitos e Deveres: do casamento os cônjuges adquirem
estatuto jurídico de casados. As relações conjugais são baseadas em dtos e
deveres recíprocos. O vínculo matrimonial é por natureza estável e
duradouro: através do casamento, marido e mulher criam uma nova
família, á qual devem dar o melhor de si mesmos. O princípio de
igualdade dos cônjuges na celebração do casamento durante a sua vigência
e quando da sua dissolução constitui a linha mestra em que assenta toda
estrutura das relações pessoais dos cônjuges. As relações conjugais são
pois baseadas em direitos e deveres recíprocos de tal forma que cada
direito corresponde a assunção de um dever. Artº 2º nº2 da C.F.
b) Plena comunhão de vida: envolvem relações de carácter físico, afectivo
e intelectual entre marido e mulher. Advêm ainda efeitos pessoais director
como sendo o relacionamento físico que abrange a convivência sexual
comum. A recusa injustificada às relações sexuais por parte de um dos
cônjuges ou a impotência para a sua consumação constituem factos que
podem ser considerados como violação dos deveres conjugais ou causa de
nulidade do casamento. A comunhão de vida constitui a finalidade legal do
casamento, tem como substrato o facto material de os cônjuges viverem
em coabitação, isto é terem uma residência comum, da qual implicará a
comunhão de cama, mesa e habitação.
c) Decisão Comum: daqui decorre que os cônjuges decidem em comum os
assuntos fundamentais da família. Artº48º. Também no exercício da
autoridade paternal sobre os filhos menores o pai e mãe são titulares de
direitos e deveres iguais não se sobrepondo a vontade de um a do outro.
Artº127º. Ao tomar as suas decisões comuns deverão obter o consenso
entre si, não predominando a vontade ou o capricho de um deles. Eles têm
o dever de agir de acordo com o interesse da própria família tendo em
vista o benefício desta e não o seu próprio interesse pessoal. Ao tomarem
as deliberações comuns da vida da família, cada um dos cônjuges deve
respeitar a personalidade do outro no interesse dos filhos do casal agindo
numa base de mútua transigência.
7. Poderes e Deveres matrimoniais
a) Poder-Dever de respeito: Ele envolve o dever de prestar ao (e o direito de
exigir do) outro consorte o respeito pela personalidade moral e física,
abstendo-se de qualquer conduta ofensiva ou atentatória da integridade física
ou moral do outro cônjuge. Cada um dos cônjuges deve ter em conta que o
outro é uma pessoa humana dotada de personalidade e de dignidade próprias.
A violação do dever de respeito em relação ao outro cônjuge pode consistir
em diversas condutas, tais como as agressões físicas, as ofensas morais, as
humilhações, o uso directo de expressão ofensivas, a difamação perante
terceiros, a falsa atribuição ao outro cônjuge de condutas desonestas ou ainda
a propagação não justificada perante terceiros de aspectos íntimos da vida do
casal.
b) Poder – Dever de Fidelidade: Em virtude do casamento, os cônjuges
obrigam-se à convivência sexual comum, ficando simultaneamente inibidos
de manter relações sexuais com terceira pessoa. O dever de fidelidade
envolve, pois, a obrigação de vida sexual exclusiva entre os cônjuges. No
conceito estrito do dever de fidelidade está a obrigação do cônjuge de não
manter relações carnais fora do casamento, o que consubstancia o conceito de
adultério. Há, porém, quem entenda que a infidelidade pode traduzir-se numa
mera relação amorosa como terceira pessoa ou numa conduta de que possa
resultar presunção de adultério, fazendo a distinção entre a infidelidade
material, que é o adultério consumado, e a infidelidade moral, que pode
consistir numa relação amorosa de simples namoro. Esta última conduta
poderá integrar-se com mais rigor na violação do dever de respeito, acima
mencionado. Há quem entenda como infidelidade as relação de natureza
homossexual de um cônjuge com terceiro do mesmo sexo. A relação
matrimonial é, na essência, uma relação de confiança. Nenhum dos cônjuges
pode coercivamente obrigar o outro ao dever de fidelidade, sendo-lhe, porém,
permitido reagir em relação ao outro se houver quebra desse dever, pois tal
pode constituir uma causa de divórcio.
c) Poder-Dever de Coabitação – como já vimos, o dever de coabitação
consiste na convivência material de marido e mulher em comunhão de cama,
mesa e habitação, segundo o modelo social de convivência conjugal. A
coabitação pressupõe, pois, a residência familiar comum, um tecto sob o qual
os cônjuges devem manter o seu relacionamento recíproco. O local onde
coabitam os cônjuges, ou seja, a residência familiar, é, pela sua importância
para a estrutura familiar, especialmente protegida por lei. Os cônjuges tem o
dever de viver juntos, diz o artº44º do C.F. O Poder-Dever de coabitação
aparece, no seu aspecto externo, representado pelo facto de os cônjuges
viverem numa residência, o que leva a presumir que dentro dela os cônjuges
mantenham o demais relacionamento normal próprio da vida matrimonial.
Como vimos, os cônjuges podem suspender transitoriamente a obrigação da
vida em comum por razões de diversa índole (razões de saúde, de formação
profissional, o interesse dos filhos etc), sem que como tal pensem pôr fim ao
seu relacionamento conjugal. Ele produz desde logo efeitos em relação ao
exercício da autoridade paternal sobre os filhos menores do casal. O direito-
dever de coabitação dos cônjuges na residência comum do casal é o suporte
do direito ao arrendamento, no caso de dissolução do casamento, e do direito
de cada um dos cônjuges a manter-se no domicilio conjugal
independentemente da vontade do outro cônjuge, durante a permanência do
vínculo conjugal.
d) – Poder-Dever de Cooperação – O Poder-Dever de cooperação vem
mencionado no artº45º do C.F e impõe a cada um dos cônjuges a obrigação de
cooperar e de participar em todos os actos da vida familiar, prestando-se
reciprocamente entre-ajuda, quer nos actos da vida doméstica quer na criação
e educação dos filhos. Este artº45º diz especificamente que os cônjuges
devem participar de forma solidária na vida familiar e comparticipar nos
trabalhos domésticos. Tal repartição de tarefas dentro da vida do lar vai
permitir à mulher, quando tal não pretenda, não arcar com a totalidade da
sobrecarga de prestação de serviços que a manutenção do agregado familiar
requer. O princípio da cooperação procura assim uma distribuição equitativa
e harmónica de todos os actos que integram a vida em comum do casal,
assumindo cada um dos cônjuges as tarefas que estejam em consonância as
suas próprias capacidades, nu espírito de altruísmo e de afecto recíproco.
e) Poder-Dever de Assistência – O dever de assistência pode traduzir-se em
dois aspectos complementares: o de assistência material e o de assistência
moral. O dever de assistência no sentido material implica que cada cônjuge
tem o dever de prestar ao outro ajuda económica, quando ele carecer, e ainda
o dever de ambos participarem nas despesas que resultem da vida comum
(encargos normais da vida familiar). O dever de assistência no sentido
material obriga em princípio os cônjuges a contribuir com valores pecuniários
para a manutenção da família. No caso de um dos cônjuges não auferir
salários ou rendimento próprio, essa prestação pode ser consubstanciada na
prestação de serviços ou na produção de bens. O dever de assistência material
mantém-se mesmo no caso de haver separação de facto e pode até persistir
para além da dissolução do vínculo matrimonial. O ex-conjuge pode ter
direito a prestação de alimentos por parte do outro. O artº 46º do C.P dispõe
que os cônjuges devem contribuir conjuntamente para os encargos da vida
familiar, de harmonia com as suas possibilidades, devendo entender-se como
encargos da vida familiar os que abrangem o sustento, vestuário, habitação e
todos os necessários a vida normal da família. Mas podem também abarcar os
encargos de natureza excepcional, como os decorrentes de necessidades de
tratamento médico, de um óbito, etc.
NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO AO DIVÓRCIO
O direito ao divórcio caracteriza-se em primeiro lugar por se tratar de uma
simples faculdade legal. Como faculdade que é, a lei deixa ao titular do direito ao
divórcio a decisão de querer ou não usar desse direito, e por esta razão se pode
concluir que ninguém é obrigado a exercê-lo. As faculdades reflectem um
interesse do titular, não têm um objecto específico e têm diante de si sujeitos
meramente passivos como obrigações sem direitos. Mesmo que se verifiquem
num determinado casal factos que podem constituir fundamento legal para
declarar o divórcio, não se torna obrigatória que ele se venha a operar. O direito
ao divórcio caracteriza-se ainda por ser um direito potestativo, o que implica que
ele pode ser exercido independentemente da vontade do outro cônjuge. O
cônjuge titular do direito ao divórcio, se quiser obtê-lo, deve expressar essa
vontade na competente acção judicial. Obtida a confirmação judicial de que os
fundamentos invocados existem, é proferida a sentença judicial que declara, com
base neles, a dissolução do casamento por divórcio. O outro cônjuge,
contrariamente a um entendimento erróneo muito difundido, não tem que
conceder ou não conceder o divórcio, mas sim suportar os efeitos jurídicos que
vão advir do exercício do direito ao divórcio pelo outro cônjuge. É um direito de
natureza irrenunciável, não podendo os cônjuges fazer antecipadamente qualquer
declaração de renúncia ao direito ao divórcio, seja essa renúncia feita de forma
genérica, seja por forma específica, renunciando previamente ao direito ao
divórcio, por este ou aquele fundamento legal. As acções de divórcio, como as
demais acções de estado, porque se repercutem no estado civil das pessoas, não
podem ser objecto de confissão ou transacção judicial , mas tão somente de
desistência – artº299º, nºs 1 e2 do C.P.C.
Também no nosso direito a acção de divórcio não pode ser exercida por meio de
mandato outorgado a terceiro, e só no caso de interdição ela pode ser exercida
pelo representante legal do interdito, nos termos aliás previstos para os poderes
de accionar contidos no artº238º, alínea c) do C.F.
CAUSAS DE EXTINÇÃO DO DIREITO AO DIVÓRCIO
A – Instigação
A instigação verifica-se quando a conduta faltosa do cônjuge deriva do
comportamento deliberado do outro. Deste modo, muito embora se verifiquem
factos que podiam constituir causas legais de divórcio por infracção de deveres
conjugais, sucede que eles decorreram de instigação ou provocação por parte do
outro. Estamos perante causas de justificação, ou causas de exclusão da ilicitude,
pelo que o comportamento do cônjuge deixa de se ilícito, em razão do
comportamento que, em relação a essa falta, teve o outro cônjuge.
O artº100º do CF, exclui o direito a obtenção do divórcio por parte do
cônjuge que tiver instigado o outro a praticar o facto invocado como fundamento
do pedido, ou que tenha criado intencionalmente condições propícias a sua
verificação.
B – O Perdão e Reconciliação
O perdão é um acto jurídico unilateral, que se insere no âmbito da vontade
do titular do direito ao divórcio. O cônjuge pode livremente considerar que
prefere esquecer a ofensa e manter a vida conjugal com o outro cônjuge.
O perdão pode ser concedido sob condição de o cônjuge culpado não
reincidir. O cônjuge que concede o perdão deve exigir garantia e segurança de
que o outro não volta a prevaricar.
Além do perdão, existe ainda a reconciliação dos cônjuges como causa
extintiva do direito ao divórcio. A reconciliação é já um acordo da vontade de
ambos os cônjuges e consiste simultaneamente na verificação de dois elementos:
o elemento moral e o elemento material. O primeiro elemento traduz-se na
concordância dos cônjuges em esquecer a ofensa ou ofensas recíprocas,
reconhecendo as próprias culpas quando as houver de ambos. O segundo
elemento, o material, consubstancia-se no facto de a vida em comum dos
cônjuges ser retomada em toda a sua plenitude.
Tanto o perdão como a reconciliação excluem o direito ao divórcio, mas
só revelam quanto a factos anteriores, traduzindo-se numa renúncia tácita de
requerer o divórcio perante uma situação concreta. Não tem relevância quanto a
factos supervenientes ou quanto a factos cujo conhecimento seja posterior ao
perdão ou conciliação.
O perdão e a reconciliação, como actos jurídicos, estão sujeitos a ser
anulados no caso de se apurar que a sua concessão ou produção se verificaram
em virtude de erro, dolo ou coação.
O cônjuge que na acção de divórcio invoca factos que integrem o perdão
por parte do outro ou a reconciliação dos cônjuges terá sobre si o encargo do
ónus da prova desses factos, de acordo com a regra geral do artº342º, nº2 do C.C
já citado.
C – A Caducidade do Direito ao Divórcio
O exercício do direito ao divórcio está ainda sujeito a caducidade se não
for exercido no prazo legal.
Hoje, o artº102º do CF, mantém o prazo de dois anos para o exercício do
direito ao divórcio.
EFEITOS DA DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO
1 – Efeitos da dissolução do casamento por morte
O estado de viuvez inicia-se com a morte do outro cônjuge, verificada
directamente pela data constante do assento de óbito ou indirectamente pela data
presumível da sua verificação declarada pelo tribunal. A partir desse momento
cessam em relação ao cônjuge supersiste os direitos e deveres que decorriam do
casamento. No entanto, o viúvo conserva na sua titularidade vínculos pessoais
próprios do casamento anteriormente contraído.
a) Direito ao nome – artº 1675º
NULIDADE DO CASAMENTO
Graus de invalidade
a) Inexistência do casamento – todo aquele a que faltar qualquer dos pressupostos
da existência do mesmo, nomeadamente: pessoas do mesmo sexo, pessoas que
não tenham poderes funcionais para tal (casamento farsa) e falta da vontade de
um ou ambas as partes
AUTORIDADE PATERNAL E SEU EXERCÍCIO
É o direito atribuído ao pai e a mãe e é de natureza pessoal, irrenunciável e
intransmissível. Excepcionalmente, a autoridade paternal é renunciável – é o que
acontece no caso da constituição do vínculo de adopção.
Em natureza funcional, pois é atribuída ao pai e mãe, não no seu próprio
interesse, mas no interesse do filho e da sociedade. (art. 130º)
O exercício pelos pais, no seu próprio interesse, da autoridade paternal,
prejudicando o interesse do filho, constitui abuso de direito e deve obrigar os
órgãos de educação e de assistência, da Procuradoria da Republica e dos
Tribunais, em defesa do menor.
O Tribunal pode intervir para alterar as decisões que os pais tenham tomado
relativamente à vida do filho e que sejam lesivas do interesse do menor e da
sociedade em geral.(art. 140º/2).
Ela é exercida durante a menoridade do filho (art. 134º/1).
CONTEUDO DA AUTORIDADE PATERNAL
Tem como conteúdo um conjunto de poderes, de deveres e de prerrogativas que
incidem sobre a própria pessoal física e moral do filho e sobre o seu património.
Convista a prossecução dos fins para cuja realização se atribui a autoridade
paternal, a lei prevê o dever de obediência dos filhos em relação a seus pais (artº
137º, 2º/2 e 6º), art. 12º Convenção das Nações Unidas Sobre o direito das
Crianças.
CONTEUDO DE NATUREZA PESSOAL
Vem expresso no art. 135º no qual incumbe aos pais a guarda, vigilância e o
sustento dos filhos menores e a prestação de cuidados com a saúde e educação.
a) PODER DEVER DE GUARDA
Os pais devem manter os filhos em convivência directa consigo, protegendo-
os na sua integridade física e moral e integrando-os no seu agregado familiar
em vivência comum. O direito a guarda consubstancia-se na obrigação e no
direito do filho a viver com os pais na residência destes. (art. 136º).
Por via do poder dever de guarda, os pais são investidos no direito de fixar o
domicílio do filho menor. (art. 85º CC). A retirada dos filhos menores da
residência dos pais sem seu consentimento constitui ilícito penal tipificado
nas formas de subtracção de menores, constrangimento a abandonar a casa de
residência, ocultação, troca ou descaminho art. 343º e 344º CP). Aqui os pais
podem pedir intervenção da polícia para a entrega do filho. A lei não permite
o afastamento dos filhos menores da residência familiar, seja por meio de
expulsão ou qualquer outro meio de expulsão. Os pais podem delegar os seus
poderes em terceira pessoa, colocando o filho em colégio, em casa de parente,
ou instituição social, desde que seja idónea a entidade a quem o menor é
entregue. Aqui dá-se a continuação do exercício do poder paternal de guarda
através de um intermediário que é um acto de natureza temporária.
b) PODER DEVER DE VIGILANCIA
Os pais devem velar pela integridade física e moral dos filhos, afastando-os dos
perigos que possam atingir na sua própria pessoa ou na sua formação moral. No
aspecto moral, devem velar sobre as relações do filho, impedindo que ele conviva
e acompanhe pessoas moralmente mal formadas que possam incutir-lhe vícios ou
comportamentos censuráveis. Tem o direito de fiscalizar as relações dos filhos. O
dever de vigilância resulta para os pais a obrigação de impedirem que o filho
pratique actos lesivos dos direitos de outrem, sendo no geral responsáveis pelos
actos cometidos pelo filho (art. 419º CC). A lei atribui a culpa in vigilando aos
pais ou a quem os substitui o dever de reparar os danos causados por conduta de
natureza dolosa ou meramente culposa dos filhos menores.
c)PODER DEVER DE PRESTAÇÃO DE SUSTENTO E CUIDADOS DE
SAUDE
É um dever primordial dos pais em relação aos filhos (art. 135º e 249º/1). A
obrigação de alimentos é uma forma do dever de assistência material e nela se
incluem a prestação de alimentos, vestuário, habitação e educação. Esta é uma
obrigação de natureza solitária dos pais, porque pode ser exercida na sua
totalidade a qualquer um dos pais. A prestação de cuidados de saúde envolve tudo
quanto diga respeito ao desenvolvimento físico e psíquico do menor, protegendo-
o de doenças através de vacinações e outros meios de sanidade e da devida
autorização para tratamentos ou intervenções cirúrgicas a que o menor seja
submetido.
c) PODER DEVER DE EDUCAÇÃO
O fim essencial e primordial da autoridade paternal, é a formação do filho (art.
130º). Este poder está em consonância com as capacidades e recursos dos pais
(art. 130º/2). Os pais podem orientar o menor a escolher as suas opções escolares
e profissionais.
CONTEUDO DE NATUREZA PATRIMONIAL
a)ADMINISTRAÇÃO ORDINARIA DOS BENS DOS FILHOS
Abrange em regra os poderes de administração legal dos bens dos filhos (art.
138º). No exercício deste direito os pais têm o dever de diligenciar, como impõe
o art. 144º/1. Essa administração está dirigida para a conservação e frutificação
normal dos bens do menor, aproveitando os frutos e rendimentos que os mesmos
produzem, sem alterar a sua estrutura e substancia. Esses actos devem ter como
objectivo a gestão e conservação do património, são pois actos de administração
ordinária. O direito de administração dos bens envolve o direito ao usufruto legal
dos bens dos filhos (art. 143º).
b) BENS EXCLUIDOS DA ADMINISTRAÇÃO DOS PAIS
A administração legal dos bens dos filhos pode porem em certos casos não
pertencer aos pais. É o que verifica conforme o previsto no art. 142º quando se
trate:
- Bens excluídos da administração dos pais por imposição expressa de terceiro ou
do Tribunal (bens doados ou deixados a titulo sucessório ao menor);
- Do produto do trabalho dos filhos (a lei prevê que seja o próprio menor a
usufruir do fruto do seu trabalho).

a) ACTOS DE ADMINISTRAÇÃO EXTRAORDINARIA


A administração legal dos bens dos filhos é, porem, de natureza restrita, pois é
exercida dentro dos limites da administração ordinária, destinada a conservação
dos bens e a sua frutificação normal. Os actos que extravasem este limite só
podem ser praticados coma autorização do Tribunal. (Art. 141º)
EFEITOS DA ANULAÇÃO DO CASAMENTO
Em relação ao cônjuge ou cônjuges de boa fé:
* Se ambos estavam de boa fé o casamento produz efeitos até ao trânsito em
julgado da sentença que declara a sua anulação, ou seja ex-tunc – art. 71º/1.
* O mesmo ocorre quando um só dos cônjuges estava de boa fé, pode ele arrogar-
se a produção dos benefícios do casamento perante o pseudo ex-conjuge e
perante terceiros – art. 71º/2
Aqui pode ser invocada a figura do casamento putativo.
* os pseudo-conjuges passam ao estado civil anterior (solteiro,viuvo ou
divorciado);
- Cessa o direito ao uso do nome e cessa igualmente o vinculo de afinidade;
- Mantém-se o direito à nacionalidade angolana adquirida pelo casamento (art.
12º/3 Lei Nacionalidade);
Efeitos patrimoniais:
- mantém-se as doações entre cônjuges feitas por terceiros;
Efeitos sucessórios:
- se durante a vigência do casamento anulado, o cônjuge tiver sido chamado à
sucessão do outro cônjuge, o efeito sucessório mantém-se.
- Se a sucessão tiver sido proferida a sentença de anulação, o direito sucessório
desaparece.
- Procede-se a liquidação do património;
- Se o cônjuge tiver sido emancipado pelo casamento, a emancipação permanece.
Em relação ao cônjuge de má fé:
Não pode ser invocada a figura do casamento putativo, por isto em relação ao
cônjuge de má fé não produz qualquer efeitos. Não adquirem qualquer beneficio.
- perde-se direito à nacionalidade que tenha sido adquirida;
- Perde-se o uso do nome;
- Perde-se o direito a alimentos;
- Perde-se o direito à emancipação
Efeitos patrimoniais:
- desaparece retroactivamente o regime económico que tiver vigorado e opera-se
a liquidação do património como se de uma sociedade se tratasse;
- Perdem o direito às doações que tenham beneficiado em razão do casamento;
- Deve restituir tudo quanto tenha beneficiado em função do casamento no que
respeita ao direito sucessório.
Em relação aos filhos:
Não prejudica de qualquer forma os filhos. Art.71º/3 CF e 163º

Em relação à terceiros:
Vide art. 71º

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