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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

LICENCIATURA EM ENSINO DE BIOLOGIA

2º ANO

8º GRUPO
HERMENEGILDO MACÁRIO
MARCELINA NORDINO
USSENE MACUGE

PARENTESCO, CASAMENTO E FAMÍLIA EM


MOÇAMBIQUE

Quelimane

2022
8º GRUPO
HERMENEGILDO MACÁRIO
MARCELINA NORDINO
USSENE MACUGE

PARENTESCO, CASAMENTO E FAMÍLIA EM


MOÇAMBIQUE

Trabalho de carácter avaliativo a ser


entregue no Departamento de Ciências
e Tecnologia na Cadeira de
Antropologia Cultural de Moçambique.

Docente: Dr. Camões

Quelimane

2022
Índice

1. Introdução............................................................................................................................3
2. Objectivos............................................................................................................................3
2.1. Geral:................................................................................................................................3
2.2. Específicos:......................................................................................................................3
3. Parentesco, casamento e família em Moçambique..............................................................4
4. Parentesco............................................................................................................................4
4.1. Laços de parentesco.........................................................................................................4
4.1.1. Descendência................................................................................................................4
4.1.1.1. Descendência unilateral dupla..................................................................................4
4.2. Nomenclatura de parente ou terminologia de parentesco................................................5
4.2.1. Nomenclatura de parentesco descritiva........................................................................5
4.2.2. Nomenclatura de parentesco classificatória.................................................................5
4.3. Clã....................................................................................................................................5
5. Família.................................................................................................................................5
5.1. A família quanto às regras de residência.........................................................................6
5.2. A família quanto ao número de cônjuges........................................................................6
5.3. A família quanto à relação de poder................................................................................7
5.4. Quanto ao parentesco.......................................................................................................7
6. Conclusão............................................................................................................................9
7. Referências bibliográficas.................................................................................................10
1. Introdução

A família é o elemento fundamental e a base de toda sociedade, factor de socialização da


pessoa humana. A família, enquanto instituição jurídica, constitui o espaço privilegiado no
qual se cria, desenvolve e consolida a personalidade dos seus membros e onde devem ser
cultivados o diálogo e a entreajuda.

No entanto, a todos é reconhecido o direito a integrar uma família e de constituir família. A


família é a comunidade de membros ligados entre si pelo parentesco, casamento, afinidade e
adopção. É ainda reconhecida como entidade familiar, para efeitos patrimoniais, a união
singular, estável, livre e notória entre um homem e uma mulher.

2. Objectivos

2.1. Geral:

 Apresentar relações de parentesco dentro da Antropologia.

2.2. Específicos:

 Definir os conceitos de parentesco, família, clã, monogamia, poligamia;


 Classificar a família quanto às regras de residência, ao número de cônjuges e quanto à
relação de poder;
 Utilizar a nomenclatura de parentesco.

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3. Parentesco, casamento e família em Moçambique

O estudo das relações de parentesco dentro da Antropologia ocupa um lugar privilegiado.


Nesta parte pretendemos introduzir um conjunto de terminologias técnicas muito
frequentemente usadas no estudo do parentesco.

4. Parentesco

No sentido restrito refere-se aos laços de sangue, mas num sentido mais amplo, também se
aplica aos laços de afinidade ou de casamento (parentesco por afinidade ou por casamento).

4.1. Laços de parentesco

É a relação que decorre da posição ocupada pelo sujeito no sistema de parentesco. Pode-se
falar de três tipos de laços de parentesco:

 Laço de sangue (descendência)


 Laço de afinidade (matrimónio ou casamento)
 Laço fictício (adopção)

4.1.1. Descendência

Relação do sujeito com os seus parentes de sangue. Embora o critério de descendência seja
biológico, em Moçambique a descendência obedece à critérios culturais (de descendência
unilateral). Por exemplo, um indivíduo é sempre filho de uma mãe e um pai, mas na zona
norte de Moçambique leva-se em consideração a descendência matrilinear, enquanto no sul
considera-se a descendência patrilinear. Nas sociedades europeias a descendência é dos dois
progenitores (descendência bilateral).

A descendência matrilinear é também conhecida como descendência uterina, a patrilinear tem


também a designação de descendência agnática, enquanto a descendência bilateral (de ambos
os progenitores) é denominada cognática.

4.1.1.1. Descendência unilateral dupla

Acontece em sociedades que não consideram como preponderante a linhagem matrilinear nem
a patrilinear, porém, orientam-se pela linhagem patrilinear para uns propósitos (ex.: realização

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de funerais, delegação da herança, etc.), e orientam-se pela linhagem matrilinear para outros
propósitos (ex.: o cuidado de crianças, a atribuição de apelidos, etc.)

4.2. Nomenclatura de parente ou terminologia de parentesco

É o sistema de denominações das posições relativas aos laços de sangue e de afinidade.


Exemplos de nomenclaturas de parentesco: pai, mãe, irmão, primo, esposa, cunhado, sogra,
enteado, filho, neto, sobrinha, etc. Importa significar que a nomenclatura de parentesco pode
ser descritiva e classificatória.

4.2.1. Nomenclatura de parentesco descritiva

A nomenclatura de parentesco descritiva é aquela em que se usa um termo diferente para


designar a cada um dos parentes. Exemplo: papá (pai biológico), mamã (mãe biológica), mana
(irmã biológica mais velha), etc.

4.2.2. Nomenclatura de parentesco classificatória

A nomenclatura de parentesco classificatória é aquela em que se emprega indistintamente o


mesmo termo para designar a um grupo de pessoas com quem se tem um laço de parentesco.
Por exemplo, quando se aplica o termo “mamã” para designar à mãe biológica, à irmã da mãe,
ou à madrasta. Também estamos perante a nomenclatura de parentesco classificatória quando
se trata como irmão, ao próprio irmão biológico, ao primo ou ao filho de uma madrasta.

4.3. Clã

Grupo de pessoas dotado de nome e de descendência unilateral, isto é, que deriva de um


ancestral comum e que segue regras de descendência matrilinear/uterina ou
patrilinear/agnática e jamais de ambas simultaneamente.

Os clãs do sul de Moçambique que seguem a descendência agnática ou patrilinear são


designados patriclãs, enquanto os do norte do país que se orientam pela descendência uterina
ou matrilinear denominam-se matriclãs.

5. Família

No sentido mais restrito é o conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo tecto. Mas no
sentido lato, a família é o conjunto das sucessivas gerações descendentes de antepassados
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comuns; já na linguagem do senso comum costuma dizer-se que a família é a célula básica da
sociedade. Por família, também, pode-se entender como o conjunto de parentes por
consanguinidade ou por aliança ou afinidade.

No entanto, existe um tipo de classificação da família que se vale dos seguintes critérios:
regras de residência, número de cônjuges, relação de poder e parentesco.

5.1. A família quanto às regras de residência

Quanto a este critério a família pode ser:

5.1.1. Família patrilocal

Aquela que estabelece uma residência conjunta entre um casal e os pais do homem.
Geralmente nas sociedades meridionais de Moçambique há uma tendência de as famílias
estabelecerem residências patrilocais devido à estrutura e natureza do poder que se centra nas
mãos dos homens.

5.1.2. Família matrilocal

Aquela que estabelece residência conjunta entre o casal e os pais da mulher. Com frequência
acontece nas sociedades setentrionais de Moçambique onde há uma tendência de as famílias
estabelecerem residências matrilocais.

5.1.3. Família neolocal

É a família cujo casal tem uma residência independente da dos pais de ambos os cônjuges.
Este tipo de residência é mais frequente em sociedades urbanizadas onde o estilo de vida
exige uma autonomia das famílias.

5.2. A família quanto ao número de cônjuges

A caso a família classifica-se em:

5.2.1. Família monogâmica

É aquela que quando a união é de um só homem com uma só mulher.

5.2.2. Família poligâmica

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Quando a união é de um só marido com várias esposas ou de uma mulher com vários maridos.

5.2.3. Família poligínica

É o tipo de família em que o homem é quem pratica a poligamia, isto é, a união de um marido
com várias esposas.

5.2.4. Família poliândrica

É a família em que a mulher é quem pratica a poligamia, ou seja, a união de uma mulher com
vários esposos.

5.3. A família quanto à relação de poder

A família pode classificar-se em:

5.3.1. Família patriarcal ou patrilinear

É a família cujo poder é exercido pelo marido. As famílias patriarcais abundam no sul de
Moçambique, sendo que o patriarcado como uma relação de poder incide também no
casamento, na sucessão, na herança e na estrutura social das famílias.

5.3.2. Família matriarcal ou matrilinear

É a família cujo poder é exercido pela mulher. As famílias matriarcais abundam no norte de
Moçambique, sendo que a mulher exerce o poder indirectamente através do seu irmão do sexo
masculino. É este a quem cabe zelar pela orientação da vida dos filhos da irmã, cuidar pela
iniciação desses filhos e legar-lhes a sua herança em caso de morte. O papel do pai biológico
é quase que passivo, pelo que quando o filho porta-se mal ou comete uma infracção, o pai
remete a solução dessa situação ao tio materno do filho, isto é, ao irmão da mãe do filho.

5.4. Quanto ao parentesco

A família pode adquirir as seguintes classificações:

5.4.1. Família nuclear

É a família constituída pelo marido, esposa e os filhos resultantes dessa união, todos morando
juntos numa residência neolocal. A família nuclear pode ser de orientação, aquela da qual

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cada um de nós proveio e a família nuclear de procriação, que é a que cada um de nós funda
ou estabelece.

5.4.2. Família alargada ou extensa

Este tipo de família constitui-se por um casal, os filhos e os familiares colaterais (sobrinhos,
netos, primos, irmãos, etc.), todos vivendo numa mesma residência patrilocal, matrilocal ou
neolocal.

5.4.3. Família reconstituída

Esta é composta por um homem divorciado ou viúvo com os filhos e uma mulher (a
madrasta), ou por uma mulher divorciada ou viúva com os filhos e um homem (o padrasto),
ou ainda, por um homem e uma mulher, ambos divorciados ou viúvos vivendo juntos com os
respectivos filhos.

5.4.4. Família monoparental

É aquela composta só pelo pai solteiro ou viúvo e os filhos, ou só pela mãe solteira ou viúva e
os filhos.

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6. Conclusão

No sentido restrito o conceito parentesco refere-se aos laços de sangue, mas num sentido mais
amplo, também aplica-se aos laços de afinidade ou de. A família, por sua vez, não tem tido
um consenso no que diz respeito à sua definição. Assim, no sentido mais restrito é o conjunto
de pessoas que vivem sob o mesmo tecto. Mas no sentido lato, a família é o conjunto das
sucessivas gerações descendentes de antepassados comuns; já na linguagem do senso comum
costuma dizer-se que a família é a célula básica da sociedade.

Contudo, por família, também, pode-se entender como o conjunto de parentes por
consanguinidade ou por aliança ou afinidade.

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7. Referências bibliográficas

1. DE MELLO, Luiz Gonzaga. Antropologia cultural, pgs 316-339.


2. BERNARDI, Bernardo. Introdução aos estudos etno-antropoloógicos, pgs 289-294.
3. TOMÁS, Adelino Esteves. Manual de Antropologia Sócio-Cultural. Universidade
Pedagogica Sagrada Família, sd. pgs. 47-57.
4. SANTOS, Armindo dos. Antropologia Geral: etnografia, Etnologia, Antropologia
Socal. Universiadade Aberta, 2002.pgs. 123-170.

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