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Bilton da Marta S.

Vannocha

Elisa da Conceição Alberto

Félix Jose Nariquissa

Felismina Fernando Selemane

Flávia Marques Muaceco

Jakson José Santos António

Nelson Basílio Rubane

Sarita Maulana Kamuanache

Família em contexto de mudança

(Curso de licenciatura em biologia com habilitações em Química)

Universidade Pedagógica

Nampula
2018
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Bilton da Marta S. Vannocha

Elisa da Conceição Alberto

Félix Jose Nariquissa

Felismina Fernando Selemane

Flávia Marques Muaceco

Jakson José Santos António

Nelson Basílio Rubane

Sarita Maulana Kamuanache

Família em contexto de mudança

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira


de antropologia cultural de Moçambique,
curso de licenciatura em Biologia, 2º Ano,
turma única, leccionada por;

Docente

MA. Yolanda Manuel Tembi Dambi

Universidade Pedagógica
3

Nampula
2018

Índice
Introdução..........................................................................................................................4
1. Breve Evolução Histórica da Família............................................................................5
2. Novas abordagens teóricas e metodológicas no estudo da família................................6
2.1. Tipos de família..........................................................................................................6
2.1.1. Quanto ao número de nubentes (noivos).................................................................6
2.1.2.Quando ao numero de membros:..............................................................................7
2.1.3. Quanto a descendência............................................................................................7
2.1.4. Outras considerações:..............................................................................................7
3. Família como fenómeno cultural...................................................................................8
4. Família em contexto de mudança em Moçambique......................................................9
Conclusão........................................................................................................................11
Bibliografia......................................................................................................................12
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Introdução

A família sempre desempenhou um papel fundamental na vida do homem representando


a forma pela qual este se relacionava com o meio em que vivia. No decorrer da
evolução e da mutação do tempo histórico, o seu rosto mudou, adaptando-se as novas
configurações advindas da experiencia cientifica, da revolução dos costumes, da
mudança de paradigmas.
No presente estudo, procuraremos realizar um panorama sobre a identidade da pessoa
natural, abordando as formas de aquisição do nome de família, e que situa e
individualiza o homem na sociedade; o estado, que determina seu modo particular de
existir, e definindo sua situação jurídica na sociedade politica e na família.
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1. Breve Evolução Histórica da Família

O surgimento da palavra família se deu na Roma Antiga, conhecida em latim como


“famulus”, que significava “o conjunto de empregados de um senhor”, isso era atribuído
pelo fato de que a exploração dos escravos já era legalizada, ou seja, o termo família
não pertencia somente ao casal e consequentemente a seus filhos, mas sim aos vários
escravos que laboravam para a subsistência de seus parentes que se sentiam sob
autoridade sobre eles.
Neste sentido, Souza (apud, ENGELS, 2006, p. 60) afirma que:
A expressão “família” nem sempre foi a dos dias actuais, pois em sua
origem, entre os romanos, não se aplicava sequer ao casal de cônjuges e
aos seus
filhos, mas apenas aos escravos. “Famulus” significa escravo doméstico e
família era o conjunto de escravos pertencentes ao mesmo homem.

Ao tempo da Roma antiga, a família era originada mais pela autoridade que o pater
famílias exercia sobre esta, e não por laços de sangue nem de afectividade, que embora
existisse não era levado em conta, tanto é que o marido considerado como chefe fazia
valer seu poder sobre seus filhos, sua mulher e ainda sobre os escravos, podendo fazer o
que quiser com estes, até mesmo o direito de vida e de morte. Nessa época a família era
corroborada pela religião doméstica e também o culto aos antepassados que era
submetida pelo pater. A mulher por sua vez ao casar renunciava o culto de seu seio
familiar, passando a se dedicar somente a religião e aos antepassados do seu marido.
Deste modo, na era romana o elo que ligava os demais membros da família era a
religião doméstica e o culto aos deuses e aos antepassados, não se levando em conta a
procriação e nem qualquer laço afectivo.

Hodiernamente, ao tratarmos da palavra família podemos inicialmente definir como o


conjunto de pessoas que possuem grau de parentesco entre si e que convivem na mesma
casa formando um lar. Essa família de denominação tradicional normalmente é formada
pelo pai e mãe, unidos pelo casamento ou união de facto, e por um ou mais filhos,
compondo dessa forma uma família nuclear ou elementar.
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Logo, a família é a base de formação do ser humano, tanto do ser em desenvolvimento


como do adulto, uma vez que esta é responsável por promover a educação, saúde,
protecção e lazer dos filhos influenciando dessa maneira o comportamento destes na
sociedade. O papel que a família desempenha para o desenvolvimento de cada indivíduo
é de suma importância. Pois é nesse vínculo familiar que são transmitidos os valores
morais e sociais que servirão de alicerce no processo de socialização da criança e do
adolescente, assim como as tradições e os costumes trazidos de gerações.
Nessa perspectiva Souza (apud, WELTER, 2004, p. 74):
A família passou a ser estabelecida pelo casamento, união estável ou pela
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes, denominada
família monoparental, nuclear, pós nuclear, unilinear ou sociológica, buscando o
ideal da felicidade, do desvelo, do carinho e da comunhão plena de vida e de
afecto.

2. Novas abordagens teóricas e metodológicas no estudo da família

Para o estudo da família, são empregues uma diversidade de metodologias a saber:

Entrevista
A entrevista, segundo Bogdan e Biklen (1994), consiste numa conversa intencional,
entre duas ou mais pessoas, como estratégia de recolha de dados que pode, ou não, ser
utilizada em conjunto com a observação, análise de documentos e outras técnicas.
Não existem regras que se possam aplicar constantemente a todas as situações de
entrevista, embora possam ser feitas algumas afirmações gerais. O que revela ser
mais importante é a necessidade de ouvir cuidadosamente. Oiça o que as pessoas
dizem. Encare cada palavra como se ela fosse potencialmente desvendar o
mistério que é o modo de cada sujeito olhar o mundo. (Bogdan & Biklen, 1994,
pp. 136-137).

Esta é uma técnica qualitativa interactiva, de recolha e análise de dados, que exige um
momento de interacção entre o entrevistado e o entrevistador. As entrevistas realizadas
seguem um guião estruturado, com questões pré-estabelecidas do tema em questão.
Ainda assim, Bogdan & Biklen (1994) defendem que mesmo quando existe um guião,
as entrevistas qualitativas oferecem ao entrevistador uma amplitude que lhe permite
levantar novas interrogações de forma a especificar e a desenvolver mais o tópico.

2.1. Tipos de família


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Segundo Mello (2013; 326), a família é classificada com base três critérios: quanto ao
número de nubentes (noivos), quanto ao número de membros e quanto a descendência.

2.1.1. Quanto ao número de nubentes (noivos)

 Monogâmica: é uma família composta por um homem e uma única mulher.


 Poligâmica: é uma unidade social de parentesco em que o homem pode
desposar mais de uma mulher sendo o número crescente de esposas, muitas das
vezes, sinal de prestígio e poder.
 Poliândrica: é uma união conjugal em que uma mulher pode desposar vários
homens.
 Família fantasma: é uma unidade familiar formada por uma mulher casada e
seus filhos e fantasma. Segundo Robert Rowland (1997) diz que a família é
consequência das relações de parentesco, é um grupo doméstico co-residente e
com limites variáveis segundo os contextos culturais.

2.1.2.Quando ao numero de membros:

 Família nuclear é o grupo de parentesco formado pelos pais, e filhos tendem a


herdar dos pais.
 Família extensa ou souche (alargada): congrega várias famílias nucleares,
agrega vários casais. Elas distinguem-se da família restrita, quer seja
monogâmica, quer seja poligâmica, porque inclui no seu número tanto a família
originária dos pais como a família dos filhos;

2.1.3. Quanto a descendência

 Família patrilinear: é a família em que o homem transmite o apelido aos filhos,


a mulher abandona o seu grupo e se junta a família do marido;
 Família matrilinear: é aquela onde as mulheres transmitem o apelido aos
filhos, quer dizer, os descendentes tem apelido da mãe e os homens abandonam
a sua família para se juntar com a família da esposa;
 Família bilateral: é a família em que ambas partes, ou seja, pai e mãe através de
um consenso transmitem apelidos aos seus filhos.

2.1.4. Outras considerações:


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 Família composta: é uma unidade composta por três ou mais cônjuges e seus
filhos; Por exemplo, quando um segundo casamento dá origem as relações de
adaptação como madrasta, padrasto, enteado;
 Família de orientação: MARTINEZ: (2009; 128); é aquela onde o individuo
nasceu e foi criado.
 Família de procriação: inclui os cônjuges e filhos, ou mesmo, aquela que
formamos no momento do casamento, quando um se casa e tem filho;
 Família consanguínea: funda-se contra um interno pronome de irmãos e irmãs
carnais e colaterais no interior de um grupo. Morgan citado por Melo.
 Família punaluana: funda-se sobre matrimónio de várias irmãs carnais e
colaterais com os maridos de cada uma das outras, no interior de um grupo;
 Família monoparental: composta por apenas um dos progenitores: pai ou mãe.
Os motivos que possibilitam essa estrutura são diversos. Englobam causas
circunstâncias (morte, abandono ou divorcio). Ou ainda, a decisão (na maior
parte dos casos uma decisão da mulher) de ter um filho de forma independente;
 Família comunitária: nesta estrutura, todos membros adultos que constituem o
agregado familiar é responsável pela educação da criança;
 Família arco-ires: é constituída por um casal homossexual (ou pessoa sozinha
homossexual) que tenha uma ou mais crianças ao seu cargo;
 Família contemporânea: é caracterizada pela inversão dos papeis do homem e
da mulher na estrutura familiar passando a ser a mulher a chefe de família.
Abrange a família monoparental constituída por uma mãe solteira ou divorciada;

3. Família como fenómeno cultural

A família é quase como uma zona micro protegida onde a criança pode ser
desenvolvida. É desta originalidade e desta diversidade de famílias que depois as
famílias dão o contributo variado e original para que tenhamos uma sociedade
diversificada.

É imperioso que os membros de uma família estejam ligados, tanto por laços de afeição,
quanto por de interesse comum e que não haja disputas entre eles consideradas
reprováveis, porque, partindo do pressuposto de que é na família onde se faculta os
primeiros ensinamentos, ela tem que manter um rótulo aceitável no seio da sociedade
cultural (LINTON, 2000).
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Não há duvidas de que a família deriva de agrupamentos primitivos, biologicamente


determinados, constituindo um casal e seus filhos e podem variar extensamente, tanto na
forma assim como no conteúdo. O traço mais constante e bastante notório entre estes
agrupamentos, são os actos ou atitudes gerais impostas a cada membro, mas existe
diferença tanto em relação nas pessoas que as constituem, quanto em relação as suas
funções nas varias sociedades. É de se concluir que essa diferença é devido a factores
culturais.

Para LINTON (2000), A cultura exerce uma certa influencia sobre a família, podendo
até transforma-la. existem os chamados tabus, restrições e prescrições que podem de
uma ou de outra forma deformar ou transformar a família, variando de região a região.
Por exemplo, em algumas regiões do nosso vasto país, existem restrições sexuais após o
parto que podem durar três (3) meses se tratar-se de uma criança do sexo feminino e seis
(6) se for do sexo masculino e algumas prescrições, em que na época de sementeira do
milho há proibição do contacto sexual entre os cônjuges como forma de garantir uma
boa produção.

4. Família em contexto de mudança em Moçambique

De acordo com IRKA (2002), a evolução da família e do conceito da instituição família


ao longo da história tem se revestido de características específicas. Nos tempos do
jurista Gaio (sec. II) a família transmitia-se por herança e a este termo estava arreigado
um forte conceito patrimonial, ou seja, a família era mais vista no sentido de
propriedade e sucessão de propriedade material do que era vista no sentido das pessoas
(seres humanos livres e escravos/servos) de que ela se constituía.

Ao longo da história, famílias têm ajudado a constituir sociedades fortes. A família é a


melhor provisão para criar filhos que se tornem adultos responsáveis.

De acordo com RELVAS e ALARCAO, (2002), citado por IRKA (2002), nos últimos
50 anos a família modificou as suas dimensões, organizou-se de formas diversas e tem
em conta novos valores. No entanto, ser família alem de ter um carácter único e de
funcionar como um todo é fazer parte integrante de um sistema de contextos, como a
comunidade e a sociedade. A estrutura familiar, organizada por papéis e funções de
cada elemento e de cada sistema, é a responsável para que não existam duas famílias
iguais. Desta forma, a família não pode ser considerada um sistema estático e
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inalterável, pois ela evolui e complexifica-se. Os elementos transformam-se ao longo de


sua vida familiar, mediante exigências provenientes do interior ou do meio social onde é
necessária a adaptação a novos papéis de modo a equilibrar o funcionamento familiar
(WLSA MOÇAMBIQUE, 1998).

Conclusão

A família pode ser definida como o conjunto de pessoas ligadas pelo casamento, pela
união estável ou pelo parentesco, decorrendo este da consanguinidade, da adopção ou da
socioafectividade. Reunidos esses elementos surge a relação jurídica familiar objecto de
normas cogentes.

Numa óptica evolucionista podemos concluir que o conceito de família sofreu grandes
alterações intrínsecas oriundas do desenvolvimento das ciências, da tecnologia e dos
costumes, a partir dos quais a legislação amplia o seu carácter projectivo obedecendo a
uma realidade fáctica, contemporânea, que traduz o novo perfil que a família tem
assumido actualmente, evidenciando a primazia do individuo nas relações familiares, o
valor da afectividade, o respeito a dignidade da pessoa humana e seus direitos
fundamentais.
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Bibliografia

MELLO, Luiz Gonzaga de: antropologia cultural: iniciação teoria e temas, 19ª ed.
Petrópolis, vozes, 2013

WLSA MOÇAMBIQUE, família em contexto de mudança em moçambique, 1998

MALUF, Adriana, novas modalidades de familia na pós-modernidade, são Paulo, 2010

CARDOSO, Joana Maria de Melo Barreiros, implicações das mudanças familiares,


2016

LINTON, Ralph, o homem, uma introducao a antropologia, Martins fontes, são Paulo,
2000
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