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Destacamento de Trabalhadores UE |

Novas Regras

Essas regras estão materializadas no Decreto-Lei n.º 101-E/2020, de 7 de dezembro, que


alterando a Lei n.º 29/2017, de 30 de maio, veio transpor para a ordem jurídica nacional
a Diretiva (UE) 2018/957 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de junho de 2018. Com
a presente alteração, visa-se garantir uma maior proteção dos trabalhadores a fim de
salvaguardar a liberdade de prestação de serviços numa base equitativa, contrariar práticas
abusivas e promover o princípio segundo o qual o mesmo trabalho, realizado no mesmo lugar,
deve ser remunerado da mesma forma. As regras agora transpostas, e que infra se indicarão,
não obstam à aplicação de condições de trabalho e emprego mais favoráveis aos
trabalhadores destacados.

Síntese das referidas novas regras, e que se enquadram nos seguintes eixos:

I. Destacamento de longa duração:

 Quando a duração efetiva do destacamento seja superior a 12 meses,


independentemente da lei aplicável à relação de trabalho, os trabalhadores
destacados têm direito a todas as condições de trabalho previstas na lei e em
instrumento de regulamentação coletiva de eficácia geral aplicável. Ficam
excecionados procedimentos, formalidades e condições de celebração e de cessação
do contrato de trabalho, incluindo cláusulas de não concorrência, bem como no que se
refere a regimes profissionais complementares de pensões;

 Mediante comunicação fundamentada à ACT, da qual conste a indicação das razões


que justificam o prolongamento do destacamento, as condições referidas no ponto
precedente são aplicáveis após 18 meses de duração efetiva;

 Nos casos em que a duração previsível inicial do destacamento seja inferior a 12


meses, a comunicação prevista no número anterior deve ser efetuada com a
antecedência mínima de 30 dias relativamente ao termo desse período;

 Nas situações em que se verifique a substituição de um trabalhador destacado, por


outro trabalhador destacado, a duração do destacamento corresponde à duração
acumulada dos períodos de destacamento de todos esses trabalhadores, desde que
tenham sido destacados para efetuar a mesma tarefa, no mesmo local, tendo em
conta a natureza do serviço a prestar, o trabalho a executar e o local de trabalho.

II. Destacamento no âmbito de trabalho temporário:

 Os trabalhadores destacados por empresas de trabalho temporário têm direito a todas


as condições de trabalho aplicáveis aos trabalhadores temporários cedidos por
empresas de trabalho temporário estabelecidas em Portugal;

 A empresa utilizadora informa as empresas de trabalho temporário das condições de


trabalho que aplica, incluindo a retribuição;

 O trabalhador contratado por uma empresa de trabalho temporário estabelecida em


Portugal, que preste atividade no território de outro Estado, tem direito às condições
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de trabalho referidas no item precedente, sem prejuízo de regime mais favorável
constante da lei aplicável ou do contrato;

 Nas situações em que um trabalhador temporário tenha sido cedido a uma empresa
utilizadora e deva executar um trabalho no âmbito da prestação transnacional de
serviços, num Estado diferente do destacamento, a empresa utilizadora deve informar
a empresa de trabalho temporário desse facto antes do início do trabalho;

 Nos casos de cedência ilícita do trabalhador temporário, em incumprimento do


número anterior, considera -se que este se encontra destacado, no território do
Estado onde se encontra a executar o trabalho, pela empresa de trabalho temporário
com a qual tem uma relação de trabalho.

III. Reforço das condições de trabalho de trabalhador destacado:

Como já supra se disse, sem prejuízo de regime mais favorável constante de lei ou contrato de
trabalho, o trabalhador destacado tem direito, com base na igualdade de tratamento, às
condições de trabalho previstas na lei e em instrumentos de regulamentação coletiva de
eficácia geral aplicável que respeitem a:

 Condições de alojamento, quando disponibilizado pelo empregador;

 Subsídios, abonos ou reembolsos destinados a cobrir exclusivamente as despesas de


viagem, de alimentação e de alojamento efetuadas por trabalhadores destacados que
tenham de se deslocar de e para o seu local de trabalho habitual do destacamento ou
que sejam enviados temporariamente para outro local de trabalho.

Esta nova proteção é garantida igualmente a trabalhadores contratados por uma empresa
estabelecida em Portugal que preste atividade em outro Estado-Membro, e a sua violação
constitui contraordenação grave.

Nesta sede, de realçar aquele que é, para efeitos desta diretiva, o conceito de remuneração:

 Remuneração mínima vigente no Estado-Membro de destino é uma das garantias


asseguradas aos trabalhadores destacados, independentemente da duração do
destacamento;

 O conceito de “remuneração” é determinado pelo direito e/ou práticas nacionais do


Estado-Membro em cujo território o trabalhador se encontra destacado e abrange
todos os elementos constitutivos da remuneração tornados obrigatórios por lei ou
regulamentação coletiva de aplicação geral;

 Considera-se que os subsídios e abonos inerentes ao destacamento fazem parte da


remuneração do trabalhador, exceto se forem pagos a título de reembolso das
despesas efetivamente efetuadas por força do destacamento, como as despesas de
viagem, de alimentação e de alojamento. Para este efeito, presumir-se-á que estes
subsídios e abonos são pagos a título de reembolso de despesas, exceto se as
disposições legais aplicáveis à relação laboral em causa determinarem o contrário,
indicando quais os elementos que são pagos a título de reembolso de despesas.
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As novas disposições conferem ainda competência à ACT para, no âmbito da cooperação
administrativa e assistência mútua entre Portugal e os outros Estados membros, combater a
prática de atividades ilícitas, nomeadamente o trabalho não declarado ou o falso trabalho
independente, relacionados com o destacamento.

O Decreto-Lei n.º 101-E/2020, de 7 de dezembro, o qual entrou em vigor no dia seguinte à


sua publicação em Diário da República, no passado dia 8 de dezembro de 2020, procedeu à
transposição da Diretiva (UE) 2018/957 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de
junho de 2018, relativa ao destacamento de trabalhadores no âmbito de uma prestação de
serviços na União Europeia.

Foram assim introduzidas importantes novidades em matéria de destacamento de


trabalhadores em território português e de destacamento de trabalhadores para outro Estado-
Membro por prestadores de serviços estabelecidos em Portugal.

Em concreto, o Decreto-Lei n.º 101-E/2020, de 07 de dezembro, veio alterar a  Lei n.º 29/2017,
de 30 de maio, destacando-se as seguintes novidades:

1. Condições de trabalho de trabalhador destacado

Foram reforçadas as garantias dos trabalhadores destacados, passando estes, com base na
igualdade de tratamento, a terem direito, sem prejuízo de regime mais favorável constante de
lei ou contrato de trabalho, às condições de trabalho previstas na lei e em instrumentos de
regulamentação coletiva de eficácia geral que respeitem a:

 Condições de alojamento, quando disponibilizadas pelo empregador;

 Subsídios, abonos ou reembolsos destinados a cobrir exclusivamente as despesas de


viagem, de alimentação e de alojamento efetuadas pelos trabalhadores destacados
que (i) se tenham de deslocar de e para o seu local de destacamento, ou que (ii) sejam
enviados temporariamente para outro local de trabalho.

Estas garantias passam a aplicar-se igualmente a trabalhadores contratados por uma empresa
estabelecida em Portugal que preste atividade em outro Estado-Membro, sem prejuízo regime
mais favorável de acordo com o contrato ou a lei que lhe possa vir a ser aplicável.   

Note-se que a violação destas condições de trabalho constitui contraordenação grave. 

2. Destacamento de trabalhadores por empresas de trabalho temporário

 Aos trabalhadores destacados por empresa de trabalho temporário passam a aplicar-


se os mesmos direitos e condições de trabalho aplicáveis aos trabalhadores
temporários cedidos por empresas de trabalho temporário estabelecidas em Portugal.

 Os referidos direitos e condições de trabalho passam a ser também aplicados a


trabalhadores contratados por uma empresa de trabalho temporário estabelecida em
Portugal que preste atividade noutro Estado-Membro, sem prejuízo de lhe ser aplicado
um regime mais favorável por força da lei aplicável ou do contrato.
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 À semelhança do regime geral do trabalho temporário, a empresa utilizadora passa a
ser obrigada a informar as empresas de trabalho temporário das condições de
trabalho que aplica, incluindo a retribuição.

 Por outro lado, sempre que a empresa utilizadora requeira que um trabalhador
temporário execute um trabalho no âmbito de uma prestação transnacional de
serviços num Estado-Membro diferente do destacamento, terá de comunicar esse
facto à empresa de trabalho temporário do início do trabalho.

3. Destacamento de longa duração

a) Quando a duração efetiva do destacamento seja superior a 12 meses, independentemente


da lei aplicável à relação de trabalho, os trabalhadores destacados têm direito a todas as
condições de trabalho previstas na lei e em instrumento de regulamentação coletiva de
trabalho de aplicação geral, com exceção das seguintes matérias:

 Procedimentos, formalidades e condições de celebração e cessação do contrato de


trabalho, incluindo pactos de não concorrência;

 Regimes profissionais complementares de pensões.

O destacamento pode ser prolongado mediante comunicação fundamentada à ACT, da qual


conste a indicação das razões que justificam o prolongamento, sendo aquelas condições
aplicáveis após 18 meses de duração efetiva do destacamento.

b) Quando a duração previsível do destacamento for inferior a 12 meses, esta comunicação de


intenção de prolongamento tem de ser efetuada com a antecedência mínima de 30 dias antes
do termo desse período.

c) Para o apuramento da duração do destacamento, passam a tomar-se em consideração


todos os períodos de destacamento que correspondam à substituição de trabalhadores
destacados por outros trabalhadores destacados, desde que seja para o exercício da mesma
tarefa no mesmo local.

4. Reforço do acompanhamento e controlo dos destacamentos

a) A autoridade responsável pela verificação da situação de trabalhador temporariamente


destacado em território português passa a considerar, para esse feito, os seguintes elementos
que caracterizam o trabalho e a situação do trabalhado :

 A existência de condições de alojamento, quando disponibilizadas pelo empregador,

 A retribuição, os subsídios e os abonos inerentes ao destacamento, presumindo-se


que estes são pagos a título de reembolso de despesas de viagem, de alimentação e de
alojamento, quando não se determinem quais os elementos que são pagos a título de
retribuição.

Caso a autoridade competente apure que uma empresa criou, de forma abusiva ou
fraudulenta, a impressão de que um trabalhador está destacado, deverá assegurar que esse
trabalhador não ficará sujeito a condições de trabalho menos favoráveis do que as aplicáveis
aos trabalhadores destacados.
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b) O presente Decreto-Lei vem densificar o leque de informações a serem obrigatoriamente
publicitadas no sítio oficial da internet a nível nacional relativamente aos destacamentos de
trabalhador em território português, passando a prever-se a obrigação de publicação das
informações relativas às condições de trabalho, quanto aos elementos constitutivos da
retribuição e ao conjunto suplementar de condições de trabalho aplicáveis aos destacamentos
de duração superior a 12 meses.

5. Desenvolvimento do conceito de remuneração

 A remuneração mínima vigente no Estado-Membro de destino é uma das garantias


asseguradas aos trabalhadores destacados, independentemente da duração do
destacamento.

 Para este efeito, esclarece-se que o conceito de “remuneração” é determinado pelo


direito e/ou práticas nacionais do Estado-Membro em cujo território o trabalhador se
encontra destacado e abrange todos os elementos constitutivos da remuneração
tornados obrigatórios por lei ou regulamentação coletiva de aplicação geral.

 Considera-se que os subsídios e abonos inerentes ao destacamento fazem parte da


remuneração do trabalhador, exceto se forem pagos a título de reembolso das
despesas efetivamente efetuadas por força do destacamento, como as despesas de
viagem, de alimentação e de alojamento. Para este efeito, presumir-se-á que estes
subsídios e abonos são pagos a título de reembolso de despesas, exceto se as
disposições legais aplicáveis à relação laboral em causa determinarem o contrário,
indicando quais os elementos que são pagos a título de reembolso de despesas.

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