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O Acordo Coletivo de Trabalho em vigor regula, fundamentalmente,

»» Questões ligadas à carreira, remunerações, duração e organização do tempo de trabalho.

»» Só é obrigatório para farmácias associadas da ANF e farmacêuticos pertencentes ao SNF

VANTAGENS:

1. O estabelecimento de uma carreira e respetivas categorias profissionais com progressão


e a inerente fixação das remunerações mínimas mensais dos farmacêuticos.

2. Instituição do domingo como dia de descanso semanal obrigatório – em regra – na


prática os contratos mais recentes já contêm uma cláusula para afastar o domingo
quando a farmácia está aberta 24h.
3. Para além do dia de descanso semanal obrigatório, os farmacêuticos têm direito a um
dia de descanso semanal complementar, o qual pode ser fracionado em dois meios-dias;
4. A Terça-Feira de Carnaval é considerado feriado facultativo;
5. Diuturnidades – Saliento que as diuturnidades poderão deixar de ser concedidas aos
farmacêuticos se, entretanto, o respetivo vencimento, estabelecido voluntariamente
pela entidade empregadora, ou por acordo com o farmacêutico, for superior ao valor
da remuneração mínima da respetiva categoria acrescido da diuturnidade vencida.
6. Taxas de chamada pagas pelos utentes nas noites de serviço permanente – na prática
só se a entidade empregadora cobrar a taxa é que o trabalhador poderá recebe-la (é
uma faculdade da entidade empregadora e não uma obrigação).
7. Subsídio de disponibilidade;
8. Subsídio de refeição;
9. Licença sem retribuição possibilidade de a entidade patronal poder atribuir ao
trabalhador, a pedido deste, licença sem retribuição.

O CCT permite a aplicação destes regimes mais favoráveis aos trabalhadores e adapta os aspetos
da relação laboral que a lei deixa à liberdade das partes;
DESVANTAGENS:

1. Exercício de funções em comissão de serviço – Algumas farmácias estão a contratar o


Diretor Técnico em regime de comissão de serviço e com um valor base inferior ao
prevista para a categoria de Diretor Técnico no CCT;

2. Horários em regime de adaptabilidade por via do CCT – permite ao empregador que a


compensação do tempo de trabalho prestado em acréscimo seja feita pela redução
equivalente do tempo de trabalho (eliminando o pagamento do trabalho suplementar);
3. Regime de banco de horas por via do CCT - revela-se um instrumento ainda mais flexível
do que a adaptabilidade do tempo de trabalho, quer por permitir que a compensação
do tempo de trabalho prestado em acréscimo seja feita por diversas formas e não
apenas pela redução equivalente do tempo de trabalho, quer pelo facto de a entidade
empregadora poder determinar o aumento da jornada de trabalho a qualquer
momento, contanto que o comunique ao trabalhador com a antecedência devida
(eliminando o pagamento do trabalho suplementar),
4. Possibilidade de a entidade empregadora marcar o período de férias fora do período
entre 1 de maio e 31 de outubro, por via da exceção constante do n.º 2 da cláusula 26.ª:

“salvo nas farmácias a funcionar em praias ou termas que pelos condicionalismos


próprios tenham de ter no referido período de tempo laboração intensiva, ou no caso
da farmácia ter 10 ou menos trabalhadores, unicamente sendo computados para efeitos
deste limite os farmacêuticos e os trabalhadores que, nos termos da lei e da contratação
coletiva aplicável, coadjuvem o farmacêutico”

5. Aplicação da Tabela B de vencimentos para contratos após 2012.


6. Regime premial e de progressão por pontos como método de progressão na carreira, o
qual na realidade não é aplicado.
7. Regime excecional de funcionamento para farmácias que justifiquem baixo nível de
faturação com possibilidade de reduzir a remuneração base mensal, por acordo escrito;
8. Regime remuneratório e de férias especial – possibilidade de reduzir a remuneração
base a trabalhadores da tabela A.

9. Trabalho suplementar:

A remuneração do trabalho suplementar efetuado pelos farmacêuticos rege-se pelo disposto


na lei, ou seja, não representa nenhuma mais-valia para os farmacêuticos.

Taxa fixa para as noites de serviço permanente, nos termos e montantes constantes do anexo
II. Não sendo a taxa fixa cumulável com o regime previsto no número anterior, se existir
aumento da remuneração do trabalho suplementar a taxa fixa não é atrativa para o trabalhador
sindicalizado

10. Denúncia do contrato: farmacêutico que assegure a direção técnica da farmácia,


incluindo em substituição, o aviso prévio de denúncia terá sempre que ser efetuado com
a antecedência de 90 dias (no Código de Trabalho o prazo é de 60 dias).

PERGUNTAS E RESPOSTAS:

1 - Período de experiência. O nosso CCT obriga a 180 dias. A Lei geral fala de 90 e 180
dias, depende dos casos. No nosso caso como ficará pela Lei geral?

Os 180 dias do CCT são para contratos sem termo.

A Lei geral refere que nos contratos sem termo, o período experimental tem a seguinte
duração:
a) 90 dias para a generalidade dos trabalhadores;
b) 180 dias para trabalhadores que:
i) Exerçam cargos de complexidade técnica, elevado grau de responsabilidade ou que
pressuponham uma especial qualificação;
ii) Desempenhem funções de confiança;
iii) Estejam à procura de primeiro emprego e desempregados de longa duração;
c) 240 dias para trabalhador que exerça cargo de direção ou quadro superior.

Na maioria das situações entendo que continuará a aplicar-se os 180 dias por via do elevado
grau de responsabilidade ou especial qualificação ou por via do desempenho de funções de
confiança.
2 - Quem está contratado como DT em comissão de serviço, como fica a situação sem
CCT?

Cessando o CCT não significa que a comissão de serviço termine de imediato pois um cargo de
direção pode ser exercido em comissão de serviço.

No entanto, nas farmácias de oficina ele é exercido ao abrigo (a coberto) do regime previsto do
CCT.

A questão é que os futuros DT em comissão de serviço deixam de ter uma retribuição mínima
mensal para o exercício do cargo de DT.

3 - Sem o CCT acabam os horários em regime de adaptabilidade e de banco de horas?


Passa tudo a horário fixo? Requer acordo entre as partes ou pode ser imposto?

Termina o Banco de horas. É possível às partes, por acordo, recorrerem à adaptabilidade


individual e ao horário concentrado.

O horário não passa a horário fixo, podendo ser prestado por turnos.

4 - O que diz a Lei geral sobre o descanso semanal, cumulação de férias e marcação de
férias?
A Lei geral estabelece um dia de descanso semanal obrigatório.

Não estabelece o dia específico para o efeito (por exemplo o domingo), nem o direito a um dia
de descanso complementar.
O regime de férias estabelecido no CCT segue, grosso modo, o regime geral.

As especificidades são:

• Regime remuneratório e de férias especial – cláusula 43ª – “…., poderá ser aumentado
até ao limite de dois dias de adicional de férias, a gozar em cada período de um ano em
que o acordo de redução de remuneração estiver em vigor e produzir efeitos.”
• Marcação das férias – cláusula 26ª n.º 3 “No caso previsto do número anterior, a
entidade empregadora só pode marcar o período entre 1 de Maio e 31 de Outubro,
salvo nas farmácias a funcionar em praias ou termas que pelos condicionalismos
próprios tenham de ter no referido período de tempo laboração intensiva, ou no caso
da farmácia ter 10 ou menos trabalhadores, unicamente sendo computados para efeitos
deste limite os farmacêuticos e os trabalhadores que, nos termos da lei e da contratação
colectiva aplicável, coadjuvem o farmacêutico.” – que permite marcar férias fora do
período estabelecido na Lei geral (1 de Maio e 31 de Outubro).
• Duração do período de férias – cláusula 24ª n.º 6 “Aos cônjuges, ascendentes ou
descendentes ao serviço da farmácia será concedida a faculdade de gozarem as suas
férias simultaneamente.” – A Lei geral fala apenas em cônjuges, bem como as pessoas
que vivam em união de facto ou economia comum nos termos previstos em legislação
específica, que trabalham na mesma empresa ou estabelecimento têm direito a gozar
férias em idêntico período, salvo se houver prejuízo grave para a empresa.

5 - Há alguma alteração entre o CCT e a lei geral relativamente ao regime de faltas?

As disposições relativas aos motivos justificativos de faltas e à sua duração não podem ser
afastadas por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho, salvo em relação a situação
prevista na alínea i) do n.º 2 do artigo 249.º do Código do Trabalho e desde que em sentido mais
favorável ao trabalhador, ou por contrato de trabalho.

i) A de trabalhador eleito para estrutura de representação coletiva dos trabalhadores, nos


termos do artigo 409.º;
6 - O Serviço de disponibilidade: organização e remuneração

A remuneração apenas se encontra prevista no CCT.

Na minha opinião, o trabalhador terá de ser remunerado pelo trabalho efetivamente prestado
por via da aplicação do regime do trabalho suplementar.

7 - Organização e remuneração das noites de serviço permanente: há horário


específico de início e término na lei geral, por exemplo?

Na Lei Geral, não existe horário específico de início e término das noites de serviço permanente.

Existe legislação especifica que determina o horário de funcionamento da farmácia que se


encontre em serviço permanente.

A Remuneração será a prevista para o trabalho suplementar.

8 - Atribuição de folgas compensatórias depois de serviço permanente.

Dependerá se a prestação de trabalho é efetuada em dia de descanso obrigatório ou no período


noturno.

9 - Atribuição de folgas compensatórias após trabalho efetivo em dia de descanso


obrigatório e complementar.

Na lei Geral apenas o trabalhador que presta trabalho em dia de descanso semanal obrigatório
tem direito a um dia de descanso compensatório remunerado, a gozar num dos três dias úteis
seguintes.

De resto apenas o trabalhador que presta trabalho suplementar impeditivo do gozo do descanso
diário tem direito a descanso compensatório remunerado equivalente às horas de descanso em
falta, a gozar num dos três dias úteis seguintes.

O trabalhador tem direito a um período de descanso de, pelo menos, onze horas seguidas entre
dois períodos diários de trabalho consecutivos
10- Possibilidades de organização do tempo de trabalho ao longo da semana e do dia

Fica eliminada a figura do Banco de horas mas é ainda possível às partes, por acordo, recorrerem
à adaptabilidade individual e ao horário concentrado.

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