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2019 - 07 - 09

Direito Previdenciário - Edição 2017


PRIMEIRAS PÁGINAS
2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
1. INTRODUÇÃO

Introdução 1

Diversa, fundamental e imprescindível é a ciência jurídica em toda a sua extensão para a


harmonia da sociedade politicamente organizada.

Destacam-se os seus ramos, suas subdivisões e classificações com toda a abrangência peculiar
do Direito.

Neste contexto preliminar, em que pese por muito tempo o Direito do Trabalho ter abrangido
também as discussões previdenciárias, nos últimos anos, um específico ramo da ciência jurídica
ganha vez e voz no cenário jurídico hodierno.

De fato, com formato próprio, singular, autônomo e com destacada estatura constitucional, o
Direito Previdenciário tem se firmado como sólido mecanismo científico de compreensão social,
uma verdadeira e eficaz fonte nobre de tal mister.

É que, em sua essência, almeja, sintetiza e visa o concentrado estudo das relações
previdenciárias em sua amplitude, aprimorando a constitucional técnica de proteção chamada
“Previdência Social”, cuja técnica é um verdadeiro direito social constitucionalmente assegurado.

De fato, a Carta Cidadã de 1988 elencou em seus dispositivos diversos e imprescindíveis direitos
sociais supremamente tutelados, dentre os quais, encontramos claramente a Previdência Social,
inserida através do art. 6.º da Lei das Leis.

Por este ângulo constitucional, qualquer instituto previdenciário que especifica a Previdência
Social como um todo deve ser compreendido dentro do conceito sistêmico e importante do direito
social, tal qual inserido e garantido na Lex Fundamentallis com tratamento ímpar de fundamento
republicano.

Com efeito, fácil aferir que através da Previdência Social, a proteção social constitucionalmente
inserida ganha condensado formato, onde os instrumentos jurídicos vêm dar relevo a essa
singular e especial destacada adjetivação jurídica.

O Direito Previdenciário então encontra campo de pouso nesse contexto, ou seja, se revela
assim como a modalidade científica basal de efetivação de várias concretudes constitucionais,
onde, através de seus institutos jurídicos, a essência desse imprescindível direito social é regulada
e constantemente aprimorada com a finalidade de adequação do plano legal hipotético (vontade
constituinte almejada) ao plano fenomênico (vontade constituinte concretizada).

Por certo, que a amplitude da Previdência Social em termos de massa protegida, onde vários e
diversos atores sociais estão inseridos, desde os trabalhadores, empresas, governos, etc., por si só
já revela sua importância como efetivo instrumento de sedimentação de direitos sociais.

A este prisma, de resguardo e tutela desses direitos, como valores e pilastras fundamentais de
qualquer sociedade organizada, o saudoso Professor Celso Barroso Leite (Previdência social:
atualidades e tendências. São Paulo: LTr, 1973, p. 83), já apontava nesta direção:

“(...) a proteção social tem como objetivo básico garantir ao ser humano a capacidade de
consumo, a satisfação de suas necessidades essenciais, que não se esgotam na simples subsistência.”
Também, a festejada Maria Helena Diniz (Dicionário jurídico. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1998)
qualifica este direito social regulado constitucionalmente como:

“Complexo de normas que têm por finalidade atingir o bem comum, auxiliando as pessoas físicas,
que dependem do produto de seu trabalho para garantir a subsistência própria e de sua família, a
satisfazerem convenientemente suas necessidades vitais e a terem acesso à propriedade privada.”

Portanto, aqui a vital importância acerca da abrangência do Direito Previdenciário, que se


resume no estudo e aperfeiçoamento desta técnica de proteção.

Também, com vasta pauta objetiva a respeito, esse ramo público da ciência jurídica vem
norteando os conviventes sociais quanto à projeção futura protetiva.

É que abalizada por eventos, capitaneados pelo art. 201 e incisos da Carta Magna, esta técnica
protetiva abarcou a Teoria do Risco Social, onde os eventos catalogados neste mandamento
constitucional são protegidos. Logo, de crucial importância este ramo jurídico, de modo que visa a
preparar todo um contexto social quando da ocorrência de eventos previsíveis a qualquer
abrigado. E assim tem se observado.

Com efeito, a pauta previdenciária é extensa, habitual, diária e envolvente a todas as massas
protegidas dos mais diversos setores sociais. Por exemplo, temas como Desaposentação, Fator
Previdenciário, Fator Acidentário de Prevenção (FAP), Sistema de Inclusão Previdenciária, Revisões
de Benefícios, Despensão, abrangência da sociedade homoafetiva, Fórmula 85/95, déficit
previdenciário, Dano Moral Previdenciário, Reforma da Previdência, Ações Regressivas, dentre
outros, acaloram sobremaneira a discussão de diversos fenômenos sociais.

De fato, só a análise do FAP e seus consectários, envolve toda uma gama de questões de ordem
trabalhistas, constitucionais, tributárias e administrativas em todas as esferas políticas, onde um
tema exclusivo do Direito Previdenciário acaba por contribuir para uma busca de ambiente de
trabalho totalmente salubre e que repercute em toda a sociedade, direta ou indiretamente,
presente e futura.

De igual forma, a Desaposentação e seu polêmico desfecho pelo recente julgamento do Supremo
Tribunal Federal.

Assim, a temática previdenciária é envolvente, salutar, especial e útil para compreender os


fenômenos sociais, já que eventos como morte, velhice, doença, dentre outros, ocorrem de
maneira incontroversa a todos os sujeitos protegidos, mostrando o caminho a trilhar em termos
protetivos.

O aumento das cátedras nas graduações, especializações, cursos de extensão, simpósios,


congressos, seminários, enfim, também testificam o seu aspecto revolucionário, como, aliás tem
sido noticiado pela grande imprensa (Economia Baiana. Cresce a procura por cursos de Pós-
graduação em direito previdenciário. Disponível em:
[http://economiabaiana.com.br/2012/05/29/cresce-a-procura-por-cursos-de-pos-graduacao-em-
direito-previdenciario]. Acesso em: 26.02.2013).

Mesmo acerca do recente pensamento social evoluído no tocante ao reconhecimento do direito


homoafetivo em vários aspectos, na seara previdenciária tal fato já ocorria desde o ano 2000 (TRF-
4.ª Reg., ACP 2000.71.00.009347-0/RS, 6.ª T., j. 27.07.2005, v.u., rel. Des. João Batista Pinto Silveira,
DJU 07.10.2005), quando a autarquia inseriu o companheiro homoafetivo como uma das
possibilidades de dependente previdenciário para efeito de jubilação do benefício pensão por
morte.

Ademais, as recentes discussões acerca da Previdência Complementar criada no serviço


público, demonstra a notoriedade deste ramo do saber, sem esquecer das recentes alterações
legislativas da pensão por morte, regulamentação sumular da aposentadoria especial do servidor
público, da aposentadoria especial do deficiente, Lei 13.135/2015, Lei 13.183/2015, Lei 150/2015,
Dano Moral Previdenciário, etc.
Incontroversa assim é a decisiva atuação do Direito Previdenciário, como norte futuro para
uma construção social edificada em valores protetivos.

Academicamente, vê-se que o próprio Exame da OAB, pouco a pouco, tem inserido alguns
contextos previdenciários dentro da prova objetiva, como ocorreu em algumas questões do XIII
Exame aplicado em 13.04.2014, demonstrando, assim, que em um futuro bem próximo o Direito
Previdenciário também será alvo de avaliação para o importante ingresso na Ordem dos
Advogados do Brasil.

Em suma, espera-se ainda uma maior crescente evolução desse notabilíssimo ramo do saber, na
medida em que a própria estrutura social se aperfeiçoa, cresce e caminha, já que ligados e
justificados por um mesmo central contexto, da dignidade da pessoa humana.
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2. LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

Legislação Previdenciária 2

Como todo ordenamento jurídico, o princípio da legalidade detém destacada importância no


contexto social.

De fato, no piso jurídico nacional não poderia ser diferente por conta das influências do direito
europeu, a ponto de termos na Lei das Leis, este princípio explicitamente condensado no art. 5.º,
II.

Logo, evidente que tal enfoque principiológico norteia o Direito Previdenciário em larga escala,
conjugado com várias outras fontes jurídicas.

É que temos duas dimensões neste patamar legislativo, quer seja a seara constitucional, bem
como, a infraconstitucional.

No tocante ao campo constitucional, com simples leitura, se observa uma profunda influência
sobre as bases do Direito Previdenciário.

Ora, já no preâmbulo constitucional existem premissas acerca de direitos sociais e individuais,


estando aqui um grande e influente norte piramidal que vai servir de parâmetro a toda legislação
hierarquicamente inferior.

E mais, no primeiro artigo constitucional, nos seus incs. III (dignidade da pessoa humana) e IV
(valores sociais do trabalho), possuímos uma carga axiológica de suma importância que impacta
sobremodo todos os institutos previdenciários daí decorrentes.

Não bastassem tais valores constitucionais, o próprio Princípio da Solidariedade, subscrito no


art. 3.º, I, da CF/1988, arrima toda a arquitetura previdenciária, justificando, por exemplo, as
contribuições de inativos, além é claro, de outros vários exemplos de sua incidência, como por
exemplo, do polêmico julgamento da Desaposentação, onde esse conhecido princípio foi
amplamente debatido.

Prosseguindo, nos dispositivos constitucionais das conquistas o Direito Previdenciário possui


forte condensação jurídica de grande envergadura, portanto, de especial primazia para todo o
contexto jurídico hodierno.

De fato, basta verificar no art. 6.º, caput, da Carta Magna, que a Previdência Social possui status
de um verdadeiro “Direito Social”.

O art. 7.º, por sua vez, corrigindo distorções históricas, apregoa que são direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, dentre vários outros, a aposentadoria (inc. XXIV).

Ainda, dentro de um Título denominado “Da Ordem Social” (Título VIII), a partir dos arts. 193 e
ss., vislumbramos uma lógica estrutura organizada de planejamento constitucional denominada
“Seguridade Social”, que, por sua vez, vai envolver toda a essência do objeto de estudo do Direito
Previdenciário.

Por fim, outros diversos dispositivos constitucionais envolvem este ramo do saber, como por
exemplo, os arts. 40 e ss. da Carta Magna, que regulam a Previdência do Servidor Público, além de,
ainda exemplificando, os arts. 195 e ss. que tratam do importantíssimo custeio previdenciário e
seus incontroversos reflexos tributários.

Em suma, impossível a análise fria e limitada do Direito Previdenciário tão somente com a
legislação marginália, sem as ingerências, sobretudo, axiológicas do Direito Constitucional em si,
totalmente harmônico e em sintonia com este pacote de proteção denominado Previdência Social.

Lado outro, evidente que várias disposições constitucionais necessitam de ferramentas


jurídicas próprias, para dar concretude ao que almejou o legislador constitucional.

Por conta disto, sem prejuízo do contexto histórico que será abordado de forma didática neste
livro, devemos consignar a égide atual da Constituição Cidadã, de 1988, e a partir dela, destacar os
principais diplomas legais legislativos de substrato previdenciário.

Importante:

Neste sentido, os principais diplomas legais que regem atualmente a Previdência Social, dentro do
denominado Regime Geral (RGPS), são:

Lei 8.212/1991: que trata do Custeio da Previdência Social (LC ou PC);

Lei 8.213/1991: que trata do Plano de Benefícios da Previdência Social (LB ou PB),

Dec.-lei 3.048/1999: que trata do Regulamento Geral da Previdência Social (RGPS).

IN: 77/2015 (Benefícios).

Aqui, os principais textos legais, atualmente em plena vigência, servindo até mesmo de fonte
subsidiária e supletiva para outros regimes previdenciários.

Evidente, que para acompanhar a evolução da sociedade, diversas alterações foram


promovidas, sobretudo para aperfeiçoar o intento da regulamentação dos objetivos
constitucionais.

Ao final deste trabalho, um quadro esquemático traz os principais diplomas legais de ordem
infraconstitucional com suas principais alterações, por exemplo, cite-se a Lei 9.032/1995 que
inovou acerca da aposentadoria especial, extinguindo a conversão por categorias; a Lei 9.876/1999
que trouxe a existência jurídica do tão conhecido Fator Previdenciário, a Lei 10.666/2003 que
extinguiu a qualidade de segurado como requisito de concessão de benefício, a Lei 12.618/2012 que
versa sobre a Previdência Complementar do Servidor Público, a novel LC 142/2013, reguladora da
aposentadoria dos deficientes, como também a recente Lei 13.135/2015 que alterou diversos
dispositivos do plano de benefícios do Regime Geral de Previdência, Lei 150/2015 que ampliou
direitos dos domésticos com grandes impactos na seara previdenciária, Lei 13.183/2015, que
regulamentou de vez a fórmula 85x95 progressiva.

De todo o modo, aprimorar os conceitos legais e suas razões de existir, dentro da hermenêutica
jurídica, exprime a importância do próprio instituto jurídico regulado, de todo necessário para a
convivência de uma sociedade politicamente organizada.

Acertada assim, a lição de André Franco Montoro a respeito:

“O intérprete deve penetrar na norma, buscando seu sentido, seu alcance e a extensão da sua
finalidade” (Introdução à ciência do direito. 24ª. ed. São Paulo: Ed. RT, 1997).
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3. CONCEITO, OBJETO E CLASSIFICAÇÃO DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Conceito, Objeto e Classificação do Direito Previdenciário 3

Evidente que o Direito Previdenciário detém corpo e formato próprios, sendo de crucial
importância a sua análise concatenada, para melhor compreender seus meandros.

Logo, é importante asseverar duas correntes doutrinárias básicas a respeito, sendo uma que
apregoa a existência de um Direito da Seguridade Social e outra, que defende a unicidade do
Direito Previdenciário quanto a um objeto apenas.

Acertado é o último posicionamento, com as vênias devidas.

É que o Direito Previdenciário tem por foco principal o estudo da Previdência Social, enquanto
técnica protetiva.

Sabe-se e aqui também será melhor explorada inclusive em tópico próprio que a Seguridade
Social, constitucionalmente arquitetada no art. 194 da CF/1988, abarca não só a Previdência Social,
mas também a Assistência Social e a Saúde.

Contudo, analisando detidamente o que é um e o que é outro ramo dessa Organização


Constitucional, fácil aferir que o cerne previdenciário é apenas um, o estudo específico da
Previdência Social.

Desde já e neste sentido, valiosa a lição do Professor Ivan Kertzman a respeito:

“Não fazem parte do campo do Direito Previdenciário as normas específicas que tratam de
Saúde e Assistência social” (Curso prático de direito previdenciário. 5. ed. Salvador: Podivm, 2008).

Também, aludido Professor define o objeto do Direito Previdenciário da seguinte forma:

“O Direito Previdenciário objetiva a análise das regras gerais que tratam do custeio da
seguridade social e do estudo aprofundado das normas de financiamento da previdência social e
de prestações oferecidas por este ramo da seguridade” (Idem, p. 45).

Conceitualmente, o Professor Wladimir Novaes Martinez (Curso de direito previdenciário. 4. ed.


São Paulo: LTr, 2012. p. 66.) define o Direito Previdenciário, como:

“Direito Previdenciário é ramo de direito público disciplinador de relações jurídicas


substantivas e adjetivas estabelecidas no bojo da previdência social pública ou privada, em
matéria de custeio e prestações, objetivando a realização dessa técnica de proteção social.”

Os ilustrados Professores Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari, de igual modo,
lecionam nessa mesma direção:

“Fogem ao estudo do Direito Previdenciário as normas que tratam da atuação estatal no campo
da Saúde e da Assistência Social, pois envolvem outros princípios e regras, guardando identidade
apens em relação ao custeio”. (Manual de Direito Previdenciário. 17 ed.. Rio de Janeiro: Forense,
2015, p.58)

De igual forma, além de conceituar e delimitar o objeto torna-se necessária a análise da


classificação deste ramo jurídico.
Para tanto, inicialmente, destacamos a existência de uma doutrina tradicionalista que limita os
ramos jurídicos em Público ou Privado. Lado outro, existente também uma corrente doutrinária
moderna que, além da dupla previsibilidade da linha tradicional, acrescenta também os
denominados Direitos Sociais, como o Direito do Trabalho e o próprio Direito Previdenciário,
acompanhando a evolução dos Direitos das Gerações.

Não só por encontrá-lo nesta seara que o Direito Previdenciário é tão somente entendido como
uma ramificação dos Direitos Sociais, mas antes disto, importante é afirmar que se trata de um
ramo de Direito Público, mas não de Direito Privado.

É que, algumas características deste relacionamento conduzem a tal assertiva, como, por
exemplo, a existência da intervenção estatal; relação jurídica do Estado com particulares; presença
da Administração e Administrados, etc.

Em suma, tal classificação melhor se define pela incontroversa existência em favor do ente
estatal do seu “Poder de Império”.

Atenção:

Logo, fácil aferir, desde já, a nítida existência de uma Autonomia Didática do Direito Previdenciário, não
devendo ser visto como parte integrante do Direito do Trabalho, ou de qualquer outro ramo da ciência
jurídica.

Como já afirmado, a Previdência Social alocada nos arts. 201 e 202 da CF/1988 é o objeto central
desta área do saber, podendo aqui asseverar algumas conclusões básicas no tocante ao Direito
Previdenciário:

– ramo jurídico importante, relevante e necessário para a Ordem Social;

– evidente carga axiológica (valores, princípios e normas);

– refere-se na essência a verdadeiros direitos fundamentais.

Passada assim a conceituação do Direito Previdenciário, seu objeto, características e


classificação, importante aferir o conceito da Previdência Social enquanto válvula motriz de todo o
estudo jurídico previdenciário.

Wladimir Novaes Martinez (Idem, p. 33), assim leciona a respeito, de forma lúcida:

“É a técnica de proteção social que visa propiciar os meios indispensáveis à subsistência da


pessoa humana – quando esta não pode obtê-los ou não é socialmente desejável que os aufira
pessoalmente através do trabalho, por motivo de maternidade, nascimento, incapacidade,
invalidez, desemprego, prisão, idade avançada, tempo de serviço ou morte – mediante
contribuição compulsória distinta, proveniente da sociedade e de cada um dos participantes.”

Para o Professor Wagner Balera (Sistema de seguridade social. 5. ed. São Paulo: LTr, 2009):

“A Previdência Social é, antes de tudo, uma técnica de proteção que depende da articulação
entre o Poder Público e os demais atores sociais. Estabelece diversas formas de seguro, para o qual
ordinariamente contribuem os trabalhadores, o patronato e o Estado e mediante o qual se intenta
reduzir ao mínimo os riscos sociais, notadamente os mais graves: doença, velhice, invalidez,
acidentes no trabalho e desemprego.”

Em suma, interpretando seus principais comandos, em especial os arts. 40, 201 e 202 da
CF/1988, fácil destacar que a Previdência Social é uma constitucional técnica protetiva, de
contornos axiológicos que visa assegurar a seus participantes o acesso a benefícios e serviços
quando sujeitos a determinado risco social.

Atenção:
Pelos denominados riscos sociais, o legislador constitucional abarcou a denominada “Teoria do Risco
Social”, objetivamente alicerçada no art. 201 da CF/1988, bem como catalogada nos arts. 1.º e 9.º da Lei
8.213/1991(Lei de Benefícios – LB).

Por risco, nos ensinamentos básicos do direito civilista, sabe-se que se trata de um evento
previsível, futuro e incerto.

Assim, evidente as semelhanças com o risco social adotado pelo Direito Previdenciário,
sobretudo, pela comparação com os componentes do Direito Civil.

De fato, a nítida sintonia entre os elementos: previsibilidade, cobertura e sujeitos participantes


da regra civilista, com os componentes da ciência previdenciária, quer seja, INSS, segurados(as),
seguro social, eventos, etc.

Quanto a estes eventos, o catálogo constitucional é por demais exauriente, já que almeja
acobertar os seguintes eventos:

Doenças Invalidez Morte

Idade avançada Maternidade Encargos familiares

A toda evidência, como se afere, essas lições abalizadas demonstram a importante necessidade
do constante estudo e edificação do Direito Previdenciário, ramo jurídico específico, autônomo,
singular e invólucro por normas fundamentais por excelência, independentemente de outras
áreas da ciência jurídica, devendo ser explorado de maneira individual.
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4. HISTÓRICO

Histórico 4

A melhor compreensão de qualquer instituto jurídico sempre vai passar pela sua análise
histórica para melhor compreender as razões de existir.

No Direito Previdenciário, evidente que também há um robusto acervo histórico a percorrer


em termos didáticos, sobretudo para melhor compreender a temática, as influências, o modelo, a
evolução, enfim, aferi-lo em toda a sua extensão.

Para tanto, necessário invocar a ciência da interpretação com sua técnica apropriada, através
da Hermenêutica Jurídica em favor do hermeneuta, o interpretador, com o objetivo de alcançar a
intenção da Lei (ratio legis).

Valendo-se desta regra interpretativa, ou seja, através do método histórico, basicamente se


analisa o contexto temporal de aprovação da lei, com o intuito de auxiliar no descobrimento de
sua razão de existir, dentro de uma análise conjuntural da época e efeitos no tempo.

Logo, através deste tecnicismo hermenêutico, mister a compreensão histórica mundial e


brasileira do Direito Previdenciário.

Inicialmente, acerca da história mundial da Previdência, como gênero e foco da ciência


previdenciária, temos os seguintes acontecimentos diretivos, ora apresentados de maneira
sintetizada:

– Primeiras manifestações do homem em relação à proteção social remontam na Grécia e Roma antigas;

– Como regime protetivo, o surgimento é oriundo da luta dos trabalhadores por melhores condições de
vida;

– As primeiras normas protetivas editadas tiveram caráter eminentemente assistencial;

– As primeiras leis previdenciárias surgiram na Alemanha;

– A primeira Constituição a tratar do tema foi a Carta Mexicana;

– Em 1601, na Inglaterra, foi editada a Lei dos Pobres (Poor Relief Act), marco da criação da assistência
social, que regulamentou a instituição de auxílios e socorros públicos aos necessitados;

– Na Alemanha, em 1883, Otto Von Bismarck instituiu uma série de seguros sociais destinados aos
trabalhadores. Criou o Seguro-doença para os trabalhadores da indústria, custeado por contribuições dos
empregados, empregadores e do Estado;

– Em 1884, criou-se o Seguro de Acidente de Trabalho com o custeio a cargo dos empregadores e em 1889,
foi instituído o Seguro de Invalidez e Velhice, custeado pelos trabalhadores, empregadores e Estado;

– 1917 – Constituição Mexicana - primeira a incluir a previdência social no seu bojo (art. 123);
– 1919 – A Constituição Alemã de Weimar (art. 163) determinou ao Estado o dever de prover a
subsistência do cidadão alemão, caso não possa proporcionar-lhe a oportunidade de ganhar a vida com um
trabalho produtivo;

– Nos Estados Unidos, Franklin Roosevelt instituiu o New Deal, através da doutrina do Estado do bem-
estar social (Welfare State), visando resolver a crise econômica que assolava o país desde 1929;

– New Deal: plano político de intervenção do Estado na economia para os investimentos na saúde,
assistência pública e na previdência;

– 1935 – Criação do Social Security Act, que criou a previdência social como forma de proteção social;

– 1941 – Na Inglaterra, o Plano Beveridge, reformado em 1946, elaborado pelo Lord Beveridge, tinha
como objetivo constituir um sistema de seguro social que garantisse ao indivíduo proteção diante de certas
contingências sociais, tais como a indigência ou incapacidade laborativa – uniu os três ramos da Seguridade
(saúde, previdência social e assistência);

– Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, prescrevia, entre outros direitos fundamentais
da pessoa humana, a proteção previdenciária;

– Organização Internacional do Trabalho (OIT): criada em 1919, em sua Convenção 102, aprovada em
Genebra em 1952, traduzia os anseios e propósitos no campo da proteção social, comuns às populações dos
numerosos países que a integram;

– Pactos realizados entre os países na defesa da Seguridade Social, destacamos: Pacto dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais (1966); Protocolo de São Salvador (1988), Convenção Americana de Direitos
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica – 1969).

Como se observa, robusta é a linhagem histórica da Previdência que mostra a evolução de sua
própria essência.

Importante:

Oportuno, desde já, notar a grande influência europeia no cenário pátrio, sobretudo pela ideia
securitária, mas não civilista e sim, social, abarcada com o modelo alemão de Otto Von Bismarck, que
diretamente serviu de parâmetro para todo o ocidente.

De igual forma, no contexto nacional a Previdência passou por vários momentos de crucial
relevo para o seu aperfeiçoamento, destacando na articulação a seguir eventos de suma
importância para a sua atual estatura:

– Existência das Santas Casas de Misericórdia, como a de Santos (1553): prestação de serviços da
assistência social;

– Constituição de 1824, primeira que tratou da seguridade social no seu art. 179, onde abordou a
importância da constituição dos socorros públicos;

– Em 1835, foi criada a primeira previdência privada no país, o Montepio Geral dos Servidores do Estado
(Montgeral);

– 1850: Código Comercial – dispôs que os empregadores deveriam manter o pagamento dos salários dos
empregados por no máximo três meses, no caso de acidentes imprevistos e inculpados;

– Constituição de 1891: primeira a conter a expressão “aposentadoria” – estabeleceu aposentadoria por


invalidez aos servidores públicos;

– Em 1919 – Dec. 3.724/1919: instituiu o seguro obrigatório de acidente de trabalho, bem como uma
indenização a ser paga pelos empregadores;

– Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo 4.682, de 24.01.1923): foi a primeira norma a instituir no país a
previdência social, com a criação das Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP) para os ferroviários – marco
da previdência social no país – custeio era a cargo das empresas e dos trabalhadores;

– Em 1930, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que tinha a tarefa de administrar a
previdência social;

– Constituição de 1934 – disciplinou a forma de custeio dos institutos, no caso tríplice (ente público,
empregado e empregador);

– Constituição de 1946 – aboliu a expressão “seguro social”, dando ênfase pela primeira vez na Carta da
República à expressão “previdência social”;

– Em 1960, foi editada a Lei 3.807, de 26.08.1960, Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) – considerada
uma das normas previdenciárias mais importantes da época;

– A LC 11/1971, criou o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), no âmbito do estatuto do


trabalhador rural;

– A EC 11, de 31.03.1965, estabeleceu o princípio da precedência da fonte de custeio e relação à criação ou


majoração de benefícios;

– O Dec.-lei 72, de 21.11.1966, unificou os institutos de aposentadoria e pensão, criando o Instituto


Nacional de Previdência Social (INPS) – Governo centralizou a organização previdenciária em seu poder;

– Em 01.07.1977, através da Lei 6.439/1977, foi criado o Sinpas (Sistema Nacional de Previdência e
Assistência Social), destinado a integrar as atividades de previdência social, da assistência social, da
assistência médica e de gestão administrativa, financeira e patrimonial das entidades vinculadas ao
Ministério da Previdência e Assistência Social;

– Em 1984, ocorreu a consolidação da legislação previdenciária (CLPS), que reuniu toda a legislação de
custeio e benefício em um único documento: Dec. 89.312/1984 (revogado pelo Dec. 3.048/1999);

– Com a Constituição (Cidadã) de 1988, houve a ampliação do conceito de Seguridade Social com a
principal premissa de que todos devem ter o direito aos benefícios que ela distribui e o dever de contribuir
para manter a solidariedade entre gerações – reestruturação completa da previdência social, saúde e
assistência social, unificando esses conceitos, através dos arts. 194 a 204 da CF/1988;

– Lei 8.029, de 12.04.1990, criou o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (fusão do INPS e Iapas);

– Lei 8.080 de 19.09.1990 – Sistema Único de Saúde (SUS);

– 1991 – Leis 8.212/1991 (Lei de Custeio – LC) e 8.213/1991 (Lei de Benefícios – LB) – Plano de Custeio e
Organização da Seguridade Social e o Plano de Benefícios da Previdência Social;

– 1993 – Lei Orgânica da Assistência Social (Loas) – Lei 8.742/1993;

– EC 20/1998 – Reforma da Previdência – introduziu profundas alterações no sistema previdenciário;


– EC 41, de 19.12.2003, que alterou principalmente as regras do regime próprio de previdência social dos
servidores públicos;

– EC 47/2005, denominada PEC Paralela que procurou reduzir os prejuízos causados aos servidores
públicos pela EC 41/2003;

– 2007 – Criada a Secretaria da Receita Federal do Brasil – Secretaria da Receita Federal (SRF) + Secretaria
da Receita Previdenciária (SRP) – Lei 11.457/2007;

Ao que se vê, de igual maneira, no âmbito nacional o contexto histórico demonstra com salutar
propriedade a evolução da Previdência, alocando-a atualmente no patamar constitucional,
demonstrando assim a sua destacada importância para a Sociedade Brasileira, como verdadeira
ferramenta de concretização dos ideários constitucionais conquistados e a serem evoluídos no
tempo.

© desta edição [2017]


2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
5. SEGURIDADE SOCIAL

Seguridade Social 5

Como demonstrado até aqui, defendemos a linha doutrinária que apregoa o estudo do Direito
Previdenciário tão somente quanto ao instituto da Previdência Social, constitucionalmente
alocado.

Porém, não há como analisar este foco, sem envolvê-lo em outro instituto igualmente disposto
no Texto Supremo, quer seja a Seguridade Social ou o Sistema de Seguridade Social.

Para compreender esta arquitetura constitucional de proteção, evidente que se deve reiterar a
expressiva carga axiológica do Legislador Constitucional e sua abrangência no Direito
Previdenciário, que necessitará da Seguridade Social como estrutura que irá organizar a própria
Previdência.

Como exemplos, as seguintes previsões bem demonstram o campo constitucional para a


Previdência e para a Seguridade Social, senão vejamos: Direitos Sociais (Preâmbulo
Constitucional); Postulado da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1.º, III, da CF/1988); Previdência:
Direito Social por excelência (art. 6.º, caput, da CF/1988); Aposentadoria como conquista republicana
(art. 7.º, XXIV, da CF/1988), etc.

Passando este norte introdutório, também conferindo especial primazia ao instituto e a própria
ciência previdenciária, se vê com clareza uma organização jurídica da Seguridade no Texto
Constitucional, conferindo uma sistematização jurídica peculiar, bem como uma organização
estrutural específica.

É que o legislador constitucional alocou a Seguridade Social da seguinte forma:

“TÍTULO VIII

Da Ordem Social

(...)

CAPÍTULO II

DA SEGURIDADE SOCIAL

(...)

Art. 194: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos
Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
e à assistência social.”

Por sua vez, como não poderia deixar de ser, abalizada doutrina também explicita com singular
maestria este organismo constitucional de proteção, conforme lição de Celso Barroso Leite (op. cit.,
p. 22), Wagner Balera (op. cit., p. 35) e Fábio Lopes Vilela Berbel (Teoria geral da previdência social.
São Paulo: Quartier Latin, 2005, respectivamente):

“Conjunto de medidas destinadas a atender às necessidades básicas do ser humano.”


“O sistema securitário social consagra a proteção do indivíduo contra possíveis riscos que
possam surgir, seja através da saúde, da assistência social e da previdência social.”

“Desta forma, pode-se dizer, em princípio, que Sistema de Seguridade Social é o conjunto de
regras e princípios estruturalmente alocados, com escopo de realizar a Seguridade Social que, a
partir de uma visão meramente política, seria a proteção plena do indivíduo frente aos infortúnios
da vida capazes de levá-lo à indigência, ou seja, a proteção social da infelicidade individual.”

Em suma, Seguridade Social é um planejamento constitucional, sistematicamente estruturado,


protetivo e que abarca três grandes áreas a saber: Assistência, Saúde e Previdência Social, esse
último objeto do presente estudo, já que a grande essência do Direito Previdenciário.

SEGURIDADE SOCIAL

Assistência Social Previdência Social Saúde


2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
6. PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL

Princípios da Seguridade Social 6

Oportuna, porque não afirmar também, necessária, a análise principiológica deste organismo
constitucional e protetivo denominado Seguridade Social.

É que, primeiramente e como demonstrado, o objeto do Direito Previdenciário compõe uma das
grandes áreas deste planejamento, logo seus princípios influenciarão diretamente o estudo da
Previdência.

Lado outro, qualquer instituto jurídico, como o ora estudado de forma resumida e didática, com
alvo ao público acadêmico, também melhor se define pela harmonia dos princípios que o compõe,
sem desprezar o já ressaltado norte axiológico que age diretamente em todos os ramos da
Seguridade.

Pois bem, passado este norte introdutório, cabe definir o que é um princípio?

A palavra princípio tem raiz etimológica no latim principium, possuindo o significado de


começo, origem ou ponto de partida.

Em conhecido estudo doutrinário, o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de direito
administrativo. 13. ed. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 47), em transcrição conhecidíssima define
com clareza solar o princípio:

“(...) o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental


que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua
exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema
normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.”

E mais, aludido professor (idem, p. 67) ainda leciona acerca das consequências da violação a
um princípio, demonstrando aqui o seu alto relevo:

“Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao
princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o
sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o
escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de
seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua
estrutura mestra. Isto porque, em ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda a
estrutura nelas esforçadas.”

Outro doutrinador de expressiva envergadura, professor Nelson Luiz Pinto, da PUC-SP (palestra
realizada no curso da PUC-SP/Cogeae, em novembro de 2011), de igual forma, traz uma lição
lúcida, coesa e objetiva da essência do princípio:

“(...) os princípios, genericamente falando, são regras não escritas que decorrem ou de outras
regras escritas, ou de um conjunto de regras, ou do sistema jurídico como um todo, e que orientam
não apenas a aplicação do direito positivo, mas também, a própria elaboração de outras regras,
que a eles devem guardar obediência hierárquica.”

Em síntese, podemos resumir de forma didática que os princípios são:


– utilitários para interpretação de um Sistema Jurídico;

– diretrizes de interpretação;

– regras não escritas;

– normas supralegais, abstratas, de alta carga valorativa e que são usadas para a elaboração e aplicação
do direito.

Como não poderia deixar de ser, também existem duas correntes acerca destes princípios,
sendo uma doutrinária e outra de linhagem constitucional.

Atenção:

Em termos didáticos, preferimos aderir a segunda corrente, que faz a interpretação não só literal, mas
harmoniosa e consentânea do texto constitucional.

É que o já citado art. 194 da CF/1988 e seu parágrafo único trazem os objetivos da Seguridade
Social que são seus verdadeiros princípios, devendo aqui a semântica ser usada de forma
extensiva.

Assim, fácil aferir que os Princípios da Seguridade Social, segundo a corrente constitucional,
estão contextualizados no art. 194, parágrafo único da Lex Fundamentallis e divididos em gerais e
específicos.

De início, tem-se como princípio geral o da Solidariedade, estratificado no art. 3.º, I, da CF/1988,
possuindo as seguintes características que bem o definem:

– pilar de sustentação do regime previdenciário;

– objetivo fundamental da República;

– espírito orientador de toda a Seguridade;

– proteção individual x proteção coletiva;

– ausência de paridade entre contribuição e prestação;

– sustento do regime protetivo;

– aplicação acentuada na Previdência Social (contributiva);

– “Pacto de Gerações”.

Outros dois princípios gerais que também se destacam e influenciam sobremaneira as relações
previdenciárias são o do Valor Social do Trabalhoe da conhecida Dignidade da Pessoa Humana,
sedimentados no primeiro artigo do Texto Constitutional.

Acerca dos princípios específicos, outra subdivisão merece destaque:

Os incisos do art. 194, parágrafo único, da CF/1988, demonstram os princípios da Seguridade Social sob
três vertentes: princípios de “Direitos” (incs. I ao IV); de “Deveres” (incs. V e VI) e de “Gestão” (inc. VII).

Assim, o primeiro princípio sedimentado no inc. I do parágrafo único do art. 194 da CF/1988,
denominado “Universalidade da Cobertura e do Atendimento”, tem as seguintes características que
também o define:
– visa tornar acessível a Seguridade Social à todas as pessoas residentes na federação;

– todos devem estar cobertos;

– aplicado a todos os ramos da Seguridade;

– riscos sociais abrangidos conforme a Teoria do Risco Social, condensada no art. 201 da
CF/1988 e arts. 1.º e 9.º da Lei 8.213/1991.

Por sua vez, o segundo princípio, nominado constitucionalmente como “Uniformidade e


Equivalência dos Benefícios e Serviços às populações Urbanas e Rurais”, que visa corrigir longa
discrepância histórica que marginalizou os campesinos também da tutela previdenciária, detém os
seguintes caracteres:

– a Constituição Federal de 1988 disciplina uniformidade e equivalência de benefícios e


serviços, sem qualquer distinção;

– é um princípio que busca superar as históricas diferenças de tratamento das populações


urbanas e rurais;

– paridade entre trabalhadores rurais e urbanos;

– equivalência econômica (salário mínimo);

– constitucionalização (extinção do Funrural);

– ampliação do plano de cobertura.

Outro princípio, alocado no art. 194 da CF/1988, parágrafo único, inc. III, denominado
“Seletividade e Distributividade na Prestação de Benefícios e Serviços” é mais bem compreendido
pelas seguintes premissas:

– possibilita a ponderação dos critérios de atendimento pela necessidade (aos que


necessitam);

– Exemplo: Auxílio-doença, que será distribuído a uma classe específica e selecionada;

– contrapeso da universalidade (recursos limitados);

– recursos distribuídos como forma de proteção.

Por fim, o último princípio da linha de “Direitos” é o da “Irredutibilidade do Valor dos


Benefícios”, encontrado no inc. IV do parágrafo único do art. 194 da CF/1988, com as seguintes
definições:

– o poder aquisitivo dos benefícios não pode ser aviltado. Neste contexto a forma de
correção dos benefícios previdenciários será feita de acordo com o preceituado em lei;

– valor nominal não pode sofrer redução;

– reajustamento periódico.

Prosseguindo, o primeiro princípio da vertente “Dever”, de nome “Equidade na Forma de


Participação no Custeio”, encontrado no inc. V do parágrafo único do art. 194 da CF/1988,
contextualiza verdadeira meta a seguir, conforme as seguintes premissas a respeito:

– a Constituição Federal de 1988 criou diversas fontes de custeio, mas apenas àqueles que
estiverem em iguais condições contributivas é que terão de contribuir da mesma forma;

– mais contribuições quem tem mais capacidade de pagamento;


– Exemplo: Tabela e faixa contributiva do salário de contribuição.

O segundo princípio desta mesma ótica, conhecido como “Diversidade na Base de


Financiamento”, sedimentado no inc. VI do parágrafo único do art. 194 da CF/1988, denota
especialíssima preocupação com o equilíbrio financeiro que deve gerir o sistema, senão vejamos:

– a Lei Maior prevê diversas formas de financiamento da Seguridade social nos moldes do
art. 195 da CF/1988;

– ideia de diminuir o risco financeiro (sustentabilidade do sistema);

– contribuições de: governo + empresas + segurados.

Derradeiramente, o último princípio inserido no inc. VII do parágrafo único do art. 194 da
CF/1988, sob a ótica “Gestão”, é o conhecido como “Caráter Democrático e Descentralizado na
Gestão Administrativa”, que na verdade deveria sair da teoria e ser encampado na prática, já que
possui as seguintes metas que bem explicam a sua existência, porém e infelizmente de pouca
vivência diária:

– a Constituição Federal de 1988 dispõe que os trabalhadores, os empresários, os


aposentados e órgãos colegiados do Governo participarão da gestão administrativa da Seguridade
Social, a qual terá caráter democrático e descentralizado;

– gestão quadripartite;

– estruturação de um “Conselho Nacional de Previdência Social” (CNPS) com a existência


de participações paritárias.

Por exemplo, em termos de participação social em tempos de discussões da reforma


previdenciária, esse princípio deveria ser o plano piloto de qualquer planejamento a respeito.

Em linhas gerais, fácil aferir um sensível arcabouço principiológico robusto da Seguridade


Social, que também ramifica sobre todas as grandes áreas, dentre elas, a Previdência Social, campo
de pouso da vertente pesquisa.
2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
7. REGIMES PREVIDENCIÁRIOS (RGPS, RPPS E PP)

Regimes Previdenciários (RGPS, RPPS e PP) 7

O estudo organizado da Previdência Social enquanto ramo da Seguridade Social deve passar
por várias especificações, dentre elas, entender e compreender o regime previdenciário que vai
trazer ao intérprete a melhor compreensão deste verdadeiro pacote de proteção.

De fato, tal fim, melhor se afere quando a estrutura do regime previdenciário é mitigada.

Para tanto, o seguinte quadro se faz necessário para visualizar os regimes previdenciários
existentes no direito tupiniquim.

Fica nítido que não existe apenas um regime previdenciário, mas outros que visam dar corpo e
concretude a técnica protetiva denominada Previdência.

Por regime previdenciário, ensina o professor Wagner Balera (op. cit., p. 67) que:

“Arcabouço de normas disciplinadoras da relação jurídica previdenciária, garantindo aos


beneficiários a cobertura do seguro social na hipótese de virem a ser atingidos pelos riscos sociais
cobertos.”

De igual forma e, na mesma linha, conceitua o professor Ivan Kertzman (op. cit., p. 23):

“Considera-se Regime de Previdência Social aquele que ofereça aos segurados, no mínimo, os
benefícios de aposentadoria e pensão por morte.”

Como se vê, regime jurídico é um relacionamento organizado e específico, disciplinador de um


pacto previdenciário com direitos e deveres.

Para tanto, o regime que se diz previdenciário deve, obrigatoriamente, conter em sua viga
estrutural três componentes elementares: Beneficiários + Prestações + Custeio.
Regime Previdenciário

Beneficiários Prestações Custeio

Esta é a estrutura de um Regime Previdenciário.

O professor Moacyr Velloso leciona a este respeito:

“Para caracterizar-se como Regime Previdenciário, dentro de um Sistema de Proteção Social,


obrigatoriamente deve conter custeio e prestações específicas, asseguradas a beneficiários
determinados.”

Outro olhar, também essencial para a melhor compreensão do regime previdenciário, é saber a
sua técnica de financiamento.

Note Bem:

Do ponto de vista financeiro, os Regimes Previdenciários são financiados através de duas técnicas:
repartição simples x capitalização.

O quadro diferencia de forma didática estas técnicas:

Repartição simples Capitalização

Contribuições para fundo (vertidas) Contribuições investidas

Distribuição conforme necessidade Geridas pelos administradores privados

Solidariedade Rendimentos

Fácil já compreender que a Previdência Pública, conforme mostrado no gráfico supra, possui a
repartição simples como técnica financiadora, ao passo que na Previdência Privada prevalece
como regime financiador a capitalização, até mesmo devido a essência desta modalidade de
Previdência.

Lado outro, como impingido, entendendo o que é o Regime Previdenciário, sua finalidade,
objetivo, regime de financiamento, necessário então mensurá-lo objetivamente a partir de suas
modalidades.

De fato, hodiernamente, temos basicamente três Regimes Previdenciários:

– RGPS (Regime Geral de Previdência Social);

– RPPS (Regime Próprio de Previdência Social);

– RPP ou RPC (Regime de Previdência Privada/Complementar).

Por primeiro, a definição doutrinária do denominado Regime Geral subscrita pelo professor
Wagner Balera (op. cit., p. 15):

“O Regime Geral da Previdência Social vem disciplinado no art. 201 da Carta Constitucional de
1988, ao estabelecer que a previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de
caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial. Neste regime, encontraremos todos os trabalhadores, desde que não filiados
ao regime próprio, bem como, aqueles que, embora não exerçam atividades remuneradas,
inscrevam-se no sistema.”
De igual forma, a definição do Legislador Constitucional através do art. 201 da CF/1988:

“A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de
filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial (...).”

Também, ainda que com técnica legislativa questionável, a legislação previdenciária


infraconstitucional regula o Regime Geral:

“Art. 9.º A Previdência Social compreende:

I – o Regime Geral de Previdência Social;

(...)

§ 1.º O Regime Geral de Previdência Social – RGPS garante a cobertura de todas as situações
expressas no art. 1.º desta Lei, exceto as de desemprego involuntário, objeto de lei específica, e de
aposentadoria por tempo de contribuição para o trabalhador de que trata o § 2.º do art. 21 da Lei
8.212, de 24 de julho de 1991.” (art. 9.º, I e § 1.º, da Lei 8.213/1991);

“Art. 6.º A previdência social compreende:

I – o Regime Geral de Previdência Social;

(...)

Parágrafo único. O Regime Geral de Previdência Social garante a cobertura de todas as


situações expressas no art. 5.º, exceto a de desemprego involuntário, observado o disposto no art.
199-A quanto ao direito à aposentadoria por tempo de contribuição.” (art. 6.º, I e parágrafo único,
do Dec. 3.048/1999).

Algumas características deste RGPS:

– regime geral;

– público;

– contributivo;

– repartição simples;

– compulsório (filiação obrigatória);

– risco social (eventos);

– administrado pelo INSS.

Outro regime previdenciário, ainda como modalidade de Previdência Pública, agora


denominado Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), possui a seguinte conceituação,
conforme lição do professor Hermes Arrais Alencar (Benefícios previdenciários. 4. ed. São Paulo:
Leud, 2009. p. 86):

“Regime diferenciado de previdência, constitucionalmente previsto no art. 40, o Regime Próprio


de Servidor Público – RPSP – é aquele que uma vez instituído é de natureza obrigatória,
vinculando o ingresso de todos servidores públicos das esferas federal, distrital, estadual e dos
municípios.”

No patamar constitucional, de igual forma, esse Regime está condensado no comando do art.
40, caput, da CF/1988,

“Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores
ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial e o disposto neste artigo.”

Do mesmo modo, também a legislação marginália traz referência a esse regime próprio:

“Art. 6.º A previdência social compreende:

(...)

II – os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos e dos militares;” (art. 6.º,
II, do Dec. 3.048/1999).

Por sua vez, caracteriza-se da seguinte forma:

– regime diferenciado/individualizado;

– público, solidário, contributivo;

– repartição simples;

– compulsório (decorre do cargo);

– Teoria do Risco Social (eventos);

– taxação dos inativos;

– administrado pelo Ente Federativo instituidor.

Finalmente, o Regime de Previdência Privada/Complementar (RPP ou RPC) está definido pela


lição doutrinária do professor Wladimir Novaes Martinez (op. cit., p. 49.) da seguinte forma:

“Conjunto de operações econômico-financeiras empreendidas no âmbito particular da


sociedade, de adesão espontânea, propiciando benefícios adicionais ou assemelhados, mediante
recursos exclusivos do protegido.”

Outra definição deste regime previdenciário, agora na lição do professor Ivan Kertzman (op.
cit., p. 45):

“O Regime de Previdência Privada Complementar é facultativa e, obviamente, de natureza


privada. É organizado de forma autônoma em relação ao Regime Geral de Previdência Social e
baseia-se na constituição de reservas que garantam o benefício contratado.”

Como não poderia deixar de ser, também a definição do Constituinte Originário tal qual se
observa da simples leitura do comando constitucional inserto no art. 202, caput, da CF/1988:

“O Regime de Previdência Privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma


em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de
reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.”

Para melhor compreender este Regime, importante é também ressaltar os diplomas legais
acerca deste regime:

“Art. 9.º. A previdência social compreende:

(...)

II – o Regime Facultativo Complementar de Previdência Social (...)” (art. 9.º, II, da Lei
8.213/1991).
Desde já, ressalta-se a existência das Leis Complementares 108/2001 e 109/2001, que bem
regulamentam este ramo previdenciário de maneira completa, cuja análise não exauriente, mas
panorâmica, será ainda feita neste livro.

Por fim, as características do RPP:

– caráter complementar;

– organização autônoma;

– facultativo;

– privado (na contratação);

– contributivo;

– capitalização (investidas/rentabilidade);

– Teoria do Risco Social (eventos);

– administração particular (instituidor);

– entidades fechadas e abertas.

Para fins de elucidação, o texto constitucional informador deste regime se vale da terminologia
privada e não complementar, o que se percebe da simples leitura do art. 202, caput, da CF/1988.

O mesmo dispositivo coloca o complementar como uma das características, mas não a
definição.

Esta a ótica constitucional.

Em linhas gerais, os Regimes Previdenciários, nada mais são senão relações jurídicas
organizadas de ordem previdenciária com direitos e deveres de seus participantes, que será o
objeto do próximo capítulo, isto é, a partir do conhecido, complexo e polêmico RGPS, gerido pela
sua autarquia previdenciária, o não menos conhecido INSS.
2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
8. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS)

Regime Geral de Previdência Social (RGPS) 8

Como antes defendido, o RGPS é o maior e mais complexo regime jurídico dentre os
previdenciários, por vários motivos.

Neste sentido, importante destacar que pela sua imensidão, seja quanto à forma e quanto ao
conteúdo, acaba por ser parâmetro e modelo para outros regimes previdenciários.

Por outro lado e adotando aqui o seu estudo estrutural, já que mais didático e objetivo,
iniciaremos o enfoque quanto aos seus beneficiários, ou seja, os sujeitos protegidos e destinatários
de todo o pacote previdenciário.

8.1 BENEFICIÁRIOS (SEGURADOS E DEPENDENTES)

Inicialmente, cabe aqui afirmar e demonstrar que a terminologia “beneficiários” advém da


própria norma legal, sendo amoldada pela abalizada doutrina.

De fato, basta realizar uma análise literal dos arts. 1.º e 10 da Lei 8.213/1991 (Lei de Benefícios –
LB), bem como do art. 3.º da Lei 8.212/1991 (Lei de Custeio – LC) para se confirmar tal afirmação.

Contudo, é a doutrina quem irá realizar a sua compreensão jurídica em amplo aspecto.

Neste sentido é a lição do professor Miguel Horvath (Direito previdenciário. 8. ed. São Paulo:
Quartier Latin, 2011. p.151):

“Beneficiário é toda pessoa protegida pelo sistema previdenciário, seja na qualidade de


segurado ou de dependente. Os beneficiários são os sujeitos ativos das prestações previdenciárias.”

Na mesma direção, o Professor Wladimir Novaes Martinez (Op. cit., p. 44):

“Beneficiários são designações genéricas que indicam os destinatários da previdência social.


Sujeitos capazes de direitos e obrigações previdenciárias.”

Cabe então resumirmos esta parte estrutural do RGPS, consignando, pois, que beneficiários são:

– Sujeitos protegidos;

– Destinatários do planejamento de proteção;

– Personagens da técnica previdenciária;

– Abrigados do sistema protetivo.

Antes de explorarmos ainda mais o RGPS, se faz necessário apresentar a seguinte ilustração:
É que há uma relação jurídica autêntica com direitos e deveres que são observados nesta
proteção previdenciária.

Logo, os beneficiários possuem direitos neste abrigo previdenciário, contudo, também deveres,
sobretudo quanto à contribuição, já que esta característica é implícita na própria existência da
Previdência.

Também, outra classificação merece registro.

Note bem:

O beneficiário é o gênero, do qual são ramos específicos que o compõe os segurados e dependentes.

Em suma:

Especificando ainda mais esta clientela previdenciária, surge a necessidade de compreender


estas subdivisões, de suma importância para a tutela protetiva ora discorrida.

Inicialmente, consignar que os segurados são titulares de direitos próprios, ao passo que os
dependentes também exercem direitos próprios, mas sua vinculação com a Previdência Social está
condicionada à manutenção da relação jurídica do segurado com o Sistema Previdenciário.

É a denominada proteção previdenciária indireta ou oblíqua dos dependentes, eis que a


vinculação previdenciária e por consequência a proteção destes, sempre irá passar pela condição
jurídica do segurado com o regime previdenciário.

Porém, a conceituação de segurados e dependentes, de igual forma, se torna necessária.

A doutrina presta assim relevo sólido para aferir estes protegidos, consignando aqui os
ensinamentos do professor Augusto Grieco Sant’anna Meirinho (Palestra ministrada no Curso de
Pós-Graduação na EPD/SP em 04.2009):

“Segurados são as pessoas físicas que, em razão de exercício de atividade ou mediante o


recolhimento de contribuições, vinculam-se diretamente ao Regime Geral”.

Corroborando a bilateralidade deste pacto, oportuna a lição do professor Miguel Horvath


Junior (Op. cit., p. 95) a respeito:

“Segurados são as pessoas que mantém vínculo com a Previdência Social, decorrendo destes
vínculos direitos e deveres.”

No plano legislativo previdenciário são as seguintes as referências normativas a respeito dos


Segurados:

Importante:
– Arts. 11 ao 13 da Lei 8.213/1991 (Lei de Benefícios – LB);

– Arts. 12 ao 14 da Lei 8.212/1991 (Lei de custeio – LC);

– Arts. 9.º ao 11 do Dec. 3.048/1999 (RGPS).

Por sua vez, também a noção doutrinária acerca dos Dependentes apresentada pelo Professor
Augusto Grieco Sant’anna Meirinho (Palestra ministrada no Curso de Pós-graduação na EPD/SP em
04.2009):

“São as pessoas cujo liame jurídico existente entre elas e o segurado permite que a proteção
previdenciária lhes seja estendida de forma reflexa.”

No plano normativo, são as seguintes referências no tocante a Dependentes:

– Art. 16, I ao III e parágrafos da Lei 8.213/1991 (Lei de Benefícios – LB);

– Art. 16, I ao III e parágrafos do Dec. 3.048/1999 (RGPS).

Em regra, nítido então afirmar que beneficiários serão sempre os segurados ou dependentes,
subdivisões do gênero sujeitos protegidos.

Válido, pois, ainda delimitar ainda mais estas subdivisões.

É que quanto aos segurados, há a classificação quanto a obrigatoriedade e quanto a sua


facultatividade.

De fato, também há a explicação quanto à incidência dos princípios constitucionais nos pontos
ora discorridos.

Obrigatórios porque atendem à regra compulsória do exercício de atividades remuneradas,


ante o caráter contributivo que norteia a Previdência Social pela expressa literalidade do comando
constitucional do art. 201, caput, da CF/1988 ao passo que a facultatividade exprime o conceito da
abertura do pacote de proteção, ou seja, enquanto técnica protetiva deve ser e estar sempre aberta
a novas filiações, ante a regra constitucional da universalidade da abertura e do atendimento.

Logo, os segurados obrigatórios são os maiores de 16 anos (salvo o menor aprendiz que pode
exercer atividade a partir dos 14 anos) que exercem qualquer tipo de atividade remunerada lícita
que os vinculem, obrigatoriamente ao Sistema Previdenciário, como exemplo: empregado,
doméstica, profissional liberal etc.

Por sua vez, os segurados facultativos são aqueles que, mesmo sem exercer atividade
remunerada que os vincule obrigatoriamente ao RGPS, optam pela inclusão no sistema
previdenciário (devendo ter a idade mínima de 16 anos), como os estudantes, estagiário, síndico,
membro do conselho tutelar, etc.

Dada a sua importância e extensão jurídica, serão melhor explorados nos próximos subtópicos.

8.2 SEGURADOS OBRIGATÓRIOS E FACULTATIVOS

Com efeito, a mensuração específica e concatenada de quem são estes sujeitos, se torna
obrigatória para a melhor compreensão da tutela previdenciária direta ou objetiva, própria dos
segurados.

Logo, classifica a doutrina, conforme a interpretação harmoniosa da legislação hodierna, cinco


categorias de segurados obrigatórios do RGPS, senão vejamos:
– empregados;

– empregados domésticos;

– contribuintes individuais;

– trabalhadores avulsos;

– segurados especiais.

Pois bem, necessária a análise, ainda que panorâmica, de cada categoria desta, de forma
articulada.

8.2.1 Empregado

Nesta categoria estão incluídos os trabalhadores com carteira assinada, temporários, diretores-
empregados, quem tem mandato eletivo, quem presta serviço a órgãos públicos, como ministros e
secretários e cargos em comissão em geral, quem trabalha em empresas nacionais instaladas no
exterior, multinacionais que funcionam no Brasil, organismos internacionais e missões
diplomáticas instaladas no país.

De outro lado, não estão nesta categoria os empregados vinculados a Regimes Próprios, como os
servidores públicos efetivos.

Trata-se de conceito de empregado semelhante àquele constante na legislação trabalhista,


conforme reza o art. 3.º da CLT, que demonstra a necessidade dos seguintes requisitos
configuradores: pessoalidade + habitualidade + subordinação + onerosidade.

Também são empregados, segundo a ótica previdenciária, o titular de mandato eletivo federal,
estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social, ou seja,
são as pessoas escolhidas em processo eleitoral para cargos eletivos (governador de Estado,
vereadores, prefeitos, deputados etc.) desde que não estejam vinculados a regime próprio de
previdência social.

Exemplos: Governadores de Estado, Prefeitos, Vereadores, Deputados Estaduais etc.

Por fim, outras regulamentações específicas desta primeira categoria de Segurado Obrigatório:

– o bolsista e o estagiário que prestam serviços à empresa em desacordo com a Lei 11.788/2008;

– o servidor do Estado, Distrito Federal ou Município, autarquias e fundações, ocupante de cargo


efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja amparado por regime próprio de previdência social;

– o servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, autarquias e fundações,
por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos
termos do inc. IX do art. 37 da CF/1988;

– o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais (cartorários).

8.2.2 Empregado doméstico

Ao contrário do empregado, porém com algumas semelhanças fáticas e jurídicas, os domésticos


são os trabalhadores que prestam serviços na casa de outra pessoa ou família, desde que essa
atividade não tenha fins lucrativos para o empregador. São considerados como empregados
domésticos a governanta, o enfermeiro, o jardineiro, o motorista, o caseiro etc.

Algumas referências legais que bem demonstram este ente jurídico, com contornos
previdenciários, destacando aqui também a novel Lei 150/2015, recentemente editada:

– Art. 11, II da Lei 8.213/1991 (Lei de Benefícios – LB);


– Art. 7.º, a, da CLT;

– Art. 7.º, parágrafo único, da CF/1988.

8.2.3 Trabalhador avulso

Trata-se do trabalhador que presta serviço a várias empresas, mas é “contratado” por
sindicatos e órgãos gestores de mão de obra (OGMO).

Nesta categoria estão os trabalhadores em portos, como: estivador, carregador, amarrador de


embarcações, quem faz limpeza e conservação de embarcações e vigia.

Na indústria de extração de sal e no ensacamento de cacau e café também há trabalhador


avulso.

Assim, o Dec. 3.048/1999 em seu art. 9.º, VI, traz um rol mais extensivo acerca desta categoria:

“a) o trabalhador que exerce atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e conserto de
carga, vigilância de embarcação e bloco;

b) o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério;

c) o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios);

d) o amarrador de embarcação;

e) o ensacador de café, cacau, sal e similares;

f) o trabalhador na indústria de extração de sal;

g) o carregador de bagagem em porto;

h) o prático de barra em porto;

i) o guindasteiro; e

j) o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos”.

8.2.4 Contribuinte individual

Conforme a Lei 8.213/1991, em sua redação original, havia uma tríplice classificação desta
categoria, sendo então empresário, trabalhador autônomo e equiparado a trabalhador autônomo.

Porém, entre as várias modificações advindas da Lei 9.876, de 29.11.1999, houve uma fusão
desta tripartição, criando assim uma única categoria: contribuinte individual (art. 14, parágrafo
único, da Lei 8.213/1991).

Em linhas gerais, são as pessoas que trabalham por conta própria (autônomos) e os
trabalhadores que prestam serviços de natureza eventual a empresas, sem vínculo empregatício,
como, por exemplo, os sacerdotes, os síndicos remunerados, os motoristas de táxi, os vendedores
ambulantes, as diaristas, os pintores, os eletricistas, os associados de cooperativas de trabalho,
advogados, dentistas e outros.

Cabe aqui, listar e realizar breves comentários acerca desta categoria, conforme o comando
legal acima referenciado, em especial do art. 11, V e alíneas, da Lei 8.213/1991 (Lei de Benefícios –
LB):

a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em
caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em
área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados
ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 9.º e 10 deste artigo;

Trata-se aqui do produtor rural, ou seja, a pessoa física que contribui de forma diferenciada
para a Previdência Social, devendo contratar terceiros como empregados, como exemplo, o
parceiro outorgante (meeiro ou parceiro), que utiliza empregados etc.

Desde já, dada a sua relevância, sobretudo para se tentar adotar critérios objetivos para o
enquadramento de categorias no tocante ao trabalhador rural, criou o governo os chamados
módulos fiscais, que passou a ser o atual parâmetro.

Na verdade, é uma inovação trazida pela Lei 11.718/2008 com conceito advindo do Estatuto da
Terra (Lei 4.504/1964), que se vale de unidade de medida em hectares fixada de uma forma
mediana por cada Município.

Por exemplo, em algumas regiões a pequena propriedade é aquela de até 04 módulos fiscais,
sendo regional a sua delimitação, isto é, depende da classificação e características de cada ponto
regional rural do País, variando de faixa de Estado para Estado.

b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral – garimpo, em
caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o
auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua;

Trata-se do garimpeiro que sempre será considerado como contribuinte individual, mesmo que
exerça a atividade sem a contratação de empregados.

c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação


ou de ordem religiosa;

São os padres, pastores, rabinos e demais líderes religiosos.

f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho
de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o
sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o
associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza
ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção
condominial, desde que recebam remuneração;

Empresário individual, bem como o sócio gerente ou cotista que recebe remuneração (pró-
labore) pelo exercício de atividade de direção na sociedade empresarial, associado eleito para
cargo de direção da cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, além
do síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que
recebam remuneração.

g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais
empresas, sem relação de emprego;

São os autônomos que prestam serviços a pessoas jurídicas, desde que a prestação do trabalho
seja de caráter eventual.

h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com
fins lucrativos ou não;

São os autônomos propriamente ditos, que prestam serviços por conta própria, ou também
denominados, profissionais liberais, como, por exemplo, advogados, dentistas, camelôs,
profissionais do sexo etc.

Como também não poderia deixar de ser, o Decreto Regulamentador cumprindo


fidedignamente seu papel, traz outras situações no tocante ao contribuinte individual, conforme
extração do art. 9.º, V e alíneas do Dec. 3.048/1999:
“(...)

f) o diretor não empregado e o membro de conselho de administração na sociedade anônima;

g) todos os sócios, nas sociedades em nome coletivo e de capital e indústria;

(...)

n) o cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição, presta serviço à sociedade


cooperativa mediante remuneração ajustada ao trabalho executado;”

8.2.5 Segurado especial

Por fim, a última categoria dos segurados obrigatórios.

São os trabalhadores rurais que produzem individualmente ou em regime de economia familiar


sem utilização de mão de obra assalariada permanente.

Estão incluídos nesta categoria cônjuges, companheiros e filhos maiores de 16 anos que
trabalham com a família em atividade rural. Também são considerados segurados especiais o
pescador artesanal e o índio que exerce atividade rural e seus familiares.

Importante:

Porém, de todo necessário aferir o que é o tão conhecido regime de economia familiar, tal qual rotulado
no art. 11, VII, § 1.º, da Lei 8.213/1991 (Lei de Benefícios – LB).

Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da
família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo
familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de
empregados permanentes. Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge ou
companheiro e os filhos maiores de 16 anos ou os a estes equiparados deverão ter participação
ativa nas atividades rurais do grupo familiar.

Logo, deve o campesino demonstrar aludida atividade em economia familiar para fazer jus ao
benefício do rurícola, desde que, é evidente, preenchido os demais requisitos como idade e
carência.

Aqui, um dos pontos nevrálgicos do Direito Previdenciário com diversas repercussões no Poder
Judiciário.

Entretanto, será um tópico melhor dirimido quando do estudo da aposentadoria por idade.

Contudo, desde já, importante visualizar dois julgados opostos em que se discutiu a
comprovação ou não do trabalho rural, ponto de colisão com os entendimentos administrativos
sobre esta aposentadoria, senão vejamos:

“Início de prova material garante aposentadoria por idade a trabalhadora rural. ‘Não se deve
aplicar rigor excessivo na comprovação da atividade rurícola, para fins de aposentadoria, sob
pena de tornar-se infactível (impossível de realizar), em face das peculiaridades que envolvem o
trabalhador do campo’. Acompanhando essa conclusão do Juiz Federal Marcelo Granado
(convocado), a 1.ª Turma Especializada do TRF-2.ª Reg. confirmou sentença da Justiça Estadual de
Marataizes, no Espírito Santo, que condenou o INSS a conceder aposentadoria por idade, de um
salário mínimo, a uma trabalhadora rural da região. (...) Por fim, Marcelo Granado lembrou que a
lei ‘ao admitir a possibilidade de início de prova material, não exige que haja documento probante
com relação a todo o período alegado, caso contrário não exigiria “início” de prova material, mas,
sim, prova material exaustiva’, encerrou.” (TRF-2.ª Reg., Ap (Reexame necessário)
2010.02.01.015413-0, 1.ª Turma Especializada, j. 29.03.2011, rel. Juiz Federal convocado Marcello
Ferreira de Souza Granado, e-DJF2R 08.04.2011, Informativo do TRF-2.ª Reg., de 06.10.2011.)
“Previdenciário. Embargos infringentes. Aposentadoria por idade. Rural. Ausência de prova
material. Testemunha vaga. 1. A questão relativa à comprovação de atividade rural se encontra
pacificada no STJ, que exige início de prova material, afastando por completo a prova
exclusivamente testemunhal (Súmula 149 STJ). 2. No caso em tela, não há documentos que
comprovem a faina campesina. A declaração de suposto ex-empregador é extemporânea aos fatos
em contenda e, desse modo, equipara-se a simples testemunho, com a deficiência de não ter sido
colhido sob o crivo do contraditório. 3. Os testemunhos colhidos foram vagos e mal
circunstanciados para comprovar o mourejo asseverado. 4. Embargos infringentes providos.”
(TRF-3.ª Reg., EI 97.03.048867-6/SP, 3.ª Seção, j. 22.09.2011, rel. Des. Daldice Santana, DJF3
30.09.2011, p. 85.)

Atenção:

O art. 11, VII, da Lei 8.213/1991 (Lei de Benefícios – LB) sofreu alteração por intermédio da já citada Lei
11.718/2008, modificando o conceito de segurado especial, que atualmente é:

“(...) a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele
que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de
terceiros, na condição de:

a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro


outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 1. agropecuária em área de
até 4 (quatro) módulos fiscais;

2. de seringueiro ou extrativista vegetal (...);

b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal
meio de vida;

c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 anos de idade ou a este equiparado, do
segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo
familiar respectivo.”

Estas, em linhas gerais e resumidas, as categorias dos segurados obrigatórios.

Como antes informado, os segurados são divididos em duas espécies, quer seja obrigatórios e
facultativos.

Entende-se por segurados facultativos toda pessoa que, sem exercer atividade que determine
filiação obrigatória, contribui voluntariamente para a Previdência Social, tendo como idade
mínima para ingressar no sistema previdenciário 16 anos.

Aqui, alguns exemplos: as donas de casa, estudantes, síndicos de condomínio não remunerados,
desempregados, presidiários não remunerados, estudantes bolsistas etc.

Esta classificação, se vê alocada no art. 13 da Lei 8.213/1991 e também melhor compreendida


pelo art. 11 do Dec. 3.048/1999.

Neste sentido, oportuna a transcrição do que consignou a lei a respeito:

“A filiação na qualidade de segurado facultativo representa ato volitivo, gerando efeito somente
a partir da inscrição e do primeiro recolhimento (...)” (art. 11, § 3.º, do Dec. 3.048/1999).

Na verdade é a concretização do princípio constitucional da universalidade da cobertura e do


atendimento, ou seja, parte da deliberação do sujeito de direitos em querer ou não participar do
pacote de proteção.

8.3 DEPENDENTES
Como antes demonstrado e defendido, a ampla doutrina também coloca os Dependentes como
subcategoria dos beneficiários, sendo espécie do gênero, sem descurar-se de que também são
sujeitos protegidos, porém de forma peculiar, ou seja, abarcados pela tutela previdenciária
indireta ou reflexa.

Dentro do normativismo hodierno, estes protegidos estão alocados nas seguintes disposições:

– Art. 16, I ao III e parágrafos da Lei 8.213/1991 (Lei de Benefícios – LB);

– Art. 16, I ao III e parágrafos do Dec. 3.048/1999 (RGPS).

Oportuno aqui, transcrever o art. 16 da Lei 8.213/1991, seus incisos e parágrafos para melhor
aferir a temática, com as recentíssimas inovações advindas da Lei 13.135/2015:

“Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do
segurado:

I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição,


menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave; (Redação dada pela Lei n.º 13.146, de 2015) (Vigência)

II – os pais;

III – o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou
que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)

§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às


prestações os das classes seguintes.

§ 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde


que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento. (Redação dada
pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união
estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal.

§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve
ser comprovada.”

Pela expressa literalidade do comando legal, se vê que a lei disciplinadora regula os


dependentes em classes.

De fato, assim a engenharia legal neste tocante:

– 1.ª Classe: inc. I do art. 16 da Lei 8.213/1991;

– 2.ª Classe: inc. II do art. 16 da Lei 8.213/1991;

– 3.ª Classe: inc. III do art. 16 da Lei 8.213/1991.

Ao que se percebe, as situações fáticas descritas em cada inciso se aglomeram em classes,


decorrendo daí vários desdobramentos jurídicos, dentre eles o da preferência legal.

De fato, nesta toada, os dependentes da 1.ª classe, ou seja, do inc. I, preferem aos da 2.ª classe
que preferem aos de 3.ª classe.

Atenção:
Assim, o dependente da 2.ª classe só terá direito a perceber o benefício do segurado se não houver
dependente habilitado da 1.ª classe.

Em suma, uma classe exclui a outra.

Um outro desdobramento advindo deste texto legal produz acirradas discussões, sobretudo no
âmbito judicial.

É que, além da classificação em classes; a existência da preferência legal, também este comando
trata da dupla relação de dependência, que pode se dar de forma: presumida ou comprovada.

Com efeito, uma simples leitura do art. 16, § 4.º, da Lei 8.213/1991 atesta esta relação dúplice,
porém não concomitante.

Em linhas gerais, os dependentes da 1.ª Classe, ou seja, do inc. I do art. 16 da Lei 8.213/1991,
possuem com o(a) segurado(a) instituidor uma relação de dependência econômica presumida, ou
seja, decorrente do vínculo jurídico que permeia determinada relação, como, por exemplo, o
casamento, a filiação, a união estável etc.

Diferente a situação dos demais incisos, quer seja, a 2.ª e 3.ª classes, em que a dependência
econômica há de ser comprovada.

Conforme lição do Professor Miguel Horvath Junior (Op. cit., p.74):

“Presumidos, são aqueles que não precisam demonstrar a dependência econômica, apenas o
vínculo jurídico entre eles e o segurado.”

Como já demonstrado, são as hipóteses apenas do inc. I do art. 16 da Lei 8.213/1991, como, por
exemplo, cônjuge, filho, companheiro etc.

O mesmo Jurista (Op. cit., p. 83) leciona a outra faceta, quer seja, a dependência comprovada,
senão vejamos:

“São aqueles que devem comprovar que vivem às expensas do segurado, ou seja, fazer prova da
dependência econômica.”

Neste caso, são as hipóteses dos demais incisos e parágrafos do art. 16 da Lei 8.213/1991, como,
por exemplo, enteado, pais, irmão etc.

Algumas características importantes dos dependentes que também merece registro e que
resumem tudo o até explorado:

– Os dependentes da 1ª classe gozam de presunção legal de dependência econômica, ao contrário


das demais;

– Os dependentes da 1ª classe concorrem entre si, ou seja, havendo mais de um dependente a


pensão é rateada em cotas iguais;

– Com a maioridade do dependente de 21 anos, sua cota-parte é distribuída entre os demais


dependentes. Se for o único dependente o benefício é cessado;

– Equiparam-se a filho, mediante prova de dependência econômica, concorrendo em condições de


igualdade com os demais dependentes da classe 1, o menor sob tutela e o enteado;

– A Ação civil pública 2000.71.00.009347-0 determina que companheiro(a) homossexual de


segurado(a) terá direito a pensão por morte e auxílio-reclusão, desde que comprovada a vida em
comum;

– Filho de qualquer condição...(inc. I): terminologia fora de contexto, pois o art. 227, § 6.º da
CF/1988 proíbe qualquer distinção entre os filhos;

No tocante a comprovação da dependência econômica, a legislação regula a respeito, ou seja,


traz o norte fático a ser seguido, porém sem ser exauriente.

De fato, assim o tratamento do art. 22, § 3.º, do Dec. 3.048/1999:

“§ 3.º Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, devem ser
apresentados no mínimo três dos seguintes documentos:

(...)

II – certidão de casamento religioso;

III – declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu
dependente;

(...)

VII – prova de mesmo domicílio;

(...)

X – conta bancária conjunta;

(...)

XIII – apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa
interessada como sua beneficiária;

(...)

XVII – quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar.”

Curiosa é a nítida previsibilidade do inc. XVII acima citado, que dá evidente noção jurídica de
que o rol é exemplificativo e não taxativa, como às vezes, defende a autarquia.

Por fim, como todo instituto jurídico, sobretudo os de natureza previdenciária, sempre há
notórias e frequentes polêmicas a respeito, o que não é diferente acerca dos dependentes.

Em seguida, algumas das polêmicas, de forma sintetizada:

1.º Rol de documentos da dependência econômica é taxativo ou exemplificativo?


Conforme art. 22, § 3.º, XVII, do Dec. 3.048/1999 é exemplificativo;

2.º O menor sob a guarda é dependente do segurado para fins de concessão de benefício
previdenciário no RGPS?

A Lei 8.213/1991 em seu texto original incluía esta hipótese, porém a Lei 9.528/1997 excluiu.
Atualmente, somente o enteado e o menor sob tutela e não mais o menor sob guarda. O que se vê é
que a exclusão legal ofende de morte o art. 227, § 3.º, II, da CF/1988 e art. 33, § 3.º, do ECA,
desaguando a controvérsia no Judiciário;

3.º O filho maior de 21 anos tem direito a continuar a receber o benefício previdenciário
até a idade de 24 anos se estiver matriculado em curso superior?

Polêmica aparentemente superada pela Súmula 74 do TRF-4.ª Reg. (“Extingue-se o direito à


pensão previdenciária por morte do dependente que atinge 21 anos, ainda que estudante de curso
superior”) e pela Súmula 37 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais
(“A pensão por morte, devida ao filho até os 21 anos de idade, não se prorroga pela pendência do
curso universitário”).

4.º Há possibilidade de reconhecimento da condição de dependente supervenientemente


após a cessação da convivência ou da relação conjugal?

Vale aqui transcrever o entendimento sumular do Colendo STJ, que fala por si só: Súmula 336
do STJ: “A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão
previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente”;

5.º A pensão pode ser rateada entre a esposa e a concubina?

Questão altamente controvertida e muito complexa é a habilitação da concubina na pensão já


deferida para a viúva. Contudo está havendo uma recepção jurisprudencial a respeito, como se vê
do seguinte julgado:

“7.ª Turma Especializada reconhece união estável de homem com esposa e concubina. A União
deverá dividir a pensão por morte de um ex-policial militar do antigo Distrito Federal entre a
esposa e a concubina. O servidor mantinha, ao mesmo tempo, um relacionamento com as duas
mulheres em casas diferentes. A 7.ª Turma Especializada reconheceu a união estável do ex-policial
com as duas mulheres. De acordo com a decisão, a União deverá habilitar a concubina como
beneficiária da pensão por morte deixada pelo ex-policial, na qualidade de companheira, na cota-
parte que lhe couber, e deverá pagar os atrasados desde a data do ajuizamento da ação, corrigidos
monetariamente. O relator do caso no Tribunal é o Des. Fed. Reis Friede. De acordo com os autos,
após a morte do companheiro, a concubina ingressou com a ação na Justiça Federal para receber a
pensão, sustentando que desde o início do relacionamento passou a depender economicamente do
servidor. Já a esposa apelou ao Juízo, alegando ‘a ausência de prova documental sobre a união
estável e do concubinato impuro’. O relator iniciou seu voto explicando que a união estável,
reconhecida como entidade familiar,... ‘pressupõe, tão somente, a convivência duradoura, pública
e contínua entre um homem e uma mulher’, explicou. Em seguida, o magistrado ressaltou que as
provas trazidas ao processo demonstram a união estável entre a concubina e o falecido” (TRF-2.ª
Reg., Ap 2001.51.01.021410-2, 5.ª Turma Especializada, j. 15.01.2013, rel. Juiz Federal convocado
Vigdor Teitel, e-DJF2R 24.01.2013, Informativo do TRF-2.ª Reg., de 21.10.2011.)

Dentre estas questões emblemáticas em termos de dependentes, que atingem sobremaneira o


dia a dia dos cidadãos, verdadeiros sujeitos previdenciários, é bem verdade que dois aspectos
merecem realce.

De início a extensão e amplitude de direitos previdenciários na sociedade homoafetiva, que


teve no Direito Previdenciário, desde 2000, singular e protetivo tratamento.

Atualmente, várias são as decisões em termos de aplicação extensiva a companheiros


homoafetivos dentro da relação de dependência previdenciária.

De outro lado, a intricada questão do menor sob guarda, que parece ganhar novo entendimento
pelo Colendo STJ.

Com efeito, recentemente, uma decisão do Tribunal da Cidadania reforça a tese de que a opção
de exclusão da legislação previdenciária foi um grande desacerto jurídico.

Vale a pena conferir aludido julgado:

“Processual civil e administrativo. Recurso em mandado de segurança. Pensão por morte. Menor
sob guarda judicial. Aplicabilidade do estatuto da criança e do adolescente – ECA. Interpretação
compatível com a dignidade da pessoa humana e com o princípio de proteção integral do menor. 1.
Caso em que se discute a possibilidade de assegurar benefício de pensão por morte a menor sob
guarda judicial, em face da prevalência do disposto no art. 33, § 3.º, do Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA, sobre norma previdenciária de natureza específica. 2. Os direitos
fundamentais da criança e do adolescente têm seu campo de incidência amparado pelo status de
prioridade absoluta, requerendo, assim, uma hermenêutica própria comprometida com as regras
protetivas estabelecidas na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente. 3. A Lei
8.069/1990 representa política pública de proteção à criança e ao adolescente, verdadeiro
cumprimento da ordem constitucional, haja vista o art. 227 da CF/1988 dispor que é dever do
Estado assegurar com absoluta prioridade à criança e ao adolescente o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 4. Não é dado ao
intérprete atribuir à norma jurídica conteúdo que atente contra a dignidade da pessoa humana e,
consequentemente, contra o princípio de proteção integral e preferencial a crianças e
adolescentes, já que esses postulados são a base do Estado Democrático de Direito e devem
orientar a interpretação de todo o ordenamento jurídico. 5. Embora a lei complementar estadual
previdenciária do Estado de Mato Grosso seja lei específica da previdência social, não menos certo
é que a criança e adolescente tem norma específica, o Estatuto da Criança e do Adolescente que
confere ao menor sob guarda a condição de dependente para todos os efeitos, inclusive
previdenciários (art. 33, § 3.º, Lei 8.069/1990), norma que representa a política de proteção ao
menor, embasada na Constituição Federal que estabelece o dever do poder público e da sociedade
na proteção da criança e do adolescente (art. 227, caput, e § 3.º, II). 6. Havendo plano de proteção
alocado em arcabouço sistêmico constitucional e, comprovada a guarda, deve ser garantido o
benefício para quem dependa economicamente do instituidor. 7. Recurso ordinário provido. (STJ,
RMS 36.034/MT, 1.ª Seção, j. 26.02.2014, rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 15.04.2014).

Portanto, notória a evolução deste abrigo constitucional chamada Previdência Social.

8.4 INSCRIÇÃO/FILIAÇÃO E QUALIDADE DE SEGURADO

Ainda mitigando o estudo do regime previdenciário, no caso o geral, outros componentes


merecem estudo acurado, sobretudo para aferir de maneira pormenorizada, as especificidades do
instituto.

Dentre estes componentes, cite-se, a inscrição, filiação e qualidade de segurado, que se


encontram rotulados no próprio texto legal compilado.

Urge ressaltar, desde já, que fazem parte ainda do estudo subjetivo da estrutura previdenciária,
quer seja, dos beneficiários, já que se referem à personalidade jurídica previdenciária destes
sujeitos de direitos.

Em resumo, por primeiro, cabe o estudo da inscrição e filiação conforme o seguinte esquema
ilustrativo:

A filiação decorre automaticamente do exercício de atividade remunerada para


Filiação: o segurado obrigatório, estando alocada na legislação no art. 20, §§ 1.º e 2.º, do Dec.
3.048/1999 (RGPS);

É o ato de cadastramento (formal) perante o Regime Geral de Previdência Social,


Inscrição: com previsibilidade no art. 17 da Lei 8.213/1991 e arts. 18, 19 e 22 do Dec.
3.048/1999 (RGPS).

Como não poderia deixar de ser a doutrina explicita estes institutos conforme a lição dos
Professores Miguel Horvath Junior (Op. cit., p. 21) e Ivan Kertzman (Op. cit., p. 55),
respectivamente:

“Filiação é a relação jurídica factual estabelecida entre o segurado e o órgão previdenciário.”


“Inscrição é o ato formal que identifica o segurado na Previdência Social, representando o mero
cadastro no INSS.”

Em linhas gerais, a diferenciação entre ambos se percebe facilmente do seguinte quadro:

Por sua vez, em sempre abalizada lição, o professor Wladimir N. Martinez traz uma
diferenciação esquemática que elucida a quaestio:

INSCRIÇÃO X FILIAÇÃO

Pertence ao mundo formal. Pertence ao mundo fático.

Posterior à filiação. Anterior à inscrição.

Pode ser julgada. É sempre legítima.

Relação jurídica expressa. Relação jurídica fenomênica.

Por fim, quanto aos documentos necessários para a formalização e prova da filiação, o Dec.
3.048/1999 nos seguintes artigos de maneira clara, trata a respeito:

– Art. 18, I ao V;

– Arts. 19, §§ 1.º ao 8.º, 19-A e 19-B;

– Art. 22, I ao III.

Como exemplo, para a categoria do empregado doméstico, conforme alhures discorrido, deve
haver a prova do contrato de trabalho com a anotação na CTPS.

Em derradeiro, outro componente de suma importância, é a qualidade de segurado, bem como,


sua ramificação, quer seja, o conhecido período de graça.

Encontramos este instituto nos seguintes dispositivos legais:

– Art. 15, I ao VI, da Lei 8.213/1991;

– Arts. 13 e 14, do Dec. 3.048/1999.

Em uma definição resumida, a pessoa mantém a sua condição de segurado (a) enquanto
contribui, ou seja, enquanto estiver filiado à Previdência, em outras palavras, é o período em que
está protegida, estando aqui a noção básica da Qualidade de Segurado.

Note bem:

A legislação prevê que, em determinadas circunstâncias, mesmo havendo a interrupção das


contribuições e não estando o trabalhador exercendo atividade que o vincule obrigatoriamente à
Previdência, o segurado mantém o seu vínculo previdenciário e, portanto, com todos os direitos do pacote
protetivo. Éo chamado período de graça.

Em suma, a qualidade de segurado representa a manutenção da proteção previdenciária, ao


passo que o período de graça reflete a extensão deste abrigo.

Pela dicção legal do art. 15 da Lei 8.213/1991, os incs. I a VI demonstram a qualidade de


segurado. Já os §§ 1.º a 4.º são amostras jurídicas do período de graça.

Quadro Esquemático – Período de Graça

MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE
SITUAÇÃO DO SEGURADO:
SEGURADO:

Em gozo de benefício; Sem limite de prazo;

Que deixar de exercer a atividade do RGPS; Até 12 meses após a cessação das contribuições;

Exerceu Atividade por mais de 120 meses; Até 24 meses após a cessação das contribuições;

Mantém por mais 12 meses a condição de


Comprova estar desempregado após o emprego.
Segurado.

Detido ou recluso; Até 12 meses após o livramento;

Facultativo; Até 6 meses após a cessação das contribuições

Aqui, a previsibilidade do art. 15 da Lei 8.213/1991 e seus incisos quando trata da manutenção
da proteção previdenciária.

O período de graça, se dá em outros aspectos, especificamente das hipóteses rotuladas nos


parágrafos do comando legal.

Em regra, no caso da cessação da atividade remunerada abrangida pelo RGPS o prazo de 12


meses será prorrogado por mais 12 meses se o segurado já tiver pago mais de 120 contribuições
mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado e serão acrescidos de 12
meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão
próprio do Ministério do Trabalho e Emprego.

Aqui, previsões de extrema importância, já que mesmo sem estar contribuindo o segurado ou
seus dependentes podem ainda ser tutelados em até três anos da sua desfiliação fática!

Campo de divergência é a prova do percebimento do seguro-desemprego, o que, aparentemente


tem se pacificado através do seguinte verbete sumular (Súmula 27 da Turma Nacional de
Uniformização dos Juizados Especiais Federais):

“A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação do


desemprego por outros meios admitidos em direito.”

Ainda sob este prisma, de realce apresentar o entendimento jurisprudencial a respeito:

“Previdenciário. Concessão de benefício. Pensão por morte. Manutenção da qualidade de


segurado. Comprovação de desemprego. 1 – A qualidade de segurado não se encerra
automaticamente com a interrupção das contribuições, haja vista os “períodos de graça”: formas
de manutenção da condição de segurado, independentemente de contribuições, em cujos lapsos
temporais restam conservados todos os direitos previdenciários dos segurados. 2 – O Superior
Tribunal de Justiça (...) ‘entendeu que a comprovação da situação de desemprego no Ministério do
Trabalho e Previdência Social NÃO deve ser tido como o único meio de prova da condição de
desempregado do segurado, especialmente considerando que, em âmbito judicial, prevalece o livre
convencimento motivado do Juiz e não o sistema de tarifação legal de provas. Portanto, o registro
perante o Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá ser suprido, quando for
comprovada tal situação, por outras provas constantes dos autos, inclusive a testemunhal (...)”
(TRF-4.ª Reg., EI 2009.70.99.002752-6/PR, 3.ª Seção, j. 06.10.2011, rel. Des. Celso Kipper, DE
19.10.2011).

Por fim, diz a legislação que a perda da qualidade de segurado acarreta a caducidade dos
direitos inerentes a essa qualidade, conforme disposição expressa do art. 102 da Lei 8.213/1991.

Contudo, esta perda não prejudica o direito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido
preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes requisitos
foram atendidos.

8.5 PRESTAÇÕES (TEORIA GERAL)

Tendo já passado pela primeira parte estrutural do RGPS, quer seja, os beneficiários, cabe agora
prosseguir ainda nesta mesma seara estrutural, porém a partir da sua segunda pilastra, quer seja,
as prestações.

Desde já, um esquema elucidativo a respeito:

Esta temática está sedimentada no plano legislativo, nas seguintes disposições:

– Arts. 18, 42 ao 93 da Lei 8.213/1991 (Lei de Benefícios – LB);

– Arts. 25, 43 ao 120, 136 ao 141 do Dec. 3.048/1999 (RGPS).

Antes de apresentar a conceituação propriamente dita, importante registrar outra classificação


que também bem define a sua extensão:

– Benefícios: cunho pecuniário

– Serviços: não pecuniário

Não obstante haver oscilações doutrinárias a respeito, registramos a divisão panorâmica das
prestações conforme preceitua o art. 18 da Lei 8.213/1991:
Assim, cabe então a definição doutrinária acerca do assunto ora tratado, conforme as lições de
Wagner Balera (Op. cit., p. 33), Miguel Horvath Junior (Op. cit., p.77) e Wladimir Novaes Martinez
(Op. cit., p. 86.), respectivamente:

“Benefícios são prestações pecuniárias pagas mensalmente aos beneficiários e os serviços são
as prestações de fazer colocadas à disposição dos beneficiários.”

“As prestações compreendidas pelo Regime Geral de Previdência Social são expressas em
benefícios e serviços (art. 18 da Lei 8.213/1991). As prestações são o gênero, do qual são espécies os
benefícios e serviços.”

“No aspecto jurídico, os benefícios e serviços são obrigações de dar e de fazer, compromissos do
órgão gestor e crédito exigível do beneficiário.”

Passado este norte conceitual, de relevo reiterar que aqui, ou seja, na temática prestações,
também a Teoria do risco social alicerçada no art. 201 da CF/1988, é plenamente encampada.

De fato, ocorrendo determinado evento desta premissa constitucional haverá dentro do pacote
protetivo uma prestação específica.

No tocante ao princípio específico, destaca-se nas prestações o postulado da “seletividade e


distributividade na prestação de benefícios e serviços”, conforme se expressa no art. 194, parágrafo
único, III, da CF/1988.

É que, tal princípio informativo, possibilita a ponderação dos critérios de atendimento pela
necessidade, ou seja aos que necessitam.

De igual modo, pelas características das prestações, compreendemos melhor toda a sua
dimensão jurídica:
– Direito subjetivo constitucional (direito social);

– Individualidade (exemplo: auxílio-doença diferente de aposentadoria por invalidez);

– Natureza alimentar;

– Substitutivos de renda;

– Personalíssimo;

– Irredutibilidade;

– Impenhorável e inalienável (art. 114 da Lei 8.213/1991);

– Disponível (segundo STJ);

– Imprescritibilidade;

– Prestação continuada ou de trato sucessivo.

Curiosa é a expressão jurídica, contida na Lei 8.213/1991, no seguinte dispositivo:

“Art. 18. (...)

§ 2.º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS que permanecer em
atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência
Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação
profissional, quando empregado.”

É que, aparentemente, tal previsibilidade invoca a discussão do instituto da “Desaposentação,”


fomentando amplo debate a respeito.

Contudo, longe de adentrar nesta seara no vertente capítulo, recomendamos a análise acurada
de um alicerçado acórdão a respeito que faz a interpretação consentânea deste parágrafo, decisão
esta de número 5001101-75.2010.404.7117/RS, oriunda do TRF- 4.ª Reg (EI 5001101-
75.2010.404.7117/RS, 3.ª Seção, j. 02.08.2012, rel. Des. João Batista Pinto Silveira, DE 06.08.2012).

Também, acerca da “Desaposentação,” sugerimos a leitura do nosso “Desaposentação – Aspectos


Teóricos e Práticos” da Editora LTr, 3. ed. São Paulo, 2015, em que pese recentemente a Excelsa
Corte já ter rejeitado a tese por maioria de votos, contudo, sem ainda publicar e modular a decisão
que está longe de encerrar as discussões sobre o assunto.

Pois bem, uma outra característica demonstra a riqueza e ao mesmo tempo a problemática das
prestações.

Trata-se da sua análise segundo a decadência e prescrição.

Não obstante serem institutos de direito material e carregados por grandes e acirradas
discussões a respeito, no âmbito previdenciário, também grandes ponderações existem e estão
longe de se exaurirem.

Inicialmente, o que prevê o comando legal hodierno a respeito (Lei 8.213/1991, art. 103):

“Art. 103. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado
ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês
seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar
conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.

Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas,
toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças
devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do
Código Civil.”

Ora, por uma simples análise, se vê que o legislador, primeiramente não foi feliz em sua técnica
legislativa, já que no caput trata da decadência e o seu parágrafo único dispõe sobre a prescrição.

Ao que se percebe, institutos tão polêmicos inseridos em apenas um artigo da lei, o que já
demonstra uma inconsistência.

Lado outro, aludido comando legal mais complica do que explicita estes institutos.

É que no caput há a regulação da decadência de atos revisionais, isto é quando o benefício já foi
concedido.

Por sua vez, existe no parágrafo único do texto legal a regulamentação da prescrição para
cobrar parcelas pretéritas, ou seja, também presumindo que ocorreu a concessão, mas não o
pagamento de verbas passadas.

Entretanto, indaga-se, qual o prazo para questionar seja administrativamente ou judicialmente


um pedido indeferido?

Pela expressa literalidade da lei, inexiste marco temporal sedimentado objetivamente pelo
legislador.

Contudo, sustentamos a total imprescritibilidade de tal vertente, nos valendo de entendimento


sumular (Súmula 85 do STJ) a respeito, senão vejamos:

“Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora,
quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as
prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.”

Logo, sendo a prestação previdenciária de evidente trato sucessivo, fácil detectar que o verbete
supracitado corrobora a tese da imprescritibilidade ora defendida.

Importante:

De outro lado, importante registrar que as prestações, conforme entendimento consolidado do Colendo
STJ são verdadeiros direitos disponíveis, ou seja, renunciáveis, quebrando sobremaneira a antiga premissa
de sua irrenunciabilidade.

A propósito:

“Aposentadoria previdenciária. Renúncia. Tempo. Aposentadoria estatutária. A aposentadoria


previdenciária, na qualidade de direito disponível, pode sujeitar-se à renúncia, o que possibilita a
contagem do respectivo tempo de serviço para fins de aposentadoria estatutária. Note-se não
haver justificativa plausível que demande devolverem-se os valores já percebidos àquele título e,
também, não se tratar de cumulação de benefícios, pois uma se iniciará quando finda a outra” (STJ,
REsp 692.628/DF, 6.ª T., j. 17.05.2005, rel. Min. Nilson Naves, DJ 05.09.2005, Informativo STJ 247.)

Porém, recentemente, o guardião constitucional apimentou ainda mais este intricado debate,
retroagindo o instituto da revisão dos benefícios previdenciários, aplicando o prazo decenal,
mesmo aquelas prestações conferidas antes da alteração temporal legislativa, senão vejamos:

“O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (16) que o prazo de dez anos para
a revisão de benefícios previdenciários é aplicável aos benefícios concedidos antes da Medida
Provisória (MP) 1.523-9/1997, que o instituiu. Por unanimidade, o Plenário deu provimento ao
Recurso Extraordinário (RE) 626.489, interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
para reformar acórdão de Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do
Estado de Sergipe que entendeu inaplicável o prazo decadencial para benefícios anteriores à
vigência da MP. A decisão estabeleceu também que, no caso, o prazo de dez anos para pedidos de
revisão passa a contar a partir da vigência da MP, e não da data da concessão do benefício”.
Disponível em [http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo="251120]."
Acesso em 14.12.2015.

A bem da verdade, um tanto quanto perigoso aludido precedente, frente a outros diversos
aspectos jurídicos, contudo, de se respeitar a decisão do Excelso Tribunal.

Pois bem, ainda na seara das características, há previsibilidade dos descontos legais nos
benefícios previdenciários, tal qual se percebe do art. 115, I ao VI, da Lei 8.213/1991.

Neste sentido, o comando legal demonstra especificamente o que pode ser inserido como
desconto nos benefícios previdenciários, como exemplo, imposto de renda, pensão alimentícia,
empréstimos consignados etc.

Oportuno destacar que a legislação fala de consignação por empréstimos contraídos até o limite
de 30%.

Logo, totalmente questionável a conduta de algumas financeiras e mesmo em alguns casos o


próprio INSS que lança a rubrica consignatória exatamente em 30%, sem escaloná-lo em cifras
menores, como autoriza a própria lei.

Por fim, a Lei 8.213/1991 traz objetivamente o que pode ser acumulado em termos de
benefícios.

Com efeito, é o que se extrai do art. 124 da Lei 8.213/1991, senão vejamos:

“Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos
seguintes benefícios da Previdência Social:

I – aposentadoria e auxílio-doença;

II – mais de uma aposentadoria;

III – aposentadoria e abono de permanência em serviço;

IV – salário-maternidade e auxílio-doença;

V – mais de um auxílio-acidente;

VI – mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de opção
pela mais vantajosa.

Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer


benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-
acidente.”

Comentando este dispositivo, vale registrar primeiro, que havia a possibilidade de acumular
aposentadoria com auxílio-acidente, o que não é mais possibilitado, sobretudo desde 1997, em
decorrência da Lei 9.528/1997.

Ainda, se vê curiosa é a vedação do inc. V do art. 124 da Lei 8.213/1991, que não obsta o
percebimento de duas pensões, sendo uma do relacionamento conjugal ou marital e outra fruto de
dependência econômica com filhos, por exemplo.

8.6 PRESTAÇÕES (CARÊNCIA E VALOR DOS BENEFÍCIOS)


Tal qual o regime previdenciário possui sua estrutura própria, o mesmo ocorre com os
benefícios.

De fato, doutrinariamente, os benefícios são estruturados da seguinte forma:

Evidente que alguns benefícios não prescindem mais da qualidade de segurado, bem como,
outros são isentos da carência, contudo, didaticamente há necessidade de se realizar uma visão
panorâmica, conforme uma teoria geral, sem nos ater as individualidades de cada benefício, que
mais adiante será melhor explorado.

Acerca da qualidade de segurado, o item 8.4 bem explicitou o assunto, cabendo apenas ressaltar
que este requisito também passa pela análise subjetiva dos protegidos, quer seja, os beneficiários.

No tocante aos requisitos objetivos da lei, ou seja, os tarifados legalmente sedimentados,


desnecessária a sua análise mais extensiva, já que estão facilmente dispostos no comando legal,
como o pressuposto etário na aposentadoria por idade, o tempo mínimo de contribuição, a
comprovação de atividade especial etc.

Assim, a carência merece uma análise mais acurada, o que ora faremos.

a) Da Carência:

De início a definição doutrinária, conforme lições esclarecedoras de Miguel Horvath Junior (Op.
cit., p. 66), Ivan Kertzman (Op.cit., p. 21) e Hermes Arrais Alencar (Op. cit., p. 25), respectivamente,
senão vejamos:

“Carência é o pré-requisito legal para acesso às prestações previdenciárias.”

“Carência é o número de contribuições mensais necessárias para efetivação do direito a um


benefício.”

“É a carência, portanto, instituto que qualifica o segurado como apto para o percebimento de
benefícios previdenciários.”

Como não poderia deixar de ser, são os seguintes os dispositivos da Legislação a respeito:

– Arts. 24 a 27 da Lei 8.213/1991 (Lei de Benefícios – LB);

– Arts. 26 a 30 do Dec. 3.048/1999.

Nesta toada, oportuna é a transcrição da primeira parte do art. 24 da Lei 8.213/1991, que bem
explica o que é este instituto:

“Art.24. Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para


que o beneficiário faça jus ao benefício (...).”

Em suma, é o período mínimo de contribuições que o segurado deve demonstrar para postular
uma prestação previdenciária, além de outros requisitos conforme a natureza da prestação.

Possui as seguintes características:


– natureza contributiva do sistema;

– manutenção do equilíbrio financeiro-atuarial;

– flexível conforme a ocorrência do sinistro;

– requisito de nítido caráter securitário.

Quanto ao início da sua contagem, o art. 27, I e II, da Lei 8.213/1991 traz objetivamente o marco
temporal como, por exemplo, para o segurado que é empregado, inicia-se a partir de sua filiação.

De grande relevo demonstrar que a carência previdenciária requer pagamento em dia das
contribuições, para a categoria dos facultativos, domésticos e contribuintes individuais, ou seja,
recolher os atrasados pode representar tempo de contribuição, mas não carência!

Quanto aos períodos da carência, a legislação também disciplina objetivamente, cujo quadro a
seguir esclarece esta objetividade:

De outro lado, também objetivamente, a lei trata das dispensas de carência, ou, a sua isenção.

Com efeito, são situações fáticas em que não há a necessidade de se provar este requisito para
ocorrer a jubilação.

Vejamos, esta tarifação legal da dispensa, ou seja, situação que independe de carência:

I – pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente;

II – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez acidentários (acidente do trabalho e acidente de


qualquer natureza);

II – nos casos do segurado, após a sua filiação, for acometido de algumas das doenças ou afecções
especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social a cada três
anos...;

III – segurados especiais em economia familiar

(pequena propriedade);

IV – serviço social;

V – reabilitação profissional;

VI – salário-maternidade: empregada, avulsa, doméstica.

Importante aqui destacar algumas controvérsias.


De início, a hipótese do inc. II traz a outra natureza dos benefícios por incapacidade, ou seja,
diferente do comum são os acidentários.

E acidentário é gênero, dos quais são espécies o acidente do trabalho e o acidente de qualquer
natureza.

Para melhor aferir o acidente do trabalho, basta realizar uma interpretação literal e sistêmica
dos arts. 19 ao 23 da Lei 8.213/1991, ressaltando que além de muitos contornos previdenciários,
este instituto influencia demais o Direito do Trabalho, como por exemplo a estabilidade advinda
do art. 118 da Lei 8.213/1991.

Quanto ao inciso II, há a necessidade de analisar a lista governamental fixada pela Portaria
Interministerial MPAS/MS 2.998, de 23.08.2001.

Alguns exemplos desta listagem:

– tuberculose ativa; hanseníase; alienação mental; neoplasia maligna; cegueira; paralisia


irreversível e incapacitante; cardiopatia grave; doença de Parkinson; nefropatia grave; AIDS; doença
e Paget avançada etc.

Curioso que a lei fala em lista a ser renovada de três em três anos, mas a Portaria em vigência é
de 2001.

Como não poderia deixar de ser, ou seja, o sistema não é fechado, permite saídas e retornos.

Havendo perda da qualidade de segurado pode ocorrer uma nova filiação.

Basta ver o que disciplina o art. 24 da Lei 8.213/1991 (LB):

“Art. 24 (...)

Parágrafo único. Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a essa


data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da nova
filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas
para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido.”

Como exemplo: auxílio-doença, cuja carência é de 12 contribuições mensais, havendo a perda


da filiação, pode ocorrer o seu retorno com o pagamento de 04 contribuições mensais, já que
resultado da multiplicação de 1/3 (um terço) de 12.

Por fim, este instituto de vital relevo, pode ser sintetizado pela simples leitura global da lei,
senão vejamos:

– Definição: art. 24 da Lei 8.213/1991;

– Nova filiação: art. 24, parágrafo único, da Lei 8.213/1991;

– Períodos: art. 25 da Lei 8.213/1991;

– Dispensa: art. 26 da Lei 8.213/1991;

– Início: art. 27 da Lei 8.213/1991.

b) Do valor dos benefícios:

Como antes reforçado, o valor ou a expressão econômica de cada benefício se encontra inserido
não na estrutura propriamente dita de cada benefício, porém dentro das suas características.

Esta tópica de vital importância para estudo dentro das prestações, se vê sedimentado na
seguinte arquitetura legislativa:
– Arts. 28 a 41-A da Lei 8.213/1991;

– Arts. 31 a 42 do Dec. 3.048/1999.

Contudo também, uma outra e vital informação necessita de acurado registro.

É que o valor dos benefícios se vê de modo facetário, ou seja para aferir a sua importante
expressão econômica, há de percorrer etapas.

Vejamos estas etapas:

De igual forma, o arcabouço legislativo de cada etapa:

– salário de contribuição (SC): art. 28 da Lei 8.212/1991

– salário de benefício (SB): arts. 28 e ss. da Lei 8.213/1991

– renda mensal (RMI e RMA): arts. 33 e ss. da Lei 8.213/1991

Primeiro, a definição doutrinária do Professor Ivan Kertzman (Op. cit., p. 37) acerca do SC, que,
aliás, possui sedimentação jurídica própria na Lei 8.212/1991:

“As contribuições dos trabalhadores e dos tomadores de serviços para o RGPS incidem sobre
uma base denominada salário de contribuição.”

Por sua vez, o conceito de Hermes Arrais Alencar (Op. cit., p. 55):

“É a base de cálculo do tributo para os seus reflexos previdenciários.”

A Lei 8.212/1991 regulamenta também estes parâmetros, conforme os sujeitos protegidos:

Evidente que há a exceção do segurado especial, ou seja, o trabalhador rural em pequena


propriedade que realiza a exploração individual ou em economia familiar para subsistência
própria, sem contribuir com o sistema, contudo devendo demonstrar a efetividade de seu
trabalho.

Em suma, o SC que ora se trata, é a base da incidência da contribuição previdenciária para os


reflexos da proteção previdenciária.

Como exemplo, cite-se a tabela de alíquotas previdenciárias da cota dos empregados conforme
a sua faixa salarial, ou seja de 8, 9 e 11%.
Também, temos a LC 123/2006 que instituiu uma outra forma de filiação, ou seja, visando a
redução também da informalidade previdenciária criou-se a alíquota de 11%.

Logo, o pedreiro, pintor, a costureira etc., que desejem se integrar no pacote de proteção deve
pagar uma contribuição fixa de 11% do salário mínimo para que possa fazer jus a todo o pacote
previdenciário, com exceção da aposentadoria por tempo.

Questionável esta filiação, ou seja, adentra no sistema de forma simplificada ou menos rígida,
mas este pacote não é completo, isto é, não podem se aposentar por tempo de contribuição!

Por outro lado, a fixação da alíquota, ou seja, somente em torno do mínimo legal, o que implica
na formação de um público previdenciário que irá se aposentar somente com o salário mínimo,
decorrendo daí diversos contornos, sobretudo negativos, dentre eles, a existência, no futuro de um
contingente populacional aposentado com o mínimo.

De igual modo, ainda neste contexto, a Lei 12.470/2011 que reduziu a alíquota para 5%, nos
casos de microempreendedor individual, além de outros segurados facultativos de baixa renda,
tudo para ampliar a inserção no pacote previdenciário.

A segunda etapa passa pelo SB.

Ivan Kertzman (Op. cit., p. 57) lecionando a respeito:

“É a base de cálculo dos benefícios do RGPS.”

Por sua vez, a lição de Miguel Horvath Junior (Op. cit., p. 46):

“Na realidade, não é nem salário, nem benefício; é apenas uma etapa da apuração do valor da
renda mensal do benefício.”

Como etapa intermediária, existem critérios mais específicos, senão vejamos:

– aposentadoria por idade e na aposentadoria por tempo de contribuição: média


aritmética simples (m.a.s.) dos 80% dos maiores SC desde 07/1994 (para os filiados anteriormente a
LB) até o mês que antecede o pedido do benefício, multiplicado pelo fator previdenciário (FP),
obrigatoriamente na aposentadoria por tempo (cf item 8.10);

– aposentadoria por invalidez; aposentadoria especial; auxílio-doença e auxílio-


acidente: média aritmética simples (m.a.s) dos 80% dos maiores SC desde 07/1994 (para os filiados
anteriormente a LB) até o mês que antecede o pedido do benefício, sem a incidência do fator
previdenciário (FP).

A Lei 13.135/2015 dentre as alterações trazidas, alterou a forma de cálculo do Auxílio-Doença,


como podemos observar abaixo:

“Ar. 29, II, § 10. O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos 12
(doze) salários-de-contribuição, inclusive em caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o
número de 12 (doze), a média aritmética simples dos salários-de-contribuição existentes. (Incluído
pela Lei 13.135, de 2015)”

Atenção:

Oportuno ressaltar que na aposentadoria por idade, a incidência do fator previdenciário (FP) é facultativa,
vale dizer, incidirá somente se majorar o benefício!

Também, que para os filiados após a Lei 8.213/1991, quer seja, 07/1991, a m.a.s. é 80%, contudo
como parâmetro todo o período contributivo desde a data da filiação.

Por fim, a última e derradeira etapa de cálculo, quer seja, RMI (renda mensal inicial) e RMA
(renda mensal atual).

Por renda mensal, a seguinte linha doutrinária, mostrada por Miguel Horvath (Op. cit., p. 71) e
Ivan Kertzman (Op. cit., p. 60), respectivamente:

“A renda mensal do benefício é o valor pecuniário final a ser pago pela previdência social.”

“A renda mensal do benefício é o valor que efetivamente entra no bolso do beneficiário.”

Fácil, pois detectar que a RMI é o primeiro pagamento do beneficiário, ao passo que a RMA, ou
seja, a renda mensal atual é a RMI reajustada periodicamente.

Entretanto, como chegar a esta RMI?

Basicamente, através de uma fórmula:

RMI = % x SB, onde:

– % = porcentagem ou alíquotas determinadas pela lei;

– SB = salário de benefício.

Estas alíquotas estão alocadas no art. 39 do Dec. 3.048/1999, variando de benefício para
benefício:

– Auxílio-doença: 91%;

– Aposentadoria por invalidez: 100%;

– Aposentadoria por idade: 70%;

– Aposentadoria por tempo: 100%;

– Aposentadoria especial: 100%;

– Auxílio-acidente: 50%.

Em suma:

– R M I = SB x %

– SB = m.a.s x SC

– SC = base de cálculo do tributo

Por fim, a RMA (renda mensal atual), como antes explanado é o valor atual da prestação,
contudo, aferida após os reajustes periódicos do governo, que, conforme o art. 41-A da Lei
8.213/1991, o parâmetro é o INPC.

8.7 PRESTAÇÕES (BENEFÍCIOS E SERVIÇOS)

Iniciemos, pois, o estudo pormenorizado, porém resumido das prestações.

Como antes alinhavado, prestações é um conceito genérico que comporta espécies.

Assim, esta primeira classificação:


Por sua vez, o panorama legal de cada benefício e cada serviço, facilmente é colhido pela leitura
simples do art. 18 da Lei 8.213/1991, senão vejamos:

Antes deste válido estudo de forma minuciosa, de sumo relevo apontar que as prestações
também são estruturadas, o que facilita a abordagem.

Logo, é a seguinte a estrutura genérica de cada benefício:

8.7.1 Aposentadoria por Invalidez

A aposentadoria por invalidez é concedida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-
doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição
(Lei 8.213/1991, arts. 42 a 47, e Dec. 3.048/1999, arts. 43 a 50).

A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de


incapacidade, mediante exame médico-pericial a cargo da previdência social, podendo o segurado,
às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.

A Lei 13.063 de 2014 alterou o art. 101 da Lei 8.213/1991 trazendo a possibilidade daqueles
segurados (as) que possuem mais de 60 anos serem dispensados da perícia, passando o mesmo a
vigorar acrescido dos seguintes §§ 1.º e 2.º:

“Art. 101.

(...)

§ 1.º O aposentado por invalidez e o pensionista inválido estarão isentos do exame de que trata
o caput após completarem 60 (sessenta) anos de idade.

§ 2.º A isenção de que trata o § 1.º não se aplica quando o exame tem as seguintes finalidades:

I – verificar a necessidade de assistência permanente de outra pessoa para a concessão do


acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o valor do benefício, conforme dispõe o art. 45;

II – verificar a recuperação da capacidade de trabalho, mediante solicitação do aposentado ou


pensionista que se julgar apto;

III – subsidiar autoridade judiciária na concessão de curatela, conforme dispõe o art. 110.” (NR)

Oportuno registrar que a recente Lei 13.135/2015, inseriu no art. 60 da LB, parágrafo quinto, a
possibilidade de realização de exames periciais oficiais com outros órgãos públicos ou entidades
conveniadas, alteração essa inovadora e que engloba todos os benefícios que precisam de
comprovação da incapacidade laborativa.

Seus pressupostos são:

– qualidade de segurado;

– carência, com exceção das situações legais de dispensa da carência;

– incapacidade total e definitiva para as atividades laborativas.

Como não poderia deixar de ser, como é corrente no Direito Previdenciário, aqui, na chamada
aposentadoria por invalidez, espécie dos benefícios incapacitantes, temos o seguinte verbete
sumular, que, confronta com alguns paradigmas deste benefício, valendo aqui o registro:

“Tem direito de retornar ao emprego, ou ser indenizado em caso de recusa do empregador, o


aposentado que recupera a capacidade de trabalho dentro de cinco anos, a contar da
aposentadoria, que se torna definitiva após esse prazo” (Súmula 217 do STF).

Por fim, a conhecida grande invalidez, que aumenta o benefício ora discorrido em 25%, desde
que comprovada a necessidade de ajuda diuturna de um acompanhante para as necessidades mais
básicas, sendo encontrado no art. 45 da Lei 8.213/1991 (LB) e capaz de superar o teto do RGPS.

– carência: 12 meses (exceções art. 26 da Lei 8.213/1991);

– requisito: incapacidade para o trabalho e insuscetível de reabilitação profissional.

8.7.2 Aposentadoria por Idade

A aposentadoria por idade visa garantir a manutenção do segurado e de sua família quando a
idade avançada não permita a continuidade laborativa.

Anteriormente era chamada de aposentadoria por velhice, mas assumiu a denominação de


aposentadoria por idade após a Lei 8.213/1991, tentando eliminar o preconceito diante dos idosos.

A aposentadoria por idade é concedida aos 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se
mulher, reduzido em 5 (cinco) anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos.
Em regra, seus requisitos são:

– carência: 180 meses (observar ainda a tabela do art. 142 da Lei 8.213/1991);

- requisito objetivo ou tarifário, no caso o etário, quer seja, 60 anos de idade para mulher e 65 para
homens.

Importante registrar que a qualidade de segurado para este benefício deixou de existir desde a
Lei 10.666, de 08.05.2003.

8.7.3 Aposentadoria por Tempo de Contribuição

Trata-se de benefício devido aos segurados que possuírem 30 anos de contribuição, se mulher e
35 anos de contribuição, se homem.

É o benefício mais polêmico da legislação previdenciária e também o mais desejado pelos


brasileiros, existindo apenas no Brasil e em mais três países do leste do oriente médio.

Antes, chamada como aposentadoria por tempo de serviço, conceito este extinto em virtude da
EC 20/1998.

Existe a modalidade de proporcional e integral, ressaltando que a EC 20/1998 trouxe outros


requisitos cumulativos para a aposentadoria proporcional a partir da existência desta emenda,
como idade mínima e cumprimento de pedágio especificamente para aqueles que em 16.12.1998
não atingiram o tempo mínimo para esta aposentadoria, ou seja, da proporcionalidade dos
proventos.

Como uma de suas espécies, há ainda a aposentadoria do professor que deve comprovar o
magistério no ensino básico e médio durante 30 anos, se homem e 25 anos, se mulher.

Temos ainda a aposentadoria por tempo híbrida ou mista, isto é, aquela que engloba tempo
comum e tempo de atividade especial, novidade essa advinda pela Lei 11.718/2008.

Além de tudo isso, existe incidência do fator previdenciário e pode haver futuramente uma
diminuição do valor da aposentadoria.

Existe atualmente muita crítica dos estudiosos em relação a este benefício e muitos acreditam
que ela caminha para o fim, sobretudo no debate atual acerca de uma iminente reforma
previdenciária em que esse benefício, aparentemente será extinto.

Seus pressupostos são:

– carência: 180 meses;

– requisitos objetivos ou tarifados, no caso o tempo de contribuição, variando entre homem e mulher.

8.7.4 Auxílio-Doença

O auxílio-doença é o benefício não programado decorrente da incapacidade temporária do


segurado para o seu trabalho habitual.

Porém, somente será devido se a incapacidade for superior a 15 (quinze) dias consecutivos,
conforme arts. 59 a 63 da Lei 8.213/1991.

Não comporta incidência do fator previdenciário e possui os seguintes pressupostos:


– carência (com a ressalva das situações de isenção);

– qualidade de segurado;

– incapacidade total, porém temporária para as atividades laborativas.

De igual modo, a Lei 13.135/2015, trouxe importantes alterações nesse benefício, como por
exemplo:

– possibilidade de realização de perícia fora do INSS;

– a previsão de imediato cancelamento do segurado que está no gozo do auxílio-doença e


retorna a atividade laborativa;

– verificação da incapacidade específica e vinculativa ao benefício gerado, se existe o retorno


ao trabalho, mas em outra atividade;

– alteração do cálculo do valor da renda mensal inicial (RMI), que terá como base somente as
últimas 12 contribuições.

8.7.5 Aposentadoria Especial

É o benefício arquitetado entre os arts. 57 a 58 da Lei 8.213/1991 e que se justifica pela


existência de ambiente de trabalho penoso ou mesmo insalubre capaz de ser nocivo à saúde ou a
integridade física do trabalhador.

O Professor Miguel Horvath Junior (Op. cit., p. 75), bem o define, senão vejamos:

“Benefício previdenciário, de caráter programático, concedido àqueles que tenham trabalhado


durante um período mínimo de 15, 20 ou 25 anos, com exposição permanente a agentes agressivos
físicos, químicos, biológicos ou associação de agentes, capazes de prejudicar a saúde e a
integridade física do trabalhador.”

Seus requisitos são:

– objetivos ou tarifados: exposição aos agentes nocivos a saúde ou a integridade física por 15, 20 ou 25
anos;

– carência.

Por fim, ressaltar que os agentes nocivos são os físicos, químicos e biológicos, conforme o art. 68
e Anexo IV do Dec. 3.048/1999, e o retorno ao mesmo ambiente de trabalho é totalmente vedado
pela lei, sob pena de suspensão e cancelamento do benefício, em que pese algumas decisões
judiciais que autorizam o retorno, estando aqui o tema no STF em repercussão geral.

Importante ainda informar que o Dec.3.048/1999 foi alterado pelo Dec. 8.123/2013, referente à
Aposentadoria Especial, trazendo novas regras no tocante a demonstração e comprovação da
efetiva exposição aos agentes nocivos à saúde do trabalhador.

8.7.6 Aposentadoria da pessoa portadora de deficiência

Como antes informado, tem-se também como modalidade de aposentadoria por tempo, a
aposentadoria da pessoa com deficiência, oriunda da Lei 142/2013, que contempla tempo reduzido
de acordo com os graus de deficiência do segurado.

Em linhas gerais, comprovada a deficiência grave, moderada ou leve, o tempo para aposentar é
reduzido, variando, tanto para homem, como para mulher.
Este novel benefício também ganhou corpo jurídico próprio já que almejado pelo Constituinte
de 1988 e, atualmente, suas regras estão regulamentadas pelo Dec. 8.145/2013, além da Portaria
Interministerial 01/2014.

8.7.7 Aposentadoria do Professor

De igual modo, outra espécie de aposentadoria especial, a do Professor, prevista nos seguintes
dispositivos:

– Art. 201, § 8.º, da CF/1988;

– Art. 56 da LB;

– Art. 56, § 1.º e 2.º, do Dec. 3.048/1999.

Assim, comprovado o docente o exercício contínuo e exclusivo do magistério infantil,


fundamental e médio, pode se jubilar nesta modalidade, desde que comprovados 30 anos, se
homem, e 25, se mulher.

Questão curiosa é a exclusão da docência do ensino superior, bem como, da aplicação do fator
previdenciário, que na verdade, demonstra total impertinência jurídica com a própria natureza
especial do benefício em tela.

A esse último aspecto, parece que recentemente o STJ trouxe o coerente entendimento de que
descabe a aplicação do fator previdenciário nesta aposentação, como se vê, do julgamento do
REsp: 1.163.028/RS de 21.02.2013, da qual perfilhamos, cujo debate a respeito está longe de ser
encerrado, com decisões divergentes a respeito em todo o país.

Vale ainda ressaltar que não é somente o ensino em sala de aula que legitima essa espécie de
benefício, mas também outras atividades congêneres ao magistério, como supervisão, direção,
assessoramento etc.

8.7.8 Salário-Família

O salário-família é devido, mensalmente, ao segurado empregado (exceto doméstico), ao


trabalhador avulso e aposentados que tenham salário de contribuição inferior ou igual a
determinado valor anualmente fixado por portaria ministerial, na proporção do respectivo
número de filhos ou equiparados (enteado ou tutelado) menores de 14 anos ou inválidos.

Seus requisitos:

– qualidade de segurado;

– requisitos objetivos, dentre eles, a existência de filhos e a adequação do valor.

Outro exemplo, de que alguns benefícios previdenciários podem ser pagos em valores abaixo
do mínimo legal.

8.7.9 Salário-Maternidade

O salário-maternidade é devido à segurada empregada, trabalhadora avulsa, empregada


doméstica, contribuinte individual, facultativa ou segurada especial, durante 120 (cento e vinte)
dias, com início até 28 (vinte e oito) dias anteriores ao parto e término 91 dias depois dele,
considerando, inclusive, o dia do parto.

Atualmente, até a adotante e mesmo o pai possuem esse direito, conforme novas regras trazidas
com a recente Lei 12.873/2013.

Os pressupostos são:
– objetivos: parto, adoção ou aborto;

– a carência é variável conforme a classificação da segurada;

– qualidade segurada.

8.7.10 Auxílio-Acidente

É o único benefício com natureza indenizatória e visa a ressarcir o segurado, em virtude de


acidente que lhe provoque a redução da capacidade laborativa.

Ainda que no futuro o segurado possa voltar a exercer atividade remunerada, o auxílio-
acidente continuará a ser pago e somente será interrompido em razão de futura aposentadoria.

Seu valor corresponde a 50% do SB e não possui incidência do FP, podendo ser inferior ao
salário-mínimo.

Seus requisitos são:

– qualidade de segurado;

– carência (com a ressalva das situações da isenção);

– redução permanente da capacidade laborativa.

8.7.11 Pensão por Morte

É o benefício direcionado aos dependentes do segurado visando à manutenção da família, no


caso da morte do responsável pelo seu sustento, disciplinado nos arts. 74 a 79 da Lei 8.213/1991,
com as recentes alterações inseridas pela Lei 13.135/2015.

Existem dois tipos da pensão, a originária quando decorrente da qualidade de segurado do


instituidor e derivada, quando advinda do benefício previdenciário auferido em vida pelo
instituidor até o seu passamento.

É o benefício típico do dependente, podendo esta relação de dependência ser presumida ou


comprovada, conforme art. 16 da Lei 8.213/1991 e possui o seguinte e atualmente exclusivo
pressuposto:

– qualidade de segurado do instituidor da pensão com a ressalva da Súmula 416 do STJ:

“É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa
qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu
óbito”.

Como narrado, é um benefício de constantes discussões no cenário hodierno, a ponto de termos


recentemente a conhecida MP 664/2014, que após acalorados debates, foi convertida na lei ora em
comento.

Algumas inovações desse comando legislativo nesse específico benefício:

– o dependente que condenado com o transito em julgado pelo crime doloso que tenha
provocado a morte do instituidor da pensão, terá o benefício imediatamente cancelado;

– também, perdem o direito a manutenção da pensão, o(a) cônjuge(a), companheiro(a), que


tenham agido com simulação ou fraude na formalização desses relacionamentos jurídicos com o
fim de constituir benefício previdenciário;
– criação de um sistema de recebimento da pensão, variável, com base na idade da pensionista
viúva, seja fruto do casamento ou união estável, como também a observância de outros requisitos
específicos, como ter um período mínimo de 18 contribuições vertidas pelo instituidor da pensão e
o período mínimo de casamento e/ou união estável por dois anos;

– por exemplo, se a dependente tiver menos de 21 anos, receberá a pensão por apenas três
anos, ao passo que o pensionamento só será vitalício se tiver 44 anos ou mais de idade.

8.7.12 Auxílio-Reclusão

Assim como a pensão por morte, é o benefício destinado exclusivamente aos dependentes do
segurado, no caso, o preso.

Este não recebe o auxílio-reclusão, mas sim sua família.

Seus requisitos são:

– qualidade de segurado do recluso;

– prisão definitiva em regime fechado ou semiaberto;

– última remuneração do recluso não superar o parâmetro objetivo fixado por portaria governamental
(mesma portaria do salário-família).

8.7.13 Serviço social e reabilitação profissional

São as únicas espécies de Serviços, como uma das espécies do gênero prestações.

Como antes defendido no introito de prestações, possuem natureza não pecuniária, ou seja, é
uma obrigação de fazer entregue pelo ente gerenciador ao beneficiário.

Serviço social se vê alocado no art. 88 da Lei 8.213/1991 e é uma atividade auxiliar do seguro
social e visa a prestar, aos beneficiários, orientação e apoio no tocante à solução dos problemas
pessoais e familiares e à melhoria de sua inter-relação com a Previdência Social.

De outro lado, reabilitação profissional, alocada nos arts. 89 a 93 da Lei 8.213/1991 e tem como
objetivo proporcionar aos segurados e dependentes incapacitados os meios indicados para a
readaptação profissional e social, de modo que possam voltar a participar do mercado de trabalho,
mediante convênios com as empresas.

Em regra, como requisito apenas a qualidade de segurado dos beneficiários.

8.7.14 Da tutela previdenciária do trabalhador rural

Trata-se, na verdade, de um dos temas mais controvertidos do Direito Previdenciário que


produz sensível demanda judiciária.

É que existem fatores ou barreiras de divergência na interpretação legal que conduzem a


verdadeiras aberrações jurídicas que, na verdade, acabam representando entraves de
acessibilidade na própria proteção previdenciária.

Vale ressaltar que a Constituição Federal em nenhum momento faz distinção entre os
trabalhadores urbanos e os campesinos.

Ora, o art. 5.º da CF/1988 é a condensação da paridade constitucional, além de que os direitos
sociais insertos no art. 6.º da CF/1988 são direcionados a todos os destinatários, pouco importa a
sua localização de trabalho.

Ademais, no comando constitucional do art. 7.º, caput, da CF/1988 claramente se observa a


igualdade de direitos entre trabalhadores urbanos e rurais.

Logo, a estrutura estatal não pode agir de forma diferenciada se o Legislador assim não o fez.

Quanto a esta categoria, tanto a Lei 8.213/1991, quanto o Dec. 3.048/1999 estão repletos de
dispositivos legais que bem tutelam em termos de benefícios todos os campesinos ou rurícolas.

O que acontece, habitualmente, é a exigência de provas impossíveis deste segurado, que diante
as normais características de seu labor, inexiste a alternativa de apresentação.

Logo, a interpretação autárquica, sobretudo a administrativa, é um tanto quanto restritiva,


simplista e rigorosa ao extremo no tocante a esta sofrida classe trabalhadora, que por muitos anos
ficou fora do pacote previdenciário, razão de que a atual e vigente Carta Constitucional visou
corrigir.

Só para se ter uma ideia, mas no âmbito administrativo, a prova material ou documental deve
ser exauriente da atividade rural, o que não ocorre em sede judicial.

Tudo se amolda a desnecessidade de contribuição por parte deste trabalhador, seja na condição
de boia-fria, seja na condição de campesino em economia familiar, onde nada há a contribuir, tão
somente, fazer efetiva prova da atividade rural, em período descontínuo, pelo período equivalente
a carência do benefício pretendido.

Aqui o cerne de tanta problemática.

Contudo, o Judiciário tem sido a verdadeira trincheira destes abrigados, realizando a


controvérsia segundo o seu papel-mor, conforme o princípio da inafastabilidade da jurisdição,
elencado no art. 5.º, XXXV, da Magna Carta.

Em suma, os trabalhadores rurais possuem os mesmos direitos dos urbanos, não devendo a
Administração Pública direta, ou até mesmo indireta, endurecer quanto à interpretação desta
prova da atividade rural, senão vejamos:

“Previdenciário e processual civil. Carência de ação. Interesse de agir. ‘Boia-fria’. Prévio


requerimento administrativo. Desnecessidade. Previdenciário. Salário-maternidade. Segurada
especial. Requisitos legais. Comprovação da maternidade e do labor rural. Conjunto probatório
insuficiente (...). 4. Em se tratando de trabalhador rural ‘boia-fria’, a exigência de início de prova
material para efeito de comprovação do exercício da atividade agrícola deve ser interpretada com
temperamento, podendo, inclusive, ser dispensada, em razão da informalidade com que é exercida
a profissão e a dificuldade de comprovar documentalmente o exercício da atividade rural nessas
condições. Precedentes do STJ” (TRF-4.ª Reg., Ap. Civ. 0005746-84.2011.404.9999/PR, 6.ª T., j.
03.08.2011, rel. Juíza Federal Eliana Paggiarin Marinho, DE 12.08.2011).

Por fim, algumas Súmulas a respeito:

“A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador


rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola” (Súmula 06 da
Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais).

“Considera-se segurada especial a mulher que, além das tarefas domésticas, exerce atividades
rurais com o grupo familiar respectivo, aproveitando-se-lhe as provas materiais apresentadas em
nome de seu cônjuge ou companheiro, corroboradas por meio de pesquisa, entrevista ou
Justificação Administrativa” (Súmula 22 do CRPS).

8.8 CUSTEIO PREVIDENCIÁRIO

Inicialmente, a abalizada definição doutrinária dos professores Miguel Horvath Junior (Op. cit.,
p. 77), Wladimir Novaes Martinez (Op. cit., p. 96) e da saudosa professora Mirian Horvath (Palestra
proferida no Curso de Especialização em Direito Previdenciário da EPD/SP em junho/2009):
“Custeio da Seguridade Social é a quantia necessária para pagar as prestações e os gastos da
administração do sistema previdenciário.”

“Modalidade de sustentação financeira do regime previdenciário. Se trata de um custeio social


da técnica protetiva.”

“Normas que determinam as receitas e a forma como estas serão geridas para a manutenção do
sistema de seguridade social.”

Atenção:

Em linhas gerais, o instituto do Custeio Previdenciário é a “fonte de financiamento do sistema


previdenciário”, ou o “conjunto de normas que estabelecem e administram as receitas previdenciárias”.

Detém base, destacadamente constitucional (art. 201, caput, da CF/1988):

“A Previdência Social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de
filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial (...).”

Também, outras várias pilastras legais:

– Art. 3.º, I, da CF/1988: princípio da solidariedade;

– Arts. 194 e 195 da CF/1988;

– Lei 8.212/1991 (Lei de Custeio – LC);

– Dec. 3.048/1999 (arts. 194 ao 278).

É a seguinte a sua definição legal, dentre outras (art. 194 do Dec. 3.048/1999):

“A seguridade social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
de contribuições sociais.”

Precipuamente a sua finalidade é única, ou seja, a “preservação do equilíbrio financeiro e


atuarial”, bem como, a “sustentabilidade do sistema”.

Possui o custeio previdenciário duas modalidades, conforme a expressa literalidade do art. 195,
caput, da CF/1988:

De fato, o custeio direto, disciplinado no art. 195 da CF/1988; art. 11 da Lei 8.212/1991 e art. 195
do Dec. 3.048/1999 são as contribuições vertidas e oriundas das seguintes fontes:
I – empregador, da empresa ou a ela equiparada;

II – trabalhador e demais segurados do RGPS;

III – receita dos concursos de prognósticos;

IV – do importador de bens e serviços do exterior.

Com efeito, esta modalidade de custeio se efetiva através do pagamento de contribuições sociais
como condição de acesso à proteção social, sendo que as contribuições das empresas decorrem e
se justificam de sua função social, sem prejuízo do princípio constitucional da solidariedade.

As alíquotas contributivas estão disciplinadas no Dec. 3.048/1999, contudo os valores a serem


parâmetros das exações, são alterados periodicamente pela política governamental.

Curiosa é a fonte previdenciária advinda sobre a receita de concursos de prognósticos, que


abriga sorteios, loterias, apostas, inclusive em reuniões hípicas, possuindo a seguinte repartição:

– 14%: prêmios;

– 30%: prêmios líquidos;

– 01%: fundo nacional de cultura;

– 03%: fundo penitenciário;

– 11%: administração da CEF;

– 09%: comissão dos vendedores;

– 32%: seguridade social.

Por sua vez, o custeio dito indireto também encontra raízes constitucionais (art. 195, §§ 1.º e 2.º,
da CF/1988):

“(...)

§ 1.º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social
constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.

§ 2.º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos
órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e
prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de
seus recursos.”

Ao que se percebe, trata-se da previsão orçamentária.

Sabe-se que existem três tipos de orçamentos obrigatórios que devem ser aprovados por lei, o
fiscal; de investimento e o da seguridade social.

Por fim, de realce destacar o art. 16, parágrafo único, da Lei 8.212/1991 que traz a
responsabilidade residual da União, para os casos de insuficiência do caixa da Seguridade para
manter as prestações previdenciárias.

Impossível, porque não afirmar também, frustrada é a análise do custeio em mensurar


juridicamente as chamadas Contribuições Sociais.

Mas o que são? Qual a natureza? E a sua importância no Custeio?


O Professor Ivan Kertzman (Op. cit., p. 59.), leciona a respeito:

“Chamam-se contribuições sociais previdenciárias aquelas destinadas exclusivamente ao


custeio dos benefícios previdenciários. São as contribuições do empregador, do trabalhador e
demais segurados.”

Por muito tempo, houve uma interpretação literal e legalista em que tributos eram apenas
impostos; taxas e contribuições de melhorias, conforme transparecia o CTN.

Pois bem, após a nova ótica constitucional e ante a consentânea interpretação que fez o Excelso
STF, adveio então uma nova classificação tributária.

Com efeito, as contribuições sociais, segundo a dosagem do Tribunal Constitucional são:

É que o STF abordou a questão de maneira bastante objetiva, fixando o entendimento de que,
sob a égide da Constituição da República de 1988, as contribuições sociais têm natureza tributária,
conforme o julgamento do RE 146.733/SP, Tribunal Pleno, j. 29.06.1992, rel. Min. Moreira Alves, DJ
06.11.1992.

Com este entendimento já firmado no solo jurídico pátrio, uma conclusão a respeito se formou:

– as contribuições previdenciárias estão sujeitas as disposições do CTN, como, lançamento,


notificação, autuação, CDA, execução fiscal, prescrição etc.

Registre-se, que existe atualmente até uma Súmula Vinculante (Súmula Vinculante 08 do STF) a
respeito.

Como antes explorado, temos dois princípios constitucionais e da Seguridade Social


eminentemente de custeio, conforme explorado no Capítulo 6 supra, que são:

– “Equidade na forma de participação no custeio” e a “Diversidade na base de financiamento”.

Também, um outro princípio de índole constitucional está alocado nesta estrutura


previdenciária.

Note bem:

É a chamada “Regra da Contrapartida”.

Assim, sua dimensão constitucional:

“Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido
sem a correspondente fonte de custeio total.” (art. 195, § 5.º, da CF/1988).

Dentro do custeio temos ainda a relação jurídica de benefício invertida, ou seja, aqui:

Sujeito ativo: SRFB;


Sujeito passivo: contribuinte (segurado, empresa etc.)

Acerca da titularidade ativa desta relação convém demonstrar uma síntese de sua evolução
histórica.

É que por longos anos coube exclusivamente ao INSS tanto a administração dos tratos jurídicos
referente a prestações, quanto das obrigações tributárias previdenciárias.

O governo, para tentar mudar esta condição jurídica da autarquia, emitiu a MedProv 222/2004,
que depois foi convertida na Lei 11.098/2005 e criou a Secretaria da Receita Previdenciária – SRP.

Devido a certos desacertos institucionais com uma deliberada confusão de atribuições,


sobretudo de carreiras internas uma outra Medida Provisória foi apresentada, a MedProv
258/2005, onde ocorreu uma fusão de categorias e criou-se a SRFB.

Com efeito, tal Medida Provisória foi convertida na Lei 11.457, de 16.03.2007 que criou a
Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), também conhecida como “Super-Receita”, onde
houve a centralização da atividade fiscal, inclusive previdenciária, por um único órgão, ficando o
INSS responsável exclusivamente responsável pela gestão das prestações.

Acerca ainda dos reflexos das contribuições sociais como fator de discrímem para o abrigo
previdenciário, alocou o Legislador infraconstitucional um importante princípio protetivo a
respeito.

Trata-se do princípio da automaticidade alocado no art. 35 da Lei 8.213/1991:

“Ao segurado empregado e ao trabalhador avulso que tenham cumprido todas as condições
para a concessão do benefício pleiteado, mas não possam comprovar o valor dos seus salários de
contribuição no período básico de cálculo, será concedido o benefício de valor mínimo (...).”

Claramente, se observa que a ausência de contribuições previdenciárias ou mesmo o seu


repasse aos cofres governamentais não representa óbice algum para a entrega da tutela
previdenciária ao segurado empregado e ao trabalhador avulso.

Ora, não pode a omissão patronal recair em desfavor do segurado, hipossuficiente desta
relação, tanto trabalhista quanto previdenciária.

Por outro lado, quem é omisso e negligente, prevaricando na função é a própria autarquia, que
ao invés de denegar prestações, deveria enviar notitia criminis para apuração de eventual crime
de apropriação indébita previdenciária, figura penal inserida no art. 168-A do CP.

Costumeiramente, isto não ocorreu, preferindo inverter os valores e acabar por contribuir
também para a impunidade quanto a estas claras evidências.

Neste sentido:

“Previdenciário. Revisão de benefício. Prescrição. Reclamatória trabalhista. Parcelas de natureza


salarial. Efeitos financeiros. Termo inicial (...) 2. Na apuração dos salários de contribuição
informados para o Período Básico de Cálculo, devem-se adotar os valores informados pelo
empregador, mormente quando efetivamente recolhidos (...) 4. O segurado não pode ser penalizado
em razão de o empregador não ter recolhido corretamente as contribuições previdenciárias,
tampouco pelo fato de o INSS ter falhado na fiscalização da regularidade das exações” (TRF-4.ª Reg.,
2007.70.00.001667-3/PR, 6.ª T., j. 03.08.2011, rel. Des. Luís Alberto D Azevedo Aurvalle, DE
12.08.2011).

8.9 MEDIDA PROVISÓRIA 664/2014 e LEI 13.135/2015

No fim de 2014, precisamente em 30/12/2014, por exclusiva iniciativa da Presidência da


República, em uma onda de ajuste fiscal, tivemos a edição surpreendente da MP 664/2014, que
trouxe com ela diversas mudanças em alguns aspectos previdenciários.

Pois bem, ao final da presente, inserido como anexo se encontra o inteiro teor dessa desastrosa
norma.

De início, como toda medida provisória, deve-se ter concomitantemente e não alternativamente
os constitucionais requisitos: urgência e relevância.

Em linhas gerais, essa já revogada medida provisória alterou profundamente dois benefícios:
auxílio-doença e pensão por morte.

Cabe aqui ressaltar que a citada medida foi recentemente convertida na Lei 13.135/2015, que
também compilamos ao final da presente em seu inteiro teor e, dada a recentíssima edição desse
comando legal, ainda em fase de adaptação social, registramos que suas alterações já foram
inseridas resumidamente nos benefícios por ela alterados.

8.10 MEDIDA PROVISÓRIA 676/2015 e LEI 13.183/2015

De igual modo, mais uma vez via medida provisória, vale dizer, pelo equivocado instrumental
jurídico, precisamente em 17 de junho de 2015, o governo editou a MP 676/2015, que, em linhas
gerais trouxe a fórmula 85/95, variável ou escalonada.

Para maiores comentários, primeiramente segue o inteiro teor da medida provisória:

“A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição,


adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:

Art. 1o A Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de
contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário, no cálculo de sua
aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição,
incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for:

I – igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de


contribuição de trinta e cinco anos; ou

II – igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observando o tempo mínimo de


contribuição de trinta anos.

§ 1º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um


ponto em:

I – 1º de janeiro de 2017;

II – 1º de janeiro de 2019;

III – 1º de janeiro de 2020;

IV – 1º de janeiro de 2021; e

V – 1º de janeiro de 2022.

§ 2º Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 1º, serão acrescidos cinco pontos à
soma da idade com o tempo de contribuição do professor e da professora que comprovarem
exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio.” (NR)

Art. 2o Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.


Brasília, 17 de junho de 2015; 194 da Independência e 127 da República”.

Pois bem, apresentou o governo à sociedade jurídica uma regra alternativa como opção do
trabalhador para fugir da regra do fator previdenciário.

Porém, trata-se da conhecida fórmula 85x95 escalonada ou variável, ano a ano, em que tanto o
homem quanto a mulher, devendo preencher o tempo mínimo para o benefício pretendido, quer
seja 30 anos para a mulher e 35 anos se homem, mais a idade, devem atingir pontualmente 85 ou
95, cujos pontos serão aumentados ano a ano, a partir de 2017, conforme tabela supra.

O Professor Wladimir Novaes Martinez, destacado jurista no cenário previdenciário, arquitetou


essa formula, contudo com outras variantes sociais.

O Congresso Nacional no curso do debate da MP 664/2014, como antes mencionado,


incrementou a discussão a fórmula 85x95, contudo estática, como mera soma de fatores, o que não
foi feito e aceito pelo governo.

É que a MP 676/2015 inovou e trouxe a flexibilidade dessa regra, porém, com acréscimo ano a
ano.

Medida altamente polêmica, que no curso dos anos, traz novas regras, no meio do jogo,
mudando período a período, e mais, conforme o caso, afasta de vez a incidência do fator
previdenciário, mesmo quando benéfico em algumas situações.

Passados os trâmites administrativos do parlamento, essa medida provisória foi convolada na


Lei 13.183/2015, que em linhas gerais mantém a sua essência, mas aumentando certos interstícios
na graduação por pontos.

Segue a parte desse texto legislativo que a partir de agora traduz legalmente e de vez a formula
85x95 progressiva:

“Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de
contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua
aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição,
incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for:

I – igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de


contribuição de trinta e cinco anos; ou

II – igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de


contribuição de trinta anos.

§ 1º Para os fins do disposto no caput, serão somadas as frações em meses completos de tempo
de contribuição e idade.

§ 2º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um


ponto em:

I – 31 de dezembro de 2018;

II – 31 de dezembro de 2020;

III – 31 de dezembro de 2022;

IV – 31 de dezembro de 2024; e

V – 31 de dezembro de 2026.

§ 3º Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 2º, o tempo mínimo de contribuição do


professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de, respectivamente, trinta
e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição.

§ 4º Ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exercício da opção de que trata o caput
e deixar de requerer aposentadoria será assegurado o direito à opção com a aplicação da
pontuação exigida na data do cumprimento do requisito nos termos deste artigo.

§ 5º (VETADO).”
2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
9. REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RPPS)

Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) 9

Relembrando a noção introdutória de regimes previdenciários, temos que:

Pois bem, superado o estudo articulado do Regime Geral, em continuidade, se faz necessária a
análise jurídica e sistêmica do denominado Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) ou
mesmo, para alguns, a Previdência do Servidor Público.

Possui a seguinte matriz normativa de dimensão constitucional:

– art. 40, §§ 1.º ao 21, da CF/1988;

– alterações substanciais promovidas pelas EC 20/1998, 41/2003 e 47/2005.

Assim a literalidade do Legislador Constitucional (art. 40, caput, da CF/1988):

“Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo Ente Público, dos servidores
ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial e o disposto neste artigo.”

Curioso, por que não dizer espantoso, é que no Dec. 3.048/1999 do Regime Geral existe uma
remissão a respeito do RPPS:
“Art. 6.º A previdência social compreende:

(...)

II – os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos (...).” (art. 6.º, II, do Dec.
3.048/1999).

De destaque também, outros diplomas legais que tratam do RPPS, senão vejamos:

– Lei 8.112/1990: Regime Jurídico Único (RJU);

– Lei 8.647/1993: Cargo em comissão – RGPS;

– Lei 9.717/1998: Organização dos Regimes Próprios.

O professor Hermes Arrais Alencar (op. cit., p. 88) o conceitua do seguinte modo:

“Regime diferenciado de previdência, constitucionalmente previsto no art. 40, o Regime Próprio


de Servidor Público – RPSP – é aquele que uma vez instituído é de natureza obrigatória,
vinculando o ingresso de todos servidores públicos das esferas federal, distrital, estadual e dos
municípios.”

Por sua vez o professor Miguel Horvath Junior (op. cit., p. 33):

“Regime Próprio de Previdência Social é o sistema previdenciário estabelecido no âmbito de


cada ente federativo, que assegure, por lei, ao servidor de cargo efetivo pelo menos os benefícios
de aposentadoria e pensão por morte.”

No mesmo sentido os ensinamentos do professor Wagner Balera (op. cit., p. 47):

“Sistema Público de Previdência, individualizado, de natureza contraprestacional, destinado à


pessoas certas e determinadas.”

Resumidamente, o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) é o sistema previdenciário


aplicável aos servidores públicos de cargo efetivo, ou seja, somente àqueles admitidos mediante
concurso público para preencher cargo criado por lei e dotado de estabilidade.

É o que abrange servidores públicos determinados!

Mas quem é este Servidor Público?

De início, convém registrar que o RPPS abrange o servidor público efetivo (concursado), ao
passo que o RGPS engloba todos os trabalhadores da iniciativa privada.

Segundo o professor Celso Antonio Bandeira de Melo, temos a seguinte e lúcida classificação:

Desta classificação, aliás, que percorre ampla doutrina, advém algumas observações:

– Agente Público é o gênero;

– Servidor Público é a espécie.


Interessante registrar que antes da Constituição Federal de 1988, a terminologia usual era
funcionário público, como se vê do art. 327 do CP, ao passo que no período vigente, qual seja, pós
Constituição Federal de 1988, o mais correto é agente público, como por exemplo, no art. 2.º da Lei
8.429/1992.

Desse genérico conceito de Agente Público, temos os seguintes exemplos, onde inexiste
remuneração, porém, há o serviço público empenhado:

– Jurado, Presidente da OAB, Conselheiro Tutelar, Mesário Eleitoral, etc.

Porém, temos outras variações jurídicas, conforme o caso:

Em termos derradeiros, a conclusão é bem simples, ou seja, o não efetivo (não concursado)
pertence ao RGPS, ao passo que somente o efetivo, isto é, aprovado mediante o certame público
pertence ao Regime Próprio, que é individualizado.

Como espécie do gênero Regimes Previdenciários, o RPPS possui as seguintes características:

– regime diferenciado/individualizado;

– público;

– solidário;

– contributivo;

– repartição simples;

– compulsório (decorre do cargo);

– risco social (eventos – Teoria do Risco);

– administrado pelo ente federativo instituidor.

Acerca do Custeio, no RPPS temos as seguintes regras:

a) servidores da ativa: no RPPS a contribuição é de 11% sobre a totalidade dos proventos, não
havendo um teto para o salário de contribuição, como ocorre com o RGPS;

b) servidores aposentados e pensionistas: diferentemente do RGPS, os aposentados e


pensionistas no RPPS continuam contribuindo para o sistema. A contribuição incidirá apenas
sobre os valores que excederem o teto do RGPS, conforme determina o art. 40, §18, da CF/1988,
cuja alteração foi inserida pela EC 41/2003, com respaldo do STF que julgou constitucional tal
exação na ADIn 3.105/DF.

Quanto à administração do RPPS, válido afirmar que:

– no RGPS quem administra é o INSS, em especial quanto ao plano de benefícios;


– no RPPS quem administra é o ente estatal federativo que o instituiu. Exemplo: União,
para servidores federais.

Por fim, algumas informações basilares ainda do RPPS:

– no RGPS o custeio vem de diversas fontes, ao passo que no RPPS, a fonte é única e
individualizada, ou seja, do servidor, ativo e inativo;

– no RGPS ainda não existe idade mínima na aposentadoria por tempo de contribuição,
enquanto no regime próprio há idade mínima;

– no RPPS não há incidência do Fator Previdenciário (FP), o que não se observa no RGPS;

– no RPPS a contribuição do servidor é estacionada em 11%, ao passo que no RGPS, ao


empregado, por exemplo, há uma tabela de alíquotas (8, 9 e 11%) incidentes conforme a
remuneração auferida;

– quanto ao valor do benefício, não há limitação a um teto, conforme o RGPS mas sim,
quanto ao subsídio do cargo, ou seja, no RPPS, o valor da aposentadoria não pode ser superior ao
que o servidor auferia na ativa.

Outra peculiaridade norteia o RPPS, ou seja, pode o legislador local conceder benefícios em
desconformidade com os deferidos no RGPS?

A resposta é totalmente negativa, ou seja, o art. 5.º da Lei 9.717/1998 proíbe a concessão, no
RPPS, de benefícios não previstos no RGPS.

Evidente que certas prestações, inclusive quanto à terminologia oscilam de RPPS para RPPS.

Porém, para simplificar o vertente estudo ousamos em apresentar o pacote de prestações do


RPPS do Servidor Público Federal, segundo o art. 185 da Lei 8.112/1990 (Regime Jurídico dos
Servidores Públicos e Civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas – RJU):

– aposentadorias (por tempo, por idade e por invalidez);

– auxílio-natalidade;

– salário-família;

– licença para tratamento de saúde;

– salário-maternidade ou licença-gestante;

– auxílio-acidente;

– pensão por morte;

– auxílio-funeral;

– auxílio-reclusão.

Assim, em abordagem sintética, algumas peculiaridades de cada prestação deste RPPS, que
acaba sendo norte para outros regimes próprios, respeitando as individualidades e aspectos de
cada relação estatal.

9.1 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ


Proventos proporcionais:

– moléstia não se relacionar ao trabalho.

Proventos integrais:

– acidente em serviço;

– moléstia profissional.

Art. 191 da Lei 8.112/1990

– garante na esfera federal valor mínimo – (1/3 do subsídio);

Cálculo:

– média das contribuições (80% das maiores).

9.2 APOSENTADORIA POR TEMPO

– 10 anos de serviço público;

– 5 (cinco) anos no cargo em que vai postular o benefício;

– Homens: 60 anos de idade + 35 de contribuição;

– Mulheres: 55 anos de idade + 30 anos de contribuição.

Cálculo:

– média das contribuições (80% das maiores).

Não tem fator previdenciário e não está sujeito a um teto remuneratório como o do RGPS.

9.3 APOSENTADORIA POR IDADE

– 10 anos de serviço público;

– 5 (cinco) anos no cargo em que vai postular o benefício;

– Homens: 65 anos de idade + 35 de contribuição;

– Mulheres: 60 anos de idade + 30 anos de contribuição.

Cálculo:

– média das contribuições (80% das maiores).

Não tem fator previdenciário e não está sujeito a um teto remuneratório como o do RGPS.

9.4 APOSENTADORIA COMPULSÓRIA

– 10 anos de serviço público;

– 5 (cinco) anos no cargo em que vai postular o benefício;

– Homens e Mulheres: 70 anos de idade (35 – H e 30 – M).

Cálculo:

– média das contribuições (80% das maiores).


Não tem fator previdenciário e não está sujeito a um teto remuneratório como o do RGPS.

9.5 LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE

– equivalente ao auxílio-doença;

– demanda parecer de uma junta médica;

– obrigatório para concessão da aposentadoria por invalidez;

– não pode ser superior a 24 meses;

– sujeito a prorrogações;

– 100% do valor dos proventos.

9.6 APOSENTADORIA ESPECIAL

– previsão constitucional: art. 40, § 4.º, III, da CF/1988;

– regulamentação mediante Lei Complementar;

– não há lei regulamentadora;

– aplicação analógica da Lei de Benefícios do RGPS;

– uso do Mandado de Injunção.

Aqui, importante asseverar que por questão de justiça, recentemente o STF sumulou esta
questão e de maneira vinculante, acabando com toda a discussão jurídica dessa jaez, pacificando o
que já vinha trilhando a justiça, senão vejamos:

“Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do Regime Geral de Previdência


Social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4.º, inciso III, da Constituição
Federal, até edição de lei complementar específica.” (Súmula Vinculante 33 do STF)

9.7 PENSÃO POR MORTE

– equivalente ao valor auferido pelo servidor;

– reajustada na mesma época de reajustes dos proventos dos ativos;

– vedada a cumulação de duas pensões no mesmo regime.

Duas formas:

– vitalícias (exemplo: morte da viúva);

– temporárias (exemplo: maioridade).

9.8 PENSÃO POR MORTE (DEPENDENTES)

Modo geral:

– cônjuge, companheiro(a), filho, pais e irmãos.

Lei 8.112/1990:

– 21 anos.

Companheiro homossexual:
– IN INSS 25/2000 (em decorrência de decisão judicial: TRF-4.ª Reg., ACP 2000.71.00.009347-
0/RS, 6.ª T., j. 27.07.2005, v.u., rel. Des. João Batista Pinto Silveira, DJU 07.10.2005 – igualdade de
dignidade da pessoa humana).

Pessoa designada:

– deixou de existir no RGPS, para muitos também no RPPS (Lei 9.718/1998).

OBS: Por força também da Lei 13.135/2015, para pensão por morte será ainda necessária a
comprovação de 18 contribuições mensais do(a) instituidor(a) da pensão.

9.9 OUTROS BENEFÍCIOS

Salário-família:

– art. 7.º, XII e art. 39, § 3.º da CF/1988 e Lei 8.112/1990.

Salário-maternidade:

– arts. 7.º, XVIII e 39, § 3.º, da CF/1988 e Lei 8.112/1990.

Auxílio-reclusão:

– não previsto de modo direto na Constituição Federal, mas há previsão na Lei 8.112/1990.

Auxílio-natalidade e auxílio-funeral:

– não previstos na Constituição Federal de modo direto, mas na Lei 8.112/1990.

Quanto à cumulação dentro do RPPS, terminantemente proibido o gozo de duas


aposentadorias, salvo quando oriundo de regimes previdenciários diferentes, bem como, proibida
a acumulação de dois proventos, salvo se ocorrer cargo eletivo, valendo aqui destacar a existência
de um teto remuneratório dentro do RPPS, conforme art. 37, XI, da CF/1988.

Como não poderia deixar de ser e considerando as grandes controvérsias daí decorrentes,
temos as regras de transição, que visam, no mínimo a preservação do direito adquirido.

De fato, dependendo do ano de ingresso no serviço público temos as seguintes regras:

– dezembro de 1998 até dezembro de 2003: EC 20/1998;

– dezembro de 2003 até julho de 2005: EC 41/2003;

– julho de 2005 até hoje: EC 47/2005.

A afirmativa dos grandes impactos destas Emendas no RPPS se justifica, por exemplo:

– acabou com a paridade econômica entre ativo e inativo;

– instituiu no RPPS a contribuição dos inativos na parcela que exceder o teto do RGPS, cuja
inovação foi chancelada pelo STF;

– cria o princípio da média de vida laboral em contraponto ao princípio da integralidade;

– criação do Comprev (Sistema de Compensação Financeira entre Regimes).

Por fim, oportuno registrar e ressaltar que várias são as regras de transição no tocante à
vertente temática, com alteração dos critérios mínimos, devendo o servidor conhecer as aludidas
regras dispostas nas Emendas Constitucionais acima citadas para o estudo do preenchimento dos
requisitos de contemplação, ressaltando que a norma a ser seguida é aquela vigente na data do
pedido administrativo.
© desta edição [2017]
2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
10. PREVIDÊNCIA PRIVADA

Previdência Privada 10

Por fim, passamos a discorrer acerca do derradeiro regime previdenciário, quer seja, da
Previdência Privada ou para alguns, a Previdência Complementar.

Neste sentido, esta polêmica é um tanto quanto desnecessária por conta da confusão advinda
pela má técnica legislativa.

Como se verá, a raiz constitucional é clara quanto à terminologia, não havendo motivos para
pensar de forma contrária.

Pois bem, sob o aspecto normativo, este regime está encampado nos seguintes instrumentos
legais:

– Art. 202, § 1.º ao § 6.º da CF/1988;

– Leis Complementares 108/2001 e 109/2001;

– Lei 12.154/2009 – cria a Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar);

– Lei 12.618/2012 (p. complementar do servidor).

De grande relevância aferir seu conceito constitucional (art. 202, caput, da CF/1988):

“O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma


em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de
reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar”.

Ora, desde já e ao que se vê, o instituto no prisma constitucional é Previdência Privada e não
complementar.

Algumas válidas adjetivações jurídicas oriundas deste comando:

– contratualidade (art. 421 do CC/2002);

– facultatividade (o que é aceito não é imposto);

– caráter complementar: assegurar status econômico, expansão do arcabouço de proteção;

– forma autônoma: vigora o princípio da autonomia privada, poder inerente à vontade livre (art. 2.º da
LC 109/2001: “(...) instituir e executar planos de benefícios (...)”;

– Lei Complementar: art. 59, II da CF/1988 (veículo normativo da explicitação da vontade popular).

Como ocorre com o RPPS, curiosamente no diploma legal do RGPS também existe previsão da
Previdência Privada a respeito (Lei 8.213/1991):
“Art. 9.º A previdência social compreende:

(...)

II – o Regime Facultativo Complementar de Previdência Social;”

No campo doutrinário, valiosas lições conceituais de Wladimir Novaes Martinez (Op.cit. p. 55) e
Wagner Balera (Op.cit. p. 78), respectivamente:

“Conjunto de operações econômico-financeiras empreendidas no âmbito particular da


sociedade, de adesão espontânea, propiciando benefícios adicionais ou assemelhados, mediante
recursos exclusivos do protegido”;

“As entidades de previdência privada são estruturas de expansão do arcabouço da proteção, em


colaboração com o Poder Público, em busca do bem-estar social”.

A PP possui sim metas ou finalidades, que são as seguintes, conforme apresentam os


doutrinadores:

– melhoria da qualidade de vida dos cidadãos;

– proteção à sociedade;

– desenvolvimento econômico e social;

– manutenção do padrão de vida;

– garantir tranquilidade social.

Historicamente, a primeira legislação específica foi a Lei 6.435, de 15.07.1977 (revogada pela LC
109/2001), que dispunha “sobre as entidades de previdência privada” e dá outras providências.

As Constituições de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967, não regularam a contento o instituto, o
que não ocorreu com a vigente CF/1988, a “Carta Cidadã” que organizou o Sistema de Seguridade
Social (art. 194) e, com as inovações estruturais advindas da reforma da EC 20/1998, este ramo
previdenciário ganhou estruturação própria, com a justificativa-base na “Longevidade”.

Neste aspecto, curiosa uma projeção do IBGE (Fonte: Revista Veja – 24.02.2007) a respeito:

– 2005 = 9% da população tinha mais de 60 anos de idade;

– 2050 = 24,66% da população com mais de 60 anos de idade.

– apenas 36% dos segurados da Previdência Oficial têm CTPS assinada;

– 55% dos empregos ocorrem em micro e pequenas empresas;

– nos últimos 60 anos, a longevidade do brasileiro passou de 45 para 75 anos de idade.

Possui a Previdência Privada as seguintes características:


– Facultativo;

– Contratual;

– Autônomo;

– Caráter privado;

– Bilateralidade;

– Onerosidade;

– De adesão;

– Solene;

– Contribuição definida;

– Mobilidade permitida (resgate, aporte);

– Gestão particular.

Note bem:

Conforme expressa dicção legal, o Regime de Previdência Privada é instrumentalizado através de


entidades abertas e fechadas:

“O regime de previdência complementar é operado por entidades de previdência complementar que têm
por objetivo principal instituir e executar planos de benefícios de caráter previdenciário, na forma desta Lei
Complementar” (art. 2.º da LC 109/2001).

Logo, temos duas entidades, a saber:

Entidade aberta de previdência complementar – (EAPC)

Entidade fechada de previdência complementar – (EFPC)

EFPC X EAPC

– fundação ou associação – sociedades anônimas

– sem fins lucrativos – com ou sem lucro

– funcionários de uma empresa – qualquer pessoa física

– requer autorização da Previc – autorização da Susep

– Idade de Saída (60 anos) – qualquer idade entre 50-70

Ex.: Oabprev, Previ, Petrus Ex.: Planos Bancários

Alguns conceitos básicos da Previdência Privada, típicos de uma cartilha:


– Participante: pessoa física que contrata o plano previdenciário;

– Beneficiário: pessoa indicada para receber o benefício;

– Assistido: quem está em gozo de benefício;

– Instituidora: pessoa jurídica contratada;

– Resgate: retirada das contribuições quando sai do plano;

– Portabilidade: transferência de uma entidade para outra;

– Vesting: devolução do investido via benefício proporcional;

– Benefícios: terminologia usual;

– Reservas técnicas: estudo atuarial (equilíbrio);

– VGBL e PGBL: planos em destaque no mercado.

Dada a notoriedade destes dois planos, quer seja VGBL e PGBL, passaremos a esmiuçá-los mais
um pouco:

4 PGBL – Plano Gerador de Benefício Livre – Plano de previdência complementar criado


em 1998 que permite a acumulação do recurso e a contratação de rendas para recebimento a
partir de uma data escolhida pelo participante. As contribuições vertidas ao plano podem ser
deduzidas da base de cálculo do Imposto de Renda, limitado até 12% da renda bruta anual do
participante.

4 VGBL – Vida Gerador de Benefício Livre – Plano de previdência na modalidade de


Seguro de vida com cobertura por sobrevivência (aposentadoria) criado em 2002, que objetiva
possibilitar a formação de uma poupança, a qual poderá ser revertida na forma de renda mensal
ou pagamento único a partir de uma data escolhida pelo participante. A tributação do Imposto de
Renda dar-se-á no momento do recebimento dos benefícios ou por ocasião de resgates de recursos
efetuados, havendo incidência apenas sobre os rendimentos auferidos, de acordo com o regime
tributário escolhido – progressivo ou regressivo.Outra classificação também merece registro, ainda
nesse inexplorado campo jurídico:

– Plano de benefício definido (BD): o valor do benefício é conhecido de maneira prévia;

– Plano de contribuição definida (CI): somente a contribuição é conhecida previamente,


mas o valor do benefício, somente na época da concessão;

– Misto ou contribuição variável: combinação dos dois modelos.

Questão atualíssima, contudo muito complexa e porque não afirmar confusa é a recém
Previdência Complementar criada e instituída em desfavor do Servidor Público.

Constitucionalmente ela já estava prevista, ao que se vê do art. 40, §§ 14, 15 e 16 e art. 202, § 4.º
da CF/1988, contudo, dependia de uma Lei Complementar.

E ela veio, ou seja, a Lei 12.618/2012 que criou o Funpresp (Fundação de previdência
complementar do servidor público).

Algumas de suas características:

– plano de contribuição definida;

– limita a aposentadoria do RPPS no teto do RGPS. Se quiser se aposentar acima deste teto
tem que contribuir para o Funpresp.
Oportuno também transcrever as derradeiras informações relevantes da Previdência Privada:

– Técnica de financiamento: capitalização;

– Não há incidência de tributos nas contribuições da Previdência Privada, portanto são


dedutíveis no IR (art. 69 da LC 109/2001);

– Direito às informações sobre o andamento do plano de forma periódica (art. 7.º da LC


109/2001);

– Súmula 321 do STJ: aplicação do CDC nas relações entre o participante e o instituidor.

Por fim, no tocante a polêmica da competência para discussões sobre planos de Previdência
Privada, ao que tudo indica, parece que o Colendo STJ apaziguou a controvérsia:

“STJ. Agravo regimental. Conflito positivo de competência. Previdência privada.


Complementação de aposentadoria. Justiça comum. Precedentes. Decisão agravada mantida.
Improvimento. I. Consoante jurisprudência desta Corte e do Supremo Tribunal, é competente a
Justiça Estadual para processar e julgar ação em que o pedido e a causa de pedir decorram de
pacto firmado com instituição de previdência privada, tendo em vista a natureza civil da
contratação, envolvendo tão somente de maneira indireta os aspectos da relação laboral,
entendimento que não foi alterado com a promulgação da EC. 45/2004. (...) Agravo Regimental
improvido” (STJ, AgRg no CComp, 109.085/SP, 2.ª Seção, j. 10.03.2010, rel. Min. Sidnei Beneti, DJ
17.03.2010)

Destaca-se a atualíssima importância deste regime previdenciário, que como antes


demonstrado é privado e não complementar, sendo essa uma característica e não o conceito
propriamente dito.

É que se torna uma modalidade previdenciária que atinge índices de crescimento assustadores,
que demonstram sua importância no cenário pátrio, além de se apresentar como uma alternativa
jurídica válida e especial para aquele que deseja ter uma proteção previdenciária estendida.
2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
11. PROCESSO PREVIDENCIÁRIO (ADMINISTRATIVO E JUDICIAL)

Processo Previdenciário (Administrativo e Judicial) 11

11.1 INTRODUÇÃO

Falar de processo é o mesmo que expressar a instrumentalidade necessária para o alcance ou


defesa do direito material objetivado, sendo um corolário republicano como garantia do Estado
Democrático de Direito.

Neste sentido, importante o registro do que pensa a respeito o professor Cássio Scarpinella
Bueno (Curso sistematizado de direito processual civil. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2011):

“O processo civil representa verdadeiro microcosmos do Estado Democrático de Direito”.

Assim, fácil defender que é uma verdadeira ferramenta ou utilitário para o jurisdicionado
buscar a concretização de um poder estatal.

Logo, requer estruturação específica para tanto, seja no âmbito administrativo ou mesmo
judicial.

Em suma, processo é o caminho a percorrer para chegar ao destino traçado.

Em outras palavras, sobretudo pela doutrina processual de vanguarda, propaga-se que o


processo é o conjunto de atos processuais combinados.

Destaca-se, pois, no cenário jurídico pátrio o “Princípio da Instrumentalidade”, isto é, que vai
nortear todo o ambiente jurídico no tocante ao acesso da Jurisdição.

De relevo, destaca-se também a diferença salutar entre Processo e Procedimento, sobretudo


para o ambiente acadêmico.

Em linhas gerais, sem explorar outras discussões deste aspecto, fácil, desde já, diferenciá-los, da
seguinte forma:

Resumidamente, instrumento é o caminho propriamente dito e o procedimento é a forma pela


qual este caminho será percorrido, seja correndo, voando, navegando etc.

Passando este momento de lições preliminares, passamos a discorrer sobre o processo


previdenciário.
Assim, uma ilustração que bem introduz este específico tópico:

Este é o campo de pouso do Processo Previdenciário, que vai abranger tanto a esfera
administrativa quanto a judicial.

Com efeito e resumidamente, oportuna ainda é a seguinte definição a respeito:

– Processo judicial: instrumento de justiça do cidadão;

– Processo administrativo: garantia dos direitos dos administrados com a


Administração.

Logo, tanto um quanto outro, como espécies do gênero “processo” possuem uma única razão de
existir, ou seja, tutelar os interesses materiais dos abrigados do pacote previdenciário protetivo.

Assim, os princípios processuais devem obrigatoriamente serem observados na seara


previdenciária, dentre eles:

– contraditório; motivação das decisões; recorribilidade; lealdade; boa-fé; verdade


material; legalidade; impessoalidade; publicidade; eficiência etc.

Em seguida, um quadro exemplificativo de diferenciação entre estes processos de âmbito


previdenciário:

Processo Administrativo Processo Judicial

Lei 9.784/1999 e Dec. 3.048/1999 Código de Processo Civil Brasileiro

Requerimento administrativo Petição inicial

Instâncias administrativas (CRPS) Instâncias judiciais

Meios de provas limitados Meios de provas amplos

Poder Executivo Poder Judiciário

Aplicação subsidiária Aplicação exauriente

Fundamentação das decisões Fundamentação das decisões

Decorrido este panorama, passamos a tratar cada seara.

11.2 PROCESSO PREVIDENCIÁRIO ADMINISTRATIVO


Neste particular, temos duas relações previdenciárias, a saber:

Na relação previdenciária de benefício, o beneficiário é o credor da prestação e a Fazenda


Pública é a devedora, ao passo que na relação de custeio, ocorre o inverso, ou seja, a Fazenda é a
credora da contribuição previdenciária e o beneficiário se aloca no polo passivo.

No primeiro relacionamento, os diplomas jurídicos bases são: a Lei 9.784/1999 e o Dec.


3.048/1999, ao passo que na órbita do custeio prevalecem as disposições do Código Tributário
Nacional, instruções normativas internas e outras legislações de ordem tributária, pois como antes
explanado, a contribuição previdenciária detém nítido caráter tributário.

Registraremos agora, alguns itens do trato diário do processo administrativo previdenciário:

– Serviço de agendamento: através do telefone 135; na homepage e diretamente nas agências, os


serviços são previamente agendados, através do NIT/PIS do trabalhador ;

Importante registrar aqui, que é preservada a data do agendamento como marco inicial para o
reconhecimento do benefício, ou seja, ainda que o reconhecimento do direito ocorra em meses
posteriores, haverá uma retroação financeira deste reconhecimento na data do agendamento.

– Prazo para conclusão: a Lei 9.784/1999 em seu art. 49 preceitua o prazo de 30 dias, contudo,
realizando uma interpretação harmoniosa do art. 41-A, § 5.º, da Lei 8.213/1991, há um consenso
geral de que o prazo é de 45 dias.

Por fim, todos os princípios do processo civil cabem nesta seara, como contraditório,
publicidade, motivação, entre vários outros, ressaltando que o próprio Código de Processo Civil é
fonte subsidiária no processo administrativo previdenciário.

11.3 PROCESSO PREVIDENCIÁRIO JUDICIAL

De início, cabe informar que não existe um processo civil previdenciário autônomo, singular e
específico desse ramo do saber. O que ocorre sim é a aplicação cabal e total do Código de Processo
Civil nestas reações no âmbito judicial.

Por conta desta premissa, os requisitos da norma adjetiva então devem ser observados em
todos os sentidos, como requisitos da ação, petição inicial, formação do processo, nulidades,
pressupostos processuais, duplo grau de jurisdição, reexame necessário, etc.

Vale aqui destacar a grande mudança processual, tendo em vista que foi aprovado o novo
Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015) e estamos em sua plena vigência.

A esse respeito, ou seja, a mudança do CPC e as relações previdenciárias, sugerimos a leitura do


nosso: “Modernização do Judiciário não alcançou as relações previdenciárias” (Disponível em:
[http://www.conjur.com.br/2015-mai-23/direito-previdenciario-nao-afetado-mudancas-cpc]. Acesso
em: 14.12.2015).

Por exemplo, algunas ações previdenciárias:


– Benefício negado: ação de concessão;

– Benefício cessado: ação de restabelecimento;

– Benefício com erro: ação de revisão;

– Benefício suspenso com cobrança de valores: ação de nulidade de ato administrativo ou Mandado de
Segurança.

Ousamos ainda em ressaltar que para todas essas hipóteses é possível apresentar pedido
cumulado com danos morais, a conhecida tese do Dano Moral Previdenciário.

Cabe então, afirmar que todas as modalidades de ações cabem no âmbito do Direito
Previdenciário, sejam as declaratórias, constitutivas, condenatórias, executivas ou mandamentais,
a conhecida Teoria Quinária do Direito Processual Civil.

Os ritos são os do próprio Código de Processo Civil a serem seguidos, ou seja, pode ser o rito
cognitivo quanto à tramitação ou mesmo especial, se o caso do manejo do Mandado de Segurança,
além do fato de que a execução é diferenciada no tocante à Fazenda Pública.

Outra situação peculiar refere-se à possibilidade da ação monitória contra o órgão gestor
previdenciário, podendo ser uma possibilidade processual interessante e bem útil ao caso, aliás, a
partir de agora com previsão expressa do novo CPC, conforme artigo 700, § 6º.

Neste sentido, entendemos que sim, ou seja, cabe esse procedimento injuntivo, por exemplo
contra o INSS, pelo que se extrai ainda da seguinte Súmula:

“É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.” (Súmula 339 do STJ)

Questão intricada e altamente polêmica que permeiou o Judiciário por longos e longos anos foi
acerca de necessidade ou não da negativa administrativa como requisito para o ingresso de ação
judicial.

Argumentos existem de todos os lados, contudo, recentemente o excelso STF, inclusive sob
repercussão geral, definiu a questão, assentando que sim, é necessário o requerimento
administrativo como condição para o ingresso da ação previdenciária, comprovando na peça de
ingresso que houve o pedido e que esse foi negado.

Tal conhecido decisum ocorreu no RE 631.240 julgado em 09.09.2014, de relatoria do Ministro


Luís Roberto Barroso.

Cabe também mencionar que o Tribunal Maior, nesse julgado, trouxe regras de transição e
efeitos modulatórios.

Sem adentrar no conteúdo do decisório, já enfrentado pelo Tribunal Constitucional, filiamos a


corrente da dispensabilidade deste requisito, por diversos motivos, dentre eles, a ausência da
previsão legal de sua obrigatoriedade, além da plena vigência e incidência do Princípio
Constitucional da Inafastabilidade da Jurisdição encontrado no art. 5.º, XXXV, da CF/1988, que é
absoluto e em plena vigência.

De outro giro cabível a Tutela Provisória em desfavor da Fazenda Pública gestora, seja na
relação de benefício ou também na relação de custeio, como tutela de urgencia ou mesmo de
evidência, conforme lição do festejado e saudoso Desembargador Mineiro Ernane Fidélis
(Novíssimos perfis do processo civil brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, 1999, p. 45):

“Não há restrição à antecipação da tutela por razão alguma, podendo ser concedida em
qualquer procedimento e contra qualquer pessoa que seja, inclusive as de direito público, sendo
inconstitucional qualquer lei que, porventura, venha querer diminuir-lhe a extensão”.
Quanto à execução, de relevo informar que se o valor exequendo for de até 60 (sessenta)
salários mínimos o pagamento se dará mediante a RPV, que é a Requisição de Pequeno Valor, que é
expedida pela Secretaria Judicial e encaminhada para os órgãos competentes.

Ocorrendo o contrário, ou seja, se a cifra superar este parâmetro objetivo, o pagamento se dará
por Precatório, mediante programação na previsão orçamentária, nos moldes do art. 100 e
parágrafos da CF/1988.

Aqui e aproveitando o ensejo, temos a Lei 10.259/2001 que veio a disciplinar o JEF, ou seja,
Juizado Especial Federal, para causas de até 60 (sessenta) salários mínimos que deve uma
tramitação mais ágil e uma execução simplificada, o que aparentemente conseguiu com a
previsibilidade da RPV.

Pois bem, outra questão intricada é a competência das ações previdenciárias.

É que o art. 109 e incisos da CF/1988 são claros ao determinar objetivamente a Justiça Federal
como a competente para dirimir a controvérsia.

Ora, mas e quando na jurisdição do beneficiário inexistir sede da Justiça Federal?

Evidente que o legislador também deu solução, ou seja, nesta situação caberá a Justiça Estadual
realizar a entrega da tutela jurisdicional.

Trata-se da Competência Residual ou Delegada, do mesmo art. 109 da CF/1988, mas no seu § 3º.

Ousamos ainda em registrar que no recente XIII Exame da OAB aplicado em abril de 2014, a
questão de número 15 da prova branca, tratou exatamente deste ponto, qual seja, da competência
residual das lides previdenciárias, reforçando mais uma vez que brevemente o Direito
Previdenciário terá uma atenção especial pela OAB.

Também, plenamente cabível o manejo do Mandado de Segurança, que deverá ser impetrado
sempre na Justiça Federal, valendo a competência residual somente para as ações de rito cognitivo
e com base no código processual.

E no tocante ao mandamus, para situações que comportam prova exauriente e análise sumária
do direito alegado, trata-se de um tipo de ação judicial também indicada para as questões
previdenciárias, sobretudo pela celeridade do seu rito, em sintonia com a necessidade alimentar
de determinada resistência.

Invocamos a respeito, valiosa lição doutrinária do Professor Roger Vieira Feichas:

“Com efeito, no contexto do Mandado de Segurança temos uma autêntica e verdadeira


ferramenta de controle social com contornos jurídicos diversos, imprescindível à manutenção do
equilibrio dos variados relacionamentos jurídicos”. (Mandado de Segurança – Da Teoria à pratica,
editora LTr, 2016, São Paulo, página 21)

Por fim, as ações acidentárias.

Neste aspecto, a competência é única e exclusiva da Justiça Estadual, como se vê do art. 129, II
da Lei 8.213/1991 e das Súmulas 15 do STJ e 501 do STF, respectivamente.

Destacamos aqui a relevância do estudo do correto direcionamento da ação previdenciária,


pois sabido e consabido, que a competência é um pressuposto de validade procesual, portanto a
sua inobservância pode ocasionar a nulidade do processo e o imenso prejuízo para os
jurisdicionados.
2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
12. O INSTITUTO DA DESAPOSENTAÇÃO

O Instituto da Desaposentação 12

O tema em comento, não obstante sua destacada atualidade no contexto previdenciário, requer
uma análise mais detida da aplicabilidade do instituto dentro da sistemática da Seguridade Social
e seus constitucionais propósitos afirmadores, em que pese, aparentemente ter o Supremo
Tribunal Federal, em polêmico julgamento, ter enfrentado a matéria.

Não olvidaríamos em elaborar o vertente estudo, sem pontuar o tão falado instituto da
Desaposentação, mesmo com essa recente novidade judicial.

Ademais, o julgamento do tema na suprema corte sequer se encerrou, pois outras


problemáticas merecem acurada e definitiva intervenção da Excelsa Corte, por exemplo, acerca
daqueles que já foram beneficiados pela tese e estão recebendo os valores do novo benefício.

Com efeito, mesmo assim sua atualidade é incontroversa, sobretudo pelo fato que vem
alterando antigas premissas da ciência jurídica, como também coloca em xeque a própria
existência do Fator Previdenciário.

Portanto, a abordagem de seu contexto é medida obrigatória.

Para esse valioso fim, valemo-nos da noção sistêmica para a compreensão axiológica e jurídica
do instituto dentro do direito positivo, tal qual, em singular lição, o Prof. Wagner Balera, leciona a
respeito:

“Chave para a compreensão do estudo das normas jurídicas, a noção de sistema é apta a situar
o direito positivo a partir dos elementares critérios de vigência, validade e eficácia” (As
contribuições no Sistema Tributário brasileiro. In: Machado, Hugo de Brito (coord.). As
contribuições no Sistema Tributário Brasileiro. São Paulo: Dialética, 2003. p. 562).

Sabido que a Carta Cidadã de 1988 veio a colacionar em seus dispositivos, vários e
imprescindíveis direitos sociais magnamente tutelados, dentre eles, a Previdência Social, tal qual
inserida na dimensão constitucional através do art. 6.º da CF/1988.

Neste ínterim, mister compreender qualquer instituto previdenciário dentro do conceito


sistêmico e importante do direito social, tão evoluído dentro dos ordenamentos jurídicos
contemporâneos quanto a sua formalidade e aposição no cenário jurídico constitucional, mas, que
a todo o tempo, necessita de adequação aos destinatários, de maneira a justificar a proteção social
garantida pela Lex Fundamentallis.

Ao intérprete e ao operador do direito então, no manuseio dos institutos do Direito


Previdenciário, possuem não só um trato jurídico simples e individual entre o sujeito de direitos e,
de outro lado, o responsável pelo cumprimento de tal obrigação jurídica oriundo deste
relacionamento, mas, sob a ótica mandamental, detém em mãos verdadeiros valores a serem
precipuamente observados, defendidos e protegidos em situação de preexistência ao que se
depara o aplicador das normas, quando esse, deve piamente observar o que se está tutelando
quando da aplicação dos métodos da hermenêutica previdenciária.

Por certo, que a esta altura, fácil já aferir que o instituto da Desaposentação também vem a se
justificar neste constitucional conceito de valor social, já que o intuito previdenciário encontra na
dignidade humana um de seus principais aspectos diretivos.

Em que pese a atualidade da discussão em torno deste valioso instrumento jurídico e


previdenciário de proteção social, a Desaposentação já era tratada em 1996 pelo Prof. Wladimir
Novaes Martinez, em um artigo intitulado “Direito à Desaposentação”, no 9.º Congresso Brasileiro
de Previdência Social, pela editora LTr, em São Paulo, razão de que sua atual notoriedade no seio
social, deve ser compreendida à luz da necessidade premente da própria sociedade, destinatária
da tutela jurídica, em buscar mecanismos que visam a evolução e o aprimoramento dos direitos
sociais insculpidos na Lei das Leis, onde o desejo da Desaposentação vem somente evidenciar que
há necessidade de se tutelar efetivamente uma qualidade de vida, como fruto do valor humano.

Longe da finalidade desta pequena abordagem, é a exploração histórica do assunto, até pelo
fato que a compreensão de seu significado traz à lume, o que já prevê a própria Carta Magna,
sendo necessário alocar o objeto da discussão ao seu fato gerador e a sua correspondente
adequação constitucional dentro da semântica dos valores sufragados pela coletividade.

A este ponto, merece imediata censura àqueles que de maneira veemente negam a
possibilidade jurídica da aplicação do instituto por si só, que, sabe-se, somente ocorre via tutela
judiciária, eis que, apesar de respeitosas, lúcidas e coerentes, não fazem a aplicação do instituto
dentro da noção sistemática, como antes relatado pelo Percuciente Jurista Prof. Wagner Balera.

Antes, porém, de consignar os pontos nevrálgicos da aplicação do instituto em exame, mister


trazer à baila, a análise conceitual do assunto. A este aspecto, o Prof. André Studart Leitão, define
que “A desaposentação, como a própria nomenclatura sugere, consiste no desfazimento do ato
concessório da aposentadoria, por vontade do beneficiário” (Aposentadoria especial. São Paulo:
Quartier Latin, 2007. p. 233). Também o Prof. Fábio Zambitte Ibrahim conceitua o tema como: “A
desaposentação, portanto, como conhecida no meio previdenciário, traduz-se na possibilidade do
segurado renunciar à aposentadoria com o propósito de obter benefício mais vantajoso, no Regime
Geral de Previdência Social ou em Regime Próprio de Previdência Social, mediante a utilização de seu
tempo de contribuição. Ela é utilizada colimando a melhoria do status financeiro do aposentado”
(Desaposentação: o caminho para uma melhor aposentadoria. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p. 36).
No mesmo sentido, os conhecidos e conceituados Professores Alberto Pereira de Castro e João
Batista Lazzari de igual forma, assim ministram sob o tema em estudo, “(...) éato de desfazimento
da aposentadoria por vontade do titular, para fins de aproveitamento do tempo de filiação em
contagem para nova aposentadoria, no mesmo ou em outro regime previdenciário” (Manual de
direito previdenciário. 4. ed. São Paulo: LTr, 2000. p. 488).

Ao que se vê, destacada doutrina coloca o assunto em exame em singular análise, já que das
previsões conceituais emergem-se os fatos geradores de sua justificação jurídica.

Portanto, desaposentar-se é refazer algo, ou seja, alterar uma situação jurídica existente e
positivada para outra, de igual natureza, mas com outros desdobramentos e efeitos jurídicos
futuros.

Fácil, pois, aferir que o instituto somente se justifica com a existência válida da aposentadoria
como fruto do ato jurídico da aposentação. Para tanto, não é crível dissociar de tal fato jurídico a
deliberação voluntária do sujeito de direito, abrangido pela proteção previdenciária, o destinatário
do pacote previdenciário.

Com efeito, almeja-se a alteração temporal de um ato jurídico do presente, constituído no


passado, mas com fim colimado de mudança para o futuro, isto é, com efeitos jurídicos a serem
sentidos a partir da alteração perpetrada.

A este aspecto, indubitavelmente, o ato positivo da aposentação ganha contornos jurídicos da


disponibilidade, inserindo-se no patrimônio jurídico do tutelado como de direito disponível, já que
sua vontade, justificada pelo seu fim, ganha relevo dentro da essência da tutela previdenciária.

Qualificando o ato positivo da aposentação, que resulta na aposentadoria, como um direito


disponível, o horizonte norteador da Desaposentação ganha novos ares, já que o titular de direitos,
delibera, a seu exclusivo crivo exercer ou não tal prerrogativa, que, repita-se, trata-se de direito
disponível.

Em plena percepção acerca desta notória disponibilidade da aposentadoria previdenciária, o


Colendo Superior Tribunal de Justiça já há alguns anos, através de suas ínclitas duas Turmas
Julgadoras da matéria, já assentou acerca deste prisma, ou seja, o Guardião da Legislação Federal,
englobando a análise de todos os diplomas jurídicos previdenciários correlatos, através de vários e
reiterados julgados asseverou sobre a disponibilidade jurídica da prestação previdenciária. Neste
diapasão, vale conferir: STJ, REsp 692.628-DF, j. 17.05.2005, rel. eminente Min. Nilson Naves, DJ
05.09.2005.

Como já adiantado, a existência e viabilidade da Desaposentação no cenário jurídico do


momento mostra tormentosa discussão jurídica no seio judicial, em especial de que sua aceitação
que encontra forte resistência nos meandros da própria ciência jurídica, acompanhada por
oscilações dos Tribunais, bem como de franco e sólido debate doutrinário a respeito.

Propositadamente, o vertente estudo não almeja o esgotamento criterioso do assunto, mas


trazer a reflexão que a essência do direito social perseguido não deve tão somente ser pano de
fundo de uma realidade social hipoteticamente sonhada, mas, em sentido contrário, tem de ser o
alvo principal a dar segurança jurídica a coexistência da sociedade, já que a dignidade humana se
insere nas pilastras da República, em que os instrumentos jurídicos existentes, em especial, os
específicos pela natureza social, como o caso, ganham uma singular roupagem quando da
aplicação pelos operadores do direito.

Em suma, sendo valioso o embate e a discussão especialmente para a edificação dos institutos
da ciência jurídica, as opiniões contrárias à plena aplicação da Desaposentação, com ferrenhos
defensores, ventilam sobre os seguintes pontos:

a) falta de autorização legal e expressa; b) a aposentadoria é um ato jurídico perfeito e


convalidado; c) o art. 181-B do Regulamento da Previdência Social (Dec. 3.048/1999) aduz acerca da
irrenunciabilidade e irreversibilidade da aposentadoria; d) aplicação da prescrição do art. 103,
parágrafo único, da Lei 8.213/1991; e) o ato de concessão é ato administrativo, portanto sujeito a
normas administrativas; f) existência de uma relação jurídica bilateral que prescinde da anuência de
ambas as partes; g) ofensa a segurança jurídica; h) inviabilização no mesmo regime de previdência; i)
ofensa ao equilíbrio atuarial; j) enriquecimento ilícito etc.

Percebe-se, que a discussão acerca da aceitação do instituto encontra lúcidos e combativos


argumentos, em especial a serem enfrentados pelos adeptos e defensores do tema em discussão,
que, por sua vez, trilham a análise de aceitação aos seguintes aspectos:

a) no ato jurídico perfeito da aposentação prevalece a vontade do titular ante a relação de


proteção previdenciária contraída com a Administração Pública; b) ausência de vedação
constitucional ou legal, onde a sua autorização é presumida. O princípio da legalidade determina que
a Administração Pública somente poderá impor restrições previstas em lei; c) ausência de vícios
insanáveis no deferimento; d) manifestação da intenção do trabalhador; e) trata-se de direito
renunciável; f) aplicação do princípio da norma mais benéfica; g) ausência de dano do patrimônio da
União ou do INSS a prejudicar a massa colegiada protegida; h) ausência de pretensão de prejudicar
terceiros; i) a irrenunciabilidade está prevista em norma infralegal de legalidade duvidosa; j)
ausência de enriquecimento ilícito pela natureza alimentar do benefício entendendo-se que este já foi
“consumido”; k) ausência de ofensa do equilíbrio financeiro-atuarial, pois o segurado irá receber
aquele benefício até o fim da vida etc.

Fácil então aferir que a possibilidade jurídica da Desaposentação ainda é tímida, se


encontrando em situação de calorosas discussões, seja da coesa doutrina a respeito, seja pelos
entendimentos judiciais totalmente respeitáveis.

Não bastasse a análise fria da possibilidade ou não de aplicação do instituto em estudo no


ordenamento jurídico pátrio, outro norte tem atormentado sobremaneira os estudiosos do Direito.
Ora, se o ato da Desaposentação é cancelar uma aposentadoria, com a consequente cessação da
atual prestação, com vistas a uma nova, em melhores condições econômicas, se valendo do
período computado no benefício a ser cessado, como ficam os valores até então disponibilizados e
absorvidos pelo pretendente quando da fruição do benefício a ser cancelado?

Ao que se vê, a complexidade da aplicação deste instituto ganha sensível destaque em todos os
momentos, seja pela análise de sua viabilidade, ou ainda, pelo impacto atuarial que deve ser
observado na política de seguridade social.

Por certo, que desde os primórdios do Direito Romano, a realização dos tratos jurídicos sempre
foi norteada pelo equilíbrio.

Neste ponto, o equilíbrio do tipo financeiro e atuário das contas públicas, veementemente tem
sido usado aos adeptos da corrente que propaga a devolução e restituição do que foi auferido,
como, aliás, defendeu o Prof. Wladimir Novaes Martinez, no Congresso Previdenciário realizado
em setembro de 2009 na cidade Campinas, Estado de São Paulo.

De outro lado, também os Tribunais Federais de maneira majoritária, quando aceitam a


viabilidade do instituto da Desaposentação, determinam a devolução do monetariamente auferido,
arrazoando as decisões, dentre vários argumentos, a necessidade de observância do já aludido
equilíbrio também disposto no Texto Constitucional, calcado pela segurança jurídica.

Por sua vez, de maneira já reiterada e pacífica, o Tribunal da Cidadania, em indubitável


julgado, mais uma vez assentou acerca da viabilidade da Desaposentação no ordenamento jurídico
pátrio, bem como, na desnecessidade de devolução aos cofres públicos de qualquer quantia acerca
do benefício previdenciário pretérito, valendo conferir valioso precedente a respeito:

“Renúncia. Aposentadoria. Utilização. Tempo. A Turma, por maioria, reiterou o entendimento


de que o segurado pode renunciar à sua aposentadoria e reaproveitar o tempo de contribuição
para fins de concessão de benefício no mesmo regime ou em outro regime previdenciário, não
necessitando devolver os proventos já percebidos; pois, enquanto perdurou a aposentadoria, os
pagamentos de natureza alimentar eram indiscutivelmente devidos” (STJ, REsp 1.113.682-SC, 5.ª T.,
j. 23.02.2012, rel. Min. Jorge Mussi, DJ 26.04.2010).

Aludido posicionamento, ainda traz o revestimento alimentar da prestação previdenciária,


como outro argumento, quiçá coeso, a não justificar a tentativa autárquica de se almejar a
devolução do que foi auferido.

Deveras, esta análise do Sodalício Especial premia sobremaneira os defensores do instituto em


todos os âmbitos, afastando de vez, a análise criteriosa e também robusta, àqueles que não
reconhecem a Desaposentação no cenário jurídico pátrio.

Como antes mencionado, a reflexão almejada ao vertente e modesto estudo, é a compreensão


da aplicação do instituto da Desaposentação com base na conceituação constitucional do direito
social.

Ora, o operador do direito em todos os meandros da aplicação das técnicas jurídicas,


especificamente ao tema em voga, há de se nortear pela proteção constitucional que advém do uso
e fruição dos benefícios previdenciários.

Evidente, que a Desaposentação somente se justifica no plano factual, quando a alteração da


relação jurídica previdenciária existente, se alternar para melhor, onde o sujeito protegido pela
tutela previdenciária há de auferir uma melhor qualidade de vida, como fruto do exercício da
nova aposentadoria em ganhos reais, quando então a adequação das finalidades constitucionais da
Previdência Social como um direito social estará se concretizando.

Assim, imperioso destacar que a análise fria, restrita e alocada tão somente a obstáculos
procedimentais a justificar a não convalidação do instituto da Desaposentação no cenário jurídico
hodierno, há de dar guarida e lugar a uma análise mais ampla, macro e contumaz dos primados
constitucionais, onde a Previdência Social é encontrada em lugar de destaque.

Enfrentar o tema arrimando tão somente no tecnicismo jurídico serve para prolongar o assunto
e os entraves científicos de afirmação, complexando ainda mais os nevrálgicos pontos da
abordagem. Entretanto, aferindo a Desaposentação como um método de essência da proteção
previdenciária, constitucionalmente resguardado, é dar firmamento a valores eleitos pela
Sociedade como primordiais a sua existência, mesmo antes de condensá-los em diplomas legais.

Portanto, a Desaposentação deve ser vista como um exercício deliberativo do trabalhador, que
na condição jurídica de inativo, mas, faticamente ativo, contribuindo novamente ao Sistema
Securitário Social, almeja uma melhor prestação previdenciária, se valendo do mecanismo
constitucional de base da Previdência Social como um direito social, que por sua vez, garante uma
vida digna condizente com as necessidades do tutelado.

Sendo, pois, o exercício de um direito social não negado, mas que se busca aprimoramento,
edificação e evolução, sobretudo a propiciar e revelar a condição constitucional de dignidade da
pessoa humana, tal qual inserido como um dos fundamentos da República, nos dizeres do art. 1.º,
III, da Lei Maior, a Desaposentação reflete a concretização plena da proteção previdenciária, onde
uma melhor condição de vida se torna o alvo do beneficiário do sistema de protetivo, cujo ente
estatal a que está vinculado tem a obrigação e o dever de instrumentalizar com eficácia a
pretensão apresentada.

Norberto Bobbio assevera que os direitos sociais considerados humanos, não bastam serem
previstos, mas sim, efetivos, sendo valiosa sua lição:

“...uma coisa é falar dos direitos humanos, direitos sempre novos e cada vez mais extensos, e
justificá-los com argumentos cada vez mais convincentes; outra coisa é garantir-lhes uma proteção
efetiva...” (Era dos direitos. São Paulo: Paz. Terra e Política, 1986. p. 63).

De outro lado, a Corte Suprema, como derradeira instância jurisdicional, ante a atual análise
que se faz no cenário jurídico vigente desse instituto, abordou o assunto, mas ainda não de
maneira definitiva, gerando em todo o contexto previdenciário uma especial frustração.

Não obstante a recente análise pelo Tribunal Constitucional, o fato incontroverso é que seu
pronunciamento definitivo e exauriante certamente afetará uma grande massa de aposentados
que continuam inseridos no mercado formal de trabalho, vertendo contribuições ao sistema,
abrigados assim, por uma proteção previdenciária que a Desaposentação procura justificar e
instrumentalizar.

A expectativa e as projeções da sociedade são diversas acerca da problemática, o que acaba por
traduzir a importância do assunto e sua notável característica de alto relevo jurídico.

Em setembro de 2010, o Colendo Tribunal iniciou este debate constitucional onde o Ministro
Relator do caso concreto se posicionou francamente favorável a sua possibilidade jurídica.

Neste caso específico levado a Corte Suprema, a discussão se iniciou com uma decisão contrária
à possibilidade da Desaposentação, tanto na instância primária quanto no Regional Federal. De lá,
o processo subiu para o STF. Como central fundamento, a contribuinte contesta a
constitucionalidade do trecho da lei que determina que “o aposentado pelo Regime Geral de
Previdência Social (RGPS) que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ela retornar,
não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa
atividade”.

Assim, neste caso concreto, o que tem como relator o Min. Marco Aurélio, em 16.09.2010, a casa
maior da Justiça Brasileira iniciou o necessário debate sobre a Desaposentação, valendo conferir,
em nota comentada, o conteúdo do voto favorável,

“Desaposentação” e Benefícios Previdenciários – 1 O Tribunal iniciou julgamento de recurso


extraordinário em que se questiona a constitucionalidade do art. 18, § 2.º, da Lei 8.213/1991 (“§ 2.º
O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS que permanecer em atividade sujeita a
este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência
do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando
empregado.”). No caso, aposentada pelo RGPS que retornou à atividade pleiteia novo cálculo de
proventos, consideradas as contribuições de período referente a esse regresso. Alega que o
mencionado dispositivo legal estaria em confronto com o art. 201, § 11, da CF/1988 (“§ 11. Os
ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de
contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.”),
haja vista que, mesmo contribuindo como segurada obrigatória na qualidade de empregada, teria
direito apenas às prestações de salário-família e de reabilitação profissional. O Min. Marco
Aurélio, relator, proveu o recurso. Consignou, de início, a premissa segundo a qual o trabalhador
aposentado, ao voltar à atividade, seria segurado obrigatório e estaria compelido por lei a
contribuir para o custeio da seguridade social. Salientou, no ponto, que o sistema constitucional
em vigor viabilizaria o retorno do prestador de serviço aposentado à atividade. Em seguida, ao
aduzir que a previdência social estaria organizada sob o ângulo contributivo e com filiação
obrigatória (art. 201, caput, da CF/1988), assentou a constitucionalidade do § 3.º do art. 11 da Lei
8.213/1991, com a redação conferida pelo art. 3.º da Lei 9.032/1995 (“§ 3.º O aposentado pelo
Regime Geral de Previdência Social – RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade
abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às
contribuições de que trata a Lei 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da Seguridade
Social.”). Assinalou que essa disposição extinguira o denominado pecúlio, o qual possibilitava a
devolução das contribuições implementadas após a aposentadoria. Enfatizou que o segurado teria
em patrimônio o direito à satisfação da aposentadoria tal como calculada no ato de jubilação e, ao
retornar ao trabalho, voltaria a estar filiado e a contribuir sem que pudesse cogitar de restrição
sob o ângulo de benefícios. Reputou, dessa forma, que não se coadunaria com o disposto no art.
201 da CF/1988 a limitação do § 2.º do art. 18 da Lei 8.213/1991 que, em última análise, implicaria
desequilíbrio na equação ditada pela Constituição. Realçou que uma coisa seria concluir-se pela
inexistência da dupla aposentadoria. Outra seria proclamar-se, conforme se verifica no preceito
impugnado, que, mesmo havendo a contribuição – como se fosse primeiro vínculo com a
previdência –, o fenômeno apenas acarretaria o direito ao salário-família e à reabilitação
profissional. Reiterou que, além de o texto do examinado dispositivo ensejar restrição ao que
estabelecido na Constituição, abalaria a feição sinalagmática e comutativa decorrente da
contribuição obrigatória. Em arremate, afirmou que ao trabalhador que, aposentado, retorna à
atividade caberia o ônus alusivo à contribuição, devendo-se a ele a contrapartida, os benefícios
próprios, mais precisamente a consideração das novas contribuições para, voltando ao ócio com
dignidade, calcular-se, ante o retorno e as novas contribuições e presentes os requisitos legais, o
valor a que tem jus sob o ângulo da aposentadoria. Registrou, por fim, que essa conclusão não
resultaria na necessidade de se declarar a inconstitucionalidade do § 2.º do art. 18 da Lei
8.213/1991, mas de lhe emprestar alcance consentâneo com a Constituição, ou seja, no sentido de
afastar a duplicidade de beneficio, porém não o novo cálculo de parcela previdenciária que deva
ser satisfeita” (STF, RE 381367/RS, j. 02.11.2011, DJ 06.12.2011 – Informativo do STF de 09.02.2010).

Entretanto, em recente pronunciamento advindo deste debate constitucional, profunda


novidade permeia a discussão no Guardião Constitucional, em outro inconformismo
extraordinário, o de número: RE 661256.

Ocorreu que a Corte Nacional conferiu repercussão geral ao assunto, dada a envergadura do
instituto em toda a ordem jurídica, ou seja, o assunto é coletivamente relevante e norteará todo o
Judiciário a respeito.

Tal reconhecimento confirma a notória importância que reveste o instituto, devendo assim ser
aferido de forma harmônica dentro de todo o sistema jurídico, já que ainda sem definição
resolutiva pela excelsa corte.

É que em 2014, precisamente no segundo semestre, com a mudança da Presidência do Excelso


Tribunal, iniciou-se um movimento interno de agilidade em questões de repercussão geral,
sobretudo de direitos sociais, como o caso.
E assim foi feito, através da Presidência do Ministro Ricardo Lewandovsky.

Portanto, visando a economia processual, agilidade e eficiência do pronunciamento, houve o


apensamento de três Recursos Extraordinário sobre o tema, de maneira que a partir de então se
iniciou um debate concentrado a respeito.

Temos assim os seguintes Recursos Extraordinários ora conectados no vertente tema: RE


661256; RE 381367 e RE 827833.

Como antes informado, o RE 661256 ganhou a qualidade de ser julgado dentro do conhecido
regime da repercussão geral, tendo o Ministro Barroso como o seu atual Relator.

Pois bem, no segundo semestre de 2014, o tema então foi colocado em plenário por diversas
vezes, sendo que à essa época não foi julgado em razão de um pedido de vistas regimentais por
parte da Ministra Rosa Weber.

Contudo, em outubro de 2016, precisamente no dia 26.10.2016, o tema voltou a ser apreciado
pelo Tribunal Maior, que enfrentou a temática e por maioria de votos (7x4) entendeu que a tese da
Desaposentação é inconstitucional, ilegal e precisa de uma regulamentação do parlamento
brasileiro.

Em linhas gerais, um resumo desse importante julgamento, como antes ventilado, sem
encerramento formal, já que o decisum sequer foi publicado.

O pioneiro voto de publicidade geral da temática foi o do Ministro Marco Aurélio, que admitia a
possibilidade da Desaposentação, contudo, após certo período mínimo de contribuição na pós-
inatividade.

Em que pese seu voto ser mais aproximado de uma revisão periódica, a bem da verdade, em
nenhum momento rechaçou a possibilidade de uma nova realidade econômica do benefício
através das novas contribuições. Aqui, a essência da Desaposentação.

Também se pronunciaram à época os Ministros Dias Toffoli e Teori Zavascki, que se


posicionaram pela total impossibilidade da Desaposentação no cenário pátrio sob diversos
aspectos, ainda que sucintos, genéricos e sem maior aprofundamento do debate.

Citados Julgadores partiram basicamente da premissa da ausência da legalidade do instituto,


além de invocarem aspectos quânticos da vida financeira da Previdência, o que acabou por
influenciar todos os demais votos contrários.

Pois bem, o pronunciamento mais polêmico e inovador do debate constitucional partiu do


Ministro Barroso, relator do apelo extraordinário com repercussão geral.

O Julgador Constitucional em um lúcido voto afirmou categoricamente a plena possibilidade da


Desaposentação, como também a desnecessidade de qualquer condição de devolução ao erário
público, asseverando que ela existe, é possível e não fere qualquer regra jurídica.

A novidade que impactou a todos foi a criação pelo Ministro de uma fórmula alternativa, ou
salomônica, sequer debatida nos autos.

Propôs o Ministro Barroso que na nova aposentadoria do desaposentando deve incidir o fator
previdenciário com dados do passado, vale dizer, com a idade e o tempo de contribuição da antiga
aposentadoria!

Ora, em que pese a preocupação justa do Ministro com outros princípios, dentre eles do
equilíbrio financeiro, certo é, que esse perigoso viés em nada contribui com o avanço e evolução
de um direito social.

E mais, enquanto a sociedade debate o fim do fator previdenciário, a regra sugerida pelo
Ministro acaba por endossar e fortalecer essa nefasta fórmula.

Ademais, existem situações em que o fator previdenciário não é obrigatório, como na


aposentadoria por idade, especial, invalidez etc. Assim, admitindo o pensamento do Relator, neste
específico ponto, o fator previdenciário passaria a ser obrigatório em todas as situações, além do
que estar-se-ia limitando o alcance dos reais objetivos da Desaposentação.

É que dependendo da situação, nada se apresentaria de melhora no caso.

Por sua vez, no recente plenário a Ministra Rosa Weber seguiu a linha de raciocínio do Relator
o Ministro Barroso.

Na continuidade do debate ocorrido em outubro de 2016, a tese ganhou apenas outro voto
favorável quer seja do Ministro Lewandowiski, sendo que os demais votaram contrariamente a
tese, conduzidos pelo efusivo e frágil argumento de afetação das contas previdenciárias, vale dizer
influências políticas e midiáticas, ao invés da concentração tão somente do debate jurídico.

Enfim, esse é o cenário da tese perante a Egrégia Corte, esperando-se que o Sodalício
Constitucional resolva de vez a questão, modulando o decisório e proclamando a desnecessidade
de devolução de qualquer quantia a respeito, já que beneficiados com explícita boa-fé e com
endosso do próprio Judiciário.

Algumas diretrizes e reflexões desprezadas pelo STF a respeito:

– ora, a permanência do aposentado em regular e lícito mercado de trabalho formalizado,


evidente que o conduz à condição jurídica de segurado do sistema previdenciário.

– de fato, como não estender direitos e o plano de proteção previdenciária para aquele que
continua juridicamente tutelado?

– ademais, as contribuições vertidas devem repercutir no plano de previdência!!!

– logo, como proteger, sem aplicar?

E mais, esqueceu o STF que em maio de 2013, o Colendo STJ, no sistema de Recursos Repetitivos,
assentou a total viabilidade da Desaposentação, inclusive registrando acerca da desnecessidade de
devolução do que foi até então auferido, caso esse de grande repercussão no mundo jurídico,
quando a 1.ª Corte do Tribunal da Cidadania apreciou o REsp 1.334.488, de Relatoria do Min.
Herman Benjamin.

Portanto, a aparente complexidade da matéria em discussão, ganha contornos jurídicos claros e


esclarecedores quando a aplicação do instituto da Desaposentação é aferida mediante a inserção
imprescindível de valores constitucionais, já que são alvo e razão de existência da proteção
previdenciária, merecendo sempre, análise acurada pelo operador do direito, face aos postulados
inseridos na “Lei das Leis”, eleitos pelos beneficiários da tutela estatal como primordiais à
consecução dos princípios basilares para a constituição de uma Sociedade Livre, Justa e Solidária,
o que o STF, infelizmente não fez.

12.1. A DESPENSÃO

Questão intricada e bem interessante é a análise jurídica da Despensão, ou também entendida


como despensionamento, que, na mesma toada da Desaposentação, vem auferindo vez e voz,
ainda que timidamente.

Urge ressaltar que a Despensão detém semelhantes razões jurídicas da desaposentação, porém,
ainda com modesta análise pelo Judiciário, ganhando maiores discussões exclusivamente no
campo doutrinário.

A bem da verdade, razões existem para sua convalidação, salvo melhor juízo.
Doutrinariamente, ela existe sem maiores discussões, como, aliás, o Professor Marcus Orione
Gonçalves Correia a define:

“É uma revisão de cálculo da renda mensal da pensão por morte decorrente da renúncia da
aposentadoria que a deflagrou, promovida pelo titular do benefício dos dependentes.” (Despensão.
Mais que um neologismo. Uma realidade. RPS n. 347/09, p. 912. São Paulo: LTr, out./2009)

De igual forma, a lúcida explicação do Professor Oscar Valente Cardoso a respeito:

“A despensão é, basicamente, o pedido de desaposentação formulado pelo dependente sucessor


que recebe a pensão por morte do segurado. Ou seja, é a desaposentação pleiteada após o
falecimento do segurado aposentado, para que seus reflexos incidam sobre o benefício
subsequente de pensão por morte.” (Desaposentação e despensão: aspectos controvertidos. Revista
Síntese: 44 10/2011, p. 24. Porto Alegre: Síntese, 2011)

A jurisprudência, por sua vez, como fonte do Direito, tem conferido grande parcela de
contribuição para o estudo deste novel instituto jurídico, de maneira totalmente favorável, senão
vejamos:

“Processo Civil – Previdenciário – Revisão – Aposentadoria por tempo de serviço – Direito


personalíssimo – Ilegitimidade ativa – Não configuração – A revisão pleiteada, sendo um direito
incorporado ao benefício originário e não gozado pelo seu beneficiário, deve ser transmitido aos
seus herdeiros (...)”; (TRF-5.ª Reg., AC 200881000131101; 1.ª T., rel. Des. Fed. Emiliano Zapata
Leitão, DJe 04.03.2011, p. 52)

“A autora, na qualidade de pensionista do falecido segurado, tem legitimidade ativa para


propor ação em nome próprio a fim de pleitear a revisão da renda mensal da aposentadoria por
tempo de contribuição pertencente ao segurado finado, com reflexos no benefício de que é titular,
visto que tal direito integra-se ao patrimônio do morto e transfere-se aos sucessores, por seu
caráter econômico e não personalíssimo (...)”. (TRF-3.ª Reg., AC 200961190124214, 10.ª T, rel. Juiz.
Fed. David Diniz, DJ 26.01.2011, p. 2718)

Neste sentido uma recentíssima decisão da justiça federal a respeito, conferindo mais uma vez,
voz e vez a essa emergente tese:

“Coluna do Aposentado: Nova revisão eleva pensão do INSS em até 88% - A decisão é um
precedente que servirá para estimular a Justiça a conceder a despensão Rio - Um novo tipo de
revisão das pensões pagas pelo INSS decorrentes da morte de trabalhadores e de aposentados abre
precedentes para elevar o valor dos benefícios das viúvas em até 88%. Já apelidada de “despensão”
por advogados especializados, a decisão inédita da Justiça foi concedida a uma segurada de São
Paulo, decorrente de um direito pouco conhecido ainda. A viúva conseguiu que o Judiciário
Federal levasse em consideração que o marido dela, depois de aposentado, continuou trabalhando
com carteira assinada e contribuindo para a Previdência Social. Quando ele morreu, a pensão foi
calculada sem levar em conta os valores das contribuições posteriores à concessão da
aposentadoria. Pela sentença da Seção Judiciária de São Paulo (SJSP), o valor da pensão subirá dos
atuais R$2.198,75 recebidos pela segurada para R$ 4.127,18. Ela ainda tem direito a atrasados,
desde a data da entrada da ação judicial em 24 de abril de 2013. A decisão é de primeira instância
e ainda cabe recurso, mas como foi proferida por um magistrado especializado tende a orientar
decisões semelhantes até decisão final dos tribunais superiores. O INSS já recorreu ao Tribunal
Regional Federal da 3ª Região (TRF3). No caso da pensionista, a Justiça reconheceu o mesmo
mecanismo adotado para correção de aposentadorias de segurados que se aposentaram e
continuaram a trabalhar com carteira assinada, a chamada desaposentação. Para o advogado
Guilherme de Carvalho, do escritório G. Carvalho Sociedade de Advogados, a decisão é um
importante precedente que servirá para estimular a Justiça a conceder a “despensão” nos casos
das viúvas em razão da morte dos seus maridos que não tiveram tempo ou não conheciam os
benefícios de pedir a desaposentação. “Preocupam os caminhos tomados pelo governo nos últimos
tempos. Do jeito que vem sendo constantemente divulgado, a União está em processo de mudanças
em relação a todas as regras para a concessão de benefícios dos aposentados, das pensionistas e
dos trabalhadores em geral. Isso cria o risco de estabelecer artifícios que limitam, somente àqueles
que já tiverem ingressado com processos na Justiça, a possibilidade dos benefícios previdenciários
serem agerados pela desaposentação e despensão”, alega o advogado, referindo-se às medida
provisórias que alteram regras de concessão de pensão, auxílio-doença e seguro desemprego. As
instâncias inferiores do Judiciário do país têm reconhecido o direito de aposentados do INSS, que
continuam contribuindo para a Previdência, de trocar o benefício por outro mais vantajoso. Mas
enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) não se posicionar definitivamente sobre o caso, as
ações podem parar quando chegarem a mais alta Corte do país. O assunto está no STF. E o ministro
relator do processo, Min. Luís Roberto Barroso, já propôs regras para a desaposentação. Os
requisitos consideram a expectativa de vida e a idade do trabalhador no cálculo do fator
previdenciário à época da concessão do primeiro benefício. Os critérios se somariam às
contribuições após a liberação da aposentadoria para revisão”. Disponível em
[http://odia.ig.com.br/noticia/economia/2015-06-06/coluna-do-aposentado-nova-revisao-eleva-
pensao-do-inss-em-ate-88.html]. Acesso em 14.12.2015

Em suma, trata-se do pedido de Desaposentação dentro da pensão por morte, vale dizer, em
vida, o instituidor da pensão não usufruiu deste direito, razão de que a pensionista pode fazê-lo
por este mecanismo.

Interessante ponderar que, afastando as controvérsias a respeito, o dependente é espécie de


beneficiário, logo, tutelado pela Previdência, razão de que não cabe ao intérprete da norma trilhar
como obstáculos quando a própria norma não o fez.

E mais, totalmente legítimo o intento de aprimoramento de um postulado constitucional criado


por e para seus destinatários.
2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
13. DANO MORAL PREVIDENCIÁRIO: UMA BREVE ABORDAGEM

Dano Moral Previdenciário: Uma Breve Abordagem 13

O instituto do Dano Moral, amplamente estatuído na Carta Magna, com a junção de vários
dispositivos infraconstitucionais, além de expressiva carga principiológica, ao longo dos anos, ao
mesmo tempo em que tem sido tormentosa e intrincada questão de abordagem pelo Judiciário,
sobretudo no que tange a exata quantificação, de outro lado, exprime notória e importante
instrumentalização de equilíbrio, especialmente dentro do conceito de segurança jurídica, de toda
necessária para alicerçar em ordem, os atores sociais e suas relações jurídicas nascidas no dia a
dia.

Assim, foi a preocupação do Constituinte Originário que elencou a reparação civil imaterial
dentro da dimensão constitucional das garantias e direitos fundamentais, conforme se vislumbra
da simples leitura do art. 5.º, V e X, da CF/1988, conjugada com o art. 1.º da CF/1988 referente ao
basilar princípio da dignidade da pessoa humana.

Logo, a reparação civil, cognome da indenização, reflete singular instrumento de harmonia e


equilíbrio dos relacionamentos jurídicos, sobretudo, ao fato de que traz em seu bojo importantes
reflexos, como o da compensação e o importante caráter pedagógico.

Nesta incontroversa função asseguradora, valioso o ensino de Carlos Alberto Bittar (Reparação
civil por danos morais. 3. ed. São Paulo: Ed. RT, 1998, p. 15) a respeito:

“Tem-se por assente, nesse plano, que ações ou omissões lesivas rompem o equilíbrio existente
no mundo fático, onerando, física, moral ou pecuniariamente, os lesados, que diante da respectiva
injustiça, ficam ipso facto, investidos em poderes para defesa dos interesses violados, em níveis
diversos e a luz das circunstâncias do caso concreto. É que ao Direito compete preservar a
integridade moral e patrimonial das pessoas, mantendo o equilíbrio no meio social e na esfera
individual de cada um dos membros da coletividade, em sua busca incessante pela felicidade
pessoal.”

Por certo afirmar que sua convalidação jurídica é por demais necessária, podendo afirmar que
se trata de um expressivo instrumental jurídico, que visa contribuir e assegurar relações
específicas em sua amplitude, reparando, compensando e persuadindo o transgressor da ordem
jurídica.

Com efeito, aludido instituto jurídico ainda encontra destacável importância quando incidente
nas relações previdenciárias, ganhando nesse ramo da ciência jurídica uma amplitude
eminentemente protetiva.

De fato, primeiramente urge ressaltar que na seara previdenciária existe uma autêntica
aproximação do administrado com a administração, ou seja, do sujeito de direitos com o prestador
do direito. Neste aspecto, a relação ganha contornos especialíssimos, ante a carga alimentar e
social que reveste todo o pacote previdenciário.

Importante assim afirmar que a Previdência, enquanto direito constitucional e, portanto,


fundamental, se viu inserido na Lei Fundamental como parte integrante de um arcabouço
sistêmico, intitulado Sistema de Seguridade Social, consolidado em seu art. 194, caput, da CF/1988
que visou a dar a estruturação técnica necessária para a eficácia plena dos regulados direitos
fundamentais.
Portanto, especialíssimos contornos são emergidos do instituto do Dano Moral dentro da
relação previdenciária que viu neste relacionamento concretizado o ideário social e protetivo,
almejado por toda a Sociedade.

Assim, nesta estreita relação previdenciária de cunho eminentemente protetivo, a eficiência do


serviço público se mostra necessária para assegurar ao administrado um acesso justo aos produtos
do pacote protetivo.

O Professor e renomado Jurista Wladimir Novaes Martinez (Dano moral no direito


previdenciário. 2. ed. São Paulo: Ed. LTr. 2009, p. 65), com singular maestria esclarece esse fértil
campo de atuação:

“A teoria jurídica que envolve os diferentes aspectos do dano moral, naturalmente sediados no
Direito Civil, acabou transportando-se para outras áreas, particularmente ao Direito do Trabalho
em que encontrou um habitat florescente, e experimenta particularidades no Direito
Previdenciário. As razões dizem respeito à especificidade das técnicas protetivas da seguridade
social ou instituições correlatas, e a essência diferenciada da aproximação do indivíduo ao Estado,
quando ele objetivo creditar-se nos meios de subsistência.”

Ultrapassado então este norte conceitual, importante para alocar o instituto dentro do cenário
jurídico, cabe esmiuçar as hipóteses de convalidação do instrumental.

Passando por uma análise principiológica, verdade que o Dano Moral dito Previdenciário,
acolhe variadas conceituações deontológicas, arrimando seu sustentáculo em disposições
essencialmente supralegais.

Neste sentido, por tratar a relação de administrado e Administração, de segurado e seguradora,


indubitável que os princípios constitucionais da moralidade, legalidade, eficiência, publicidade e
impessoalidade representam todo um arcabouço diretivo de verificação obrigatória quando da
provocação pelo interessado, in casu, o segurado da Previdência Social.

De outro lado, malgrados os esforços do ente estatal para otimizar e aperfeiçoar esta relação
previdenciária na sua entrega, ocorre que, porque não dizer, de maneira habitual e frequente,
certas atuações da administração têm justificado o crescente manuseio da reparação civil dentro
desta conjuntura, visando a instrumentalizar e a recompor a busca do direito social almejado.

Hipóteses de atração desse instituto jurídico reparatório são das mais diversas, como por
exemplo:

– suspensão de pagamentos sem o devido processo legal;

– retenção de valores sem esclarecimentos aos beneficiários;

– atraso na concessão do benefício;

– indeferimento sem justa causa;

– acusação de fraudes sem pré-análise;

– perícias médicas deficientes;

– falta de orientação ou errônea informação;

– perda de documentos ou processo;

– recusa de expedição de Certidão Negativa de Débito;

– não cumprimento de decisões hierarquicamente superiores (art. 64 do CRPS);

– não cumprimento de Súmulas e Enunciados (art. 131 da Lei 8.213/1991 – Lei de Benefícios);
– recusa de protocolo;

– erro grosseiro no cálculo da Renda Mensal Inicial – RMI;

– retenção de documentos;

– limites de senhas para atendimentos;

– tempo de espera (fila de bancos);

– má exegese das Leis;

– lentidão na revisão;

– maus-tratos ao Idoso, entre outros.

Assim, diversificado o campo de atuação desse necessário Instituto, cuja área de pouso não é
surreal, mas bem concreta e real dentro do cotidiano previdenciário.

Por sua vez, a Jurisprudência, como fonte informadora do Direito, tem se pautado de maneira
decisiva para a viabilidade da reparação civil imaterial dentro da concepção previdenciária ora
discorrida, abalizando a evolução da reparação civil dentro desse ramo da ciência jurídica.

Assim, um aresto que bem coaduna esta afirmativa:

“Pelo exposto, julgo parcialmente procedente o pedido, com resolução do mérito, nos termos do
art. 269, I, do CPC. Condeno o INSS a reincluir os períodos pretendidos pelo autor na petição inicial
(01.04.1968 a 23.05.1970 e 01.03.1972 a 26.12.1972) desde a data da DIB, geradas diferenças desde a
revisão que os excluiu. Também condeno o réu a incluir o tempo de serviço desenvolvido pelo
autor de 22.10.1962 até 31.12.1962, de 01.01.1966 até 31.12.1966 e de 01.01.1967 até 31.12.1967. Em
derradeiro, condeno o INSS a pagar indenização por danos morais causados ao autor, no valor de
R$ 10.000,00 (dez mil reais)” (TRF-3.ª Reg., Proc. 2007.61.17.002641-0, j. 30.05.2008).

No mesmo sentido, outros fundamentados julgados que bem discorreram acerca da incidência
do Dano Moral dentro da ótica previdenciária, como por exemplo: TRF-4.ª Reg., EI
2007.72.00.009568-1/SC; TRF-4.ª Reg., ApCiv 2007.71.05.004980-9/SC e TRF-2.ª Reg., Proc.
2003.51.01.501218-8.

Mesmo nos Regimes Próprios de Previdência, a reparação civil encontra guarida jurídica.

Neste sentido, valiosa a posição a que se valeu o TRF-1.ª Reg., de maior abrangência territorial,
nos autos da ApCiv 2001.41.00.003225-9/RO em que ocorreu a condenação da União a pagar danos
morais no importe de cinco mil reais a uma professora, tendo em vista que a União retardou a
concessão de sua aposentadoria por um período de 1 (um) um ano e 11 meses.

Outros decisórios a respeito, dando força a essa emergente tese jurídica:

“Direito Administrativo. Civil. Previdenciário e Processual Civil. Dano Moral Indenizável. INSS.
Demora excessiva na análise do pedido de Aposentadoria Especial. Evidenciada a angústia e
aflição experimentadas. Valor da indenização condizente. Dano Material. Não ocorrência. Recurso
parcialmente provido. (...) Trata-se de pedido de indenização por danos materiais e morais,
apontando que o dano moral corresponde ao sofrimento (estresse, angústia e depressão), devido à
demora na conclusão do processo administrativo em que buscou a concessão da aposentadoria em
condições especiais e que ocasionou agravamento na perda auditiva. Uma vez recebido o
montante devido a título desse benefício, pleiteia danos materiais, consistente na aplicação da
correção monetária, juros legais e multa de 10% sobre quantia paga em atraso pelo INSS. (...) (TRF-
3ªReg. AC. 0012303-15.2009.4.03.611/SP – 3ª.T - R. Des. Carlos Muta. DJU 26.04.2013)

“PROCESSO Nr: 2005.63.10.000724-0 (JEF – São Paulo) (...) Trata-se de ação movida por
ASSUMPTA PERUCHI OSELLO, sob o rito dos Juizados Especiais Federais, contra o INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS e a médica MARIA HELENA TEIXEIRA RODRIGUES BRANCO,
perita da referida autarquia, em que pleiteia a condenação dos réus ao pagamento de indenização
por dano moral. (...) A autora alega, na inicial, haver comparecido à perícia médica do INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS em 05 de janeiro de 2005, buscando o restabelecimento de
benefício por incapacidade. Narra que, no horário agendado para atendimento, a médica MARIA
HELENA TEIXEIRA RODRIGUES BRANCO, corré, teria se dirigido de modo mal-educado à autora e a
outras pessoas que aguardavam atendimento, causando constrangimentos. (...) Indagada pela filha
se, no caso da impossibilidade de realização dos exames no prazo estipulado, a autora perderia o
direito ao benefício, a médica teria assim respondido: “Viu, dona Assumpta, a Previdência Social
não é mãe de ninguém, ela é um seguro.” E, com a voz alterada e de maneira ofensiva, teria
acrescentado: “Eu vou dar um exemplo ‘pra’ senhora: é a mesma coisa de se fazer um seguro de
carro velho; o seguro não cobre os defeitos do carro velho”.

Desse contundente e curioso julgado acima citado, também ousamos em transcrever trecho do
voto a fim de demonstrar como o dano moral previdenciário é relevante para obrigar a
administração pública a respeitar o postulado da dignidade da pessoa humana, cujo inteiro teor,
anexamos ao final da obra:

“...Tais afirmações teriam causado indignação da filha da autora, que, ao interpelar a médica,
dela ouvira: “A senhora deveria ter vergonha de trazer sua mãe aqui!” Afirma a autora que a médica
fizera ainda outras afirmações desrespeitosas, em expressões como: “Esse pessoal só pensa que tem
direito! Só pensa que tem direito! Recolhe um ano, e já pensa que tem direito!” O incidente causou um
enorme nervosismo em ambas, que levou a filha às lágrimas. A médica, então, teria praticamente
expulsado a autora e sua filha da sala dizendo: “Agora, podem sair! Podem sair, porque já acabou a
perícia!”

Diz também a autora que, ao sair da sala, pessoas que estavam esperando para passar pela
perícia médica disseram que era normal por parte da referida profissional aquele tipo de tratamento.
Encontraram, então, a assistente social, juntamente com uma funcionária do atendimento, a qual,
vendo o estado emocional de ambas, as acolheram, procurando acalmá-las.

Diante de tudo isso, ao se retirar da Agência do INSS, a autora informa que estava bastante
indignada, razão pela qual foi, ainda em companhia de sua filha, à Delegacia de Defesa da Mulher,
para lavratura de boletim de ocorrência.

Posteriormente, ao retornar à Agência do INSS, a médica teria tentado retratar-se, dizendo que
“não havia dito nada anteriormente que pudesse ter ofendido a mesma, e que ela deveria esquecer
tudo”, e que “se eu falei alguma coisa, foi para o bem da senhora.” (...)Em primeiro lugar, cumpre pôr
em evidência alguns fatos e circunstâncias que considero imprescindíveis para a análise do caso.

Ninguém haverá de negar que descaso e maus tratos a segurados acontecem, e com certa
frequência, nas dependências do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. Todos sabem
disso, em especial no ambiente forense. É inútil negar que fatos assim, lamentavelmente, ocorrem de
modo costumeiro.

Aos próprios juízes, no exercício de seu mister, não raramente são expostos pelos segurados da
Previdência Social (quase sempre, pessoas simples, de baixa instrução, fragilizadas pela sua condição
social, sem noção de seus direitos) os desgostos, os aborrecimentos, as humilhações e os dissabores
que experimentaram nas repartições do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, na
tentativa de obter o almejado benefício, essencial para sua subsistência.

São relatos sinceros, emocionados, muitas vezes em meio a lágrimas de vergonha e humilhação
ante a simples lembrança do fato, a denotar, no comportamento de alguns servidores (uma minoria,
felizmente), o desprezo pela dignidade da pessoa humana, que a Constituição Federal erigiu em
fundamento da nossa República (artigo 1º, inciso III).

Tais acontecimentos, quase sempre, ganham as páginas dos jornais e são noticiados em
programas de televisão. Discussões ásperas, aos gritos, troca de agressões verbais e físicas, até
mesmo homicídios, lamentavelmente, já ocorreram dentro das repartições. E isso vem de longa data.

E embora não se possa imputar, indiscriminadamente, esse tipo de conduta a todos os servidores
e integrantes do corpo médico pericial do Instituto, a verdade é que são inúmeros os relatos dando
conta de incidentes envolvendo segurados, de um lado, e, de outro, servidores e peritos médicos do
INSS.

Quando se analisam os motivos de tais incidentes, vê-se que eles sempre derivam de atritos
surgidos entre segurados e servidores da autarquia previdenciária. Quem chega a uma agência ou
posto de atendimento do INSS, em busca de um benefício por incapacidade, normalmente apresenta
uma certa ansiedade, que é normal, não se pode negar, em situações assim. Afinal, sendo portador de
uma deficiência, ou de uma incapacidade, total ou parcial, para prover a própria subsistência, é
natural que o pretendente a um benefício se apresente tenso, agitado, nervoso até. E é da conclusão
do perito médico e da análise do pedido pelos servidores da autarquia que dependerá a subsistência
do segurado.

Enfim, é normal que as pessoas se apresentem tensas, inquietas, e é fundamental que os


servidores do INSS entendam isso e procurem, com boa dose de paciência e tirocínio, resolver cada
situação com calma, ponderação e sensatez. Mesmo os segurados que se mostrarem exaltados
certamente se acalmarão, diante de um tratamento digno, atencioso e sereno. A resposta branda
desvia o furor, já dizia Salomão há milhares de anos (Provérbios 15:1).

Mas, se médicos e servidores usam de comportamentos ou de expressões que sejam, ou possam


ser entendidos como ofensivos, a tendência é que fatos desagradáveis venham a ocorrer,
inevitavelmente.

No presente caso, imputa-se à médica perita do INSS, corré neste processo, o uso de várias
expressões tomadas como ofensivas pela segurada autora.

Chamo a atenção, aqui, para as condições pessoais da parte autora, que reputo fundamentais
para o deslinde do caso. Mulher já idosa, hoje com 88 (oitenta e oito) anos de idade, na época dos
fatos com 83 (oitenta e três), pessoa de poucas letras, portadora, ademais, de déficit auditivo e de
compreensão (ver, sobre isso, laudo pericial do próprio INSS, datado de 02 de junho de 2005, firmado
pelo médico Gustavo Roberto Fink, CRM 47306, a dar conta das condições de saúde da segurada,
conforme documento 13 do arquivo CONTESTAÇÃO+PROCURAÇÃO, em formato PDF, anexado em
19/7/2005).

Não me parece razoável supor que alguém, em tais condições, fosse capaz de engendrar, com
tantos detalhes afirmados e depois reafirmados em Juízo, inclusive com alusão a expressões
particulares, utilizadas pela perita médica do INSS durante o exame, a narrativa contida no boletim
de ocorrência (lavrado no calor dos fatos, ou seja, próprio dia dos fatos, diga-se de passagem).

Quanto à prova dos fatos, que o ilustre Juiz de primeiro grau entendeu não ter sido produzida, há
que se considerar, de plano, a própria dificuldade, nas circunstâncias do caso concreto, de reunir
elementos probatórios materiais (por exemplo, uma gravação). E a razão é evidente: o atendimento
dos segurados, nas perícias médicas, é feito em gabinete reservado, fora do alcance dos olhares de
terceiros. Mas, aqui, a autora estava acompanhada de sua filha, que a tudo presenciou, e cujo relato
se mostra harmônico e coeso.

O fato de se tratar de depoimento prestado por informante não lhe retira a credibilidade, se o seu
conteúdo estiver, como no caso está, em harmonia com os fatos narrados.

Este caso, como tantos outros semelhantes, há de ser decidido não somente à luz da prova
produzida, mas, também, das circunstâncias especiais que o cercam, e da própria experiência e
sensibilidade do julgador sobre o que ordinariamente ocorre nas relações sociais. O juiz forma sua
convicção e procede à avaliação dos fatos não somente a partir de provas materiais, mas igualmente
de sua convicção pessoal e das regras comuns de experiência.

Por tudo isso, não se pode deixar - e isso é fundamental para uma decisão ponderada e justa - de
atentar para a desigualdade probatória em que se encontram as partes, especialmente naquelas
situações em que a expressão tida como ofensiva não é proferida em público, mas reservadamente. À
médica perita do INSS, sabedora de que não existia registro algum dos fatos no âmbito da repartição,
e de que não havia, além da autora e de sua filha, qualquer outra pessoa que houvesse presenciado os
fatos, bastou placidamente negar que tudo houvesse ocorrido na forma narrada na inicial. E foi o que
ela fez.

Por outro lado, não nos iludamos: dificilmente algum servidor do INSS se animaria a prestar
testemunho em desfavor da médica perita, ainda que houvesse presenciado os fatos.

A propósito, quanto aos depoimentos das testemunhas indicadas pelo Juízo, servidoras do INSS,
estes revelam que de fato ocorreu um incidente naquela ocasião, embora não o tenham presenciado.
Heloisa Pinheiro Galvani diz não ter presenciado “qualquer discussão envolvendo a médica perita
Maria Helena e a pericianda Assunta”, afirmando trabalhar no setor de benefícios da repartição.
Disse ainda que nada sabia “sobre os fatos que ocorreram no interior do consultório da médica” (sic),
mas se recordou que a filha da autora, ao sair da sala de perícia médica, comentou com outra
servidora que “a médica teria comparado a mãe dela com um caminhão velho” (arquivo CARTA
PRECATÓRIA DEVOLVIDA.PDF, anexado em 19/4/2006).

Por sua vez, a servidora Márcia Teresinha da Fonseca, ouvida na mesma carta precatória,
igualmente registra a ocorrência de um incidente. Narra que a filha da autora, Elisabete, a procurou,
chorando, narrando que a médica perita lhe dissera que “deveria ter vergonha de ter levado a mãe
lá” (sic). O relato sobre o choro e o estado emocional de Elisabete, prestado pela testemunha, se
harmoniza com as informações contidas na inicial.

Pelo que se colhe dos depoimentos, o incidente de fato ocorreu, embora as testemunhas não o
tenham presenciado.

E não é razoável supor que todas as afirmações feitas pela octogenária autora, bem como o
estado emocional de sua filha depois do atendimento, tudo somado aos detalhes dos depoimentos
dados em audiência, tenham sido fruto de mera invencionice, embuste ou criação teatral, coroada -
supremo requinte - com a lavratura de um boletim de ocorrência, no mesmo dia, e a subsequente
propositura desta ação judicial.

Registro que uma das ofensas relatadas pela filha da autora (comparação a um “caminhão
velho”) é reveladora. Afinal, a Sra. ASSUMPTA já era bem idosa, possuía 83 anos de idade na ocasião,
e não se trata, ademais, de um comentário genérico, mas bem específico.

Ou seja, não se imputam à médica perita do INSS afirmações injuriosas difusas, genéricas, mas o
uso de uma expressão bastante particular, relatada, por sinal, no boletim de ocorrência lavrado no
dia do ocorrido, no calor dos fatos.

A propósito, sabe-se que “caminhão velho”, ou “carro velho” é um jargão utilizado no meio
médico, em sentido jocoso, para se referir a pessoas que, já em idade avançada, se ressentem de
males físicos. É expressão correntia, que, a depender do contexto em que é proferida, mostra-se
desrespeitosa, deselegante, especialmente diante da dignidade constitucional e legal conferida às
pessoas idosas (Constituição Federal, artigo 203, inciso V; artigo 230, §§ 1º e 2º; Lei n.º 10.741/2003).

Deveras, é obrigação do Estado e da sociedade assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a


dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos
na Constituição e nas leis (Lei n.º 10.741/2003, artigo 10). O direito ao respeito consiste na
inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem, da
identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais. É dever de
todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano,
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor (§§ 2º e 3º, grifos meus).

Por isso, não se admite que condutas assim partam justamente daqueles que, vinculados ao
próprio Estado em virtude do ofício que exercem, têm o dever de zelar por essa dignidade.
Reputo caracterizados, pois, o constrangimento e o vexame a que a autora foi submetida, a
caracterizar o dano moral.

A singular proteção conferida aos bens personalíssimos pelo ordenamento jurídico dos povos
adiantados encontrou eco no espírito do constituinte de 1988, que procurou talhar, na Lei Maior,
mecanismos de tutela desses interesses. Em vários dos dispositivos da atual Constituição, pode-se
perceber a preocupação não só de resguardar tais bens jurídicos, assegurando-lhes a inviolabilidade,
mas também de reprimir todas as formas pelas quais eles, direta ou indiretamente, atual ou
potencialmente, dolosa ou culposamente, possam ser ofendidos. A vida, a honra, a liberdade, a
intimidade, a imagem, a vida privada, o bom nome e conceito, ao lado de outros, estão
compreendidos entre aqueles bens jurídicos que gozam de tutela em sede constitucional.

E compreende-se que assim seja. A Constituição Federal de 1988 foi fruto de várias correntes do
pensamento nacional, que espelharam a preocupação de ampla parcela da comunidade, ressentida
da falta ou da insuficiência de mecanismos legais de resposta aos casos de dano à pessoa, de cunho
patrimonial ou moral, a se avultarem em número e valor, que muitas vezes permanecem sem
reparação, e, por que não dizer, na impunidade.

Especificamente a respeito do dano moral e da obrigação do ofensor de indenizá-lo, eis a


mensagem do inciso X do artigo 5º da CF/88, combinado com o caput:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

A Constituição Federal, pois, prevê expressamente o direito de indenização por dano material,
moral e à imagem, consagrando ao ofendido a total reparabilidade em virtude dos prejuízos sofridos.
A norma pretende a reparabilidade da ordem jurídica lesada, seja por meio de reparação econômica,
seja através de outros meios, por exemplo, o direito de resposta.

João Casillo, advogado, professor universitário e Mestre e Doutor em Direito pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, autor da obra Dano Moral e sua Indenização, assevera que essa
relevância não é gratuita, nem deriva de capricho do legislador. Ao contrário, reflete uma tradição
cultural de toda a Humanidade, para alguns acima da própria vida, como lembrou Juvenal em
“Sátiras”, cap. VIII: “Summum crede nefas animan praeferre pudori et propter vitam vivendi perdere
causas”, ou, em vernáculo, “considera como a maior infâmia preferir a vida à honra e, para, salvar a
vida, perder as razões de viver.”

Por seu turno, Caio Mário da Silva Pereira, com toda a sua autoridade, lembra ser preciso
entender que, a par do patrimônio, como “complexo de relações jurídicas de uma pessoa,
economicamente apreciáveis” (Clóvis Bevilacqua), o indivíduo é titular de direitos integrantes de sua
personalidade, o bom conceito de que desfruta na sociedade, os sentimentos que exornam sua
consciência, os valores afetivos, merecedores todos de igual proteção na ordem jurídica
(Responsabilidade Civil, página 66).

Nesse mesmo diapasão são os escólios de Irineu Antônio Pedrotti, magistrado paulista, para
quem “há um conjunto de bens ligados ao espírito, aos sentimentos, à inteligência, que também
completam o patrimônio de uma personalidade. O sofrimento da perda inesperada de um ente
querido; o abalo emocional pelo impacto de uma injúria; a contrariedade e a perda de ânimo
causadas pela queda de crédito; a humilhação do encarceramento - são danos, certamente”
(Responsabilidade Civil, volume 02, 1990, página 992).

Limongi França também nos traz o conceito de dano moral, afirmando ser aquele que, direta ou
indiretamente, a pessoa física ou jurídica, bem assim a coletividade, sofre no aspecto não econômico
dos seus bens jurídicos (RT 631/29).
O Supremo Tribunal Federal entendeu pela viabilidade da indenização puramente moral (STF, 1ª
Turma, RE 105.157/SP, Relator Ministro Octávio Gallotti, Diário da Justiça, Seção I, 18/10/1983,
página 18.459). No mesmo sentido, decidiu o Superior Tribunal de Justiça (4ª Turma, REsp 8.768-0/SP,
reg. n.º 910003774-5, Relator Ministro Barros Monteiro, Ementário STJ, 5/122).

No que tange ao quantum da indenização, tenho que a condenação por dano moral deve ser
suficiente a reprimir e a inibir outras ações do gênero. Ela deve representar mais uma punição para o
ofensor do que propriamente uma compensação para o ofendido, até porque os bens jurídicos lesados
não comportam avaliação econômica.

Não se trata, a condenação por dano moral, de “pecunia doloris” ou “pretium doloris”, que se não
pode avaliar e pagar, mas satisfação de ordem moral, que não ressarce prejuízos e danos e abalos e
tribulações irressarcíveis, mas representa a consagração e o reconhecimento, pelo direito, do valor e
da importância dos bens em jogo, que se deve proteger tanto quanto, senão mais, que os bens
materiais e interesses que a lei protege (do voto do Ministro Oscar Correia, no Recurso
Extraordinário 97.097, RTJ 108/194).

O artigo 37, § 6º, da Constituição Federal dispõe que “as pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.”

Esses danos, obviamente, englobam os de natureza moral.

No caso, tratando-se de ato ilícito praticado por servidor público federal, aplicam-se as seguintes
regras, estabelecidas pela Lei n.º 8.112/1990:

“Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas
atribuições.”

“Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.

§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será liquidada na forma


prevista no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.

§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública,


em ação regressiva.

§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até o
limite do valor da herança recebida.”

“Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor,


nessa qualidade.”

“Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo praticado


no desempenho do cargo ou função.”

Por todo o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso da parte autora para inverter o
resultado de primeiro grau e julgar procedente o pedido, condenando solidariamente o INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS e a médica MARIA HELENA TEIXEIRA RODRIGUES BRANCO,
na época servidora daquele Instituto, por danos morais decorrentes dos fatos narrados na inicial,
fixando a condenação no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), quantia esta que será acrescida de
atualização monetária e juros moratórios, desde a citação, na forma e nos índices estabelecidos no
artigo 1º-F, da Lei n.º 9.494/1997, na redação que lhe deu a Lei n.º 11.960/2009.

Voto também no sentido de que se expeça ofícios dirigidos ao Conselho Regional de


Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) e ao Ministério Público Federal (MPF), para as
providências que julgarem por bem adotar.
Sem condenação em honorários, face o disposto no artigo 55, da Lei n.º 9.099/1995.

É o voto”.

Assim, fácil detectar que a reparação civil imaterial, esmiuçada em outros ramos do direito,
também comporta abrangência no âmbito previdenciário, destacando sua importante utilidade de
assegurar, de maneira indireta, o efetivo acesso eficaz e justo da tutela social protetiva.

Logo, o Dano Moral Previdenciário se apresenta como modal jurídico necessário e instrumental
para a proteção previdenciária, já que reprimi lesões, compensa prejuízos e educa a
Administração a cada vez mais a valorizar as conquistas de um Povo.

No nosso “Dano Moral Previdenciário”, afirmamos a esse respeito que:

“Logo, necessário e extremamente útil é o uso do instituto da reparação civil, como instrumento
legítimo para assegurar o que o Direito Previdenciário e outros ramos da ciência jurídica possuem
como substância ideológica abstrata, quer seja, a convalidação de valores constitucionais, dentre
eles, da imensurável Dignidade da Pessoa Humana”.(Sérgio Henrique Salvador e Theodoro
Vicente Agostinho, Editora Ltr: 2015, SP, p.115)
2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
14. O PODER JUDICIÁRIO E AS TESES REVISIONAIS

O Poder Judiciário e as Teses Revisionais 14

Nos últimos tempos, crescente são as decisões judiciais acerca da correta valoração dos
benefícios previdenciários, sobretudo quanto aos seus aspectos econômicos.

De fato, as chamadas teses revisionais há muito assolam o Judiciário, percorrendo todas as


instâncias, com reflexos de toda ordem, seja a aposentados, seja a pensionistas.

Neste sentido, valiosíssima a contribuição do Poder Judiciário como apaziguador institucional


da controvérsia, reconhecendo os erros e costumeiros desacertos do INSS quanto a correta e
esperada aplicação da legislação.

Além das pretéritas revisões do índice “IRSM”, “buraco negro”, “cotas de pensão”, “revisão do
teto” dentre tantas outras, recentemente, o Poder Judiciário, se pronunciou sobre a “revisão dos
benefícios por incapacidade”, também conhecida como “revisão do art. 29”.

Interessante registrar que em decisões singulares de todo o Brasil, aludidas teses revisionais
sempre se firmaram, até que o Guardião Constitucional por diversas vezes se pronunciou a
respeito, de forma decisiva, cogente e dimensional.

Apenas para exemplificar, as seguintes teses ganharam corpo, alma e espírito pelos Tribunais
Superiores:

– “revisão do buraco negro”; “revisão do 13.º”; “revisão do índice IRSM”; “revisão do teto”;
“revisão dos benefícios por incapacidade”; “revisão das cotas de pensão”; “revisão do Fator
Previdenciário”, dentre várias outras.

Interessante registrar que por diversas vezes a autarquia previdenciária sempre resistiu até o
último momento com sua linha defensiva, desprezando o vasto entendimento do Poder Judiciário
já consolidado.

Não obstante a morosidade oriunda da desenfreada resistência da autarquia, sobretudo no


RGPS, a verdade é que os interesses dos beneficiários em diversas ocasiões foram alterados por
conta destas denominadas teses revisionais.

Contudo, a verdade é que não se pode esquecer que a tutela jurisdicional nos tratos
previdenciários vem prestando destacada contribuição para o próprio aprimoramento do abrigo
constitucional previdenciário.

14.1. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA E O NOVO ENTENDIMENTO DO STF

Como não poderíamos deixar de ponderar, tal qual já o fizemos em outros ambientes jurídicos
a respeito, uma rápida e objetiva análise de dois institutos tão conexos e ao mesmo tempo com
profundas divergências e impactos no cenário jurídico previdenciário, vale dizer, prescrição e
decadência.

Questão altamente intrincada e que há muito ecoa na sociedade jurídica previdenciária, é a


prescrição revisional dos benefícios do complexo Regime Geral de Previdência, atualmente gerido
pelo INSS, a sua autarquia gestora.
De início, cabe ressaltar que, recentemente, o Colendo Supremo Tribunal Federal parece que
apaziguou a questão sob a ótica jurisprudencial, conforme notícia a respeito:

“O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (16) que o prazo de dez anos para a
revisão de benefícios previdenciários é aplicável aos benefícios concedidos antes da Medida
Provisória (MP) 1.523-9/1997, que o instituiu. Por unanimidade, o Plenário deu provimento ao
Recurso Extraordinário (RE) 626.489, interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
para reformar acórdão de Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do
Estado de Sergipe que entendeu inaplicável o prazo decadencial para benefícios anteriores à vigência
da MP. A decisão estabeleceu também que, no caso, o prazo de dez anos para pedidos de revisão
passa a contar a partir da vigência da MP, e não da data da concessão do benefício (...). O relator do
processo, Ministro Luiz Roberto Barroso, destacou que o direito a benefício previdenciário deve ser
considerado como uma das garantias fundamentais previstas na Constituição Federal, pois ‘se
assenta nos princípios da dignidade da pessoa humana e da solidariedade e nos valores sociais do
trabalho’. Segundo ele, a competência para estabelecer as regras infraconstitucionais que regem este
direito fundamental é do Congresso, e apenas se a legislação desrespeitar o núcleo essencial desse
direito é que haverá invalidade da norma. ‘O fato de que, ao tempo da concessão, não havia limite
temporal para futuro pedido de revisão não quer dizer que o segurado tenha direito adquirido a que
tal prazo nunca venha a ser estabelecido”(STF reconhece prazo de dez anos para revisão de
benefícios do INSS anteriores a MP de 1997. Disponível em: [www.ibdp.org.br/noticias2.asp?
id="1094]." Acesso em: 15.05.2014).

A questão que se apresenta é: existiu sintonia axiológica nesta interpretação constitucional?

Com o tempo, nunca se viu tantas alterações, inserções e retificações do art. 103 do Plano de
Benefícios do RGPS, com regras de transição, períodos de vigência de Medidas Provisórias, enfim,
uma vasta interpretação que permeou por um bom tempo a discussão acerca da prescrição das
revisões.

Importante notar a confusa dicção desse dispositivo em plena vigência, pois no seu caput há
uma ótica, e no seu parágrafo único, um outro contexto, além da visível e prolixa redação, ou seja,
em um só artigos a existência dos institutos da Prescrição e Decadência!!!

Porém, não pode o legalismo alicerçar friamente o intérprete previdenciário, que detém outras
diversas ferramentas jurídicas para bem compreender principiologicamente os institutos desse
valorativo ramo do saber.

A bem da verdade, o STF quis uniformizar o entendimento, unificar o Direito, ou seja, equalizar
o debate. Contudo, não devemos atender essa problemática somente dentro dessa ótica.

É que a pretensão revisional possui a mesma carga jurídica valorativa do mesmo ideário do
reconhecimento do direito, não podendo nivelar por baixo e ao mesmo tempo, esquecer que a
essência do objeto da revisão se vê alocado no idêntico contexto constitucional de um Direito
Social.

Longe de querermos aqui realizar uma ponderação exclusivamente protecionista, é importante


ressaltar que a Previdência Social, enquanto técnica protetiva não pode e deve encontrar limites
de sua atuação e incidência. Seu campo de pouso, aliás, deve ser cada vez mais amplo, sem limites,
e aprimorado no tempo.

Esse, o alvo maior concretizado na Lei das Leis.

Taxar um marco temporal para o intento revisional nada mais é do que limitar o alcance desta
técnica de proteção a seus abrigados, aqueles destinatários dos institutos constitucionais.

E mais: inovou assustadoramente o Guardião Constitucional quando modulou preteritamente o


alcance de sua decisão, vale dizer, aplicando o atual prazo decenal revisional a benefícios nascidos
antes da reforma legislativa.
Será que deve haver a decadência ou prescrição de uma pretensão revisional?

No contexto alimentar, que é semelhante à doutrina apregoada pelo Direito Civil, existe esta
incidência?

Na busca pelo aprimoramento de um benefício e a correção de um erro administrativo


autárquico, para concretizar o bem-estar do jubilado, idealizar a dignidade humana, enfim, a
existência de um marco prescricional não reprime a evolução da própria Previdência?

E mais: a análise não deve ser in dubio pro segurado, já que a relação administrativa nascedoura
da pretensão previdenciária só existe e se justifica para tutelar os direitos dos administrados perante
a Administração?

Apenas algumas reflexões que merecem uma análise mais acurada.

Perigoso e, também ousamos afirmar, temerário, a bem da necessidade de unificar uma


discussão jurídica, partir para a restrição, exclusão e limitação de uma técnica constitucional
protetiva como base central do raciocínio judicante.

Como se vê, a questão não envolve tão somente a existência ou não de direito adquirido, em
que pese defendermos também a sua incidência nessa discussão, já que a relação administrativa
previdenciária e vinculante foi travada sob a égide de legislação anterior, vale dizer,
relacionamentos jurídicos consolidados em todos os sentidos, mas também devem ser observados
outros variados nortes que devem clarear o intérprete da norma.

Inexiste, pois, direito adquirido na pretensão revisional?

E mais, sendo relação contínua e de trato sucessivo, vale dizer, habitualmente renovada,
percebida pelos beneficiários, não teríamos também a interrupção desta pretensão prescricional?

Não podemos ainda esquecer o entendimento sumular sufragado há anos, pelo Superior
Tribunal de Justiça, interpretador-mor da legislação federal, que sedimentou a questão sem inserir
qualquer marco temporal, isto é, sem alocar e generalizar o tema, sumulando que a prescrição
revisional atinge apenas o fundo do direito, senão vejamos:

“Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora,
quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as
prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação” (Súmula 85 do STJ).

De todo modo, esse debate não se encerra ou deve ser encerrado com a surpreendente decisão
do Excelso Tribunal, que deve agir consentaneamente com o sistema previdenciário hodierno,
que, por sua vez, apregoa e defende, antes de tudo, o bem-estar social de seus envolvidos.

Lado outro, como fonte que é basilar da ciência jurídica, a doutrina bem leciona a respeito,
divergindo cientificamente do alcance restritivo operado pelo Tribunal Maior, senão vejamos:

“Entretanto, as prestações previdenciárias têm finalidade que lhes emprestam características


de direitos indisponíveis, atendendo a uma necessidade de índole eminentemente alimentar. Daí
que o direito à prestação não prescreve, mas tão somente as prestações não reclamadas dentro de
certo tempo...”. (Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari. Manual de direito
previdenciário. 3. ed. São Paulo: Ed. LTr, 2002. p. 549).

As decisões judiciais merecem, sim, constante e efetivo respeito de seus pronunciamentos,


contudo, cabe a nós, os destinatários da proteção constitucional, buscarmos incisivamente o
aprimoramento dos institutos jurídicos, não para estabilizar no tempo, mas, antes de tudo, como
um aceno ao esperado bem-estar social que a Sociedade contextualizou na Lei das Leis.

Certamente, outras fundamentadas teses surgirão, como a revisão da MedProv 664/2014, já


convertida na Lei 13.135/2015, revisão da fórmula 85/95 progressiva e seu efeito retroativo (vide
capítulo sobre a MedProv 676/2015 e Lei 13.183/2015), a própria Desaposentação e Despensão, após
o definitivo julgamento pelo Tribunal Maior, ou seja, sempre se esperará que o Judiciária será a
porta esperançosa dos sujeitos protegidos que buscam a concretização dos diversos sonhos
constitucionais, muitos, previdenciários, aliás, ainda longe de qualquer efetividade prática.

Assim, a esperança é de que essa novel interpretação da revisão de benefícios do RGPS, operada
pelo Tribunal Maior, seja revista pelos intérpretes da norma, já que para seus destinatários,
inexiste prazo para a busca e aprimoramento de um Direito Social, fundamental e imprescindível.

© desta edição [2017]


2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerações Finais 15

Como se viu em todo o trabalho ora compilado, aliás, de forma didática, o Direito
Previdenciário ganha vez e voz no ambiente jurídico pátrio, já que alicerçado em premissas
fundamentais que irradiam para toda a órbita jurídica.

De fato, explorou-se a dimensão previdenciária, tanto quanto o direito material, como também
no tocante à sua adjetivação, debatendo pontos controvertidos e altamente polêmicos, sem
descurar da atualidade de tópicos que estão no trato diário de aposentados, pensionistas e de
vários outros sujeitos abrigados por esse modelo constitucional de bem-estar social.

Oportuno reiterar a extrema importância desta linha do saber, que traz em seu bojo a tutela de
eventos previsíveis de ocorrerem, contudo sem data precisa, além das prestações programadas.

Logo, havendo essa concretização e preenchidos os demais requisitos legais, o pacote


previdenciário é e deve ser entregue ao destinatário de forma acessível, justa e qualitativa.

Evidente que como ciência jurídica própria, o dinamismo também traz reparos, influências e
aprimoramentos, contudo sem subtrair dos envolvidos, seja na relação de benefícios, ou na
relação de custeio, a máxima do buscado bem-estar social de todos os partícipes.

Aqui, a relevante e imprescindível essência do Direito Previdenciário ora apresentado, sendo o


mais crescente segmento jurídico da atualidade!
2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Referências Bibliográficas 16

ALENCAR, Hermes Arrais. Benefícios previdenciários. 4. ed. São Paulo: Leud, 2009.

BALERA, Wagner. Sistema de seguridade social. 5. ed. São Paulo: Ed. LTr, 2009.

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 13. ed. São Paulo:
Malheiros, 2001.

BERBEL, Fabio Lopes Vilela. Teoria geral da previdência social. São Paulo: Quartier Latin, 2005.

BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais. 3. ed. São Paulo: Ed. RT, 1998.

BUENO, Cássio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil. 3. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011.

CARDOSO, Oscar Valente. Desaposentação e despensão: aspectos controvertidos. Revista Síntese


de Direito Previdenciário. vol. 44. p. 24. Porto Alegre: Síntese Período, 2011.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; Lazzari, João Batista. Manual de direito previdenciário. 3. ed.
São Paulo: Ed. LTr, 2002.

____. Manual de direito previdenciário. 17 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.

CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Despensão mais que um neologismo, uma realidade.
Revista de Direito Previdenciário. n. 347. p. 909-913. São Paulo: LTr, out. 2009.

DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

FEICHAS, Roger Vieira; SALVADOR, Sérgio Henrique. Mandado de Segurança – da teoria à


prática. p. 21, São Paulo: LTr, 2016.

HORVATH, Miguel Junior. Direito previdenciário. 8. ed. São Paulo: Quartier Latin, 2011.

KERTZMAN, Ivan. Curso prático de direito previdenciário. 5. ed. Salvador: Jus Podivm, 2008.

LEITE, Celso Barroso. Previdência social: atualidades e tendências. São Paulo: Ed. LTr, 1973.

MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário. 4. ed. São Paulo: Ed. LTr, 2012.

MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do direito. 24. ed. São Paulo: Ed. RT, 1997.

SALVADOR, Henrique Sérgio; AGOSTINHO, Theodoro Vicente Agostinho. Desaposentação –


Aspectos teóricos e práticos. 2. ed. São Paulo: Ed. LTr, 2014.

____. Dano moral previdenciário. São Paulo: Ed. LTr, 2015.

SANTOS, Ernane Fidélis dos. Novíssimos perfis do processo civil brasileiro. Belo Horizonte: Del
Rey, 1999.
2019 - 07 - 09
Direito Previdenciário - Edição 2017
ANEXOS

Anexos 17

17.1 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA (PLANO CONSTITUCIONAL E


INFRACONSTITUCIONAL)

DIMENSÃO CONSTITUCIONAL

Preâmbulo Exercício de direitos sociais e individuais

Art. 1.º, III Dignidade da pessoa humana e Valor social do


e IV trabalho

Art. 3.º, I Princípio da Solidariedade

Art. 5.º, Princípio da Igualdade


caput

Art. 5.º, II Princípio da Legalidade

Art. 5.º, Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição


XXXV

Art. 5.º, Direito Adquirido, Ato Jurídico Perfeito e Coisa


XXXVI Julgada

Art. 5.º, Devido Processo Legal


LIV

Art. 5.º, LV Contraditório e Ampla Defesa

Art. 5.º, Duração razoável do processo


LXXVIII

Art. 6.º Direitos Sociais (previdência social)


Art. 7.º, Aposentadoria como direito do trabalhador
XXIV urbano e rural

Art. 40 e Regime Próprio de Previdência Social


incisos

Art. 193 Da Ordem Social

Art. 194 Seguridade Social

Art. 195 Custeio

Art. 201 Da Previdência Social

EC 20/1998 Alterações da Previdência Social

EC 41/2003 Alterações da Previdência Social

EC 47/2005 Alterações da Previdência Social

DIMENSÃO INFRACONSTITUCIONAL

Lei Lei de Custeio do Regime Geral de Previdência


8.212/1991 Social (LC)

Lei Lei de Benefícios do Regime Geral de Previdência


8.213/1991 Social (LB)

Lei Fator Previdenciário


9.876/1999

Lei Extinção da qualidade de segurado


10.666/2003

Dec. Regulamento da Previdência Social


3.048/1999

Lei Regime Próprio de Previdência Social


8.112/1990
LC Entidade Fechada de Previdência Complementar
108/2001

LC Entidade Aberta de Previdência Complementar


109/2001

Lei Superintendência Nacional de Previdência


12.154/2009 Complementar – Previc

Lei Previdência Complementar do Servidor Público


12.618/2012

LC Aposentadoria Especial do Deficiente


142/2013

Lei Conversão da MP 664/2014


13.135/2015

Lei Conversão da MP 676/2015


13.183/2015

LC Ampliação dos direitos dos domésticos


150/2015

Lei Estatuto da pessoa com deficiência


13.146/2015

17.2 SÚMULAS PREVIDENCIÁRIAS DA TNU

SÚMULA 1. A conversão dos benefícios previdenciários em URV, em março/94, obedece às


disposições do art. 20, incisos I e II da Lei 8.880/1994 (MedProv 434/1994).

SÚMULA 2. Benefícios Previdenciários. Os benefícios previdenciários, em maio de 1996,


deverão ser reajustados na forma da Medida Provisória 1.415, de 29 de abril de 1996, convertida
na Lei 9.711, de 20 de novembro de 1998.

SÚMULA 3. Benefícios Previdenciários. Os benefícios de prestação continuada, no regime geral


da Previdência Social, devem ser reajustados com base no IGP-DI nos anos de 1997, 1999, 2000 e
2001.

SÚMULA 4. Dependente Designado. Não há direito adquirido, na condição de dependente,


pessoa designada, quando o falecimento do segurado deu-se após o advento da Lei 9.032/1995.

SÚMULA 5. Prestação de Serviço Rural. A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos,
até o advento da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida
para fins previdenciários.
SÚMULA 6. Comprovação de Condição Rurícola. A certidão de casamento ou outro documento
idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de
prova material da atividade rurícola.

SÚMULA 7. Honorários Advocatícios. Descabe incidente de uniformização versando sobre


honorários advocatícios por se tratar de questão de direito processual.

SÚMULA 8. Benefícios Previdenciários. Os benefícios de prestação continuada, no regime geral


da Previdência Social, não serão reajustados com base no IGP-DI nos anos de 1997, 1999, 2000 e
2001.

SÚMULA 9. Aposentadoria Especial – Equipamento de Proteção Individual. O uso de


Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de
exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.

SÚMULA 10. Tempo de Serviço Rural. Contagem Recíproca. O tempo de serviço rural anterior à
vigência da Lei 8.213/1991 pode ser utilizado para fins de contagem recíproca, assim entendida
aquela que soma tempo de atividade privada, rural ou urbana, ao de serviço público estatutário,
desde que sejam recolhidas as respectivas contribuições previdenciárias.

SÚMULA 12. Juros moratórios. Os juros moratórios são devidos pelo gestor do FGTS e incidem a
partir da citação nas ações em que se reclamam diferenças de correção monetária, tenha havido
ou não levantamento do saldo, parcial ou integralmente.

SÚMULA 13. O reajuste concedido pelas Leis 8.622/1993 e 8.627/1993 (28,86%) constituiu revisão
geral dos vencimentos e, por isso, é devido também aos militares que não o receberam em sua
integralidade, compensado o índice então concedido, sendo limite temporal desse reajuste o
advento da MP 2.131 de 28.12.2000.

SÚMULA 14. Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de
prova material, corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.

SÚMULA 17. Não há renúncia tácita no Juizado Especial Federal, para fins de competência.

SÚMULA 18. Provado que o aluno aprendiz de Escola Técnica Federal recebia remuneração,
mesmo que indireta, à conta do orçamento da União, o respectivo tempo de serviço pode ser
computado para fins de aposentadoria previdenciária.

SÚMULA 19. Para o cálculo da renda mensal inicial do benefício previdenciário, deve ser
considerada, na atualização dos salários de contribuição anteriores a março de 1994, a variação
integral do IRSM de fevereiro de 1994, na ordem de 39,67% (art. 21, § 1.º, da Lei 8.880/1994).

SÚMULA 20. A Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, não modificou a situação do servidor
celetista anteriormente aposentado pela Previdência Social Urbana.

SÚMULA 21. Não há direito adquirido a reajuste de benefícios previdenciários com base na
variação do IPC (Índice de Preço ao Consumidor), de janeiro de 1989 (42,72%) e abril de 1990
(44,80%).

SÚMULA 22. Se a prova pericial realizada em juízo dá conta de que a incapacidade já existia na
data do requerimento administrativo, esta é o termo inicial do benefício assistencial.

SÚMULA 23. As substituições de cargos ou funções de direção ou chefia ou de cargo de natureza


especial ocorridas a partir da vigência da Medida Provisória 1.522, de 11.10.1996, e até o advento
da Lei 9.527, de 10.12.1997, quando iguais ou inferiores a trinta dias, não geram direito à
remuneração correspondente ao cargo ou função substituída.

SÚMULA 24. O tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior ao advento da Lei
8.213/1991, sem o recolhimento de contribuições previdenciárias, pode ser considerado para a
concessão de benefício previdenciário do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), exceto para
efeito de carência, conforme a regra do art. 55, § 2.º, da Lei 8.213/1991.

SÚMULA 25. A revisão dos valores dos benefícios previdenciários, prevista no art. 58 do ADCT,
deve ser feita com base no número de salários mínimos apurado na data da concessão, e não no
mês de recolhimento da última contribuição.

SÚMULA 26. A atividade de vigilante enquadra-se como especial, equiparando-se à de guarda,


elencada no item 2.5.7. do Anexo III do Decreto 53.831/1964.

SÚMULA 27. A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a


comprovação do desemprego por outros meios admitidos em Direito.

SÚMULA 28. Encontra-se prescrita a pretensão de ressarcimento de perdas sofridas na


atualização monetária da conta do Plano de Integração Social – PIS-, em virtude de expurgos
ocorridos por ocasião dos Planos Econômicos Verão e Collor I.

SÚMULA 29. Para os efeitos do art. 20, § 2.º, da Lei 8.742, de 1993, incapacidade para a vida
independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também
a impossibilita de prover ao próprio sustento.

SÚMULA 30. Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo
rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que
comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar.

SÚMULA 31. A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui


início de prova material para fins previdenciários.

SÚMULA 33. Quando o segurado houver preenchido os requisitos legais para concessão da
aposentadoria por tempo de serviço na data do requerimento administrativo, esta data será o
termo inicial da concessão do benefício.

SÚMULA 34. Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve
ser contemporâneo à época dos fatos a provar.

SÚMULA 35. A Taxa Selic, composta por juros de mora e correção monetária, incide nas
repetições de indébito tributário.

SÚMULA 36. Não há vedação legal à cumulação da pensão por morte de trabalhador rural com
o benefício da aposentadoria por invalidez, por apresentarem pressupostos fáticos e fatos
geradores distintos.

SÚMULA 37. A pensão por morte, devida ao filho até os 21 anos de idade, não se prorroga pela
pendência do curso universitário.

SÚMULA 38. Aplica-se subsidiariamente a Tabela de Cálculos de Santa Catarina aos pedidos de
revisão de RMI – OTN/ORTN, na atualização dos salários de contribuição.

SÚMULA 39. Nas ações contra a Fazenda Pública, que versem sobre pagamento de diferenças
decorrentes de reajuste nos vencimentos de servidores públicos, ajuizadas após 24.08.2001, os
juros de mora devem ser fixados em 6% (seis por cento) ao ano (art. 1.º-F da Lei 9.494/1997).

SÚMULA 40. Nenhuma diferença é devida a título de correção monetária dos depósitos do FGTS
relativos ao mês de fevereiro de 1989.

SÚMULA 41. A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade


urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,
condição que deve ser analisada no caso concreto.

SÚMULA 42. Não se conhece de incidente de uniformização que implique reexame de matéria
de fato.

SÚMULA 43. Não cabe incidente de uniformização que verse sobre matéria processual.

SÚMULA 44. Para efeito de aposentadoria urbana por idade, a tabela progressiva de carência
prevista no art. 142 da Lei 8.213/1991 deve ser aplicada em função do ano em que o segurado
completa a idade mínima para concessão do benefício, ainda que o período de carência só seja
preenchido posteriormente.

SÚMULA 45. Incide correção monetária sobre o salário-maternidade desde a época do parto,
independentemente da data do requerimento administrativo.

SÚMULA 46. O exercício de atividade urbana intercalada não impede a concessão de benefício
previdenciário de trabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto.

SÚMULA 47. Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar
as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez.

SÚMULA 48. A incapacidade não precisa ser permanente para fins de concessão do benefício
assistencial de prestação continuada.

SÚMULA 49. Para reconhecimento de condição especial de trabalho antes de 29/4/1995, a


exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física não precisa ocorrer de forma
permanente.

SÚMULA 50. É possível a conversão do tempo de serviço especial em comum do trabalho


prestado em qualquer período.

SÚMULA 51. Os valores recebidos por força de antecipação dos efeitos de tutela, posteriormente
revogada em demanda previdenciária, são irrepetíveis em razão da natureza alimentar e da boa-fé
no seu recebimento.

SÚMULA 52. Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a regularização do
recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual posteriormente a seu óbito,
exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas por empresa tomadora de serviços.

SÚMULA 53. Não há direito a auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez quando a


incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral de
Previdência Social.

SÚMULA 54. Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo de
exercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior
ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima.

SÚMULA 55. A conversão do tempo de atividade especial em comum deve ocorrer com
aplicação do fator multiplicativo em vigor na data da concessão da aposentadoria.

SÚMULA 56. O prazo de trinta anos para prescrição da pretensão à cobrança de juros
progressivos sobre saldo de conta vinculada ao FGTS tem início na data em que deixou de ser feito
o crédito e incide sobre cada prestação mensal.

SÚMULA 57. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez não precedida de auxílio-doença,


quando concedidos na vigência da Lei 9.876/1999, devem ter o salário de benefício apurado com
base na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% do
período contributivo, independentemente da data de filiação do segurado ou do número de
contribuições mensais no período contributivo.

SÚMULA 58. Não é devido o reajuste na indenização de campo por força da alteração trazida
pelo Dec. 5.554/2005.
SÚMULA 59. A ausência de declaração do objeto postado não impede a condenação da ECT a
indenizar danos decorrentes do extravio, desde que o conteúdo da postagem seja demonstrado por
outros meios de prova admitidos em direito.

SÚMULA 61. As alterações promovidas pela Lei 11.960/2009 têm aplicação imediata na
regulação dos juros de mora em condenações contra a Fazenda Pública, inclusive em matéria
previdenciária, independentemente da data do ajuizamento da ação ou do trânsito em julgado.
CANCELAMENTO: A Turma Nacional de Uniformização, na Oitava sessão ordinária de 9 de
outubro de 2013, aprovou, por unanimidade, o cancelamento da súmula nº 61. Precedente:
0003060--22.2006.4.03.6314, de relatoria do Juiz Federal João Batista Lazzari.

SÚMULA 62. O segurado contribuinte individual pode obter reconhecimento de atividade


especial para fins previdenciários, desde que consiga comprovar exposição a agentes nocivos à
saúde ou à integridade física.

SÚMULA 63. A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte
prescinde de início de prova material.

SÚMULA 64. O direito à revisão do ato de indeferimento de benefício previdenciário ou


assistencial sujeita-se ao prazo decadencial de dez anos.

SÚMULA 65. Os benefícios de auxílio-doença, auxílio-acidente e aposentadoria por invalidez


concedidos no período de 28/3/2005 a 20/7/2005 devem ser calculados nos termos da Lei
8.213/1991, em sua redação anterior à vigência da Medida Provisória 242/2005.

SÚMULA 66. O servidor público ex-celetista que trabalhava sob condições especiais antes de
migrar para o regime estatutário tem direito adquirido à conversão do tempo de atividade especial
em tempo comum com o devido acréscimo legal, para efeito de contagem recíproca no regime
previdenciário próprio dos servidores públicos.

SÚMULA 67. O auxílio-alimentação recebido em pecúnia por segurado filiado ao Regime Geral
da Previdência Social integra o salário de contribuição e sujeita-se à incidência de contribuição
previdenciária.

SÚMULA 68. O laudo pericial não contemporâneo ao período trabalhado é apto à comprovação
da atividade especial do segurado.

SÚMULA 69. O tempo de serviço prestado em empresa pública ou em sociedade de economia


mista por servidor público federal somente pode ser contado para efeitos de aposentadoria e
disponibilidade.

SÚMULA 70. A atividade de tratorista pode ser equiparada à de motorista de caminhão para
fins de reconhecimento de atividade especial mediante enquadramento por categoria profissional.

SÚMULA 71. O mero contato do pedreiro com o cimento não caracteriza condição especial de
trabalho para fins previdenciários.

SÚMULA 72. É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que
houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que o segurado estava incapaz
para as atividades habituais na época em que trabalhou.

SÚMULA 73. O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez não


decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como tempo de contribuição ou para
fins de carência quando intercalado entre períodos nos quais houve recolhimento de
contribuições para a previdência social.

SÚMULA 74. O prazo de prescrição fica suspenso pela formulação de requerimento


administrativo e volta a correr pelo saldo remanescente após a ciência da decisão administrativa
final.
SÚMULA 75. A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se
aponta defeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de presunção relativa de
veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço para fins previdenciários, ainda que a
anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS).

SÚMULA 76. A averbação de tempo de serviço rural não contributivo não permite majorar o
coeficiente de cálculo da renda mensal inicial de aposentadoria por idade previsto no art. 50 da
Lei 8.213/1991.

SÚMULA 77. O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não
reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual.

SÚMULA 78. Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao
julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a
incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença.

SÚMULA 79. Nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a comprovação
das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente social, por auto de constatação
lavrado por oficial de justiça ou, sendo inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal.

SÚMULA 80. Nos pedidos de benefício de prestação continuada (LOAS), tendo em vista o
advento da Lei 12.470/11, para adequada valoração dos fatores ambientais, sociais, econômicos e
pessoais que impactam na participação da pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a
realização de avaliação social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva
condição vivida no meio social pelo requerente.

SÚMULA 81. Não incide o prazo decadencial previsto no art. 103, caput, da Lei n. 8.213/91, nos
casos de indeferimento e cessação de benefícios, bem como em relação às questões não apreciadas
pela Administração no ato da concessão.

SÚMULA 82. O código 1.3.2 do quadro anexo ao Decreto n.º 53.831/64, além dos profissionais da
área da saúde, contempla os trabalhadores que exercem atividades de serviços gerais em limpeza
e higienização de ambientes hospitalares.

SÚMULA 83. A partir da entrada em vigor da Lei n. 8.870/94, o décimo terceiro salário não
integra o salário de contribuição para fins de cálculo do salário de benefício.

17.3 ENUNCIADOS DO CONSELHO DE RECURSOS DA SEGURIDADE SOCIAL (CRSS) (ÓRGÃO


ADMINISTRATIVO RECURSAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, CUJOS ENTENDIMENTOS DEVEM
VINCULAR TODA A HIERARQUIA AUTÁRQUICA, DESDE A AGÊNCIA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
– APS ATÉ OS ÓRGÃOS COLEGIADOS)

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 4:

“Consoante inteligência do § 3.º, do art. 55, da Lei 8.213/1991, não será admitida como eficaz
para comprovação de tempo de contribuição e para os fins previstos na legislação previdenciária,
a ação Reclamatória Trabalhista em que a decisão não tenha sido fundamentada em início
razoável de prova material contemporânea constante nos autos do processo.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 5:

“A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao
servidor orientá-lo nesse sentido.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 6:

“O ingresso do segurado em regime próprio de previdência pelo mesmo emprego, importa a


sua exclusão automática da Previdência Social para o qual não pode contribuir como facultativo.”
JR/CRSS – ENUNCIADO N. 7:

“O tempo de serviço prestado no exterior a empresa não vinculada à Previdência Social


brasileira não pode ser computado, salvo tratado de reciprocidade entre Brasil e Estado
Estrangeiro onde o trabalho, prestado num, seja contado no outro, para os efeitos dos benefícios ali
previstos.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 8:

“Fixada a data do início da incapacidade antes da perda da qualidade de segurado, a falta de


contribuição posterior não prejudica o seu direito as prestações previdenciárias.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 13:

“A dependência econômica pode ser parcial, devendo, no entanto, representar um auxílio


substancial, permanente e necessário, cuja falta acarretaria desequilíbrio dos meios de
subsistência do dependente.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 18

“Não se indefere benefício sob fundamento de falta de recolhimento de contribuição


previdenciária quando esta obrigação for devida pelo empregador.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 19 – Alterado

“Transcorrido mais de dez anos da data da concessão do benefício, não poderá haver sua
suspensão ou cancelamento na hipótese de o interessado não mais possuir a documentação que
instruiu o pedido, exceto em caso de fraude ou má-fé.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 20

“Salvo em relação ao agente agressivo ruído, não será obrigatória a apresentação de laudo
técnico pericial para períodos de atividades anteriores à edição da Medida Provisória 1.523-10, de
11.10.1996, facultando-se ao segurado a comprovação de efetiva exposição a agentes agressivos à
sua saúde ou integridade física mencionados nos formulários SB-40 ou DSS-8030, mediante o
emprego de qualquer meio de prova em direito admitido.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 21

“O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de trabalho pelo empregador


não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser
considerado todo o ambiente de trabalho.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 22 – Alterado

“Considera-se segurada especial a mulher que, além das tarefas domésticas, exerce atividades
rurais com o grupo familiar respectivo, aproveitando-se-lhe as provas materiais apresentadas em
nome de seu cônjuge ou companheiro, corroboradas por meio de pesquisa, entrevista ou
Justificação Administrativa.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 23

“O pecúlio previsto no inciso II do art. 81 da Lei 8.213/1991, em sua redação original que não foi
pago em vida ao segurado aposentado que retornou à atividade quando dela se afastou, é devido
aos seus dependentes ou sucessores, relativamente às contribuições vertidas até 14.04.1994, salvo
se prescrito.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 25

“A notificação do sujeito passivo após o prazo de validade do Mandado de Procedimento Fiscal


– MPF – não acarreta nulidade do lançamento.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 26 – DOU 31.08.2006

“A concessão da pensão por morte ao cônjuge ou companheiro do sexo masculino, no período


compreendido entre a promulgação da Constituição Federal de 1988 e o advento da Lei 8.213 de
1991, rege-se pelas normas do Dec. 83.080, de 24 de janeiro de 1979, seguido pela Consolidação das
Leis da Previdência Social (CLPS) expedida pelo Dec. 89.312, de 23 de janeiro de 1984, que
continuaram a viger até o advento da Lei 8.213/1991, aplicando-se tanto ao trabalhador do regime
previdenciário rural quanto ao segurado do regime urbano.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 27 – DOU 25.10.2006

“Cabe ao contribuinte individual comprovar a interrupção ou o encerramento da atividade pela


qual vinha contribuindo, sob pena de ser considerado em débito no período sem contribuição. A
concessão de benefícios previdenciários, requeridos pelo contribuinte individual em débito, é
condicionada ao recolhimento prévio das contribuições em atraso, ressalvada a alteração
introduzida pelo Dec. 4.729/2003, no art. 26, § 4.º e no art. 216, I, a, do Dec. 3.048/1999, que, a partir
da competência Abril/2003, torna presumido o recolhimento das contribuições descontadas dos
contribuintes individuais pela empresa contratante de seus serviços.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 28 – DOU 01.12.2006

“Não se aplica o disposto no art. 76 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo


Decreto 3.048/1999, para justificar a retroação do termo inicial do benefício auxílio doença
requerido após o trigésimo dia do afastamento da atividade, nos casos em que a perícia médica do
INSS fixar a data de início da incapacidade anterior à data de entrada do requerimento, tendo em
vista que esta hipótese não implica em ciência pretérita da Previdência Social.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 29 – DOU 21.12.2006

“Nos casos de levantamento por arbitramento, a existência do fundamento legal que ampara tal
procedimento, seja no relatório Fundamentos Legais do Débito – FLD ou no Relatório Fiscal –
Refisc garante o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, não gerando a nulidade do
lançamento.”

JR/CRSS – ENUNCIADO N. 30 – DOU 05.02.2007

“Em se tratando de responsabilidade solidária o fisco previdenciário tem a prerrogativa de


constituir os créditos no tomador de serviços mesmo que não haja apuração prévia no prestador
de serviços.”

JR/CRSS - ENUNCIADO CRPS N. 31 – DOU 01.06.2007

“Nos períodos de que trata o art. 15 da Lei 8.213/1991, é devido o salário maternidade à
segurada desempregada que não tenha recebido indenização por demissão sem justa causa
durante a estabilidade gestacional, vedando-se, em qualquer caso, o pagamento em duplicidade.”

JR/CRSS - ENUNCIADO CRPS N. 32 – DOU 08.07.2011

“A atividade especial efetivamente desempenhada pelo (a) segurado (a), permite o


enquadramento por categoria profissional nos Anexos aos Decretos 53.831/1964 e 83.831/1979,
ainda que divergente do registro em Carteira de Trabalho da Previdência Social – CTPS – e/ou
Ficha de Registro de Empregados, desde que comprovado o exercício nas mesmas condições de
insalubridade, periculosidade ou penosidade.”

JR/CRSS - ENUNCIADO CRPS N. 33 – DOU 29.06.2012

“Para os efeitos de reconhecimento de tempo especial, o enquadramento do tempo de atividade


do trabalhador rural, segurado empregado, sob o código 2.2.1 do Quadro anexo ao Decreto 53.831,
de 25 de março de 1964, é possível quando o regime de vinculação for o da Previdência Social
Urbana, e não o da Previdência Rural (Prorural), para os períodos anteriores à unificação de
ambos os regimes pela Lei 8.213, de 1991, e aplica-se ao tempo de atividade rural exercido até 28
de abril de 1995, independentemente de ter sido prestado exclusivamente na lavoura ou na
pecuária.”

JR/CRSS - ENUNCIADO CRPS N. 34 – DOU 29.06.2012

“O prazo prescricional quinquenal, disposto no parágrafo único do art. 103 da Lei 8.213, de
1991, aplica-se às revisões previstas nos artigos 144 e 145 do mesmo diploma legal.”

17.4 ALTERAÇÕES ADVINDAS DAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS 20/1998; 41/2003 E 47/2005,


TANTO NO RGPS QUANTO NO RPPS E PRINCIPAIS PROPOSTAS DE REFORMA DA
PREVIDÊNCIA

1.ª Reforma – 2.ª Reforma – 3.ª Reforma – 4.ª Reforma:


EC 20/1998: EC 41/2003: EC 47/2005:

– Menção – Trouxe – Vedou – No caso de opção


expressa ao regra de adoção de pela exclusão da
equilíbrio transição para requisitos e aposentadoria por
financeiro e aposentadoria critérios tempo de contribuição,
atuarial e à voluntária no diferenciados alíquota de 5% sobre o
compulsoriedade RPPS em seu art. para a concessão piso previdenciário para
do RGPS; 2.º; de a contribuição do
aposentadorias Microempreendedor
– Vedação de – Inserção de do RGPS e RPPS, Individual (MEI),
filiação ao RGPS, um novo teto ressalvados, nos enquanto segurado
na qualidade de previdenciário termos definidos contribuinte individual
segurado no RGPS, à época em leis – já vigente pela MP
facultativo, de de R$ 2.400,00; complementares, 529/2011;
pessoa os casos de
participante do – Instituição servidores – No caso de opção
RPPS; da contribuição portadores de pela exclusão da
social dos deficiência, que aposentadoria por
– Alteração do inativos para o exerçam tempo de contribuição,
art. 195 da RPPS, na parcela atividades de alíquota de 5% sobre o
CF/1988 que supere o teto risco ou cujas piso previdenciário para
ampliando as do RGPS; atividades sejam a contribuição do
bases de exercidas sob segurado facultativo
financiamento – Alteração no condições sem renda própria que
da Seguridade cálculo das especiais que se dedique
Social; aposentadorias e prejudiquem a exclusivamente ao
pensões do RPPS; saúde ou a trabalho doméstico, no
– Possibilitou integridade âmbito de sua
que a – Fim da residência, desde que
física;
contribuição do paridade entre pertencente a família de
empregador ou os servidores – Instituição baixa renda,
tomador de ativos e os da contribuição considerando esta a
serviços tenha inativos no RPPS; social dos família inscrita no
alíquotas ou inativos Cadastro Único para
bases de cálculo – Determinou
portadores de Programas Sociais do
diferenciadas, que o regime
doença Governo Federal
em razão da complementar
incapacitante (CadÚnico) cuja renda
atividade do RPPS deve ser
econômica ou da feito por para o RPPS, na mensal seja de até 2
utilização intermédio de parcela que (dois) salários mínimos;
intensiva de mão entidades supere o dobre
de obra; fechadas de do teto do RGPS; – Altera a primeira e
previdência a terceira classe do rol
– Vedação da complementar, – Possibilitou de dependentes do art.
utilização dos de natureza que a 16 da Lei 8.213/1991,
recursos pública, que contribuição do considerando, além do
provenientes das oferecerão aos empregador filho e irmão inválidos,
contribuições respectivos sobre a folha de os que tenham
sociais do participantes salários tenha deficiência intelectual
trabalhador e do planos de alíquotas ou ou mental que o torne
empregador benefícios bases de cálculo absoluta ou
sobre a folha de somente na diferenciadas relativamente incapaz,
salários para modalidade de em razão do assim declarado
despesas outras contribuição porte da judicialmente;
que não o definida; empresa ou da
pagamento de condição
benefícios do – Previu o estrutural do
regime geral de sistema de mercado de
previdência inclusão trabalho;
social; previdenciária
para – Alterou a
– Exigência de trabalhadores de previsão do
baixa renda para baixa renda, sistema de
a concessão do garantindo-lhes inclusão
salário-família e acesso a previdenciária
do auxílio- benefícios de prevendo que
reclusão; valor igual a um este deve a
salário-mínimo, trabalhadores de
exceto baixa renda e
àqueles

1.ª Reforma – 2.ª Reforma – 3.ª Reforma – 4.ª Reforma:


EC 20/1998: EC 41/2003: EC 47/2005:

– Substituição aposentadoria sem renda – Determina que o


da aposentadoria por tempo de própria que se salário maternidade da
por tempo de contribuição. dediquem trabalhadora avulsa e à
serviço pela exclusivamente empregada do MEI seja
aposentadoria ao trabalho pago diretamente pela
por tempo de doméstico no Previdência Social;
contribuição, âmbito de sua
com exigência de residência, desde – Dispõe que a cota
30 anos de que pertencentes da pensão por morte do
contribuição se a famílias de deficiente intelectual ou
mulher e 35 anos baixa renda, mental que o torne
de homem, garantindo-lhes absoluta ou
ressalvada regra acesso a relativamente incapaz,
de transição; benefícios de assim declarado
valor igual a um judicialmente, será
– Ampliação salário-mínimo, reduzida em 30% caso o
do Regime com alíquotas e mesmo exerça atividade
Complementar carências remunerada, devendo
da Previdência, inferiores às ser integralmente
com nova vigentes para os restabelecida em face da
redação ao art. demais extinção da relação de
202 da CF/1988; segurados do trabalho ou da atividade
RGPS. empreendedora;
– Inserção de
um novo teto – promove alterações
previdenciário no benefício assistencial
no RGPS, à época de amparo ao idoso e ao
de R$ 1.200,00; deficiente, quais sejam:
i) altera o conceito de
– incapacidade, na mesma
Estabelecimento trilha da Lei
de idade mínima 12.435/2011; ii) dispõe
na que a remuneração da
aposentadoria pessoa com deficiência
por tempo de na condição de aprendiz
contribuição do não será considerada
RPPS, com 60 para fins do cálculo da
anos de idade e renda per capita; iii)
35 de determina que
contribuição, se contratação de pessoa
homem, e 55 de com deficiência como
idade e 30 de aprendiz não acarreta a
contribuição, se suspensão do benefício
mulher, de prestação
ressalvada regra continuada, limitado a 2
de transição; (dois) anos o
recebimento
– concomitante da
Estabelecimento remuneração e do
de um período benefício.
mínimo de 10
anos de efetivo
exercício no
serviço público e
5 anos no cargo
efetivo para
aposentadoria
voluntária no
RPPS.

– Inserção do
agente público
em cargo em
comissão, cargo
temporário ou
emprego público
no RGPS;

1.ª Reforma – 2.ª Reforma – 3.ª Reforma – 4.ª Reforma:


EC 20/1998: EC 41/2003: EC 47/2005:

– Vedação de - - – Cria o regime


pagamento de complementar do RPPS,
aposentadorias e com a inserção do
pensões do RPPS mesmo teto do RGPS ao
superior à RPPS, sendo que, para
remuneração do receber benefícios
servidor, no acima do teto, haverá
cargo efetivo em contribuições
que se deu a facultativas para a
aposentadoria Fundação de
ou que serviu de Previdência
referência para a Complementar do
concessão da Serviço Público Federal
pensão; (Funpresp), entidade
criada pelo mesmo
– projeto.
Possibilidade de
implantação do PEC 555:
regime
complementar – acaba com a
no RPPS, contribuição
podendo, assim, previdenciária dos
fixar para o inativos
valor das
aposentadorias e EC 70/2012:
pensões a serem
concedidas o – concede
limite máximo integralidade e paridade
estabelecido aos aposentados por
para os invalidez
benefícios do
Outras propostas em
RGPS;
debate:
– Criação do
– extinção do fator
fator
previdenciário com a
previdenciário,
inserção de idade
do mínimo
mínima da
divisor e
aposentadoria por
alteração nos
tempo de contribuição,
cálculos dos
de 65 anos de idade, se
benefícios com a
homem, 60 anos de
Lei 9.876/1999.
idade, se mulher;

– Aumento de 7 anos
no tempo de
contribuição, ficando 42
anos para homens e 37
para mulheres;

– Extinção da
distinção no tempo de
idade e contribuição
para homens e
mulheres;

– Adoção da fórmula
85/95, ou mesmo 95/105;

– Alteração nos
critérios da pensão por
morte.

* Conteúdo da tabela extraído do endereço eletrônico [http://www.ibdp.org.br/noticias2.asp?


id="522]." Acesso em: 19.05.2014.

17.5 COMPARAÇÃO ENTRE REGIMES PREVIDENCIÁRIOS (BENEFÍCIOS)

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

RGPS RPPS Comentários

Requisitos: Requisitos: 10 Dois aspectos


homem deve anos de efetivo devem ser
comprovar pelo exercício no serviço observados:
menos 35 anos de público, 5 anos no
contribuição e a cargo efetivo em que – o participante
mulher, 30 anos. se der a do RGPS para se
Cálculo: 100% do aposentadoria, 60 aposentar sem
salário de benefício. anos de idade e 35 redução do salário
Salário de Benefício: anos de contribuição de benefício em
média aritmética se homem e 55 anos razão do fator
simples dos 80% de idade e 30 anos previdenciário
maiores salários de de contribuição se somente poderá
contribuição de todo mulher. Cálculo: fazê-lo a partir dos
o período Média aritmética 63 anos de idade.
contributivo simples das maiores Para se aposentar,
multiplicada pelo remunerações sem a redução, com
Fator utilizadas como base 60 anos de idade
Previdenciário. O para as deverá ter
valor não poderá contribuições, contribuído pelo
exceder o teto de correspondente a menos durante 39
contribuição. 80% de todo o anos. Observe-se,
período porém, que na
contributivo. O valor medida que o
das remunerações segurado postergue
utilizadas não sua aposentadoria
poderá exceder o poderá elevar o seu
limite máximo de valor;
remuneração do
servidor público no – o participante
respectivo ente. Os do RPP,
proventos não diferentemente do
poderão exceder a participante do RGPS
remuneração do com salário inferior
respectivo servidor ao teto do RGPS, não
no cargo efetivo em poderá ter proventos
que se deu a superiores ao seu
aposentadoria. rendimento da
atividade. Isto é
possível no RGPS
pelo mecanismo de
correção dos salários
de contribuição que
servirão de base
para o cálculo do
salário de benefício.

* Conteúdo da tabela extraído do endereço eletrônico


[http://fundacaoanfip.org.br/site/2006/07/comparacao-entre-o-regime-geral-de-previdencia-social-e-
o-regime-proprio-de-previdencia-social-da-uniao/].

APOSENTADORIA POR IDADE

RGPS RPPS Comentários

Requisitos: 65 Requisitos: 10 Dois aspectos


anos para o homem anos de efetivo devem ser
e 60 para a mulher, exercício no serviço observados:
comprovar o público, 5 anos no
recolhimento de 180 cargo efetivo em que – o participante
contribuições se der a do RGPS para se
mensais. aposentadoria, 60 aposentar sem
anos de idade e 35 redução do salário
Cálculo: 70% do anos de contribuição de benefício em
salário de benefício, se homem e 55 anos razão do fator
mais 1% para cada de idade e 30 anos previdenciário
grupo de 12 de contribuição se somente poderá
contribuições até o mulher. fazê-lo a partir dos
limite de 30%. 63 anos de idade.
Cálculo: Média Para se aposentar,
Salário de aritmética simples sem a redução, com
Benefício: média das maiores 60 anos de idade
aritmética simples remunerações deverá ter
dos 80% maiores utilizadas como base contribuído pelo
salários de para as menos durante 39
contribuição de todo contribuições, anos.
o período correspondente a
contributivo. 80% de todo o Observe-se,
Facultada a período porém, que na
utilização do Fator contributivo. O valor medida que o
Previdenciário. O das remunerações segurado postergue
valor não poderá utilizadas não sua aposentadoria
exceder o teto de poderá exceder o poderá elevar o seu
contribuição. limite máximo de valor.
remuneração do
servidor público no – o participante
respectivo ente. Os do RPP,
proventos não diferentemente do
poderão exceder a participante do RGPS
remuneração do com salário inferior
respectivo servidor ao teto do RGPS, não
no cargo efetivo em poderá ter proventos
que se deu a superiores ao seu
aposentadoria. rendimento da
atividade. Isto é
possível no RGPS
pelo mecanismo de
correção dos salários
de contribuição que
servirão de base
para o cálculo do
salário de benefício.

*Conteúdo da tabela extraído do endereço eletrônico


[http://fundacaoanfip.org.br/site/2006/07/comparacao-entre-o-regime-geral-de-previdencia-social-e-
o-regime-proprio-de-previdencia-social-da-uniao/].

APOSENTADORIA COMPULSÓRIA
RGPS RPPS Comentários

Requisitos: Não é Requisitos: Observe-se que


obrigatória. Pode ser Obrigatória aos 70 neste caso os
requerida pela anos de idade. participantes do RPP
empresa para o Cálculo: Média além de serem
trabalhador com 70 aritmética simples obrigados a se
anos e a mulher com das maiores aposentar, poderão
65 anos. O remunerações ter seus proventos
trabalhador terá utilizadas como base calculados em até
direito a para as 33,33% da sua
indenização prevista contribuições, remuneração da
na legislação correspondente a atividade. Enquanto
trabalhista. Cálculo: 80% de todo o que para o
70% do salário de período participante do RGPS
benefício, mais 1% contributivo. O valor a aposentadoria não
para cada grupo de das remunerações é obrigatória e a
12 contribuições até utilizadas não redução em seu
o limite de 30%. poderá exceder o benefício pode
limite máximo de atingir no máximo a
Salário de remuneração do 70% do salário de
Benefício: média servidor público no benefício, que pode
aritmética simples respectivo ente. Do até ser maior que o
dos 80% maiores valor obtido serão rendimento da
salários de calculados os atividade.
contribuição de todo proventos
o período obedecendo
contributivo. proporcionalidade
Facultada a em razão do tempo
utilização do Fator de serviço. Os
Previdenciário. O proventos não
valor não poderá poderão exceder a
exceder o teto de remuneração do
contribuição. respectivo servidor
no cargo efetivo em
que se deu a
aposentadoria. Os
proventos, em razão
da
proporcionalidade,
não poderão ser
inferiores a 1/3 da
remuneração da
atividade.

* Conteúdo da tabela extraído do endereço eletrônico


[http://fundacaoanfip.org.br/site/2006/07/comparacao-entre-o-regime-geral-de-previdencia-social-e-
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APOSENTADORIA POR INVALIDEZ

RGPS RPPS Comentários


Requisitos: Requisitos: Em Observe-se que
Benefício concedido caso de neste caso os
aos trabalhadores incapacidade para o participantes do RPP
que, por doença ou serviço e poderão ter seus
acidente, forem impossibilidade de proventos calculados
considerados pela readaptação. Será em até 33,33% do
perícia médica da precedida de licença sua remuneração da
Previdência Social para tratamento de atividade, enquanto
incapacitados para saúde, por período que para o
exercer suas não superior a 24 participante do RGPS
atividades ou outro meses. Cálculo: não há redução no
tipo de serviço que Média aritmética seu benefício que
lhes garanta o simples das maiores corresponde a 100%
sustento. O do salário de
trabalhador tem que remunerações benefício, o que
contribuir para a utilizadas como base pode gerar
Previdência Social para as
por no mínimo 12 contribuições, benefício de valor
meses, no caso de correspondente a maior que o
doença. Se for 80% de todo o rendimento da
acidente, esse prazo período atividade. Além
de carência não é contributivo. O valor disso, no caso de
exigido. Cálculo: A das remunerações necessidade de
aposentadoria por utilizadas não assistência
invalidez poderá exceder o permanente o
corresponde a 100% limite máximo de benefício pode ser
do salário de remuneração do aumentado em 25%,
benefício. Caso o servidor público no o que também não é
trabalhador respectivo ente. Do previsto para o RPP.
estivesse em auxílio- valor obtido serão Por fim, não há
doença calculados os novas regras
corresponderá a proventos definidas para o
100% do salário de obedecendo cálculo do benefício
benefício que deu proporcionalidade do RPP no caso de
origem ao auxílio- em razão do tempo acidente de serviço
doença, reajustado de serviço. Os moléstia profissional
pelos mesmos proventos não ou doença grave,
índices aplicados aos poderão exceder a contagiosa ou
benefícios em geral. remuneração do incurável, neste caso
Se o trabalhador respectivo servidor o valor do benefício
necessitar de no cargo efetivo em deverá ser igual a
assistência que se deu a 100% da média
permanente de aposentadoria. Os apurada.
outra pessoa, proventos, em razão
atestada pela da
proporcionalidade,
perícia médica, o não poderão ser
valor da inferiores a 1/3 da
aposentadoria será remuneração da
aumentado em 25% atividade. Não há
a partir da data do regra estabelecida
seu pedido. Salário para os casos de
de Benefício: média acidente de serviço,
aritmética simples moléstia profissional
dos 80% maiores ou doença grave,
salários de contagiosa ou
contribuição de todo incurável.
o período
contributivo. O valor
não poderá exceder
o teto de
contribuição.

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APOSENTADORIA ESPECIAL

RGPS RPPS Comentários

Requisitos: Não existe lei que A inexistência de


Benefício concedido regulamente a regulamentação
ao segurado que previsão legal impede
tenha trabalhado em constitucional. qualquer
condições comparação.
prejudiciais à saúde Entretanto,
ou à integridade enquanto não
física. Para ter disciplinada a
direito à matéria os
aposentadoria participantes do RPP
especial, o ficam prejudicadas
trabalhador deverá por não terem como
comprovar, além do fazer valer seu
tempo de trabalho, direito à
efetiva exposição aposentadoria
aos agentes físicos, especial.
biológicos ou
associação de
agentes prejudiciais
pelo período exigido
para a concessão do
benefício (15, 20 ou
25 anos). Para ter
direito ao benefício
deverá comprovar
no mínimo 180
contribuições
mensais. Cálculo:
100% do salário de
benefício. Salário de
Benefício: média
aritmética simples
dos 80% maiores
salários de
contribuição de todo
o período
contributivo. O valor
não poderá exceder
o teto de
contribuição.

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PENSÃO POR MORTE

RGPS RPPS Comentários

Requisitos: não Cálculo: a Quando o


há tempo mínimo de totalidade da segurado estava em
contribuição, mas é remuneração ou dos atividade e recebia
necessário que o proventos até o menos do teto do
óbito tenha ocorrido limite do teto do RGPS, repete-se a
enquanto o RGPS acrescido de situação que ocorre
trabalhador tinha 70% da parcela quando da
qualidade de excedente a este concessão de
segurado. Cálculo: limite. aposentadoria.
100% do valor da Nesse caso a pensão
aposentadoria que o vinculada ao RGPS
segurado recebia no pode ser maior que
dia da morte ou que os vencimentos do
teria direito se segurado, no RPP da
estivesse aposentado União isto não é
por invalidez. possível visto o
benefício estar
limitado ao valor da
remuneração. No
caso do participante
do RPP da União que
receba mais do que o
teto do RGPS, o qual
contribui sobre todo
o valor da
remuneração assim
como os demais
segurados, o valor da
pensão sobre os
rendimentos que
excedam aquele
limite será

reduzido em 30%,
o que representa
tratamento
diferenciado sem
nenhuma
justificativa, visto
que a contribuição
dele é
proporcionalmente
igual a dos demais.
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AUXÍLIO-DOENÇA/LICENÇA

RGPS RPPS Comentários

Requisitos: Requisitos: Será Neste caso os


Concedido ao concedida com base servidores públicos
segurado impedido em perícia médica. são privilegiados em
de trabalhar por Cálculo: relação aos
doença ou acidente Corresponde a 100% segurados do RGPS,
por mais de 15 dias da remuneração do uma vez que têm
consecutivos. Para servidor em direito à
ter direito ao atividade. remuneração
benefício, o integral durante o
trabalhador tem de período da licença,
contribuir para a enquanto que o
Previdência Social segurado do RGPS
por, no mínimo, 12 tem direito apenas a
meses. Esse prazo 91% do salário de
não será exigido em benefício. Observe-
caso de acidente de se que o salário de
qualquer natureza benefício pode ser
(por acidente de maior que a
trabalho ou fora do remuneração do
trabalho). Para trabalhador, o que
concessão de diminui a diferença
auxílio-doença é entre os dois casos.
necessária a
comprovação da
incapacidade em
exame realizado
pela perícia médica
da Previdência
Social. Terá direito
ao benefício sem a
necessidade de
cumprir o prazo
mínimo de
contribuição, desde
que tenha qualidade
de segurado, o
trabalhador
acometido de
determinadas
doenças. Cálculo:
Corresponde a 91%
do salário de
benefício. Salário de
Benefício: média
aritmética simples
dos 80% maiores
salários de
contribuição de todo
o período
contributivo. O valor
não poderá exceder
o teto de
contribuição.

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AUXÍLIO-ACIDENTE

RGPS RPPS Comentários

Requisitos: Não Existe. Pode se


Benefício pago ao argumentar que este
trabalhador que benefício seria
sofre um acidente e devido no RGPS na
fica com sequelas medida que o
que reduzem sua segurado não teria
capacidade de condições de manter
trabalho. Para o mesmo nível de
concessão do rendimentos.
auxílio-acidente não Entretanto, verifica-
é exigido tempo se que a concessão
mínimo de deste benefício está
contribuição, mas o relacionada a perda
trabalhador deve ter da capacidade
qualidade de laborativa sem a
segurado e necessidade que
comprovar a haja nexo com a
impossibilidade de perda de
continuar rendimentos.
desempenhando
suas atividades, por
meio de exame da
perícia médica da
Previdência Social.
Cálculo:
Corresponde a 50%
do salário de
benefício que deu
origem ao auxílio-
doença corrigido até
o mês anterior ao do
início do auxílio
acidente.

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17.6 INTEIRO TEOR DA LEI 13.135/2015

Altera as Leis no 8.213, de 24 de julho de 1991, no 10.876, de 2 de junho de 2004, no 8.112, de 11


de dezembro de 1990, e no 10.666, de 8 de maio de 2003, e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:

Art. 1 A Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 15. ....................................................................

II - (VETADO);

...............................................................................” (NR)

“Art. 16. ...................................................................

I - (VETADO); (Vigência)

III - o irmão de qualquer condição menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha
deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, nos termos do regulamento; (Vigência)

................................................................................” (NR)

“Art. 26. .....................................................................

II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza


ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-
se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos
Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os
critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira
especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado;

................................................................................” (NR)

“Art. 29. .....................................................................

§ 10. O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos 12 (doze)
salários-de-contribuição, inclusive em caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o
número de 12 (doze), a média aritmética simples dos salários-de-contribuição existentes.

§ 11. (VETADO)

§ 12. (VETADO).

§ 13. (VETADO).” (NR)

“Art. 32. (VETADO).”

“Art. 60. ....................................................................

§ 5o Nos casos de impossibilidade de realização de perícia médica pelo órgão ou setor próprio
competente, assim como de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação das
atividades e de atendimento adequado à clientela da previdência social, o INSS poderá, sem ônus
para os segurados, celebrar, nos termos do regulamento, convênios, termos de execução
descentralizada, termos de fomento ou de colaboração, contratos não onerosos ou acordos de
cooperação técnica para realização de perícia médica, por delegação ou simples cooperação
técnica, sob sua coordenação e supervisão, com:
I - órgãos e entidades públicos ou que integrem o Sistema Único de Saúde (SUS);

II - (VETADO);

III - (VETADO).

§ 6o O segurado que durante o gozo do auxílio-doença vier a exercer atividade que lhe garanta
subsistência poderá ter o benefício cancelado a partir do retorno à atividade.

§ 7º Na hipótese do § 6, caso o segurado, durante o gozo do auxílio-doença, venha a exercer


atividade diversa daquela que gerou o benefício, deverá ser verificada a incapacidade para cada
uma das atividades exercidas.” (NR)

“Art. 74. .....................................................................

§ 1o Perde o direito à pensão por morte, após o trânsito em julgado, o condenado pela prática
de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do segurado.

§ 2o Perde o direito à pensão por morte o cônjuge, o companheiro ou a companheira se


comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou a
formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas em
processo judicial no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.” (NR)

“Art. 77. .....................................................................

§ 2o O direito à percepção de cada cota individual cessará:

............................................................................................

II - para filho, pessoa a ele equiparada ou irmão, de ambos os sexos, ao completar 21 (vinte e
um) anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência;

III - para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez;

IV - para filho ou irmão que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, pelo
afastamento da deficiência, nos termos do regulamento; (Vigência)

V - para cônjuge ou companheiro:

a) se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da


deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “b” e “c”;

b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito)
contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2
(dois) anos antes do óbito do segurado;

c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiário na


data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais
e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável:

1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;

2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade;

3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade;

4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;

5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;


6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.

§ 2o-A. Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida na alínea “a” ou os prazos previstos na
alínea “c”, ambas do inciso V do § 2, se o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer
natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do recolhimento de 18
(dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união
estável.

§ 2o-B. Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que nesse período se verifique o
incremento mínimo de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos,
correspondente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão ser fixadas,
em números inteiros, novas idades para os fins previstos na alínea “c” do inciso V do § 2, em ato do
Ministro de Estado da Previdência Social, limitado o acréscimo na comparação com as idades
anteriores ao referido incremento.

.............................................................................................

§ 4o (Revogado).

§ 5o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será considerado


na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais de que tratam as alíneas “b” e “c” do inciso V
do § 2.” (NR)

“Art. 151. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26,
independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao
segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa,
hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira,
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose
anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante),
síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em
conclusão da medicina especializada.” (NR)

Art. 2o O art. 2 da Lei n 10.876, de 2 junho de 2004, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 2 Compete aos ocupantes do cargo de Perito-Médico da Previdência Social e,


supletivamente, aos ocupantes do cargo de Supervisor Médico-Pericial da carreira de que trata a
Lei n 9.620, de 2 de abril de 1998, no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do
Ministério da Previdência Social, o exercício das atividades médico-periciais inerentes ao Regime
Geral de Previdência Social (RGPS) de que tratam as Leis n 8.212, de 24 de julho de 1991, n 8.213,
de 24 de julho de 1991, n 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (Lei Orgânica da Assistência Social), e n
8.112, de 11 de dezembro de 1990, e, em especial:

.............................................................................................

III - caracterização de invalidez para benefícios previdenciários e assistenciais;

IV - execução das demais atividades definidas em regulamento; e

V - supervisão da perícia médica de que trata o § 5 do art. 60 da Lei n 8.213, de 24 de julho de


1991, na forma estabelecida pelo Ministério da Previdência Social.

................................................................................” (NR)

Art. 3 A Lei n 8.112, de 11 de dezembro de 1990, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas hipóteses legais, fazem jus à pensão a
partir da data de óbito, observado o limite estabelecido no inciso XI docaputdo art. 37 da
Constituição Federale no art. 2o da Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004.” (NR)
“Art. 217. ...................................................................

I - o cônjuge;

a) (Revogada);

b) (Revogada);

c) (Revogada);

d) (Revogada);

e) (Revogada);

II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, com percepção de pensão


alimentícia estabelecida judicialmente;

a) (Revogada);

b) (Revogada);

c) Revogada);

d) (Revogada);

III - o companheiro ou companheira que comprove união estável como entidade familiar;

IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguintes requisitos:

a) seja menor de 21 (vinte e um) anos;

b) seja inválido;

c) tenha deficiência grave; ou (Vigência)

d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do regulamento;

V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servidor; e

VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência econômica do servidor e atenda


a um dos requisitos previstos no inciso IV.

§ 1o A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os incisos I a IV do caput exclui os


beneficiários referidos nos incisos V e VI.

§ 2oA concessão de pensão aos beneficiários de que trata o inciso V do caput exclui o
beneficiário referido no inciso VI.

§ 3o O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do servidor e


desde que comprovada dependência econômica, na forma estabelecida em regulamento.” (NR)

“Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão, o seu valor será distribuído em
partes iguais entre os beneficiários habilitados.

§ 1 (Revogado).

§ 2 (Revogado).

§ 3 (Revogado).” (NR)

“Art. 220. Perde o direito à pensão por morte:


I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela prática de crime de que tenha
dolosamente resultado a morte do servidor;

II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se comprovada, a qualquer tempo, simulação


ou fraude no casamento ou na união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de
constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será assegurado o
direito ao contraditório e à ampla defesa.” (NR)

“Art. 222. ...................................................................

III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário inválido, o afastamento da


deficiência, em se tratando de beneficiário com deficiência, ou o levantamento da interdição, em
se tratando de beneficiário com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou
relativamente incapaz, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a” e
“b” do inciso VII;

IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo filho ou irmão;

VI - a renúncia expressa; e

VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I a III do caput do art. 217:

a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o servidor tenha vertido 18
(dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em
menos de 2 (dois) anos antes do óbito do servidor;

b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do pensionista na


data de óbito do servidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2
(dois) anos após o início do casamento ou da união estável:

1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;

2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade;

3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade;

4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;

5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;

6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.

§ 1o A critério da administração, o beneficiário de pensão cuja preservação seja motivada por


invalidez, por incapacidade ou por deficiência poderá ser convocado a qualquer momento para
avaliação das referidas condições.

§ 2oSerão aplicados, conforme o caso, a regra contida no inciso III ou os prazos previstos na
alínea “b” do inciso VII, ambos do caput, se o óbito do servidor decorrer de acidente de qualquer
natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do recolhimento de 18
(dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união
estável.

§ 3oApós o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que nesse período se verifique o
incremento mínimo de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos,
correspondente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão ser fixadas,
em números inteiros, novas idades para os fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, em
ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado o acréscimo na
comparação com as idades anteriores ao referido incremento.
§ 4oO tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) ou ao Regime Geral
de Previdência Social (RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais
referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput.” (NR)

“Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a respectiva cota reverterá para os
cobeneficiários.

I - (Revogado);

II - (Revogado).” (NR)

“Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção cumulativa de pensão deixada
por mais de um cônjuge ou companheiro ou companheira e de mais de 2 (duas) pensões.” (NR)

“Art. 229. ....................................................................

............................................................................................

§ 3o Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições
da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão.” (NR)

Art. 4 O art. 12 da Lei n 10.666, de 8 de maio de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 12. Para fins de compensação financeira entre o Regime Geral de Previdência Social
(RGPS) e o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, os regimes instituidores apresentarão aos regimes de origem os dados relativos
aos benefícios em manutenção em 5 de maio de 1999 concedidos a partir de 5 de outubro de 1988.”
(NR)

Art. 5 Os atos praticados com base em dispositivos da Medida Provisória n 664, de 30 de


dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto nesta Lei.

Art. 6 Esta Lei entra em vigor em:

I - 180 (cento e oitenta) dias a partir de sua publicação, quanto à inclusão de pessoas com
deficiência grave entre os dependentes dos segurados do Regime Geral de Previdência Social
(RGPS) e do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) previstos na Lei no 8.112, de 11 de
dezembro de 1990;

II - 2 (dois) anos para a nova redação:

a) do art. 16, incisos I e III, e do art. 77, § 2o, inciso IV, da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991,
em relação às pessoas com deficiência intelectual ou mental;

b) do art. 217, inciso IV, alínea “c”, da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990;

III - na data de sua publicação, para os demais dispositivos.

Art. 7 Revogam-se:

I - os seguintes dispositivos da Lei n 8.112, de 11 de dezembro de 1990:

a) o art. 216;

b) os §§ 1o a 3o do art. 218; e

II - os seguintes dispositivos da Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991:

a) o § 2 do art. 17;
b) o § 4o do art. 77.

Brasília, 17 de junho de 2015; 194o da Independência e 127.ª da República.

DILMA ROUSSEFF

Joaquim Vieira Ferreira Levy

Nelson Barbosa

Carlos Eduardo Gabas

Miguel Rossetto

17.7 INTEIRO TEOR DA LEI 13.183/2015

Altera as Leis nºs 8.212, de 24 de julho de 1991, e 8.213, de 24 de julho de 1991, para tratar da
associação do segurado especial em cooperativa de crédito rural e, ainda essa última, para
atualizar o rol de dependentes, estabelecer regra de não incidência do fator previdenciário, regras
de pensão por morte e de empréstimo consignado, a Lei nº 10.779, de 25 de novembro de 2003,
para assegurar pagamento do seguro-defeso para familiar que exerça atividade de apoio à pesca, a
Lei nº 12.618, de 30 de abril de 2012, para estabelecer regra de inscrição no regime de previdência
complementar dos servidores públicos federais titulares de cargo efetivo, a Lei nº 10.820, de 17 de
dezembro de 2003, para dispor sobre o pagamento de empréstimos realizados por participantes e
assistidos com entidades fechadas e abertas de previdência complementar e a Lei nº 7.998, de 11
de janeiro de 1990; e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:

Art. 1 O art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes
alterações:

“Art. 12. .........................................................................

..............................................................................................

§ 9º .................................................................................

..............................................................................................

VI - a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural; e

..............................................................................................

§ 10. ...............................................................................

..............................................................................................

V - (VETADO);

....................................................................................” (NR)

Art. 2º A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 11. .........................................................................

..............................................................................................

§ 8º .................................................................................
..............................................................................................

VI - a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural; e

..............................................................................................

§ 9º .................................................................................

..............................................................................................

V - (VETADO);

....................................................................................” (NR)

“Art. 16. (VETADO).” (NR) (Vigência)

“Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de
contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua
aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição,
incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for:

I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de


contribuição de trinta e cinco anos; ou

II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de


contribuição de trinta anos.

§ 1º Para os fins do disposto no caput, serão somadas as frações em meses completos de tempo
de contribuição e idade.

§ 2º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um


ponto em:

I - 31 de dezembro de 2018;

II - 31 de dezembro de 2020;

III - 31 de dezembro de 2022;

IV - 31 de dezembro de 2024; e

V - 31 de dezembro de 2026.

§ 3º Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 2º, o tempo mínimo de contribuição do


professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de, respectivamente, trinta
e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição.

§ 4º Ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exercício da opção de que trata o caput
e deixar de requerer aposentadoria será assegurado o direito à opção com a aplicação da
pontuação exigida na data do cumprimento do requisito nos termos deste artigo.

§ 5º (VETADO).” (Vigência)

“Art. 29-D. (VETADO).”

“Art. 74. ........................................................................

I - do óbito, quando requerida até noventa dias depois deste;

....................................................................................” (NR)
“Art. 77. ........................................................................

.............................................................................................

§ 2º .................................................................................

..............................................................................................

II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, ao completar vinte e
um anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência
grave; (Vigência)

..............................................................................................

§ 6º O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor


individual, não impede a concessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente
com deficiência intelectual ou mental ou com deficiência grave.” (NR)

“Art. 115. .......................................................................

..............................................................................................

VI - pagamento de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e operações de


arrendamento mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de arrendamento
mercantil, ou por entidades fechadas ou abertas de previdência complementar, públicas e
privadas, quando expressamente autorizado pelo beneficiário, até o limite de 35% (trinta e cinco
por cento) do valor do benefício, sendo 5% (cinco por cento) destinados exclusivamente para:

a) amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou

b) utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito.

....................................................................................” (NR)

Art. 3º (VETADO).

Art. 4º O art. 1º da Lei nº 12.618, de 30 de abril de 2012, passa a vigorar acrescido dos
seguintes parágrafos, renumerando-se o atual parágrafo único para § 1º:

“Art. 1º ...........................................................................

§ 1º .................................................................................

§ 2º Os servidores e os membros referidos no caput deste artigo com remuneração superior ao


limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, que venham
a ingressar no serviço público a partir do início da vigência do regime de previdência
complementar de que trata esta Lei, serão automaticamente inscritos no respectivo plano de
previdência complementar desde a data de entrada em exercício.

§ 3º Fica assegurado ao participante o direito de requerer, a qualquer tempo, o cancelamento


de sua inscrição, nos termos do regulamento do plano de benefícios.

§ 4º Na hipótese do cancelamento ser requerido no prazo de até noventa dias da data da


inscrição, fica assegurado o direito à restituição integral das contribuições vertidas, a ser paga em
até sessenta dias do pedido de cancelamento, corrigidas monetariamente.

§ 5º O cancelamento da inscrição previsto no § 4º não constitui resgate.

§ 6º A contribuição aportada pelo patrocinador será devolvida à respectiva fonte pagadora no


mesmo prazo da devolução da contribuição aportada pelo participante.” (NR)
Art. 5º A Lei nº 10.820, de 17 de dezembro de 2003, passa a vigorar acrescida do seguinte art.
6º-A:

“Art. 6º-A Equiparam-se, para os fins do disposto nos arts. 1º e 6º, às operações neles referidas
as que são realizadas com entidades abertas ou fechadas de previdência complementar pelos
respectivos participantes ou assistidos.”

Art. 6º (VETADO).

Art. 7º (VETADO).

Art. 8º Esta Lei entra em vigor:

I - em 3 de janeiro de 2016, quanto à redação do art. 16 e do inciso II do § 2º do art. 77 da Lei


nº 8.213, de 24 de julho de 1991;

II - em 1º de julho de 2016, quanto à redação do § 5º do art. 29-C da Lei nº 8.213, de 24 de julho


de 1991;

III - na data de sua publicação, para os demais dispositivos.

Brasília, 4 de novembro de 2015; 1940 da Independência e 127.ª da República.

DILMA ROUSSEFF

Joaquim Vieira Ferreira Levy

Nelson Barbosa

Miguel Rossetto

© desta edição [2017]

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