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AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO GROSSO

JANE, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora da cédula de identidade


nº XXXX, e inscrita sob o CPF nº XXXX, residente e domiciliada no endereço
XXXX, por meio de advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, em
irresignação à condenação imposta em seu desfavor, com fundamento no art.
621, III, do Código de Processo Penal, vem propor a presente

REVISÃO CRIMINAL

pelas razões fáticas e jurídicas que passa a expor:

I. SÍNTESE FÁTICA

A Revisionanda, no dia 18 de outubro de 2010, na cidade de Cuiabá – MT,


subtraiu veículo automotor de propriedade de Gabriela. Tal subtração ocorreu no
momento em que a vítima saltou do carro para buscar um pertence que havia
esquecido em casa, deixando-o aberto e com a chave na ignição. A
Revisionanda, ao ver tal situação, aproveitou-se e subtraiu o bem, com o intuito
de revendê-lo no Paraguai. Imediatamente, a vítima chamou a polícia e esta
empreendeu perseguição ininterrupta, tendo prendido Jane em flagrante
somente no dia seguinte, exatamente quando esta tentava cruzar a fronteira para
negociar a venda do bem, que estava guardado em local não revelado.
A Revisionanda foi condenada a cinco anos de reclusão no regime inicial fechado
para cumprimento da pena privativa de liberdade. A condenação transitou
definitivamente em julgado, e o início do cumprimento da pena se deu em 10 de
novembro de 2012. Contudo, no dia 5 de março de 2013, este patrono, já na
condição de advogado da Revisionanda, recebi em meu escritório, a mãe de
Jane, acompanhada de Gabriel, único parente vivo da vítima, que se identificou
como sendo filho desta. Ele informou que, no dia 27 de outubro de 2010, Jane,
acolhendo os conselhos maternos,lhe telefonou, indicando o local onde o veículo
estava escondido. O filho da vítima, nunca mencionado no processo, informou
que no mesmo dia do telefonema, foi ao local e pegou o veículo de volta, sem
nenhum embaraço, bem como que tal veículo estava em seu poder desde então.

II. DO DIREITO
A presente revisão versa sobre a condenação definitiva da Revisionanda pelo
cometimento do delito descrito no art. 155, §5º do Código Penal, que, em que
pese já ter havido o trânsito em julgado da decisão que a condenou, nos autos
XXXX, sabe-se que há previsão legal para a desconstituição da coisa julgada,
por força do art. 621 e seguintes do Código de Processo Penal, o que se
demonstrará necessário a seguir.
Conforme os documentos acostados nos presentes autos percebe-se a seguinte
cronologia fatos:

Em 18 de outubro de 2010 houve o cometimento do crime.


Em 27 de outubro de 2010 o filho da vítima foi informado, por iniciativa da
Revisionanda, do local onde se encontrava o bem subtraído, com a consequente
devolução deste.
Em 30 de outubro de 2010 houve o recebimento da denúncia.
Da Ocorrência do Arrependimento Posterior
Percebe-se da cronologia fática devidamente demonstrada, que houve a
devolução do bem subtraído, por iniciativa da Revisionanda, antes do
recebimento da denúncia, e ainda, considerando que não trata-se de crime com
violência ou grave ameaça, fazem-se preenchidos os requisitos para o
reconhecimento do Arrependimento Posterior previsto no art. 16 do Código
Penal, que reduz a pena de um a dois terços e tal minorante não foi considerada
no momento da dosimetria da pena da Revisionanda.
Da Exclusão da Qualificadora
Ainda, a Revisionanda merece ver sua pena reduzida, uma vez que tendo havido
o arrependimento posterior, o bem subtraído NÃO foi tirado do território nacional,
devendo, portanto, ocorrer a desclassificação para o crime de furto simples,
previsto do art. 155, caput, do Código Penal.
Da Mudança de Regime
Por força da redução da pena aplicada, mostra-se admissível a transferência do
regime da Revisionanda para o semi-aberto, conforme entendimento do STJ.
[Súmula 269]

III. DOS PEDIDOS


Diante de todo o exposto, requer a desconstituição da coisa julgada para:

1. A desclassificação do crime de furto qualificado para o crime de furto simples.


2. A redução da pena pelo arrependimento posterior, conforme o art. 16 do
Código Penal.
3. A fixação do regime semi-aberto conforme entendimento do STJ postulado na
súmula 269.

Pede deferimento,

Goiânia, 15 de novembro de 2023.


Deivit Juca da Silva
OAB

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