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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Processo n. ...

JUSTINO, brasileiro, estado civil, profissão, RG..., CPF..., residente e


domiciliada no endereço..., através de seu advogado infra-assinado, com
procuração anexa, propor REVISÃO CRIMINAL, com base no art. 621, III, do
Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I- DOS FATOS

No dia 18.10.2017, na cidade de Belo Horizonte/MG, o revisionando subtraiu o


veículo automotor da vítima Josefina com intuito de revendê-lo no Paraguai.
A vítima, imediatamente, acionou a polícia, mas apenas no dia seguinte o
revisionando foi preso enquanto tentava cruzar a fronteira para negociar a
venda do carro, este que estava em local não revelado. Um dia após o crime a
vítima faleceu de infarto. 

A denúncia foi recebida dia 30.10.2017. O revisionando confessou o delito em


seu interrogatório e todas as testemunhas arroladas ratificaram os fatos. Finda
a instrução processual, Justino fora condenado a cinco anos de reclusão no
regime inicial fechado, tendo sido na sentença considerado a confissão, a
reincidência específica, os maus antecedentes e as consequências do crime.

Transitada em julgado a sentença condenatória, o revisionando iniciou o


cumprimento da pena em 10.11.2019. No dia 05.03.2020, Gabriel, filho único
da vítima falecida e nunca mencionado no processo, informa que Justino, após
o crime, ligou para ele no dia 27.10.2017 e lhe disse onde o veículo estava
escondido. Gabriel, então, foi ao local e pegou o veículo de volta, sem nenhum
embaraço, bem como que tal veículo estava em seu poder desde então.

II- DO DIREITO

a) Da desclassificação

Nobres julgadores, em virtude de nova prova, no caso, Gabriel, necessário a


reanálise de certos aspectos. A denúncia foi recebida em 30.10.2017. No
entanto, de acordo com o relato de Gabriel, Justino devolvera no dia
27.10.2017 o veículo furtado, antes, portanto, do recebimento da denúncia. A
devolução da res furtiva antes do recebimento da denúncia caracteriza o
arrependimento posterior, previsto no art. 16 do Código Penal, o que pode
ensejar a redução da pena de um a dois terços. Como a res furtiva foi entregue
sem nenhum tipo de embaraço, imperioso que a redução seja na fração
máxima. Dessa forma, com base no art. 626, do Código de Processo Penal,
requer seja modificada a pena, de forma a ser reduzida em sua fração máxima,
pois a res foi restituída integralmente à vítima. 

O fato novo comprova que Justino devolveu o veículo e não o transportou para
vendê-lo no Paraguai, assim, ele não está incurso na qualificadora do §5º, do
art. 155, do Código Penal. Necessário, portanto, a desclassificação do crime
qualificado para o de furto na sua modalidade simples, previsto no art.
155, caput, do Código Penal. 

b) Do regime semi-aberto 

Operando-se a desclassificação do crime qualificado para o crime de furto


simples, a pena aplicada ao revisionando será reduzida para menos de quatro
anos. Ainda que o revisionando seja reincidente em tal prática delituosa, é
entendimento do Superior Tribunal de Justiça a possibilidade de cumprimento
de pena em regime semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a 04 anos, se favoráveis as circunstâncias judiciais, nos termos de sua
súmula de n. 269. O fato do revisionando ter restituído o bem à vítima
prepondera sobre os maus antecedentes, o que revela que lhe são favoráveis
as circunstâncias judiciais. 

Dessa forma, nos termos da súmula 269 do STJ, requer a imposição do regime
semiaberto. 

III- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, com base no art. 626, do CPP, requer: 

a) a desclassificação do crime de furto qualificado para o crime de furto


simples; 

b) a diminuição da pena privativa de liberdade; 

c) a fixação do regime semiaberto.

Nestes termos, 

Pede deferimento, 

Belo Horizonte/MG, 31 de outubro de 2022.

OAB/MG XXX

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