Você está na página 1de 10

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO 3ª JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DE SERRA – ES

Processo nº 0014835-31.2015.8.08.0725

FUNDAÇÃO VALE DO RIO DOCE DE SEGURIDADE SOCIAL – VALIA, já


qualificada nos autos da Ação Ordinária movida por SAULO VINICIUS SANTOS
MACHADO, vem, respeitosamente perante V. Exa., através de seus
procuradores, com fundamento no art. 525 e seguintes do NCPC, apresentar a
presente IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, pelos
fundamentos abaixo expostos.

I – DA GARANTIA DO JUÍZO E DA TEMPESTIVIDADE

Insta salientar em princípio que, diante do depósito efetuado, o Juízo encontra-


se devidamente garantido, conforme comprova a guia anexa.

Por outro lado, com relação à tempestividade, tem-se que o prazo para
apresentação de impugnação ao cumprimento de sentença passa a fluir após o
término do prazo para garantia da execução, segundo dispõe os artigos 523 e
525 da Lei Adjetiva Civil:

Art. 523.  No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em


liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o
cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do
exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no
prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.

Art. 525.  Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento


voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o
executado, independentemente de penhora ou nova intimação,
apresente, nos próprios autos, sua impugnação.

1
Assim, considerando a suspensão dos prazos entre os dias 20/12/2017 à
20/01/2018, e que este douto juízo intimou a ora Impugnante em 20/12/2017
(quinta-feira) a pagar o valor apresentado pelo Impugnado no prazo de 15
(quinze) dias, sob pena de multa cominatória prevista no § 1°, do art. 523 do
CPC/15, e também para em novo prazo de 15 dias, apresentar impugnação ao
cumprimento de sentença, e que o juízo foi devidamente garantido pela ora
Impugnante em 15/01/2018 (segunda-feira), adverte-se que o prazo para
apresentação da presente impugnação ao cumprimento de sentença iniciou-se
no primeiro dia útil seguinte ao término do prazo para pagamento, qual seja
22/01/2018 (segunda-feira), para findar-se em 09/02/2018 (sexta-feira).

Inquestionável, portanto, a tempestividade da presente impugnação.

II – DOS FATOS

O Impugnado afirma em seu pleito inicial que, em 25/01/2011, celebrou junto a


Fundação Valia um contrato de empréstimo, no valor de R$ 10.355,88 (dez mil,
trezentos e cinquenta e cinco reais, e oitenta e oito centavos), com desconto
em folha de pagamento, em 84 parcelas de R$ 208,39 (duzentos e oito reais e
trinta e nove reais).

Ocorre que, em janeiro de 2014, o Impugnado, em virtude de problemas de


saúde, ficou afastado, recebendo auxílio do INSS, por um período de 3 (três)
meses, quando deixou de pagar os boletos das prestações avençadas. Alega o
autor que as parcelas não foram descontadas normalmente, que tal só ocorreu
em junho de 2015, com um desconto mensal de R$ 510,30 (quinhentos e dez
reais, e trinta centavos), o que aponta ter ultrapassado o limite legal de 30% de
desconto em folha.

Sobreveio sentença em 26/05/2017 condenando a Impugnante ao pagamento


de R$ 6.000,00 (seis mil reais), a título de danos morais, com juros de mora, a
partir da citação, e correção monetária, desde a prolação desta sentença, nos
seguintes termos:

“Diante do exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos inaugurais,


pelas razões já explicitadas acima, para tornar definitiva a tutela de
urgência concedida no pedido de n° 6.1, aludente à obrigação de
fazer, limite legal de retenção de apenas 30% (trinta por cento) do
salário do postulante, bem como para CONDENAR a requerida ao
pagamento de R$ 6.000,00 (seis mil reais), a título de danos morais,
com juros de mora, a partir da citação, e correção monetária, desde a
prolação desta sentença (súmula 362 do STJ).
Por fim, julgo extinto o processo com resolução de mérito, nos
termos do artigo 487, inciso I do Código de Processo Civil.
Nesta fase, deixo de condenar em custas e honorários de
sucumbência, de acordo com o artigo 55 da Lei 9099/95.”

2
A Impugnante interpôs Recurso Inominado, ao qual foi negado provimento,
mantendo a Sentença por seus próprios fundamentos, e ainda, condenando a
Fundação Valia ao pagamento de custas processuais e honorários
advocatícios, arbitrados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da
condenação. Ante acordão publicado em 27/09/2017:

“(...) à unanimidade de votos, conhecer do recurso mas lhe negar


provimento, mantendo a respeitável sentença por seus próprios
fundamentos. Condenar a recorrente ao pagamento de custas
processuais e de honorários advocatícios, arbitrados em 20% (vinte
por cento) sobre o valor da condenação, na forma da regra do art.
55, da Lei n.° 9.099/1995.”

Após o transito em julgado, foi requerido pelo Impugnado o cumprimento de


sentença, e a Valia intimada, para, no prazo de 15 (quinze) dias, efetuar o
pagamento do montante por ela devido, sob pena de incidência da multa
cominatória prevista no § 1°, do art. 523 do CPC/15. Conforme despacho:

“(...) foi requerido o cumprimento da sentença proferida nesta


demanda (evento 23)”
Destarte, intime-se a sucumbente, para, no prazo de 15 (quinze)
dias, efetuar o pagamento do montante por ela devido, sob pena de
incidência da multa cominatória prevista no § 1°, do art. 523 do
CPC/15.”
Diante do exposto, a condição para o pagamento é a apresentação do
cumprimento de sentença junto aos cálculos pelo Impugnado, bem como a
Impugnante ser posteriormente intimada para cumprir a obrigação de fazer,
qual seja pagar indenização ao Impugnado a título de danos morais. Neste
sentido, em conjunto com o cumprimento de sentença, os cálculos atualizados
foram apresentados pelo Impugnado em forma de tabela de atualização
monetária de débitos judiciais, produzida por este através do sítio eletrônico do
TJES, no valor de R$ 10.947,18 (dez mil novecentos e quarenta e sete reais, e
dezoito centavos).

Assim, foi proferido despacho em 20/11/2017 (segunda-feira) intimando a


Impugnante para pagar o débito no prazo de 15 (quinze) dias, advertido de que
o não pagamento no prazo ensejaria o acréscimo de multa de 10%, conforme
prevê o § 1º do artigo 523 do NCPC e também para, em novo prazo de 15 dias
apresentar impugnação ao cumprimento de sentença conforme art. 525 do
NCPC.

Desse modo, a Impugnante cumpriu de imediato o pagamento correspondente


ao cumprimento de sentença apresentado pelo Autor, efetuando o depósito da
quantia exequenda em garantia devidamente corrigida e atualizada para que
pudesse apresentar a presente impugnação ao cumprimento de sentença,
considerando que o valor apontado pelo Impugnado mostrou-se flagrantemente

3
excessivo e sem respaldo algum tanto sob o aspecto contábil quanto sob o
prisma do regulamento do Plano de Benefícios.

III – DO MÉRITO

O art. 525 do novo Código de Processo Civil, através de seu §1º, destaca as
matérias que podem ser abordadas no mérito da presente impugnação ao
cumprimento de sentença, verbis:

Art. 525.  Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento


voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o
executado, independentemente de penhora ou nova intimação,
apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o
processo correu à revelia;
II – ilegitimidade de parte;
III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV – penhora incorreta ou avaliação errônea;
V – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII – qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde
que supervenientes à sentença.
(grifos nossos)

Assim sendo, partindo das possibilidades acima destacadas e analisando de


forma atenta aos documentos que instruem os autos, verifica-se que a presente
execução comporta grande incongruência que deve ser resolvida no bojo desta
impugnação ao cumprimento de sentença, atinente ao excesso de execução
previsto no inc. V do dispositivo supramencionado.

Verifica-se, in casu, que o Impugnado pretendeu execução no valor de R$


10.947,18 (dez mil novecentos e quarenta e sete reais, e dezoito centavos).
Ocorre que o valor exequendo se mostra flagrantemente excessivo, consoante
será demonstrado adiante.

A princípio, certifica-se que o Impugnado, ao apresentar seus cálculos, utilizou-


se do período de 26/05/2017 a 20/11/2017 para calcular o fator de correção
monetária do TJ/ES, e foi utilizada a data, 06/08/2015, como referência para
aplicar os juros, exatamente como estabelecido em sede de Sentença.

Ocorre que, ao aplicar multa de 10% em três momentos de seu cálculo, deixa
de assistir razão o Impugnado, pois, conforme se observa através do
acompanhamento processual desta demanda, a Valia só seria condenada a

4
multa de 10% caso ultrapassasse o prazo de 15 (quinze) dias para efetuar o
pagamento. Confira-se:

Com efeito, o Autor incluiu ao seu cálculo, de forma indevida, uma multa de
10% sobre o valor principal corrigido (R$ 6.032,97), no importe de R$ 603,30
(seiscentos e três reais e trinta centavos). Como se observa:

Em seguida, foi aplicada outra multa de 10% no importe de R$ 829,33


(oitocentos e vinte e nove reais, e trinta e três centavos) sobre o valor de R$
8.293,32 (oito mil duzentos e noventa e três reais, e trinta e dois centavos) que
seria a soma da multa de R$ 603,30 (seiscentos e três reais e trinta centavos)
aplicada anteriormente, com o valor principal e os juros corrigidos
monetariamente, qual seja, R$ 6.032,97 (seis mil e trinta e dois reais, e noventa
e sete centavos) e R$ 1.657,05 (mil seiscentos e cinquenta e sete reais, e cinco
centavos), respectivamente. Se não, veja:

E por fim, aplicou outra multa de 10% no importe de R$ 165,87 (cento e


sessenta e cinco reais, e oitenta e sete centavos), referente à multa de
honorários advocatícios, calculada sobre o valor de 20% de honorário no
montante de R$ 1.658,66 (mil seiscentos e cinquenta e oito reais, e sessenta e
seis centavos). Como demonstrado a seguir:

5
Assim, considerando que a multa prevista no art. 523, § 1º do NCPC tem cunho
coercitivo, e visa compelir a parte devedora ao pagamento do débito
exequendo, devendo incidir após o transcurso do prazo estabelecido para
pagamento, é nítido que o Autor aplicou a referida penalidade de forma
indevida, visto que além de no momento do cálculo ainda não ter encerrado o
prazo de 15 (quinze) dias determinado no despacho, o Autor aplicou a multa
sobre três valores enquanto o correto seria, se não estivesse sido realizado o
pagamento pela Impugnante, ter aplicado apenas sobre o valor do débito.
Conforme prevê o artigo 523, §1° do NCPC:

“Art. 523.

No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em


liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o
cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do
exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no
prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.

§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o


débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de
honorários de advogado de dez por cento.”

Por análise lógica, a multa somente poderia ser aplicada previamente pelo
Autor e sobre o valor incorreto, para se tornar um instrumento que, de qualquer
modo, beneficiaria somente ao mesmo.

O valor apresentado pelo autor, portanto, está em excesso, e a inclusão da


multa em três momentos distintos, e antes da decisão publicada em 20/11/2017
é indevida, devendo ser extirpada da condenação, mesmo porque, a
Impugnante demonstrou que garantiu o juízo a tempo hábil e modo devidos,
não havendo nenhuma outra multa cominada à impugnante no processo.

A seguir, demonstra-se que a recentíssima jurisprudência adota o mesmo


entendimento apresentado por esta Impugnante, vejamos:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO – CUMPRIMENTO DE


SENTENÇA – MULTA – ART. 523, § 1° DO CPC – TERMO
INICIAL – A multa prevista no art. 523, § 1° do CPC tem
cunho coercitivo, ou seja, visa compelir a parte devedora ao
pagamento do débito exequendo, devendo incidir após o

6
transcurso do prazo estabelecido para o pagamento.
Primeiramente deve ser homologado o cálculo e oportunizada
ao exequente eventual complementação da diferença existente
entre o valor depositado e a quantia efetivamente devida, para
que depois, à míngua do pagamento da quantia, incidisse o
ônus em comento.
AGRAVO PROVIDO.
(TJ-SP 214100753201782260000 SP 53.2017.8.26.0000,
Relator: Maria Lúcia Pizzoti, Data do Julgamento: 20/09/2017,
30° Câmara do Direito Privado, Data de Publicação:
26/09/2017)”

Portanto, o valor correto do débito da Impugnante é de R$ 9.426,23 (nove mil


quatrocentos e vinte e seis reais, e vinte e três centavos), composto pela
atualização monetária calculada desde a data da prolação da sentença
(26/05/2017) no valor de R$ 6.059,55 (seis mil e cinquenta e nove reais, e
cinquenta e cinco centavos), pelos juros calculados desde a data da citação
(06/08/2015) no valor de R$ 1.795,64 (mil setecentos e noventa e cinco reais, e
sessenta e quatro centavos), e pelo valor de R$ 1.571,04 (mil quinhentos e
setenta e um reais, e quatro centavos) a títulos de honorários de 20%,
calculados como definido em sede de Sentença e pelo acórdão que transitou
em julgado.
Dessa forma, o excesso na execução promovido pelo Impugnado é de R$
1.520,95 (mil quinhentos e vinte reais, e noventa e cinco centavos), senão
vejamos:

VALOR EXECUTADO VALOR DEVIDO EXCESSO NA EXECUÇÃO


R$ 10.947,18 R$ 9.426,23 R$ 1.520,95

Nesses termos, deve ser declarado o excesso na execução no valor de R$ R$


1.520,95 (mil quinhentos e vinte reais, e noventa e cinco centavos),
devendo ser o competente alvará expedido em benefício da Impugnante para
levantamento do valor executado em excesso.

IV – DO PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO

Conforme permissivo constante do Art. 525, § 6º, da Lei Adjetiva, pode o


magistrado conceder efeito suspensivo para a impugnação ao cumprimento de
sentença, mediante a demonstração pela Impugnante, desde que relevantes
seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente
suscetível de causar ao Impugnante grave dano de difícil ou incerta reparação.

7
“Art. 525. (...) § 6o A apresentação de impugnação não impede a
prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o
juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com
penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito
suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o
prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de
causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.”

O presente caso, obviamente, reclama a atribuição do requerido efeito


suspensivo.
Na hipótese dos autos, nota-se evidente excesso de execução promovida pelo
Impugnado, sendo que os valores cobrados são superiores aos valores
devidos.
Assim, tem-se que o excesso na execução promovida pelo Impugnado afetará
a Entidade como um todo, inclusive os demais beneficiários a ela vinculados.
É que a Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social – VALIA é ser uma
Entidade Fechada de previdência complementar – EFPC, constituída sob a
forma de fundação, sem fins lucrativos, nos termos do §1º do art. 31 da Lei
Complementar nº 109/2001, responsável, apenas, pelo gerenciamento dos
benefícios de seus participantes e assistidos:
Art. 31. As entidades fechadas são aquelas acessíveis, na forma
regulamentada pelo órgão regulador e fiscalizador, exclusivamente:
I – aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos
servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, entes denominados patrocinadores; e
II – aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter
profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores.
§1º As entidades fechadas organizar-se-ão sob a forma de
fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos.

A VALIA tem por objeto a instituição e execução de planos de benefícios de caráter


previdenciário para os quais tenham autorização específica, segundo as normas
aprovadas pelo órgão regulador e fiscalizador do Ministério da Previdência Social.

Por força de lei específica e de seus preceitos regulamentares, atua sob o regime
de capitalização, não distribuindo qualquer parcela de seu patrimônio a título de
lucro ou participação de resultados, eis que reverte, integralmente, a totalidade de
suas receitas e seus recursos em prol de seu objetivo fundacional, qual seja, o
pagamento dos benefícios complementares aos seus participantes.

Nesses termos é que, por não possuir finalidade lucrativa, os recursos


administrados pela Valia não são seus, mas sim dos demais participantes e

8
assistidos. Logo, permitir-se o levantamento do valor em excesso discutido nos
presentes autos importará em prejuízos não só à própria Valia, mas
diretamente à todos seus beneficiários.
Desta forma, resta patente a necessidade de concessão de efeito suspensivo a
presente impugnação, sob pena de ocasionar-se prejuízos irreparáveis não só
à Impugnante, mas também à terceiros.
Nesse sentido é o entendimento consolidado pelo Egrégio Tribunal de Justiça
de Minas Gerais, autorizando-se a concessão do efeito suspensivo pretendido:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO


- IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - ATRIBUIÇÃO
DE EFEITO SUSPENSIVO - MEDIDA EXCEPCIONAL - CABIMENTO -
PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGAIS DO ART.475-M DO CPC.
1. A impugnação ao cumprimento de sentença poderá ser recebida no
seu efeito suspensivo desde que atendidos os requisitos legais do
art.475-M do CPC.
2. Verificada a presença da relevância da fundamentação da tese trazida
na impugnação à execução e apurada a presença de grave dano de
difícil ou incerta reparação ao impugnado com o prosseguimento da
execução antes do julgamento da impugnação ao cumprimento de
sentença, bem como garantido o juízo pelo valor exequendo, deve ser
atribuída a impugnação o competente efeito suspensivo.
3. Recurso conhecido e provido. (TJMG, Agravo de Instrumento nº
0762285-97.2013.8.13.0000, Rel. Des. Mariza Porto, 11ª Câmara Cível, DJe
30/04/2014) (sem grifos no original)
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL
CIVIL. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
JULGAMENTO DO INCIDENTE AO QUAL NÃO FOI
ATRIBUÍDO EFEITO SUSPENSIVO. PEDIDO DE EXPEDIÇÃO DE
ALVARÁ. DESNECESSIDADE DE SE AGUARDAR O TRÂNSITO EM
JULGADO DA DECISÃO. RECURSO PROVIDO. 
- De regra, a impugnação ao cumprimento de sentença não
tem efeito suspensivo (CPC, art. 475-M). Contudo, o próprio texto legal
ressalva a possibilidade de o juízo atribuir efeito suspensivo quando
houver postulação expressa do executado nesse sentido, desde que
sejam relevantes os seus fundamentos e, ainda, que o prosseguimento
da execução possa lhe causar grave dano de  difícil ou incerta
reparação. (...) (TJMG, Agravo de Instrumento nº 0404100-
42.2013.8.13.0000, Rel. Des. José Flávio de Almeida, 12ª Câmara Cível,
Dje 08/11/2013) (grifos não originais)

Diante do exposto, deve ser concedido o efeito suspensivo à presente


impugnação, para que se evite o levantamento do depósito em garantia e evite-
se a ocorrência dos prejuízos narrados.

V – CONCLUSÃO

De todo o exposto, e uma vez evidenciados os equívocos nos cálculos


entabulados pelo Impugnado, pede e requer a Impugnante:

9
a) Seja a presente Impugnação ao Cumprimento de Sentença recebido por
este Juízo com a concessão de efeito suspensivo para que se evite o
levantamento dos valores controvertidos, nos termos do §6º do art. 525
do NCPC;

b) Seja o Impugnado intimado para, no prazo de 15 (quinze) dias,


manifestar sobre a presente Impugnação, em observância aos princípios
da ampla defesa e do contraditório;

c) Seja julgada integralmente procedente a presente Impugnação ao


cumprimento de sentença, para reconhecer o excesso de execução no
importe de R$1.520,95, devendo tal valor ser liberado em favor da
Impugnante, sob pena de enriquecimento sem causa do impugnado;

d) Requer-se, por fim, a condenação do Impugnado nos ônus de


sucumbência devidos pela fase de cumprimento de sentença, bem como
pagamento de honorários advocatícios sobre o valor calculado em
excesso.

VI – DAS PUBLICAÇÕES E NOTIFICAÇÕES

Requer esta Embargante que todas as intimações dos atos processuais,


referentes aos presentes autos, sejam dirigidas exclusivamente a sua
procuradora, MARIA INÊS MURGEL, OAB/MG 64.029, com escritório
profissional situado na Av. Afonso Pena, 2951, Bairro Funcionários, Belo
Horizonte, MG, CEP 30.130-006, sob pena de nulidade.

Termos em que pede deferimento.


Serra/ES, 25 de janeiro de 2018.

MARIA INÊS MURGEL FÁBIO A. JUNQUEIRA DE CARVALHO


OAB/MG 64.029 OAB/MG 64.646

THIAGO THOMPSON BOIER


OAB/RJ 212.685

10

Você também pode gostar