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Caso 1

1. Celeste realizou um pedido genérico, nos termos do 556º, que remete para a necessidade
de liquidação nos termos do 358º, sem prejuízo do incidente de liquidação poder ser deduzido
após a sentença de condenação genérica, conforme previsto no nº 2. Neste contexto, admite o
609º/2 que haja uma condenação sem que a obrigação seja líquida, condenando o tribunal no
valor que vier a ser liquidado, o que se verifica no caso de Celeste.

Nos termos do 703º/1, a), as sentenças condenatórias são títulos executivos, verificando-se - à
partida - a exequibilidade extrínseca. Contudo, refere o 704º os requisitos da sentença
enquanto título executivo, dispondo o nº 6 que - na existência de condenação genérica e não
dependendo a liquidação da obrigação de simples cálculo aritmético – a sentença só constitui
título executivo após liquidação no processo declarativo, nos termos do já mencionado 358º,
sem prejuízo da exequibilidade da parte líquida.

Tendo em consideração que Celeste “juntou os valores que considera necessários para a
liquidação”, como refere o caso, parece-nos que a liquidação dependia apenas de um simples
cálculo aritmético - que foi feito, e aferido um pedido líquido de 12.500€, nos termos do
716º/1, verificando-se assim a exequibilidade extrínseca dada a força da sentença enquanto
título executivo.

Quanto à exequibilidade intrínseca – que implica a necessidade da obrigação ser certa, líquida
e exigível, nos termos do 713º -, a mesma está verificada.

2. Sim. O que se equaciona é a sentença ainda não ter transitado em julgado, visto ter sido
interposto recurso. O 704º/1 resolve, referindo que a sentença só constitui título executivo
depois do trânsito em julgado, salvo se o recurso contra ela interposto tiver efeito meramente
devolutivo, caso em que se constitui como título executivo mesmo antes de transitar em
julgado. Ora, a regra geral está prevista no 647º/1, e atribui ao recurso efeito meramente
devolutivo salvas as exceções dos nºs 2 e 3. Assim sendo, existe ainda neste caso título
executivo e consequente exequibilidade extrínseca, salvo se Amilcar e Bento requererem a
atribuição do efeito suspensivo ao recurso nos termos do 647º/4, com fundamento a prejuízo
considerável e desde que prestada caução no prazo fixado pelo tribunal, ou em momento
posterior nos termos do 704º/5, desde que prestada caução e Celeste não tivesse ainda
prestado ela caução para usar da faculdade do 704º/3.

3. Caso a liquidação não seja obtível através de um simples cálculo aritmético, nos termos do
716º/1, e tratando-se de uma sentença de condenação genérica, seria necessário a dedução
de incidente de liquidação no processo declarativo (358º/2) com renovação da instância, via
704º/6.

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