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FACULDADE DE CIÊNCIAS JURIDICAS E CRIMINAIS

LICENCIATURA EM CIENCIAS JURIDICAS E INVESTIGACAO CRIMINAL


2º ANO LABORAL

VITIMISMO FORENSE

Universidade alberto chipande

Beira
2023

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JESSICA PITA ANGOLANO
JULIA RAIMUNDO MULANDEZA

VITIMISMO FORENSE

Trabalho á apresentar na cadeira de Direito penal,


no departamento de Ciências e Tecnologia da Uniac
na Faculdade de Ciências Juridicas e Criminais.
Docente:Maria Madalena
Docente e Msc: J.S Capasurra

BEIRA
2023

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Índice
1 Introdução.................................................................................................................4

1.1 Objectivos.............................................................................................................. 4

1.1.2 Objectivo geral.................................................................................................4

1.1.3 Objectivos específicos.....................................................................................4

1.2 Metodologia........................................................................................................... 4

2 Vitimismo forense..................................................................................................... 5

2.1 Conceito de vitimismo............................................................................................6

2.3 Vítima penal...........................................................................................................7

2.4 Classificação das vítimas.......................................................................................9

2.5 Dupla penal e vitimização....................................................................................10

2.6 Vitimização primária, secundária e terciária........................................................10

2.7 Contribuição da vítima nos crimes.......................................................................11

3 Conclusão...............................................................................................................13

4 Bibliografia.............................................................................................................. 14

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1 Introdução

O presente trabalho insere-se na cadeira de direito penal e tem como tema:


vitimismo forense. É necessário entender que a Vitimismo exerce o seu lugar a partir
do momento em que um direito é violado, não tendo basicamente um início de fato,
isso é, na ocorrência do local de sucesso. Dentro do tema iremos destacar vários
aspectos no caso de: conceito de vitimismo, Vítima penal, classificação das vítimas,
dupla penal e vitimização, vitimização primária, secundária, terciária e contribuição
da vítima nos crimes.

1.1 Objectivos

1.1.2 Objectivo geral

 Entender de fato o papel da vítima e seus interesses e deveres, entendendo


assim quais medidas ou precauções a serem tomadas.

1.1.3 Objectivos específicos

 Conceituar o vitimismo;
 Classificação e o fenómeno da vitimização, incluindo a análise da dupla
penal;
 Evolução dos direitos humanos a vitimologia.

1.2 Metodologia
A metodologia utilizada para elaboração do presente tema foi a partir de
bibliografias doutrinárias, considerando os estudos já realizados em cima dessa
questão e as propostas feitas para um melhor entendimento do papel da vítima. A
pesquisa foi embasada, também, em posicionamentos jurisprudenciais e disposições
legais..

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2 Vitimismo forense

Dentro de um crime, existe o autor e a vítima. A preocupação com a vítima


esteve presente em diversas fases, desde a Antiguidade, seguindo com a Segunda
Guerra Mundial e agora com os dias atuais. Com isso, houve o surgimento da
Vitimologia, com o objetivo de estudar melhor a vítima e sua relação com o crime.

Dois grandes pioneiros envolvidos no estudo foram de Benjamin Mendelsohn, um


grande advogado judeu, professor e pesquisador, iniciando seu trabalho após a
segunda guerra mundial, e Hans von Hentig, grande psicólogo alemão, ainda
perseguido pelos nazistas. Nessa base, o estudo acabou se espelhando
mundialmente, buscando reconhecer os direitos que regem a base da vítima.

É necessário entender que a Vitimismo exerce o seu lugar a partir do momento em


que um direito é violado, não tendo basicamente um início de fato, isso é, na
ocorrência do delito. Com a evolução dos direitos humanos a vitimismo passou a dar
mais destaque ao papel da vítima nos julgamentos atuais, considerando sua
colaboração e corresponsabilidade no delito dentro do processo criminal. Além
disso, isso permitiu com que a vítima passasse a receber um tratamento mais
humanizado, a partir das leis especiais e medidas protetivas que visam resguardar
os direitos violados pelo crime.

O papel desempenhado pela vítima, inclusive, impacta na formulação de leis


cada vez mais específicas para tutelar seus direitos de forma eficiente e adequada,
valorizando-se o conceito de vitimologia dentro do âmbito legislativo. Com a
valoração da vítima e o reconhecimento de sua fragilidade, institutos foram
implementados em prol dessa figura, sendo explanado algumas das Leis de
proteção às vítimas e testemunhas ameaçadas.

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2.1 Conceito de vitimismo

O conceito de vítima se baseia em uma literatura especializada, onde no


campo da vitimologia há uma grande abrangência, como poderá ser observado na
citação de doutrinadores nesse trabalho.

A análise sobre a vítima, enquanto peça do crime é recente, considerando a


seu estudo depois a Segunda Guerra Mundial (1940-1945).

Nos tempos primórdios, é perceptível, o prejuízo em relação ao ofendedor ou


seu agrupamento social. A vítima detinha, em suas mãos, o poder de definir o tipo
de pena que deveria ser aplicada ao seu agressor. Podem ser citadas aqui, as
punições físicas. Em um segundo momento, a pena passou a ser uma restituição em
dinheiro, paga pelo ofendedor à vítima. Nesse momento, o Estado passa a intervir,
fixando a pena e obrigando a vítima a receber.

Logo, percebe-se que o não via a vítima como peça ou elemento do crime,
mas sim uma imperfeição exterior a ele. Esse conceito estende-se para as Escolas
Clássica forenses e positivista. Na Escola Clássica forense, por exemplo, havia uma
ampla cisma com o crime, agora na Escola Positivista a consideração estava voltada
para o criminoso. Esse abando em relacionamento á vítima também pode ser olhado
em outras áreas do conhecimento.

Segundo (LUIZ FLÁVIO GOMES E ANTONIO PABLOS DE MOLINA) O


abandono da vítima do delito é um fato incontestável que se manifesta em todos os
âmbitos: no Direito Penal (material e processual), na Política Criminal, Política
Social, nas próprias ciências criminológicas. Desde o campo da Sociologia e da
Psicologia Social, diversos autores têm denunciado esse abandono: o Direito Penal
contemporâneo, advertem, acha-se unilateral e equivocadamente voltado para a
pessoa do infrator, relegando a vítima a uma posição marginal, no âmbito da
previsão social e do Direito civil material processual.

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(HANS GROSS -1901) começou a iniciar os trabalhos nesse ramo. Apenas na
década de 1940, onde Von Hentlg e Benjamim Mendeslson iniciaram os estudos
mais sistemáticos das vítimas. Nas escolas Positiva e Clássica, o direito penal só se
importava com o delito, o delinquente e a pena. Em 1973, após o Simpósio
Internacional de Vitimologia em Israel, o chileno Israel Drapkin incentivou e
supervisionou a dupla, onde foi iniciado o estudo das vítimas, tentando entender
seus traços e sua interação com a psicologia e psiquiatria.

(ALLINE PEDRA JORGE) define o conceito de vítima, derivado do latim


como victima, disposto como: "pessoa ou animal sacrificado ou destinado aos
sacrifícios, oferecido como forma de pedido de perdão pelos pecados humanos".
Esse termo é advindo do verbo vincire, que significa o ato de atar ou amarrar, posto
que a pessoa ou o animal oferecido a sacrifício após uma vitória eram amarrados.

A expressão vítima por si só tem o significado de perda, atado, amarrado,


pessoa ou animal que, ao perder uma batalha, não tem como impor resistência ao
sofrimento. Nesse sentido, há como entender a figura da vítima como uma pessoa
perdedora, frágil de certa forma. É de alguma forma pensar do porquê as pessoas
não se sentem a vontade de se imaginarem nessa posição, mesmo que não é
possível descartar tal ideia.

2.3 Vítima penal

Por sua vez, Frederico Abrahão de Oliveira explica que a vítima é alguém que
teve seus direitos humanos e/ou seus direitos fundamentais atingidos, de um jeito
físico, mental ou econômico. "O foco da abordagem deve ser mais amplo, já que
existem vítimas de crime e de não crime" (FERNANDES, 1995, p. 39).

(PAUL SEPAROVIC) vítima como sendo “qualquer pessoa, física ou moral,


que sofre como resultado de um desapiedado desígnio, incidental ou acidental”.
Scarance Fernandes, seguindo o pensamento de Paul, critica determinada posição,
afirmando ser impossível determinar as abrangentes vítimas dos crimes. Em um viés
jurídico, Scarance descreve que há duas principais dificuldades.

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Primeiramente, com o conceito, que pode ser amplo ou restrito, ligado ou não
a vítima.

Para ele, o conceito restrito se limita a área criminal, havendo uma variedade de
papéis em que a vítima penal pode ocupar dentro daquele caso, existindo
consequentemente uma variedade terminológica, podendo ser caracterizada como a
segunda dificuldade presente.

Portanto, quando o foco é a vítima penal, se cria o pensamento e fundamento


de ser aquela que é atingida pela violação de normas de direito penal, ou, em outras
palavras, devido à prática de crime (FERNANDES, 1995, p.42). Seguindo com a
narrativa de Fernandes, vale ressaltar que a vítima está sujeita a sofrer pelas outras
esferas, como administrativa e civil.

No mesmo estudo define-se a Declaração dos Princípios Básicos de Justiça


Relativos às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder: entendem-se por
"vítimas" as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido um prejuízo,
nomeadamente um atentado à sua integridade física ou mental, um sofrimento de
ordem moral, uma perda material, ou um grave atentado aos seus direitos
fundamentais, como consequência de atos ou de omissões violadores das leis
penais em vigor num Estado membro, incluindo as que proíbem o abuso de poder.

Uma pessoa pode ser considerada como "vítima", no quadro da presente


Declaração, quer o autor seja ou não identificado, preso, processado ou declarado
culpado, e quaisquer que sejam os laços de parentesco deste com a vítima. O termo
"vítima" inclui também, conforme o caso, a família próxima ou as pessoas a cargo da
vítima direta e as pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervirem para prestar
assistência às vítimas em situação de carência ou para impedir a vitimização.

As vítimas de Delito são classificadas pela ONU como vítima penal, por conta
da violação que sofrem, seja por dano físico ou moral, ou até mesmo pela perda de
um bem material, a partir da lesão aos seus direitos fundamentais. Diante dos
conceitos citados, é possível aferir que a doutrina é divergente a respeito de uma
definição clara sobre a vítima. Isso, por si só, demonstra a relevância do tema e a
necessidade que a Vitimologia tem de estudar as vítimas dentro do âmbito penal.

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2.4 Classificação das vítimas

São classificadas inúmeras vezes as espécies de vítimas: descritas na lei, os


que são prejudicados e os grupos formados pela família e Estado. Em outra
vertente, existem também as chamadas Tipologia da Vítima.

A classificação por Mendelsohn segue o raciocínio da seguinte maneira: A vítima


ideal ou completamente inocente; vítima menos culpada que o delinquente ou vítima
por ignorância; vítima tão culpada quanto o delinquente; vítima mais culpada que o
delinquente ou provocadora; vítima como única culpada.

A vítima ideal ou completamente inocente se baseia naquela que não


participou em nada no contexto delitivo, onde não provocou e não colaborou para
ocorrer o crime. Já a vítima menos culpada que o delinquente, também chamada de
vítima ignorante, é aquela que contribui de algum modo para o resultado danoso do
crime, intencionalmente ou não. No caso da vítima tão culpada quanto o delinquente
é aquela de que alguma maneira se torna indispensável para caracterizar o crime,
como por exemplo o estelionato pela torpeza bilateral, onde age de má-fé buscando
algum benefício com atitude.

Também, a vítima mais culpada que o delinquente, como o próprio nome já


diz, se enquadra na vítima provocadora como por exemplo o homicídio privilegiado.
E finalmente, a vítima como única culpada que, como o próprio nome já diz,
constitui-se na pessoa unicamente culpada pelo crime.

É o caso dos crimes culposos e de legítima defesa. De acordo com Ribeiro


(2001), Lola Aniyar de Castro foi uma autora que fez um dos melhores estudos das
vítimas, onde separou os tipos de vítimas em quatro. Sendo eles: vítima coletiva ao
singular; vítima de crimes alheios e de si mesma; vítima por tendência, reincidente,
habitual e profissional; vítima que age com culpa inconsciente, consciente, com dolo.
Já (Jiménez de Asúa), classificou as espécies de vítimas em: vítima indiferente
(onde o assaltante não se importa em quem assaltar); vítima ex crime determinante
passional por crimes e a vítima coadjuvante (aquela que ajuda o criminoso). Essa
classificação contém um teor sociológico delimitador, levando em conta o
desenvolvimento da sociedade.

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2.5 Dupla penal e vitimização

A relação entre vítima e autor do crime é denominada de dupla penal. Criada por
Mendelson (1947) para explicar a vítima e o vitimário no cenário da vitimologia e sua
importância. Essa relação é necessária não apenas para entender a culpa da vítima
no crime, mas também para entender qual o tipo de atuação do agressor, podendo
ser dolosa ou culposa e a tipificação da conduta, excludentes e tipificação penal e
medidas e soluções que devem ser tomadas para a decisão da pena e condenação
penal.

Os variados estudos vitimológicos já realizados não acordam com a unilateralidade,


passando a visão de ultrapassada, onde concluem que deve ser estudado todo o
conjunto de autores do crime, e não apenas o criminoso. É importante fazer essa
leitura do crime para que assim sejam tomadas as medidas cabíveis, ignorando o
fato de que não deve ser ponderado excluir a culpabilidade do réu e suas
justificativas para cometer o crime. Molina (1997) detalha que a vitimização é um
processo que o indivíduo ou grupo passa para entender se irá se tornar vítima de
terceiro ou da sociedade, por própria conduta ou não.

Nessa condição, o agressor claramente tem como o objetivo principal de prejudicar a


vítima. Em caso, cada crime cria uma vítima, porém, já de conhecimento e
entendimento, que não é criado apenas uma vítima e sim várias, em vezes que até o
Estado se enquadra. A vitimização é um fenômeno pelo qual uma pessoa ou algum
grupo de indivíduos se torna vítima de uma infração penal. (MANZANERA, 2002,
p.73).

2.6 Vitimização primária, secundária e terciária

(FERRACINI NETO) a vitimização primária “é utilizada para referir a vítima

personalizada ou individual, que pode ser diretamente ou indiretamente atacada e

ferida em transgressão frontal, que é ameaçada ou tem uma propriedade furtada ou

danificada”.

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A vitimização secundária “refere-se geralmente a estabelecimentos
comerciais. A vítima é impessoal, comercial ou coletiva, mas não é tão difusa a
ponto de incluir a comunidade como um todo.”

A vitimização terciária “exclui tanto primário como secundário e diz respeitar


uma vitimização muito difusa que se estende a comunidade em geral inclui crimes
contra a ordem pública harmonia social ou administração do governo”.

A primária é aquela que age de forma direta e imediata do ato; a secundária


se baseia na junção das vítimas primárias e o exercício formal, ou seja, a
consequência sobre a vítima diante todo o processo de apuração e punição do
crime. E a vitimização terciária é aonde todo comportamento vem da parte da
comunidade e meio social, criando certos preconceitos.

Para uma possível mineração de ocorrência do fenômeno da vida vítimas


ação secundária ou pelo menos a diminuição de seu grau de magnitude seria
necessária intervir intervenção estatal e partir para um tratamento sério sobre os
crimes cometidos evitando as tradicionais perguntas constrangedoras que
questionam a sua moralidade e buscar um pejorativamente levantar provas que teria
provocado a conduta agressora e que resultou danos contra sua integridade moral
física ou sexual.

2.7 Contribuição da vítima nos crimes

Em continuação ao estudo da vitimologia, nesse capítulo será abordado a


relação da dupla penal, vítima e agressor no contexto do crime, seguindo como base
os estudos realizados e já citados por doutrinadores, visando o entendimento da
relação.

A vítima ofendida, em algumas vezes exerce certa influência sobre o agente


ofensor e por isso, se tornou um sujeito importante para a conclusão e consequência
do crime. Durante todo o trajeto de história do Direito Penal, a vítima sempre esteve
em um papel de parte ofendida e passiva.

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Porém, com os estudos recentes e a mudança de doutrinas, surgiu a
necessidade de reformular a interpretação do seu comportamento, a partir de uma
nova compreensão. Não se deve deixar de lado a consequência jurídica, prevista no
artigo 59 do Código Penal, estabelecendo a jurisdição e o comportamento da vítima.

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3 Conclusão

Chegado ao fim do trabalho, em jeito de conclusão, é possível perceber que o


estudo da vitimismo ocupa um papel muito importante, além de abranger um amplo
e complexo estudo, no comportamento da vítima, autor, e sua dupla vitimização.
Porém, percebe-se que o atendimento da vítima dentro do processo criminal ainda é
precário, sem considerar efetivamente o atendimento de forma humanizada que ela
merece.

O vitimismo vem com o objetivo de entender e apresentar os direitos e


deveres que a vítima tem dentro do ordenamento jurídico, demonstrando que a
ausência de sua valoração pode sujeitar outros indivíduos a ocupar esse papel.

A vítima, infelizmente, mesmo com estudos feitos por grandes nomes do


Direito Penal, não recebe do Estado o tratamento que merece. É evidente que a
tutela penal apresenta falhas no oferecimento de amparo às vítimas e isso causa
uma insegurança jurídica no nosso ordenamento.

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4 Bibliografia

BITTENCOURT, Edgard de Moura. Vítima: vitimologia, a dupla penal delinquente-


vítima, participação da vítima no crime, contribuição da jurisprudência brasileira para
a nova doutrina. São Paulo: Universitária de Direito, 1971, p. 21.

FERNANDES, António Scarance. O Papel da Vítima no Processo Criminal. São


Paulo: Malheiros, 1995.

GOMES, Luiz Flávio e GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio. Criminologia, 3. ed.


rev, at. e amp.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p.73.

JORGE Alline Pedra. Dissertação de Mestrado. Em busca da satisfação dos


interesses da vítima penal., 2005.

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