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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial

Registro: 2022.0000208678

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2214344-70.2020.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante
LSF10 BRAZIL U.S. HOLDINGS, LLC,, é agravado ATVOS
AGROINDUSTRIAL S/A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

ACORDAM, em 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram
provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que
integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores FORTES


BARBOSA (Presidente) E AZUMA NISHI.

São Paulo, 23 de março de 2022.

ALEXANDRE LAZZARINI
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial

Voto nº 26992
Agravo de Instrumento nº 2214344-70.2020.8.26.0000
Comarca: São Paulo (1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais)
Juiz(a): João de Oliveira Rodrigues Filho
Agravante: Lsf10 Brazil U.s. Holdings, Llc,
Agravado: Atvos Agroindustrial S/A - Em Recuperação Judicial
Interessado: Alvarez & Marsal Consultoria Empresarial do Brasil Ltda. -
Administrador Judicial

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO QUE


HOMOLOGOU PLANO DE RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. ALTERAÇÃO DO CONTROLE
SOCIETÁRIO DA RECUPERANDA, SUBMETIDA A
ARBITRAGEM, NO CURSO DA ASSEMBLEIA DE
CREDORES.

AUTONOMIA DA EMPRESA EM RECUPERAÇÃO


JUDICIAL EM FACE DE SEUS SÓCIOS. A
DIVERGÊNCIA QUANTO AO CONTROLE
SOCIETÁRIO É OBJETO DE DEMANDAS
PRÓPRIAS.

GARANTIA DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA. A


VONTADE DOS NOVOS CONTROLADORES DA
RECUPERANDA NÃO SE SOBREPÕE A VONTADE
DOS CREDORES, EXPRESSA EM ASSEMBLEIA DE
CREDORES.

PRINCÍPIOS DA SEPARAÇÃO DOS CONCEITOS DE


EMPRESA E DE EMPRESÁRIO, DA SEGURANÇA
JURÍDICA E DA PARTICIPAÇÃO ATIVA DOS
CREDORES.

AUSÊNCIA DE ILICITUDES APTAS A INVALIDAR


A HOMOLOGAÇÃO.

RECURSO NÃO PROVIDO.

Trata-se de agravo de instrumento interposto contra r.


decisão de fls. 38302/38334 dos originais, proferida nos autos da recuperação
judicial das agravadas, que homologou o plano aprovado pelos credores,
concedendo-lhe a recuperação judicial, sem qualquer alteração nas cláusulas
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3.13.2.2, 5.16.5, 6.3.1, 6.4.2.1 e 6.6.


Insurge-se a empresa 'LSF10 Brazil US Holdings, LLC',
sustentando, em apertada síntese, que: a) as alterações no plano, realizadas na
'calada da noite', em flagrante abuso de direito e com má-fé, tiveram o único
propósito de prejudicar, ou mesmo cercear, o exercício dos direitos do novo
acionista controlador do Grupo Atvos; b) os credores não podiam deliberar sobre
matérias de competência exclusiva da assembleia geral de acionistas; c) o Poder
Judiciário deve exercer o controle de legalidade, identificando as cláusulas que
não se adequam à legislação, bem como eventual abuso de direito; d) a gestão das
recuperandas pretende a diluição da participação acionária adquirida pela LSF10;
e) a cláusula 3.13.2.2 não traz qualquer benefício ou efetividade à restruturação do
passivo das recuperandas; e) o Plano de Recuperação Judicial não pode servir de
instrumento para garantir a determinados acionistas direitos que não mais lhes
assistem diante da aquisição das ações pela agravante; f) a agravante não
renunciou, tácita ou expressamente, ao direito de preferência, conforme consta na
cláusula 5.16.5, observando que cabia à ela fazê-lo ou não; g) o plano traz ônus
aos acionistas, sem qualquer consulta prévia à agravante (controladora), “sendo
descabido e irrazoável que seja obrigada a aceita-lo por deliberação de quem não
tinha competência sequer para propô-lo”; h) as recuperandas assumiram
determinadas obrigações no plano de recuperação judicial, de modo a vincular a
agravante, sempre com a intenção de impedi-la de exercer regularmente os direitos
que a participação societária lhes garante; i) na versão do plano apresentada em
16/04/2020, o Presidente do Conselho de Administração da NewCo seria eleito
entre um dos membros indicados pelo acionista controlador do Grupo Atvos,
todavia, em 19/05, foi retirado tal direito do acionista controlador, podendo ser
eleito qualquer um dos seus membros; j) “a cada cláusula analisada fica mais
evidente que o intuito das Recuperandas ao inserir tais previsões às pressas no
PRJ aqui questionado não era outro senão o de retirar da Agravante, os direitos e
prerrogativas aos quais, por ter adquirido o controle societário da Atvos Agro, faz
jus”; l) as cláusulas mencionadas nas razões recursais (3.13.2.2, 5.16.5, 6.3.1,
6.4.2.1 e 6.6) são o exemplo perfeito de ato ilícito por abuso de direito de que trata
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o art. 187 do Código Civil, resultando na sua nulidade; e m) “não se está tentando
aqui obstar o prosseguimento do processo de Recuperação Judicial de origem, mas
tão somente garantir que os direitos inerentes ao controle acionário das
Recuperandas temporariamente tolhidos de maneira injusta da Agravante
possam ser regularmente exercidos assim que superados os obstáculos
injustamente opostos pela ilegítima gestão”.
O pedido de antecipação da tutela recursal foi indeferido,
sob o seguinte fundamento (pp. 2300/2303):

“O plano de recuperação judicial aprovado em


AGC goza de autonomia, respeitando-se a vontade dos
credores, todavia, está sujeito ao controle de legalidade e
acatamento aos princípios que orientam o direito
contratual.
Em que pesem os argumentos trazidos pela
agravante sobre as ilegalidades e abuso de poder das
recuperandas, não se observa a urgência na suspensão dos
efeitos das cláusulas 3.13.2.2, 5.16.5, 6.3.1, 6.4.2.1 e 6.6
(vii), podendo-se aguardar a oitiva da parte contrária,
Administradora Judicial, eventuais interessados e d.
Procuradoria Geral de Justiça.
Não se pode perder de vista que as referidas
cláusulas versam sobre os direitos dos acionistas em
relação à NewCo, ou seja, não serão implementadas de
imediato, podendo aguardar o julgamento do presente
recurso.
Além disso, como já mencionado em outros
recursos envolvendo as partes, a Agravante acompanha a
recuperação judicial do Grupo Atvos desde o seu
ajuizamento, por meio da Planner, representante dos
interesses da Lone Star. Ou seja, estava ciente de todas as
negociações envolvendo o plano e os interesses dos
credores.
Importante lembrar que, após os escândalos
envolvendo o Grupo Odebrecht, bem como a aquisição das
ações da 'Atvos Agro' por empresa vinculada a Planner,
uma opositora ferrenha das propostas das recuperandas, os
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credores poderiam se sentir inseguros quanto ao


cumprimento do plano e condução da recuperação judicial,
preferindo adotar medidas visando reduzir ou minimizar
qualquer alteração no controle do Grupo, resguardando
seus direitos.
Também, deve ficar anotado, que o próprio
cedente, NATIXLS, NEW YORK BRANCH,
conjuntamente com outros bancos (BANCO BILBAO
VIZCAYA ARGENTARIA S.A., SUMITOMO MITSUI
BANKING CORPORATION, MUFG BANK, LTD. e
INTESA SANPAOLO S.P.A., NEW YORK BRANCH)
também acompanham e acompanharam ativamente todas as
negociações, destacando que o Agravo de Instrumento
interposto por eles (2150075-56.2019.8.26.0000), foi
julgado em 05/2/2020, bem como os dois embargos de
declaração (final 50000 interposto pelas recuperandas;
final 50001 interposto por esse grupo de bancos) foram
julgados em 29/4/2020. Lembre-se que no referido recurso
se discutia, justamente, a exigibilidade de Contrato de
Alienação Fiduciária e seu registro, referente as ações da
Atvos. Até então, nenhuma notícia foi formulada quanto a
operação de modificação da posição desses bancos foi
noticiada.
Assim, não se pode concluir que as alterações nas
cláusulas resultaram de perseguição ou abuso de poder,
objetivando exclusivamente o prejuízo da Agravante,
podendo, simplesmente, ser o resultado de uma
negociação/imposição de credores.”

As recuperandas apresentaram contraminuta às pp.


2307/2335, com documentos às pp. 2336/2605, alegando, em síntese, que: i) até o
momento, a LSF10 não é credora ou acionista da Atvos Agroindustrial, portanto,
não tem legitimidade para questionar a decisão homologatória; ii) as modificações
feitas no plano são mero detalhamento de cláusulas já existentes; iii) o tempo para
análise das alterações foi considerado suficiente pelos próprios credores; iv) o
plano apresentado em 1º de abril de 2020 já atribuia direitos aos credores e
restrições aos acionistas; v) os ajustes nunca tiveram a finalidade de criar qualquer
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obstáculo à agravante; e vi) o presente recurso viola o princípio da soberania da


assembleia de credores.
Manifestação do administrador judicial às pp. 2607/2618,
opinando pelo reconhecimento da ilegitimidade da agravante para interposição do
presente agravo de instrumento, pois apenas credores e Ministério Público podem
recorrer das decisões que concedem a recuperação judicial. Não bastasse, as
cláusulas apresentadas pela agravante não parecem violar os institutos da
recuperação judicial, pois elaboradas para favorecer credores em detrimento do
contralador.
Parecer da douta Procuradoria Geral de Justiça às pp.
2623/2626, pelo não provimento do recurso, ressaltando que tais questões são de
ordem societária, passíveis de discussão pela via judicial adequada.

É o relatório.

I) O pedido de recuperação judicial foi ajuizado em


17/06/2019, constando do polo ativo as seguintes empresas: 1) ATVOS
AGROINDUSTRIAL S.A, 2) ATVOS AGROINDUSTRIAL PARTICIPAÇÕES
S.A, 3) PONTAL AGROPECUÁRIA S.A, 4) RIO CLARO AGROINDUSTRIAL
S.A, 5) BRENCO COMPANHIA BRASILEIRA DE ENERGIA
RENOVÁVEL, 6) DESTILARIA ALCÍDIA S.A E USINA ELDORADO S.A, 7)
USINA CONQUISTA DO PONTAL S.A e 8) AGRO ENERGIA SANTA LUZIA
S.A. O magistrado deferiu o processamento da recuperação judicial na mesma
data.
A Assembleia Geral de Credores foi instalada em
17/12/2019. Em 17/04/2020, os credores aprovaram a consolidação substancial
das recuperandas ATVOS AGROINDUSTRIAL S.A, ATVOS
AGROINDUSTRIAL PARTICIPAÇÕES S.A, PONTAL AGROPECUÁRIA
S.A, RIO CLARO AGROINDUSTRIAL S.A, BRENCO COMPANHIA
BRASILEIRA DE ENERGIA RENOVÁVEL, DESTILARIA ALCÍDIA S.A E
USINA ELDORADO S.A (agravadas).
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II) A fim de elucidar a matéria debatida no presente


recurso, serão transcritas algumas cláusulas do Plano de Recuperação Judicial:

“3.13.2.2. Capitalização Obrigatória dos Créditos Entre


Partes Relacionadas decorrentes da Emissão das Debêntures. No momento da
emissão das Debêntures, os créditos relativos à Tranche B serão utilizados pelos
Credores Elegíveis para integralização das Debêntures, na forma da Cláusula 5.6,
sendo que o crédito que venha a existir entre a NewCo e qualquer das
Recuperandas em decorrência de tal integralização deverá ser convertido em
capital da respectiva devedora até 60 (sessenta) dias contados da emissão das
Debêntures, na forma da lei.
(...)
5.16.5. Declaração das Recuperandas para Exercício dos
Bônus de Subscrição. As Recuperandas declaram que (i) o exercício do Bônus de
Subscrição, na forma e para os fins previstos neste Plano, independe de qualquer
aprovação societária no âmbito de qualquer das Recuperandas e/ou de seus
Acionistas, conforme Anexo 5.16.5; e (ii) não existe qualquer instrumento ao qual
as Recuperandas e/ou Acionistas, conforme Anexo 5.16.5, estejam obrigadas que,
de qualquer forma, direta ou indiretamente, impeçam o exercício do Bônus de
Subscrição pelos seus titulares, na forma e para os fins previstos neste Plano.
Adicionalmente, os Acionistas renunciam, de forma irrevogável e irretratável, ao
direito de preferência previsto nos artigos 77, parágrafo único, e 171 da Lei das
S.A.
(...)
6.3.1 Ajustes nos Percentuais para Entrada do Novo
Controlador. Caso os Credores Elegíveis decidam, em Reunião de Credores, ceder
parcela de seus direitos econômicos para o novo Controlador, os detentores da
Tranche Acionista anuem, desde já, em ceder parcela de seus direitos econômicos,
proporcionalmente à sua participação na respectiva tranche. Nesse caso, os
percentuais previstos nas Cláusulas 5.10, 5.11, 5.15.2, 5.16.1, 5.16.3, 5.16.6,
6.4.2.1 e 6.4.4 serão automaticamente ajustados de maneira proporcional, para
acomodar o percentual destinado ao novo Controlador, sendo que, em qualquer
caso, a cessão dos direitos econômicos relativos à Tranche Acionista estará
limitada a 50% (cinquenta por cento) do percentual previsto na cláusula 6.4.
(...)
6.4.2.1 Vencimento e Amortização da Tranche Acionista.
Sem prejuízo do disposto na Cláusula 6.4.2, os instrumentos jurídicos a serem
emitidos no âmbito da Tranche Acionista não terão data de vencimento fixa, e
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deverão prever que o pagamento será feito mediante a destinação de 10% (dez por
cento) dos recursos líquidos provenientes de cada Evento de Liquidez Tranche B e
de 10% (dez por cento) dos recursos provenientes de cada Evento de Distribuição
da Atvos Participações. Os instrumentos jurídicos a serem emitidos no âmbito da
Tranche Acionista não gozarão das garantias outorgadas aos Credores Elegíveis,
nos termos da Cláusula 5.14.
(...)
6.6 Constituição e Composição do Conselho de
Administração. O Grupo Atvos deverá tomar todas as providências para a
instalação de um Conselho de Administração na NewCo, na forma da Lei das S.A,
a ser composto por 5 (cinco) membros, eleitos e destituíveis na forma da Lei das
S.A, devendo tais membros ter conhecimento e experiência reconhecida na área de
atuação e observando-se, ainda, as seguintes regras e condições:
(i) Serão eleitos ao menos 3 (três) conselheiros
independentes, indicados a partir de lista com pelo menos 3 (três) candidatos
proposta pelo Grupo Atvos, disponibilizada aos Credores Elegíveis com
antecedência mínima de 15 (quinze) Dias Úteis da data programada para eleição
dos membros independentes do Conselho de Administração, sendo que para cada
um desses assentos poderão ser indicados pelo Grupo Atvos candidatos com
determinada especialização, assegurando-se que a composição final desses
assentos deverá observar as especializações sugeridas na lista a ser apresentada;
(ii) Os candidatos às vagas de conselheiro independente
serão eleitos apenas se não houver objeção pelos Credores Elegíveis
representando a maioria dos Credores Elegíveis, no prazo de até 3 (três) Dias
Uteis antes da data de eleição programada, sendo que, no caso de qualquer
objeção ou impasse, o processo supramencionado será repetido tantas vezes
quanto for necessário, com intervalos máximos de 10 (dez) Dias Úteis, até que
haja uma lista definitiva de candidatos às vagas de conselheiro independentes em
quantidade suficiente para viabilizar a sua eleição. Sem prejuízo do disposto nesta
Cláusula, os candidatos às vagas de conselheiro NewCo serão eleitos livremente
pelo Controlador, a seu exclusivo critério, nas seguintes hipóteses: (a) ausência de
manifestação e/ou objeção pelos Credores Elegíveis quanto aos candidatos às
vagas de conselheiro independente ou (b) manifestação e/ou objeção quanto aos
candidatos às vagas de conselheiro independente por Credores Elegíveis que não
configurem a maioria;
(iii) Os indicados pela Controladora do Grupo Atvos para
as demais vagas do Conselho de Administração poderão ser vetados pelos
Credores Elegíveis na hipótese de serem processados criminalmente ou
condenados pela prática de crimes de lavagem de dinheiro, contra a ordem
tributária e financeira, contra os costumes, hediondos, organização criminosa,
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terrorismo, contra administração pública, ocasião em que a Controladora poderá


indicar outro(s) membro(s) para os assentos do Conselho de Administração em
referência, observando os requisitos estabelecidos nesta Cláusula;
(iv) Os conselheiros indicados na forma do item (i) acima
somente poderão ser vetados pelos Credores Elegíveis, nos termos do item (ii)
acima, caso haja manifesto conflito de interesses, assim entendidos os casos em
que o membro indicado (vi.a) figure como parte em procedimento judicial ou
arbitral contra qualquer dos Credores Elegíveis, (iv.b) possua débitos líquidos,
certos e exigíveis contra qualquer dos Credores Elegíveis, em valor superior a 100
(cem) salários mínimos, (iv.c) estejam sendo processados criminalmente ou
condenados pela prática de de lavagem de dinheiro, contra a ordem tributária e
financeira, contra os costumes, hediondos, organização criminosa, terrorismo,
contra administração pública ou (iv.d) não atenda os requisitos descritos no item
(v) abaixo, ocasião em que a Controladora NewCo poderá indicar outro(s)
membro(s) para os assentos do Conselho de Administração em referência,
observando os requisitos estabelecidos nesta Cláusula;
(v) Para fins deste Plano, será considerado independente o
candidato a membros do Conselho de Administração que não seja, nem tenha
relação direta com a Controladora direta ou indireta do Grupo Atvos e do Grupo
Odebrecht; não tenha seu exercício de voto nas reuniões do Conselho de
Administração vinculados por acordo de acionistas que tenha por objeto matérias
relacionadas ao Grupo Atvos; não seja cônjuge, companheiro ou parente, em linha
reta ou colateral, até segundo grau da Controladora do Grupo Atvos ou do Grupo
Odebrecht, de administradores ou acionistas do Grupo Atvos ou do Grupo
Odebrecht ou de administradores do Grupo Atvos ou do Grupo Odebrecht, direta
ou indireta; e não tenha sido, a qualquer tempo, empregado ou diretor de qualquer
das Recuperandas e/ou seus Controladores diretos ou indiretos, não seja
fornecedor ou comprador, direto ou indireto, de serviços e/ou produtos de
qualquer das Recuperandas e/ou seus Controladores diretos ou indiretos; e não
receba outra remuneração de quaisquer das Recuperandas e/ou seus Controladores
diretos ou indiretos, além daquela relativa ao cargo de membro do Conselho de
Administração da Atvos Agroindustrial;
(vi) O mandato dos membros do Conselho de
Administração será sempre de 2 (dois) anos, permitida a reeleição;
(vii) O Presidente do Conselho de Administração será
qualquer membro do Conselho de Administração eleito pelos próprios
conselheiros, em deliberação por maioria de votos; e
(viii) Os membros do Conselho de Administração somente
serão empossados, na forma da Lei das S.A, quando todos os membros tiverem
siso escolhidos e eleitos em conformidade com o disposto neste Plano, sendo que
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em caso de vacância de um ou mais cargos ocupados por conselheiros


independentes, a nomeação deverá observar os mecanismos previstos neste
Plano.”

III) Antes de ingressar na análise da matéria impugnada,


ressalta-se que a legalidade do plano está sujeita ao controle judicial, sem adentrar
no âmbito da sua viabilidade econômica, conforme já se posicionou o Superior
Tribunal de Justiça:

“RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RECUPERAÇÃO


JUDICIAL. CONTROLE DO MAGISTRADO SOBRE O
PLANO DE SOERGUIMENTO. APROVAÇÃO DA
ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES. VIABILIDADE
ECONÔMICA. SOBERANIA DA AGC. LEGALIDADE.
VERIFICAÇÃO PELO JUDICIÁRIO. REEXAME DE FATOS
E PROVAS E INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS
CONTRATUAIS. INADMISSIBILIDADE.
1. Processamento da recuperação judicial deferido em
24/05/2013. Recurso especial interposto em 04/11/2014 e
atribuído ao Gabinete em 25/08/2016.
2. A jurisprudência das duas Turmas de Direito Privado do STJ
Sedimentou que o juiz está autorizado a realizar o controle de
legalidade do plano de recuperação judicial, sem adentrar no
aspecto da sua viabilidade econômica, a qual constitui mérito
da soberana vontade da assembleia geral de credores.
3. O reexame de fatos e provas e a interpretação de cláusulas
contratuais em recurso especial são inadmissíveis.
4. Recurso especial não provido.” (REsp nº 1660195/PR.
Terceira Turma, Relª. Minª. Nancy Andrighi, j. em 04/04/2017)

No mesmo sentido, é o Enunciado nº 44, da I Jornada de


Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal: “a homologação do plano de
recuperação judicial aprovado pelos credores está sujeita ao controle judicial da
legalidade”.
Desse modo, e embora seja inequívoca a soberania da
vontade dos credores manifestada na assembleia geral, é perfeitamente admissível
o controle judicial da legalidade do plano de recuperação, sem ingresso no
controle de sua viabilidade econômica.
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IV) Em que pese a irresignação da agravante, o recurso não


deve ser provido.
A questão envolvendo a disputa societária entre LSF10 e
Atvos em nada prejudica a homologação ou cumprimento do plano, tendo em
vista que a empresa será recebida pelo controlador no estado em que se encontra,
qual seja, em recuperação judicial, com plano aprovado na AGC. Ademais, não
compete ao Juízo recuperacional dirimir tal discussão, ressaltando que a matéria já
é objeto de arbitragem e diversas ações judiciais.
Lembre-se que quando a transferência do controle
societário ocorreu o processo de recuperação judicial já estava em andamento,
com a assembleia de credores em curso, inclusive.
Por isso, reitera-se o que foi destacado na decisão que
indeferiu a liminar neste agravo de instrumento: “a Agravante acompanha a
recuperação judicial do Grupo Atvos desde o seu ajuizamento, por meio da
Planner, representante dos interesses da Lone Star. Ou seja, estava ciente de
todas as negociações envolvendo o plano e os interesses dos credores”.
Também, não há como a empresa em recuperação judicial,
com plano apresentado e assembleia de credores instalada e pendente, ficar sujeita
à vontade de modificações societárias que podem ocorrer a qualquer momento,
como, no caso presente, estabelecendo uma insegurança jurídica.
Com efeito, em razão disso, uma observação.
Fernando Rodrigues Martins (Comentários ao Código
Civil, vários autores, coord. Giovanni Ettore Nanni, 2ª ed., Ed. Saraiva Educação,
2021, edição digital) ao comentar o art. 49-A do Código Civil (acrescentado pela
Lei n. 13.874, de 20/9/2019) critica o novo dispositivo afirmando que “é
totalmente desnecessário e tem pior redação que o art. 20 do então Código Civil
de 1916, que lhe serviu de base”, sendo que ao tratar da “autonomia patrimonial,
alocação e segregação de riscos” escreve:

“A autonomia 'patrimonial' da pessoa jurídica, de que


trata o parágrafo único, é ponto pacífico, porque antes de
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tudo se trata da própria autonomia da pessoa jurídica.


Como já verificado, a pessoa jurídica não é apenas
realidade jurídica, mas também orgânica, atuando em
termos ficcionais pelo reconhecimento de personalidade
jurídica e empiricamente no desenvolvimento de
atividades”

Aliás, em face da referência ao art. 20 do Código Civil de


1916, vale lembrar o comentário de Washington de Barros Monteiro (Curso de
Direito Civil, 1º vol. Parte Geral, 19ª ed., Ed. Saraiva, 1979, p. 118):

“De outro lado, se algo é devido à sociedade não é


devido aos sócios individualmente; se a sociedade deve
alguma coisa, não é esta devida pelos sócios. Ou, como se
expressava ULPIANO: Si quid universitati debetur,
singulis nobebetur; nec quode debe universitas, siguli
debent.”

Recorde-se, ainda, o ensinamento de Rubens Requião


(Curso de Direito Comercial, 1º vol., 12ª ed., Ed. Saraiva, 1981, pp. 188 e
197/201, ns. 157 e 162/164), no sentido de não haver dúvidas de que o fundo de
comércio, ou estabelecimento comercial, é a “base física da empresa, constituindo
um instrumento da atividade empresarial” e que se compõe “de elementos
corpóreos e incorpóreos, que o empresário une para o exercício de sua atividade”,
e que os bens corpóreos são as mercadorias, as instalações, as máquinas e
utensílios e nos incorpóreos estão os contratos, o ponto comercial, os créditos e
dívidas.
Dessa forma, destacam-se três dos sempre lembrados
princípios que regem a Lei n. 11.101/05: a) separação dos conceitos de empresa
e de empresário; b) segurança jurídica; c) participação ativa dos credores.
Por fim, reforçando a independência entre a empresa e
seus sócios, já que uma não se mistura com os outros, menciona-se o princípio da
entidade. Como explanado pelo I. Des. Fortes Barbosa, nos autos da AP
1000988-13.2016.8.26.0238, j. 21/10/2020: “A sociedade empresária, como
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pessoa jurídica, ostenta plena autonomia patrimonial, de maneira que os sócios


transfundem parcelas de seus patrimônios individuais no patrimônio societário,
que lhe é exclusivo, investida de “poder auto determinativo, como senhora de
seus direitos e de suas obrigações”, efetivando movimentações livremente e
podendo demandar seus próprios sócios, de quem se distingue, “marcada e
inconfundivelmente” (Waldemar Martins Ferreira, Instituições de Direito
Comercial, 5ª ed, Max Limonad, São Paulo, 1957, Vol. 1º, Tomo II, pp.452-3).”
No mesmo sentido:

Sociedade limitada - Ação declaratória e indenizatória


Autora que não pode pleitear direitos em nome da
sociedade Princípio da entidade - Alegação de prática de
concorrência desleal Constituição de nova sociedade pela
sócia (ré) Ausência de vinculação e desnecessidade de
autorização da autora (antiga sócia) Prevalência da livre
concorrência e da autonomia de vontade Concorrência
desleal e desvio de clientela descaracterizados
Improcedência mantida Majorada a verba honorária -
Recurso desprovido, com observações (AP
1003278-50.2016.8.26.0157, Rel. Des. Fortes Barbosa, 1ª
Câmara Reservada de Direito Empresarial, j. 19/08/2019)

Sociedade Limitada - Ação de exclusão de sócio


Celebração de alteração de contrato social contendo
alienação de quotas sociais de titularidade do autor
Pretensão de exclusão da única sócia remanescente
Impossibilidade Arquivamento da alteração no decorrer do
trâmite da ação Perda superveniente do interesse de agir,
desnecessária a tutela jurisdicional originalmente
requerida Carência superveniente da ação reconhecida,
incidente o art. 493, “caput” do CPC/2015 Sociedade que
não se confunde com a pessoa física de seus sócios
Princípio da Entidade - Ônus sucumbenciais repartidos
entre as partes, pela metade, tendo ambas as partes dado
causa à conformação final conferida a este processo
Aplicação do princípio da causalidade - Recurso provido,
decretada a extinção da ação. (AP
1001004-79.2017.8.26.0642, Rel. Des. Fortes Barbosa, 1ª
Câmara Reservada de Direito Empresarial, j. 04/05/2021)
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V) Interessante transcrever trecho da manifestação da


Administradora Judicial (pp.2615/2618):

“32. Com efeito, verifica-se que a LSF10 não questiona


nenhuma cláusula do PRJ que diga respeito a condições de pagamento a credores
(prazos, descontos, carência, desigualdade entre subclasses, dentre outras), como
é o costume quando se trata de impugnações a planos de recuperação judicial e
do atendimento aos três elementos que compõem o art. 47 da Lei nº 11.101/05,
parece não haver o óbice levantado pela Agravante (a manutenção da fonte
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores).
33. Mais particularmente nota-se que a Agravante
reclama a nulidade das disposições que apresenta no PRJ, mas não faz a
necessária remissão aos dispositivos de lei tidos por violados, referindo-se
apenas ao art. 187 do Código Civil e, por tabela, ao art. 166, II, do mesmo
diploma legal.
34. Como é cediço, a nulidade prevista no art. 166, II, do
Código Civil é aquela em que se tem quando for ilícito, impossível ou
indeterminável o objeto do negócio jurídico. Quanto à possibilidade ou a
determinação do objeto do PRJ (o negócio jurídico em comento) não há
discussão. A questão trazida pela Agravante diz respeito à própria licitude do
objeto das cláusulas do PRJ.
35. Novamente a questão da titularidade do direito se
mostra presente, pois o objeto das cláusulas em si não parece ser ilícito, mas ele é
invocado como ilícito dada a possível condição que a Agravante assumirá no
organograma societário.
36. Dessa forma, a verificação da ilicitude deveria ser
condicional: se prevalecer a posição da Agravante no conflito societário que
mantém a respeito da aquisição das ações haveria (no prisma da Agravante) a
ilicitude; se a Agravante for vencida, não haveria o óbice, pois, a proposta do
plano partiu das próprias Recuperandas, logicamente em acordo com a posição
do acionista controlador. Não parece, pois, um critério que atenda ao processo
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de recuperação judicial, mas sim à discussão em particular entabulada entre as


partes.
37. Sob esse aspecto, a Administradora Judicial entende,
então, não assistir razão à Agravante.
38. No que diz respeito ao abuso de direito, importa
inicialmente estabelecer o que se entende pelo instituto. (...)
39. Como se vê, há que se inquirir sobre o exercício de um
direito que exceda manifestamente os limites do seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.
40. Revela-se de imediato que o instituto está permeado
por cláusulas gerais, de forma a exigir a sua interpretação à luz da situação
concreta.
41. O plano de recuperação judicial é um negócio jurídico
(bilateral) que envolve credores e devedor. A iniciativa da proposta é do devedor
e a sua aprovação depende da vontade coletiva dos credores, nas formas
qualificadas na Lei nº 11.101/05.
42. O exercício do direito do devedor é o de propor o
plano. Aos credores caberá o exame e, se for o caso, a aprovação. Nesse
particular, parece não haver um abuso no exercício desse direito. A questão que
vem à tona é se a inserção de determinadas cláusulas excederia ou não os limites
dos fins econômicos e sociais ou violaria a boa-fé e os bons costumes.
43. Tem-se que voltar ao ponto da relação jurídica sob
tutela. A recuperação judicial é instituto que visa propiciar ao devedor de boa-fé
um arcabouço jurídico que lhe permita reorganizar suas dívidas, sua atividade e
seu patrimônio, de forma a lhe permitir superar a crise econômico-financeira que
atravessa.
44. As cláusulas apresentadas pelo Agravante, pelo
prisma da recuperação judicial, não parecem violar os institutos da recuperação
judicial, posto que de sua leitura percebe-se que tanto as Recuperandas quanto os
acionistas voltam-se para conceber uma estrutura que favoreça os credores, em
detrimento do controlador. Ademais, o rearranjo societário é forma expressa de
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recuperação judicial (art. 50, incisos II a VI da Lei nº 11.101/05).


45. Dessa forma, não haveria, no entender da
Administradora Judicial, a violação às cláusulas gerais (finalidade econômico-
social, boa-fé e bons costumes) na inserção das cláusulas reclamadas.
46. Dessa maneira, a Administradora Judicial entende
que, do ponto de vista do processo de recuperação judicial, as cláusulas
questionadas não padecem dos vícios reclamados, pelo que, se o recurso vier a
ser conhecido, não deverá ser provido.”

VI) No mesmo sentido, parecer da d. Procuradoria Geral de


Justiça:

“A condição de controladora ainda está sub judice seja


perante juízo arbitral, quer em ação que tramita em primeira instância, e ações
ajuizadas no exterior.
Recente julgado desta C. Corte entendeu pela
impossibilidade de reconhecimento de condição de controladora e pleito de
condução de futuras assembleias:

Agravo de Instrumento. Recuperação Judicial. Pedido de


suspensão da Assembleia Geral de Credores realizada nos
dias 19 e 20 de maio. Aprovação do Plano das empresas
que aprovaram a consolidação substancial. Perda do
objeto. Recurso não conhecido nesse aspecto.
Reconhecimento da condição de controladora e condução
de futuras assembleias. Impossibilidade. Recurso não
provido, na parte conhecida. AI n.
2100215-52.2020.8.26.0000 relator Desembargador
Alexandre Lazzarini 1ª Câmara Reservada de Direito
Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo j.
04.08.2020 (ora em fase de Recurso Especial) destaque
nosso.

Quanto às alegadas fraudes perpetradas pelas


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recuperandas visando a exclusão da agravante ou ao cerceamento de seus


direitos como acionista controladora.
Em princípio não se há de impedir a capitalização de
créditos decorrentes de emissão de debêntures com a possibilidade de conversão
em capital da respectiva devedora (são várias empresas em recuperação), já que
a emissão de valores mobiliários é prevista legalmente como um dos meios de
recuperação (inciso XV, art. 50 da LFR).
A renúncia a direitos de preferência por parte de acionistas
não deve ser presumida, assim, caso efetivamente a transferência de ações seja
decidida em sede de juízo arbitral em favor da agravante, tal cláusula não poderá
prevalecer por não haver consentido expressamente.
As cláusulas 6.1 e 6.6 (vii) no entender da agravante são
ilustrativas do abuso do direito da antiga controladora, pois enquanto a cláusula
6.3.1 versa expressamente sobre direitos do novo controlador (agravante), a
cláusula 6.6 alija a agravante de um cargo típico do controlador, tudo em
dissonância ao anterior plano de 16/04/20, como não controvertem as agravadas.
Porém, à evidência, tais questões são de ordem societária,
passíveis de serem discutidas pela via judicial adequada, mormente por não
poderem obrigar novo controlador sem a expressa anuência, além de que, em
verdade, não dizem respeito ao PRJ propriamente dito.
Destarte, é o caso de a agravante valer-se de vias
adequadas que não a recuperação judicial para o fim de questionar a eficácia de
tais cláusulas diante de eventual assunção como controladora, em sendo
vencedora no juízo arbitral.”

VI) Concluindo, não sendo demonstrada ilicitude apta a


invalidar total ou parcialmente o plano de recuperação judicial aprovado e
homologado, impõe-se a manutenção da vontade dos credores, expressa em
assembleia de credores, de modo a garantir a preservação da empresa, que se
sobrepõe a vontade dos novos controladores da recuperanda, nos exatos termos da
r. decisão homologatória,
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Portanto, os argumentos da agravante não autorizam a


modificação da r. decisão homologatória, objeto do presente recurso.

Isso posto, nega-se provimento ao agravo de


instrumento.

ALEXANDRE LAZZARINI
Relator
(assinatura eletrônica)

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