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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 1ª VARA CÍVEL DA

COMARCA DE LAJES/SC

Processo Nº XXXXXX

JOÃO SILVA e ANTÔNIO DOS SANTOS, já devidamente qualificados nos


autos do processo Nº ... em litigia com o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, vem,
por meio de seu advogado que esta subscreve, com procuração anexa e endereço
profissional à ... para onde devem ser remetidas as intimações (art. 106, I do
CPC/2015), apresentar CONTESTAÇÃO aos fatos alegados na Petição Inicial, com
fulcro nos arts. 335 e seguintes do CPC/ 2015 e o art 17, § 9º, da Lei n.º 8.429/92.
pelas razões expostas.

I - DOS FATOS

A Distribuidora de Alimentos WWA S/A, João Paulo e Daniela junto de


todos os acionistas da Sociedade Anônima T. Borba Celulose, no dia 31 de maio
de 2016 entraram com uma ação judicial em face de João Silva e Antônio dos
Santos, ex-administradores, sendo o feito distribuído para a Primeira Vara Cível
de Lages/SC.

Sustentado pelos peticionantes que em 2015 João Silva e Antônio dos


Santos eram, diretor de operações e diretor de produção, respectivamente,
sendo realizadas pelos mesmos 6 (seis) operações de compra de máquinas
industriais importadas, no período entre os meses de junho a novembro de 2015,
de modo que não seguiram os procedimento necessários impostos pela
Secretaria da Receita Federal (SRF).

Segundo os autores houve manifesto quanto ao pagamento das multas e


restrições cadastrais por parte da Sociedade Anônima T. Borba Celulose junto a
SRF, alegando-se que não ocorreu nenhuma medida por parte dos ex-
administradores para regularizar a situação fiscal da companhia e adimplir o
referido débito, resultando um prejuízo de R$ 4.400.000,00 (quatro milhões e
quatrocentos mil reais).
Também sendo alegado pelos autores, que não foi dada nenhuma
explicação por parte dos réus pelos atos de sua responsabilidade, ainda dizendo
que só ocorreu aprovação dos acionistas por desconhecimento técnico e boa-fé.
Ocorrendo no dia 27 de julho de 2016 a realização de uma audiência de
conciliação pelas partes, na qual não houve autocomposição.

II - DOS DIREITOS

É notada ilegitimidade ativa por parte dos autores, no momento em que


qualquer acionista pode promover a ação de responsabilidade em face dos
administradores, percebendo-se legitimidade ativa, desde que a ação social não
seja proposta após o prazo de 3 (três) meses da deliberação da assembléia-
geral, não sendo o caso, pois a deliberação ocorreu em 25/04/2016 e a ação foi
proposta em 31/05/2016, estando conforme o previsto no Art. 159, § 3º, da Lei
nº 6.404/76:
Art. 159. Compete à companhia, mediante prévia
deliberação da assembléia-geral, a ação de
responsabilidade civil contra o administrador, pelos
prejuízos causados ao seu patrimônio.
§ 3º Qualquer acionista poderá promover a ação, se não
for proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação da
assembléia-geral.

Nessa mesma linha, é pacífico o entendimento jurisprudencial:

AÇÃO INDENIZATÓRIA POR PREJUÍZOS CAUSADOS


A SOCIEDADE – ILEGITIMIDADE ATIVA DOS SÓCIOS
Cabe à sociedade, mediante prévia deliberação da
assembleia geral, propor ação de responsabilidade civil
contra o autor do dano a ela causado. Sócia de posto de
gasolina ajuizou ação indenizatória contra os demais
sócios pelos prejuízos que teria sofrido com o
encerramento prematuro da empresa, precedido de
atuação indevida dos réus na condução da atividade
empresarial, sem a anuência dela, em contrariedade ao
contrato social. Os réus apresentaram contestação,
alegando que foi a autora quem deu causa ao
encerramento da atividade empresarial. Em reconvenção,
pleitearam a condenação dela ao pagamento de
indenização. Em primeira instância, o Magistrado julgou
improcedentes os pedidos da inicial, “pois a autora não
demonstrou nenhum prejuízo seu, mas apenas prejuízos
sociais”, bem como o da reconvenção por ausência de
fundamentos para os valores indenizatórios pleiteados.
No Tribunal, os Desembargadores afirmaram que, de
acordo com o art. 159 da Lei das Sociedades por Ações –
LSA, “se o administrador ou os sócios causam prejuízos
ao patrimônio da companhia, cabe a esta, mediante prévia
deliberação da assembleia geral, propor ação de
responsabilidade civil contra o autor do dano”. O Relator,
citando trecho da sentença, destacou que,
“excepcionalmente, cabe ao sócio minoritário o manejo de
ação social (‘uti singuli’), no qual representa a sociedade”,
mas considerou que essa não seria a hipótese, pois a
propositura de ação não fora deliberada pelos sócios em
assembleia, conforme art. 159, § 4º, da Lei 6.404/76 –
LSA. Concluiu que eventual crédito exigível deveria ser
perquirido pela sociedade empresarial e não pelos sócios.
Assim, o Colegiado negou provimento aos apelos.
Acórdão n. 1103787, 20160710138365APC, Relator Des.
ARNOLDO CAMANHO, 4ª Turma Cível, data de
julgamento: 13/6/2018, publicado no DJe: 20/6/2018.

Como o evidenciado, ocorreu aprovação pela AGO das demonstrações


financeiras, de modo qual não ouve reserva, devendo a ação de
responsabilidade obrigatoriamente ser precedida da ação própria destinada a
anular a deliberação, não preenchendo a condição de procedibilidade para
ocorrer ação de responsabilidade, em desconformidade com o previsto Art. 286
da Lei nº 6.404/76:

Art. 286. A ação para anular as deliberações tomadas em


assembléia-geral ou especial, irregularmente convocada
ou instalada, violadoras da lei ou do estatuto, ou eivadas
de erro, dolo, fraude ou simulação, prescreve em 2 (dois)
anos, contados da deliberação.

Concluindo assim que tal intento deve ser verificado de maneira concreta,
com base nos elementos acolhidos, o que efetivamente não aconteceu neste
caso.

III - DO MÉRITO

Tendo a AGO dado a comprovação da aprovação sem reservas das


demonstrações financeiras, conclui-se que ocorre exoneração da
responsabilidade dos administradores, em conformidade com o previsto no com
o Art. 134, § 3º, da Lei nº 6.404/76:

Art. 134. Instalada a assembléia-geral, proceder-se-á, se


requerida por qualquer acionista, à leitura dos
documentos referidos no artigo 133 e do parecer do
conselho fiscal, se houver, os quais serão submetidos
pela mesa à discussão e votação.
§ 3º A aprovação, sem reserva, das demonstrações
financeiras e das contas, exonera de responsabilidade os
administradores e fiscais, salvo erro, dolo, fraude ou
simulação (artigo 286).

Pode-se ainda vincular os prejuízos causados à companhia quais foram


associados aos réus, às importadoras, pois não agiram de acordo com o exigido
pela SRF, para que assim fosse possível liberar a carga.

IIII - DOS PEDIDOS

a) O recebimento da contestação;
b) O acolhimento das preliminares, extinguindo-se o processo sem
resolução de mérito conforme o previsto no Art. 485, inciso VI, do CPC;
c) No não reconhecimento da carência do direito de ação, seja julgado
improcedente o pedido formulado na inicial, devendo extinguir o
processo com resolução de mérito conforme o Art. 487, inciso I, do
CPC;
d) A condenação dos autores ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Lages/SC, ____ de __________ de ____.

Advogado/OAB.

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