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TJRJ 202400049440 26/01/2024 21:15:00 HEPI - PETIÇÃO ELETRÔNICA Assinada por FABIO FARIAS CAMPISTA
WANDERSON PINHEIRO DA SILVA e sua esposa EVELIN DOS
SANTOS BRUM PINHEIRO (“Família Agravante”), nos autos do agravo de
instrumento em epígrafe, em que são agravados JOÃO PAULO FRANCO ROSSI
CUPPOLONI E OUTROS (“Agravados”), vêm, por seus advogados,
tempestivamente, em atenção ao despacho de fls. 349, com fundamento no artigo
1.023, §2º, do CPC, impugnar os embargos de declaração de fls. 313/315,
317/322, 324/331 e 339/347, o que fazem mediante as razões a seguir expostas.
1. TEMPESTIVIDADE
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(...)
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(...)
(...)
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6. A leitura conjunta dos recursos apresentados, por meio das quais todos
os Requeridos no IDPJ de origem sustentam a sua ilegitimidade passiva, leva a
uma situação jurídica absurda de impunidade e frustração do pagamento de
credores, que afronta os princípios mais comezinhos da razoabilidade: a Executada
Rossi seria acéfala, sem controle dos seus acionistas, de modo que ninguém seria
responsável pelo abuso da sua personalidade jurídica, fazendo com que os
acionistas com participações relevantes em seu capital social, responsáveis pela
indicação dos membros do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal
pudessem se aproveitar economicamente dos ilícitos praticados pela sociedade sem
terem, em contrapartida, qualquer responsabilidade patrimonial pelos malfeitos
cometidos com a sua óbvia anuência e autorização.
1
“O restante das normas jurídicas não é só legislação que se move segundo preceitos da Carta Magna, mas
também englobam valores em si, valores que devem ser conformes aos da lei maior. As normas constitucionais
não são apenas normas de interpretação das normas ordinárias, como também elas próprias são parâmetros de
seu entendimento e de sua aplicação, princípios de que o juiz não deve se esquivar, pois, se o fizer, ferirá
letalmente o princípio da legalidade (principalmente a legalidade constitucional). Assim, podemos aplicar
tranquilamente as normas constitucionais junto às normas de caráter ordinário, por exemplo, em função do
artigo x, e por aí vai. A norma constitucional é assim (concreta). Todas as cláusulas legais contidas na
legislação ordinária (diligência, boa-fé, e tantas outras) não serão aplicadas se não tiverem valores conformes
aos valores fundamentais insertos na Carta Magna.” (PERLINGIERI, Pietro. Normas constitucionais nas
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12. Diante disso, a Rossi afirma que tal “fato torna impossível admitir o
prosseguimento da demanda na forma que se encontra”, uma vez que “seu
pretenso direito se qualifica como concursal ao processo Recuperacional da
Peticionante, sob pena de beneficiar o credor em detrimento de outros”, não sendo
possível admitir o “prosseguimento do presente Incidente em face de qualquer dos
Executados, sob pena de bis in idem”.
13. Por conta disso, a Rossi requer “o enfrentamento da questão para que
a Embargante, caso não decorra o efeito infringente e a modificação do julgado,
possam exercer seu direito recursal de forma ampla e sem limitações, pugnando,
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14. Ocorre que o fato novo noticiado pela Rossi, além de não configurar
omissão, em nada altera o entendimento fixado pelo v. acórdão embargado.
15. Isso porque o IDPJ de origem não sofre qualquer reflexo do pedido de
recuperação judicial da Executada Rossi, devendo, portanto, prosseguir para
atingir o patrimônio dos acionistas controladores da Executada Rossi, nos termos
da jurisprudência consolidada do Eg. STJ em razão do princípio da autonomia da
personalidade jurídica (recentemente positivado no art. 49-A do Código Civil) 2:
(ii) “não viola a competência do juízo universal da falência ou da recuperação judicial, por
si só, a decisão que desconsidera a personalidade jurídica da empresa”, pois, “se o
patrimônio da massa falida não é objeto de constrição, mas sim os bens dos sócios não
atingidos pela decretação da falência, não se cogita de competência do juízo falimentar
para decidir sobre a execução do crédito reclamado” (AgInt no REsp n.
1.883.886/SP, relator Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em
5/10/2021, DJe de 14/10/2021).
2 “Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores.”
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17. Isso porque o Eg. STJ entende que a novação decorrente da concessão
da recuperação judicial difere daquela prevista no código civil e “afeta somente as
obrigações da recuperanda, devedora principal, constituídas até a data do pedido,
não havendo nenhuma interferência quanto aos coobrigados, aos fiadores, aos
obrigados de regresso e, especialmente, aos avalistas, dada a autonomia do aval”,
já que “o indivíduo atingido pela desconsideração não responde por dívida alheia;
ele passa a fazê-lo na qualidade de codevedor, e a fonte de sua obrigação estará
no ato ilícito de abuso da personalidade jurídica,” de modo que “a desconsideração
provoca uma alteração no polo passivo da relação obrigacional, incluindo o sócio
onde primitivamente só se encontrava a sociedade”. Confira-se:
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19. Indo além, o STJ destacou que “o texto legal também não exige que a
responsabilidade de terceiros preexista ou seja concomitante à obrigação imposta
ao devedor principal, admitindo, assim, uma interpretação mais abrangente do
termo "coobrigados", contido no § 1º do art. 49 da LREF, de modo a alcançar não
só as pessoas que já eram corresponsáveis pelo adimplemento do débito, mas
também aqueles que, no transcurso de demandas judicias, por expressa previsão
legal de caráter protecionista, são chamados a responder com seus bens pessoais
por dívidas da sociedade”, tratando-se de “uma garantia legal estabelecida em
favor de uma determinada classe (consumidor) que, em virtude da sua
vulnerabilidade, não teria condições de exigir garantias convencionais e que opera
os seus efeitos sempre que a personalidade jurídica da pessoa jurídica inadimplente
representar um obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados” (REsp n.
2.072.272/DF, relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado
em 12/9/2023, DJe de 28/9/2023).
20. Diante disso, a Min. Relatora concluiu que, “por força dessa "garantia",
à semelhança do que ocorre com os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso,
os sócios tornam-se responsáveis pelo pagamento da integralidade da dívida, não
sendo eles os destinatários da novação operada com o objetivo de reabilitar a
empresa”, motivo pelo qual “o consumidor irá receber seu crédito de acordo com o
plano aprovado somente se cobrada a dívida do devedor em recuperação judicial.
No entanto, se redirecionada a responsabilidade pelo adimplemento aos sócios, o
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21. Como se vê, o fato novo alegado pela Rossi não tem o condão de alterar
o resultado do julgamento que corretamente acolheu o IDPJ de origem para tornar
os seus acionistas responsáveis pelo pagamento da integralidade da dívida, sem
sofrer os efeitos do plano de recuperação judicial que supostamente foi aprovado.
O provimento do recurso, sem alteração do resultado do julgamento, para suprir
a omissão com relação a esse ponto é medida que se impõe.
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27. Isso porque não há omissão alguma nesse ponto, tendo o v. acórdão
embargado expressamente analisado o conjunto fático probatório dos autos para
concluir que houve a ocultação dolosa de patrimônio da Rossi por seus acionistas
com direito a voto, obstaculizando o pagamento à Família Agravante consumidora,
de modo que deveria ser decretada a desconsideração da personalidade jurídica da
Rossi e da Dranci por meio da Teoria Menor, conforme resumido no capítulo 2
acima.
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30. Como bem destacado no aludido julgado “o tipo societário não é o que
define a aplicabilidade da denominada Teoria Menor, sendo admitida, pois, a
responsabilização de acionistas que detém efetivo controle sobre a gestão de uma
sociedade anônima”, dispensando-se, “sob a disciplina dessa específica teoria, a
comprovação de abuso da personalidade jurídica ou a prática de ato ilícito, infração
à lei ou ao estatuto social”. Justamente a hipótese na qual se enquadra a Família
Rossi e os demais agravados embargantes segundo o v. acórdão embargado.
32. Nesse sentido, sublinha-se que a Família Rossi possui uma participação
de 16,341%, a BPS de 14,22% 3, o BTG de 14,72%, e a Lagro de 23,248% no
capital social da Executada Rossi (totalizando 68,529% do capital votante), sendo
mais do que suficiente para influir na gestão/administração da sociedade, agindo
como se integrasse o bloco de controle de fato, sendo os agravados embargantes
titulares de direito a voto, decorrente da titularidade de ações ordinárias, e uma
série de outros direitos que o simples acionista não possui (isoladamente, convocar
assembleia geral, requerer exibição de documentos e informações do administrador
e do conselho fiscal, propor ação de responsabilidade contra o administrador e a
sociedade controladora, e etc.).
3
“A ROSSI RESIDENCIAL S.A. (B3: RSID3) (“Rossi” ou “Companhia”) informa que
recebeu, nesta data, comunicado de seu acionista BPS Capital Participações Societárias
S.A. (“BPS”) informando que, em 04 de abril de 2022, sua participação acionária na
Companhia atingiu 2.844.648 (dois milhões, oitocentas e quarenta e quatro mil, seiscentas e
quarenta e oito) ações ordinárias, representando 14,22% do total de ações da Companhia” (Cf. Aviso ao
Mercado de 05.04.2022 – fls. 2570/2572 dos autos de origem)
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(...)
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(...)
35. Isso tudo fica ainda mais evidente quando se observa a situação jurídica
do grupo de acionistas da Família Rossi, que representam de fato o grupo de
controle da Executada Rossi, determinando as estratégias a serem seguidas, o que,
por óbvio, abarca a engenharia societária ora denunciada, elaborada com o único
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Sócios da Executada
Dranci
Rossi Residencial S.A. – 70%
Participações Rep 127 Ltda. –
30%
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PENNA, Paulo Eduardo. Controle Minoritário no Direito Brasileiro. In: CRISTOFARO, Pedro Paulo;
MACHADO FILHO, Caio (coords.). Direito Empresarial: Estudos Contemporâneos – Grupo de Direito
Empresarial da PUC-Rio. Rio de Janeiro: Quartier Latin, 2017. Disponível em:
https://www.novotny.com.br/publicacoes/controle-minoritario-no-direito-
brasileiro#:~:text=O%20controle%20minorit%C3%A1rio%2C%20em%20que,ainda%20relativamente%20r
ecente%20no%20Brasil. Acessado em 29.08.2022.
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“Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas
por acordo de voto, ou sob controle comum, que:
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações
da assembléia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e
b) usa efetivamente o seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos
da companhia.”
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PENNA, Paulo Eduardo. Controle Minoritário no Direito Brasileiro. In: CRISTOFARO, Pedro Paulo;
MACHADO FILHO, Caio (coords.). Direito Empresarial: Estudos Contemporâneos – Grupo de Direito
Empresarial da PUC-Rio. Rio de Janeiro: Quartier Latin, 2017. Disponível em:
https://www.novotny.com.br/publicacoes/controle-minoritario-no-direito-
brasileiro#:~:text=O%20controle%20minorit%C3%A1rio%2C%20em%20que,ainda%20relativamente%20r
ecente%20no%20Brasil. Acessado em 29.08.2022.
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Idem, Ibdem.
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Idem, Ibdem.
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44. Foi justamente todo esse robusto lastro probatório produzido pela
Família Agravante que conduziu o v. acórdão embargado a reconhecer a existência
do bloco de controle do acionistas ativistas com participação relevante no capital
da Rossi, ainda mais quando se observa que os embargantes agravados não se
desincumbiram minimamente do seu ônus probatório de demonstrar que não
seriam controladores da Rossi, encargo este que lhes é atribuído pelo art. 6º, VIII,
do CDC, já que a relação entre as partes é consumerista. Simplesmente não foram
produzidas provas capazes de infirmar as constatações do v. acórdão embargado.
A pretensão dos embargantes agravados se ampara unicamente em de ilações,
sofismas e mentiras.
47. Mais uma vez não há qualquer omissão com relação a esse ponto, tendo
o v. acórdão embargos expressamente se debruçado sobre a questão para concluir
que os imóveis oferecidos eram inidôneos e insuficientes, bem como que havia a
ocultação dolosa de patrimônio da Rossi para impedir o cumprimento das
obrigações judiciais, conforme demonstrado no capítulo 2 acima. O mero
inconformismo da Família Rossi com o resultado do julgamento é evidente e impõe
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48. Ainda que assim não fosse, sublinha-se inegável o acerto do v. acórdão
nesse ponto, porquanto as ilações lançadas pela Família Rossi para alterar o
resultado do julgamento são falsas e não encontram eco nos autos. Diferentemente
do que aduz a Família Rossi:
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“A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração
de insolvência da pessoa jurídica”
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50. Como se vê, a Família Rossi, sob a desculpa de haver uma suposta
omissão, lança uma série de mentiras e esconde a realidade dos autos para tentar
induzir essa Col. Câmara a rejulgar inteiramente o agravo de instrumento, o que
não pode ser tolerado. O desprovimento desse capítulo dos seus embargos de
declaração é inescapável.
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“7. A inexistência ou não localização de bens da pessoa jurídica não é condição para a instauração do
procedimento que objetiva a desconsideração, por não ser sequer requisito para aquela declaração, já que
imprescindível a demonstração específica da prática objetiva de desvio de finalidade ou de confusão
patrimonial.” (...) (REsp 1729554/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 08/05/2018, DJe 06/06/2018).
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52. Nesse sentido, destaca-se que a Lagro aduz que teria havido omissão
com relação ao fato de que “nunca integrou o Conselho de Administração da Rossi
nem mesmo elegeu nenhum conselheiro não havendo pronunciamento judicial a
respeito de tal fato incontroverso”, afirmando que “não há controle na Rossi seja
pela inexistência de um único acionista detentor de mais de 50% das ações, seja
pela inexistência de acordo de acionistas”.
54. Ademais, as ilações da Lagro são mentirosas, pois a prova dos autos é
clara em demostrar que ela tinha direito a votos e participava ativamente na
gestão da Rossi, indicando membros do Conselho de Administração e do Conselho
Fiscal, conforme se pode verificar as atas da AGO de 28.04.2022 e da AGE de
29.04.2021, cujo teor foi transcrito no capítulo 3.2.2 acima.
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56. Desse modo, à luz do art. 116 da L.S.A. 11, a união dos Embargantes
Agravados (acionistas ativistas que junto detinham 68,529%) se mostra suficiente
para a caracterização do referido bloco de controle, já que o mínimo necessário
para a sua configuração é de apenas 25% do capital social votante, em razão da
pulverização do capital social da Rossi na bolsa (o que é expressamente
reconhecido pela Lagro ao apontar a existência de mais de 4.500 acionistas da
Rossi, em sua grande maioria acionistas passivistas).
57. Por óbvio, somente aqueles acionistas com participação relevante e que
atuaram ativamente da gestão da Rossi, com a indicação de membros do Conselho
de Administração e do Conselho Fiscal, cujas deliberações formam a da vontade da
Rossi foram incluídos no polo passivo do IDPJ, restando excluídos todos os milhares
de acionista passivistas da Rossi, que se mantém inertes na gestão dos negócios
da sociedade (vide atas de fls. 1.739/1.746 e 2560/2569 dos autos de origem).
58. Como se vê, simplesmente não é verdade que “não houve havendo
pronunciamento judicial a delinear como a Lagro poderia ser tida como
“controladora” da Rossi”, bem como de que seria necessário explicitar a diferença
existente entre a Lagro, acionista ativista, e os outros mais de 4.500 acionistas
passivistas que jamais participaram da gestão da Rossi. O desapego à verdade e o
intuito protelatório da Lagro é gritante.
59. A tudo isso se soma a torpe tentativa da Lagro inovar a sua tese recursal
ao alegar que haveria omissão com relação ao fato de que “passou a ser acionista
da Rossi em 2019, conforme Comunicado ao Mercado disponível no site da B31,
11“Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo
de voto, ou sob controle comum, que:
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da
assembléia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e
b) usa efetivamente o seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da
companhia.”
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60. Como tal argumento não foi ventilado pela Lagro na contestação em
primeira instância e nem nas contrarrazões ao presente agravo de instrumento,
não sendo possível vislumbrar a existência de omissão sobre a questão:
simplesmente não havia obrigação do seu enfrentamento pelo v. acórdão
embargado. A inovação de tese em sede recursal é gritante.
61. Ainda que assim não fosse, salta aos olhos que tal linha argumentativa,
além de não possuir qualquer fundamento legal, é manifestamente desinfluente
para o julgamento da lide, na medida em que a causa de pedir do IDPJ que foi
acolhida pelo v. acórdão embargado diz respeito à conduta adotada pela Rossi após
o início da fase de cumprimento de sentença em 2021, quando ficou evidenciada a
existência de uma arquitetura societária montada para ocultar dolosamente o
patrimônio da Rossi de modo a frustrar o pagamento de credores. Naquele
momento, a Lagro confessadamente já integrava o bloco de controle minoritário da
Rossi, indicando membros do Conselho Fiscal e do Conselho de Administração.
Nenhuma omissão há para ser suprida.
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65. Observa-se, assim, que a Lagro inovou a sua tese defensiva em sede
recursal e, tal como a Família Rossi, lançou uma série de mentiras sem o menor
pudor, suscitando a ocorrência de alegados erros de julgamento sob a denominação
de omissão, vício inexistente na hipótese dos autos. Os embargos de declaração
não são o meio adequado para buscar o rejulgamento da lide, de modo que o
desprovimento de tal recurso é medida que se impõe.
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(iii) Ainda que assim não fosse, o mero comunicado ao mercado não teria
o condão de comprovar se determinada pessoa é o ou não acionista
de determinada sociedade, nos termos do art. 31 da L.S.A. 12 ,
saltando aos olhos que o BTG não se desincumbiu minimamente do
seu ônus probatório ao deixar de trazer aos autos qualquer prova de
que não seria acionista da Rossi.
12
“Art. 31. A propriedade das ações nominativas presume-se pela inscrição do nome do acionista no livro de
"Registro de Ações Nominativas" ou pelo extrato que seja fornecido pela instituição custodiante, na
qualidade de proprietária fiduciária das ações.”
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72. A insistência do BTG em sustentar que “não pode ser alcançada pela
execução, seja por não ser administradora, seja por não ser controladora”, colide
frontalmente com as conclusões do v. acórdão embargado, revelando que os seus
aclaratórios manifestam apenas e tão somente a sua discordância com as
conclusões alcançadas por essa Col. Câmara.
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73. De igual modo não prospera a ilação do BTG de que “o v. aresto ignorou
o fato de que a única medida constritiva levada a efeito nos autos do cumprimento
de sentença deu-se através do BACENJUD”, não havendo que “se falar em execução
frustrada se não houve uma efetiva pesquisa de bens em nome dos executados”.
74. Na sequência, o BTG, mais uma vez escapando dos limites dos embargos
de declaração, aponta a existência de suposto erro de julgamento, ao defender
que: (i) “para afirmar que os executados estariam agindo em fraude à execução
ou contra credores, deveriam ao menos ter apresentado indícios de que eles se
tornaram insolventes após a transferência de determinado bem em determinada
data”, de modo que não seria suficiente a “mera alegação de que deveriam ter
dinheiro disponível em conta bancária ou de que um dos imóveis objeto de
lançamento imobiliário se encontraria em nome de outra empresa”; e (ii) a “ROSSI
e DRANCI peticionaram nos autos do cumprimento de sentença indicando bens à
penhora para garantir a execução, o que comprova que a alegação de que os
executados estariam esvaziando o seu patrimônio é completamente descabida, não
havendo justificativa plausível para o acolhimento do incidente”.
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5. CONCLUSÃO E PEDIDOS
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Termos em que,
p. deferimento.
Rio de Janeiro, 26 de janeiro de 2024.
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