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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA
REGISTRADO(A) SOB N°
116
ACÓRDÃO I llllll lllll lllll II II Ml lllll lllll llll l<

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


Apelação n° 994.05.121445-3, da Comarca de São José
do Rio Preto, em que é apelante COOPERATIVA DOS
FORNECEDORES DE CANA E AGROPECUARISTAS DE CATANDUVA
COFOCAT sendo apelados CLOVIS ALBERTO PATTI SABELLA
(ESPÓLIO) e ADAHIR PASCHOALINA PATTI SABELLA
(INVENTARIANTE).

ACORDAM, em 5a Câmara de Direito Privado do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte
decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO, V.U.", de
conformidade com o voto do Relator, que integra este
acórdão.

O julgamento teve a participação dos


Desembargadores ERICKSON GAVAZZA MARQUES (Presidente)
e SILVÉRIO RIBEIRO.

São Paulo, 29 de setembro de 2010.

CHRISTINE SANTINI ANAFE


RELATORA
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
5a Câmara de Direito Privado

Apelação Cível n° 994.05.121445-3 - São José do Rio Preto


Apelante: Cooperativa dos Fornecedores de Cana e Agropecuaristas de Catanduva
Apelado: Espólio de Clovis Alberto Patti Sabella
Juiz prolator: Marcela Raia de Sant'Anna
TJSP-(Voto n° 6.858)

Apelação Cível.

Ação monitoria para constituição de título executivo


judicial - Cobrança de dívida de cooperado -
Sentença de procedência dos embargos, com
extinção da monitoria, mantida - Dívida prescrita -
Excedido prazo de um ano da abertura da sucessão,
conforme determinado pelo estatuto social da
autora e previsto no artigo 36, parágrafo único, da
Lei n° 5.764/71.

Nega-se provimento ao recurso de apelação.

1. Trata-se de ação monitoria movida pela Cooperativa


dos Fornecedores de Cana e Agropecuaristas de Catanduva em face de
Clovis Alberto Patti Sabella, alegando, em síntese, que o réu como
cooperado é senhor de direito e obrigações perante a autora. Por força
da assembléia geral extraordinária, decidiu a cooperativa pela
renegociação de dívida junto ao Banco do Brasil, vencida em 1997, nos
moldes previstos nos Estatutos Sociais, o que foi devidamente aprovado
pelo conselho fiscal, no valor de R$ 524.238,50, perfazendo um rateio
no montante de R$ 7.680,39, devidamente atualizado até 31.01.2003

Apelação Cível n° 994.05.121445-3 - São José do Rio Preto - Voto n° 6.858


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para cada cooperado. Assim, postula a condenação do réu ao pagamento


da importância mencionada.

Opostos embargos pelo espólio do autor, comprovado


seu óbito em 20 de agosto de 1995 (144/151), foram os mesmos
julgados procedentes, extinguindo-se a ação monitoria. A autora foi
condenada ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios, fixados em 15% sobre o valor da causa atualizado (fls.
179/181).

Inconformada, apela a autora, requerendo, em síntese,


a reforma da sentença (fls. 183/185).

Processado regularmente, houve juntada de contra-


razões(fls. 190/191).

E o relatório.

2 . 0 recurso interposto não merece provimento.

A autora pleiteia a constituição de título executivo para


cobrança de valores rateados entre seus cooperados, amparada em seu
estatuto social e assembléia geral extraordinária, em face de

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renegociação de dívida junto ao Banco do Brasil no ano de 1999. Em


seu apelo, a autora questiona principalmente a aplicação da Lei Federal
n° 5.764/71 (Associações e Cooperativas). O artigo 36 da referida lei,
assim reza:

"Art. 36. A responsabilidade do associado perante


terceiros, por compromissos da sociedade, perdura
para os demitidos, eliminados ou excluídos até
quando aprovadas as contas do exercício em que se
deu o desligamento.
Parágrafo único. As obrigações dos associados
falecidos, contraídas com a sociedade, e as oriundas
de sua responsabilidade como associado em face de
terceiros, passam aos herdeiros, prescrevendo, porém,
após um ano contado do dia da abertura da sucessão,
ressalvados os aspectos peculiares das cooperativas
de eletrificação rural e habitacionais. "

Não há dúvida sobre a aplicabilidade da Lei n°


5764/71 ao caso tem tela, pois o próprio estatuto da autora, como não
poderia ser de outra forma, segue os trâmites indicados na referida lei,
principalmente em seu artigo 10, parágrafo 3 o , usado como base de
fundamentação pelo MM. Juiz "a quo" ao proferir sua sentença. A

Apelação Cível n° 994.05.121445-3 - São José do Rio Preto - Voto n° 6.858


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autora argumenta não ter sido notificada do falecimento do associado.


Deve-se, entretanto, levar em consideração que o associado era pessoa
física e seu estado civil era solteiro. É incontroverso o fato de que houve
um longo período entre o falecimento do réu (1995), vencimento da
dívida (1997), sua renegociação em 1999 e a propositura da ação em
2003. A cooperativa de há muito não tinha notícias do réu e não
comprova nos autos que tenha de alguma forma tentado notificá-lo.
Conforme a R. Sentença apelada, ainda que não tenha havido a
formalização da exclusão do cooperado falecido, com termo lavrado no
livro de matrícula, mesmo porque não houve o encerramento do
inventário, é indiscutível estarem prescritas as obrigações do cooperado,
pois decorridos não um mas dez anos da abertura da sucessão, datada de
1995. Por expressa previsão estatutária da autora, não se torna possível a
constituição do título executivo judicial como pretendido.

3. À vista do exposto, pelo meu voto nego provimento


ao recurso de apelação.

Christine Santini Anafe


Relatora

Apelação Cível n° 994.05.121445-3 - São José do Rio Preto - Voto n° 6.858


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