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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0025115-28.2020.8.26.0000 e código 153F3A55.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por PATRICK LEMOS CACICEDO, protocolado em 11/05/2021 às 12:15 , sob o número WPRO21005420939.
Revisão Criminal n. 0025115-28.20 20.8.26.0000
Processo de origem n. 0005194-38.2015.8.26.0201
Juízo d e origem: 2ª Vara do Foro de Garça.

Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo,

ANDERSON LUIZ DE SO UZA, já qual ificado no s


autos deste processo, por meio do Defensor Público que est a subscreve,
vem oferecer su as RAZÕES À REVIS ÃO CRIMINAL em epígrafe, com
fundamento no art. 621 e seguint es do Código de Processo Penal.

I. DO CABIMENTO DA PRESENTE REVISÃO CRIMINAL

O interesse de agir do peti cionário se faz presente, em


função de a decisão cond enatóri a ter transi tado em julgado em 02.07.20 20,
conforme certid ão de fls. 538 do s auto s de origem.

O mesmo quanto à possi bilidade jurídica do pedido ,


uma vez que a deci são transitada em julg ado é absolutam ente contrária a
texto expresso da lei e às evidências produzidas nos autos. Não suficient e,
a respeito dos fato s ora debatido s, sublinha-se a adoção de novo
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entendim ento juri sprud encial mai s favo rável ao petici onário, sendo,

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portanto, a revi são criminal a via adequada para compatibili zar o decisum
à interpretação m ais correta da l ei, con soante entendiment o já consolidado
dos Tribunai s Superiores:

PENAL E PROCESSO PENAL. REVISÃO CRIMI NA L


FUNDADA NO ART. 621, I, CPP. ESTELIONAT O
PREVIDENCIÁRIO (ART. 171, § 3º, CP)
PRATICADO POR TERCEIRO NÃO BENEFICIÁRI O
DA FRAUDE. CRI ME INSTANTÂNEO DE EFEITOS
PERMANENTES. ENTENDIMENT O
JURISP RUDENCIAL DO STF SUPERVENIENTE À
CONDENAÇÃO. PRESCRIÇÃO DO IUS PUNIENDI
RECONHECIDA. INEXISTÊNCIA DE ERRO
JUDICI ÁRIO. IMPOSSIBILI DADE DE CONCESSÃO
DE INDENIZAÇÃO (ART. 630, CPP). DEVOLUÇÃO
DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE PENA DE
MULTA: POSSIBI LIDADE. 1. (...) 2. Cabível o
manejo da revisão criminal fundada no art. 621, I,
do CPP em situações nas quais se pleiteia a adoção
de novo entendimento jurispruden cial mai s
benigno, desde qu e a mudança juri spruden cial
corresponda a um novo entendim ento pacífico e
relevant e. (...) (STJ – RVCR 3900/SP 2017/0063342-
2; Órgão Julgado r: S3 – Terceira Seção; Relator:
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca; Data de
Julgamento: 13.12.2017; Publi cação: 15.12.2017)
(Grifo nosso).
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II. DOS FATOS

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Conforme narra a denúncia, no dia 21 de março de
2015, por volta da 19h00, na Rua Catarina Malvesi, 50, Jardim Brasi l, na
Cidad e e Com arca d e Garça, o revisi onando Anderson Luiz de Souza,
qualificado nos aut os, juntam ente com outros dois indiví duos, em
concur so de agentes e com unidade de desí gnios, subtraiu, mediante grav e
ameaça exercid a com emprego de armas contra as vítimas Mauríci o
Ferreira da Rocha e Elisâng ela Cristi na de Lima, coisas alh eias móvei s.

Após a instrução criminal, o juiz de primeiro grau


prolatou senten ça na q ual con denava o revision ando, nos t ermos d a
denúnci a, à pena de 06 anos e 05 meses de reclusão, além de 15 dias-
multa, em regime inici al de cump ri mento de pena fechado, por
consi derar que, ante o conjunt o probat ório estabeleci do, fundado no
reconheciment o pessoal do aut or em sol o policial, não haveri a dúvidas
quanto à materi alidad e e autoria do delito de roubo com causas de aument o
de emprego de arm a de fogo e con curso de agentes.

Após recurso de apel ação, o Tribunal de Ju stiça


manteve a sentença d e primeiro grau no que se referia ao revi sionando,
tendo referido acórdão tran sitado em julgado em 02 de julho de 2020.

Ocorre que os argum entos que su stentaram a


condenação do revision ando não podem pr osperar, ante patent e violação à
legisl ação e à atual interpretação jurisprudencial a respeito do s fatos em
disput a, motivo pelo qual n ecessária a int erposi ção da present e ação.
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III. DO DIREITO

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III.I. DA NULIDADE DO RECONHECIMENTO PESSO AL E
CONSEQUENTE NECESS IDADE DE ABSOLVIÇÃO DO
REVISIO NANDO

A condenação do revisionando Anderson ,


fundament ada exclu sivam ente em reconhecimento pessoal r ealizado pel as
vítimas do d elito em sol o poli cial, e conf irmado por um a del as em sede
judicial, não p ode pro sperar, em fun ção da não ob servância d e
formalidades essen ciais a o ato, restan do este nulo, nos termos d o
artigo 564, IV do Código de Processo Penal.

Inicialment e, cumpre esclarecer que, ausente s


quaisquer outr as pro vas no s autos aptas a corroborar o reconheciment o de
Anderson, a condenação do requerente efetivamente apoiou- se, em su a
totalidade, no ato de reconheciment o pessoal realizado na fase
investigató ria, confirmado em juízo por uma das vítimas. Ressalta-se
que tal afirmação resta evid enci ada pel a fundamentação da sentença de
primeiro grau (fls. 430/436), a qual discor re que:

“Cab e ressaltar que a palavra da vítima, meio de


prova p revisto no CPP, possui especial relevânci a em
crimes con tra o pat rimônio, cometido s longe da vist a
de tercei ros, especialment e quando descrevem com
firmeza o ocorrido e reconh ecem, com igual firmeza,
os agent es, como no presente caso. O acu sado Dani l o
foi devidament e identificado pelas vít i mas, mesmo
sendo col ocado ao lado de outro s indivíduos para fi ns
de reconhecimento. Já o acu sado An derson foi
prontam ente reconheci do pelas vítimas assim que foi
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visto ent rando na Del egacia de Polícia, conduzido

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pela práti ca de outro delito. Frise- se que não se
vislu mbra mácula algu ma no procedimento de
reco nheciment o do acusado Anderson, po is a próp ri a
reda ção do art. 226, inciso II, do Código de Processo
Penal, ao mencionar "quando po ssível", não traz a
ideia de obri gatoriedade. Por outro lado, as palavra s
das vítimas na fase poli cial, bem como o depoimen t o
prestado em juí zo é de ab soluta cert eza de qu e
Anderson praticou o ato delitivo e, a ri gor, não há
qualquer razão para desacreditá-las, consideran d o
que ninguém tem interesse em acusar i njustament e
pessoa inocente” (grifos nosso s).

Não há notíci a de que os bens obj etos do roubo foram


apreendi dos em seu poder; tampouco t estemunhas pud eram indi car su a
participação n a práti ca d elitiva; não ho uve confi ssão; o outro indivíduo
apontado como autor do crime afirmou não conhecer o revisionando; e as
armas de fogo apreendid as em seu poder foram excl uídas pelas próprias
vítimas e pela investigadora de polícia Alessandra como sendo as armas
utilizad as n o delito. Dest a feita, resta claro que o ato de reconh eciment o
não encontra amparo nas demai s evidências dos autos, tratando-se,
assim, de elemento de prova isolad o, porém valorado como sufi cient e
para ensejar a con denação.

Dos auto s, consta que o petici onário teria sid o


conduzi do à del egacia de polí cia doi s di as apó s o s fatos, em função da
prática d o delito de port e ileg al de arma de fogo, e, ao entrar, teria sid o
apontado pelas vítimas do roubo ora apurado como um dos autores do
delito. Assim, elaborou -se boletim de ocorrência para registr ar tal
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informação e, ato contínuo, o revisi onando foi indici ado p elo s fatos,

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ausentes outra s diligências no tocante ao reconh ecimento e também
para apurar sua efetiva particip ação n a conduta a ele imputada (fls.
12/13).

Em sede judicial, a vítima Elisângela esclar eceu a


forma pela qual foi procedido o reconhecim ento do revi sionando,
informando, em mesma linha que o já exposto, que “segunda-f eira nós
está vamo s lá na delegacia para fazer o Boletim de Ocorrência, e nisso o
Anderson chegou algemado e quando nós vimos ele nós falamos ‘foi esse
aqui que fez o a ssa lto em casa’ ”. Instada a proced er ao reconh eciment o
dos autores do delito sob o crivo do contraditório, preferiu não fazê-
lo (fls. 342). Assim, bem se nota que não houve ratificação do
reconheciment o em juí zo, apenas a confirmação de que a vítim a reali zou
o reconhecimento n a deleg acia.

Esclarecidos e bem delimitados os fatos do caso em


comento, passa-se agora à exposição minuciosa a respeit o do
reconheciment o pessoal como mei o de pr ova e sua disciplina no Código
de Processo P enal. Para t anto, revel a-se imprescindível est abelecer
algumas con siderações a respeito da fali bi lidade da mem ória humana.

O Innocen ce Proj ect Br asil, em r elatório produzido em


junho de 2020, trouxe dado s relevantes a respeito da relação entre tal
meio de prova e a alta taxa de erros judiciários atrelados. Consoant e a
pesqu isa, em 75% dos 365 casos em que o Innocence Project NY
comprovou a inocên cia de uma pesso a anteriormente condenada, valendo-
se de exames de DNA, a principal cau sa do erro seria o reconhecimento
equivocado. Nos Estado s Unido s, o reconhecim ento equivocado
corresponde à terceir a maior causa de condenação d e pessoas inocentes,
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revelando-se em 29% dos casos revertidos. O rel atório chama atenção,

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portanto, para a necessidad e de aferir o valor p robatório do
reconh ecimento com muita cautela, ante sua elevada su scetibilidad e a
falhas e distorções:

“Fica claro que o debate sobre o reconheciment o


deve lidar com um fato incontornável: a falibilidad e
da memória humana. O sistem a de justiça deve
reconhecer essa reali dade a fim de tornar mais segur o
o uso de registros da memória humana para a produção
de prova em processos judi ciai s, uma vez que tai s
regi stros são facilm ente contami nados por
estímulos extern os, e têm capacidad e l imitada de
reter detalh es sobre rostos, roup as, e uma
infinidade de outros el ementos capturado s
transitori amente durante um crime”. (INNOCENCE
PROJECT BRASIL. Prova de Reconhecimento e Erro
Judiciá rio. 1ª ed. São Paulo, 20 20. p. 1.) (grifos
nossos).

O erro no reconheciment o não se trata,


necessariamente, de ato deli berado da vítima, no intuito de prejudi car
pessoa alhei a ao f ato crimino so. Diversos são os fat ores que influ em n a
qualidad e da identificação por part e das vítimas do delito, sendo po ssível
citar (i) o tempo de dur ação do evento crim inoso e o tempo em qu e a ví tim a
esteve expo sta ao autor do fato; (ii) a gravidade do delito; (iii) o tempo
entre o contato com o autor e o efetivo reconhecimento, em solo polici al
ou judici al; (iv) as condições do l ocal do fato; (v) a natur eza do delit o;
entre outros.
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Muitas da s vari ávei s menci onadas incidem

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diretamente sobre o estado psi cológi co d a vítima no momento do crime,
de maneira a prejudi car sua capacid ade de reter as informações
associada s ao ato criminoso. Consoant e Iván Izqui erdo em seu estudo a
respeit o da memória, tem-se que “quanto mais calma ou quanto melhor
estiver o ânimo da p essoa, ma ior será a capacidad e de armazenamento da
sua memória. Ao contrário, quanto maior for a alt eração psicológica,
meno r será a capacidade de reter informações” (IZQUIERDO, Iván.
Memória. Porto Al egre: Artmed, 2006, p. 12). Deste modo, exp eriên cias
traumáticas são mai s difici lmente apreendidas com tantos detalhe s
pelos indivíduo s, em função do estresse atrelado a elas.

Na mesma toada, o relatório do Innocence Projec t


Brasil, ci tado anteriormen te, expli cita que, em delitos com o emprego d e
arma, as vítimas tendem a centralizar sua atenção em tal foco de
perigo, de maneira que demais element os da dinâmica criminosa são
colocado s em segundo plano, inclusi ve as feições do agressor, tendo em
vista qu e a ameaça imediat a à vítim a é o objeto de mai or potenci al lesivo.

Dessa forma, verifica-se que o reconhecim ento pessoal


não é i sent o de erros, po sto q ue, a d esp eito de consi derações acerca do
esqu ecimento da vítima, até o fato lemb rado pode ser di storcido – é o
fenômeno das falsa s memórias, que extrapolam a experiên cia
diretamente vivida e correspondem a memórias que sequer existiram,
ou não existi ram da forma lembrada. Conforme estudos da psi cóloga
norte-americana Elizab eth Loftu s, as memórias falsas podem ser
construí das, inclu sive, a p artir da reuniã o da memória verdadei ra com
sugestões vindas de outra s pessoas, ainda que o indivíduo não perceba a
origem da informação sug esti ona.
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A prova oral, no Brasil, é tida como uma das provas

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mais relev antes para a construção do convencimento do juízo a respeito d a
materialidade e da aut oria da prát ica delit iva, ante a con statação d e que a
palavra d a vítima é dot ada de inerent e credibilidade, especialmente em
delitos com etido s fora do alcance do olhar público, e não pode ser afastada
a não ser em circunstâncias excepcionai s, haja vista não haver justifi cativa
para que a vítim a queira deliberadamente prejudicar alguém qu e não
cometeu o delit o contra ela. Assim, o reconhecimento pessoal positivo
de um acusado to rna pro va em cont rári o quase qu e “diabólica”, vist o
que o reconhecimento é tido como dotado de força inerente, uma cediça
indicação de culpa, e em di verso s casos é sufici ente p ara a condenação,
à míngua de dem ais prov as.

Porém, frisa-se que o debat e acerca da fal ibilidade da


memória hum ana n ão trata d e desval orar a palavr a da vítim a, e sim d e
reconhecer a existênci a de f alsas m em órias, a despeito do nível de
detalhamento esbo çado p ela p arte ofendi da – Elizabeth Loftus, novament e,
pontua que ainda quando a lembrança é expressa com confiança,
detalhe e emo ção, não é certo que o evento tenha ocorrido com o
narrado, vi sto qu e, como j á apont ado aci ma, a apreensão do s fato s e su a
reprodução por meio das memórias é i nfluenciada por uma série de
variávei s (LOFTUS, E. F. Make believe memories. American Psychologi st,
277, 2003, p. 867-873).

É em função de todo o exposto que, atualmente,


consi dera-se primordi al a observân cia, no mínimo, do regramento
previ sto pelo a rtigo 226 d o Código d e Processo Pen al, no tocante ao
reconh ecimento de p essoa s dentro de u m procedimento criminal. Ist o
porque, como o reconhecimento é dotado de elevada sub jetividade e
também apto a muitas falhas, o regramento previsto pelo CPP estab elece
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diretrizes mínimas para evitar event ual erro de reconhecimento,

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tratando-se de v erdadeira garantia ao acusado, em especi al ao se
considerar que é geralmente reali zado em solo policial, em momento
em que ausente o contraditório e, quase sempre, ausente advogado ou
representant e do Mini stério Públi co para acompanhar as diligênci as.

Nest e sen tido cami nha a doutrina:

“[O reconhecimento] Trata-se de ato em inentem ent e


formal, para cuja validade é rigorosam ent e
necessá ria a observânci a do procediment o
probatório previsto no art. 226 do CPP. (...) As
formalidades de que se cer ca o reconhecim ento pessoal
são a próp ria garantia da viabi lidade do
reconh ecimento como prova, visando a obtenção d e
um elemento mais confiável de convencimento .
(BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo Penal. 6ª ed.
São Paulo: Thomas Reuters, 2018, pp. 496-499)
(grifos nossos).

“[O reconh ecim ento] Trata-se de um a prova cuj a


forma de produção está estritamente definida e,
partindo da premissa de que – em matéria
processu al penal – forma é garantia, não há espaço
para informali dades judici ais. Infelizm ente, prática
bast ante comum n a praxe forense consiste em fazer
'reconhecimentos informai s', admitidos em nome do
princípio do livre con vencim ento motivado. (...) Tais
cuidados, long e de serem inútei s formalidades,
constituem condi ção de credibil idade do
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instrumento probatóri o, refletindo na qualidade da

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tutela jurisdicional prestada e na própri a
confiabilidade do sistema judiciário de um país.”
(LOPES JUNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 17ª
ed. São Paulo: Sa raiva Edu cação, 2020, pp. 770-773)
(grifos nossos).

A jurisprudência dos Tribunai s Superiores, em


movimento recente, também firmou-se no sentido de ser necessária a
observância do s ditames lega is do art igo 226 do CPP para que o
reconh ecimento pessoa l possa servir de lastro a eventual cond enação,
tendo com o julgad o paradi gma o Habeas Corpus n. 598.886-SC, de
relatoria do Ministro Rog ério Schietti Cruz, cujas conclu sões são expo stas
em sequ ênci a:

HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO.


RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO DE PESSOA
REALIZADO NA FASE DO INQUÉRITO POLICIAL.
INOBSERVÂNCIA DO P ROCEDI MENTO PREVISTO
NO ART. 226 DO CPP. PROVA INVÁLIDA COMO
FUNDAMENTO PARA A CONDENAÇÃO. RIGO R
PROBATÓRIO. NECESSIDADE PARA EVITAR
ERROS JUDICI ÁRIOS. PARTI CIPAÇÃO DE MENOR
IMPORTÂNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. ORDEM
PARCIALMENTE CONCEDIDA. 12. Conclusões: 1)
O reconhecimento de pessoa s deve observar o
procedimento p revi sto no art. 226 do Código d e
Processo Penal, cujas formalidades constituem
garantia mínima para quem se encontra na condição
de susp eito da prática de um crime; 2) À vista do s
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efeitos e do s riscos de um reconhecimento falho, a

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inobservância do procedimento descrito na referid a
norma processu al torna inválido o reconheciment o
da pesso a susp eita e não poderá servi r de lastro
a eventual condenação, mesmo se confirmado o
reconh ecimento em juízo; 3) Pode o magistrad o
realizar, em juí zo, o ato de reconhecim ento formal,
desd e que observado o devido procediment o
probatório, bem como pode ele se convencer da autori a
delitiva a partir do exam e de outr as provas qu e nã o
guardem relação de causa e efeito com o ato viciado
de reconhecim ento;4) O recon hecim ento do suspeit o
por simples exi bição de fotogr afia(s) ao
reconhecedor, a par de dever seguir o mesmo
procedimento do reconhecim ento pessoal , há de ser
visto como etapa antecedente a eventual
reconheciment o pessoal e, portanto, não pode servir
como prova em ação penal, aind a que confirmado em
juízo. (STJ – HC n. 598.886 – SC; 2020/0179682-3;
Relator: Minist ro Rogerio Schiett i Cruz; Sexta Turma;
Julgamento em 27.10.2020) (grifos nossos).

Assim, através de tal julgado, foi reconhecida a


necessidad e de se d etermin ar a invalidad e de qualquer reconhecimento
formal, pesso al ou fotográfico, que não siga estritamente o qu e
determina o art. 226 do CPP, em virtude de que, se assim não o fosse, se
perpetuari a a situ ação d e instabilidade e insegurança nas senten ças
judiciai s, caminh ando-se para graves erros judiciári os.
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Frisa-se que, a partir de t al deci são, afastou-se o

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argumento segundo o qual as disposições do art. 226 do CPP
correspond eriam a mera s recomendações às autoridad es, de caráter não
obrigatório e cuja não observância resultaria em mera irregularidade,
inapta a produzir nulidad e. O entendimento dos Tribunais Superiores, a
evidência pelo s inúmero s julgad os neste sentido (HC 630.94 9/SP; HC
232.960/RJ; AgRg no AREsp 1812481/ RS; HC 631.706/RJ), traduz a
compreen são segundo a qual o reconh eci mento de pessoa soment e é apto
para identifica r o autor do delito e servir como prova à cond enação
quando observada s as formalidades previstas no art. 226 do Código de
Processo Penal e quando corroborado por outras p rovas colhidas na
fase judicial, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.

No caso em tela, o reconhecimento pessoal de


Anderson foi feito em absoluta desconf ormidade com os parâmetros
mínimos estab elecid os pel o artigo 226 do Código de Processo Penal, em
especial no tocant e às dispo sições dos inciso s II e IV, razão pela qual
absol utamente nulo, em respeito ao dispo sto no artigo 564, IV do mesmo
Codex e à corrente jurisprudencial vig ente acerca da t emática.

Além de bast ar o reconhecim ento como único


elemento de info rmação p roduzido em f ase inqui sitorial para at relar o
revi sionando à conduta criminosa, ele não se deu em conformidade ao
procedimento previ sto em lei: (i) não houve a colocação de Anderson
junto a p essoas com as qu ais ti vesse semelhança, para confirmar, sem
sombra de dúvid as, se teria sido ele o autor do delito ou se as vítimas
poderiam ter se confun dido em função de suas caracterí sticas comuns
(branco, de est atura medi ana, sem qualquer caract erísti ca marcante que
pudesse d est acá-l o), e (ii) não foi sequer lavrado aut o de reco nhecimento,
com as devidas formalidades apontadas p elo inciso IV do art. 226.
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Do que se depreende dos autos, a vítima Elisângel a
teve cont ato com o ag ente perpetrador do delito de roubo – supost ament e
apontado como sendo o petici onário – por poucos minutos, no momento da
ação d elitiva, vez que, conforme seu depoi mento, ele teria ficado com seu
marido na casa, enquanto ela foi tran cada no banheiro. A narrativ a
estabelecida por seu relato indica que ela pôde identificar as feições do
revision ando no mom ento em que tentou sair do banheiro e viu que el e
apontava uma arma de fogo para seu rosto, tendo ele e os dem ai s
compar sas dei xado a resid ênci a em sequên cia. Em delegacia, no momento
do sup osto “reco nhecimento pessoal”, a vítima e seu marido
reconh eceram o agente no instante em que ele ingressou na delegaci a
– algemado e com out ros estigmas o apontando como delinqu ente –,
não havend o maiores diligênci as no tocante às formalidades do
reconheciment o. O peticionário indica, em seu depoimento, que entrou na
delegaci a rapidam ente, send o direciona do para a cela em sequ ência, e
que sequer tomou ciência de seu reconh ecimento na delegacia.

Conforme tai s evidências e o já discorrid o acerca d a


falibilidad e da memória humana, verifica-se que as variáveis do caso
narrado favorecem eventual reconheci mento equivocado: (i) a vítima
que reali zou o reco nheci mento em solo policial e o confirmou em sol o
judicial não pa ssou tempo con siderável sob poder do autor do delito,
para ter maior certeza qu anto suas feições; (ii) no momento em que teve
contato com o autor do del ito, este apon tava arma de fogo contra ela,
o que, conforme estudos su pracit ado s apontam, influi em sua capacidade
de memória, seja em razão do estresse gerado, seja em função do foco na
arma; (iii) em delegacia, a visão do revisionando algem ado, apont ado
como deli nquent e, pode t er favorecid o o sugestionamento d e su a
lembrança; (iv) em solo poli cial, o recon hecimento foi feito m ediante a
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visualização do revi sionando por pouco segundos, no momento em que

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ele ingressou no local e se dirigiu à cel a, de modo que o fator tempo
também pod e ter corroborado par a eventual reconheciment o equivo cado.

Assim, ante o expost o, resta patente o prejuízo


causado em função da não observ ânci a dos procedim entos mínimos
previstos em Lei para o recon hecim ent o pessoal. Desta forma, e no
compasso d o que a doutrin a e jurisprud ência pátrias têm det erminado no
tocante a esta questão, evidentem ente nulo tal elemento informativo, de
maneira que não é passível a amparar o decreto condenatóri o.

Observ ado, adem ais, não haver corroboração, a parti r


de outros meio s de prova, de qu e seria o r evisionando o aut or do delito –
posto qu e inexi stente qualqu er outro i ndício de sua p articipa ção n o
fato criminoso para além do reconhecimento, sem o qual Anderson
sequ er poderi a ter sido d enunciado –, sua absolvição, em função d a
insuficiên cia de elemento s probatórios, é medida que se impõe.

Dest a forma, requer-se sej a a revisão criminal


julgada procedent e, de modo a reconhecer a nulidade do reconhecim ento
pessoal de ANDERSON LUIZ DE SOUZA, em consonância com o
hodierno ent endim ento juri sprudencial a respeito de tal instit uto, e,
consequ entemente, absolv ê-lo da imputação a ele atribuída, nos termos
do artigo 386, VII do Códi go de Processo Penal.

III.II. DA NECESSÁRIA EXCLUSÃO DA CAUSA DE AUMENTO DO


EMPREGO DE ARMA

Não sendo este o entendiment o do E. Tribunal,


verifica-se que, no to cant e à aplicação da causa de aument o de pena pelo
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emprego de arma de fogo – aplicada conf orme o disposto no artigo 157,

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§2º, I, em função da ultratividade da lei penal mais benéfica – esta
tampouco se d eu em con sonânci a com a ratio da lei, a doutrina e a
jurisprudência, razão pela qu al deve ser af astada.

Inicialment e, cumpre esclarecer que as arma s


supostament e empregadas n o momento da ação delitiva nã o foram
localizada s, apreendida s e p erici adas, servindo apenas a p alavra d as
vítimas como el emento probat ório a atestar sua exi stência e utilização no
roubo ora avaliado.

Na sentença condenatória, a juíza sent enciant e


entend eu por suficient e a comprovação do emprego de arma de fogo por
parte do revisi onand o ant e as declarações das vítim as, sublinhando qu e
seria “desnecessá ria a ap reensão e períci a das armas de fogo util izad as
pelos a cu sados” par a que fo sse possív el a incidência da majorante. Ao
encontro d e tal fund ament ação, o acórd ão ressaltou: “inafastável, ainda,
a causa de aument o de pena decorrent e do emprego de armas, pois,
confo rme afirmado pela s vítimas, dois revólveres e uma faca de caça
foram utili zad os pa ra a p erpetração do crime, tendo o s ofendi dos sido
segu ros e mi nucio sos ao a pontar quai s assaltant es portavam cada um dos
artefat os”.

Ocorre que, para con sider ar o emprego de arma de


fogo como causa de aumento da pena sem a necessária perícia sobre o
objeto, utiliza-se a chamada teoria subjetiva, que defende a maj oração pel o
maior poder de intimidação da vítima acarretado pelo uso da arma. Essa
vertente lev a em consi deração som ente o temor que a arma infunde na
vítima, assim, mesmo o emprego de arma de brinquedo já serviria de
pretexto para a in cidên cia da maj orant e. Esse posicion amento er a o
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adotado pelo Sup erior Tribunal d e Ju sti ça no enun ciado nº 174 da súmul a

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de jurisprud ência do minant e.

Porém, o potencial int imidativo de arma de fogo não


se confunde com sua pot enci alidade lesiva. Verifi ca-se que o roubo
simples, previ sto no caput do artigo 157 do Código P enal, tem como
element o constitut ivo o emprego de violência ou grave ameaça contr a
pessoa, razão pel a qual, se não comprov ada a pot enci alidade lesiva d o
instrument o utilizado, tal circunstânci a pode ser co nsiderada p ara
configurar esta grave ameaça, mas não a causa esp eci al de aum ento de
pena con si stent e no uso de arm a de fogo.

É dizer, enquanto, para tipificar o rou bo simples,


basta a g rave ameaça, que se tradu z no prenúncio ou promessa de mal
grave com alta força intimidativa, o roubo majorado pelo emprego de
arma exig e que tal instrum ento tenha condição de ser utili zado para
ataque, o que exige, evidentement e, a comprovação de su a
potencialidade lesiva, ou seja, seu poder vulnerante.

Tal interpretação traduz a teoria objetiva acerca do


emprego da causa de aum ento em tel a, justificando-se o aumento da pena
em virtude da maior potencialidade ofensiva cau sada pelo emprego de
arma de fogo. Nesse sentid o, a doutrina majoritária:

"De qualquer forma, convém salientar que a arma de


brinquedo é inidônea para det erminar o aumento d a
pena, já que a ratio essendi da qualificadora est á
sedimentada na potenci alidade lesiva e no perigo
que a arma real causa, e não no maior temor
inflingido á vítima." (PRADO, Luiz Regis. Curso d e
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Direit o Penal Brasilei ro, Volume 2 - Parte Especi al,

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2° edição, RT, São Paulo, 2002) (Grifo nosso).

“Estamo s de acordo com aqueles que não reconhecem


a qualificadora no empr ego de arm a de brinquedo ou
descarregada. Estas, bem como a arma i mprópria a o
disparo, podem, sem dúvida, servir à caracterização
da grave ameaça do roubo simples, próprio ou
impróprio (caput e § 1º), mas não para configurar a
qualificadora, que é objetiva e tem sua razão de se r
no perigo real que representa a arma verdadei ra,
municiada e apta a disparar. (...) Além do mais, não
se pod e equiparar o dolo e culpabili dade do agent e qu e
emprega arma de brinq uedo, descar regada ou
imprópria ao disparo, com o de quem utiliza arm a
verdadeir a, carregada e apt a. Em abono à nossa
posição, a Súm ula 17 4 do STJ, que consi derava o uso
de arma de brinquedo apto a qualificar o roubo, foi
cancelada”. (DELMANTO, Celso. Có digo Penal
Comen tado, São Paulo, Saraiva, 2010, co mentá rio a o
art. 157 do Código Penal, p. 573) (Grifo nosso).

“Dessa forma, não se pode permitir o aumento da


pena quando a arma utilizada pelo agent e não tinha
no momento da sua ação, qualquer potencialidad e
ofensiva, por estar sem muni ção ou m esmo com u m
efeito mecânico que impo ssibilitava o di sparo. Embora
tivesse a possibilid ade de amedront ar a vítima,
facilitand o a subtração, não poderá ser considerad a
para efeitos de aumento de pena, tendo em vista a
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completa impossibilidade de potenciali dade lesiva,

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ou seja, a de produzir o dano super ior ao que
normalment e prati caria sem o seu uso. ” (GRECO,
Rogério. Cu rso de Di reito Penal – Part e Especial ,
Volume III, p. 82) (grifo nosso).

“A inidoneid ade lesiv a da arma (de brinquedo,


descarregada ou si mplesment e à mostra), que pode ser
suficiente par a caracterizar a ameaça ti pi ficadora d o
roubo (caput), não tem o mesmo ef eito par a qualificá-
lo, a despeito do que pret endia a equivo cada súmul a
174 do STJ, em boa hora revogada, atendendo à súplic a
unânime da doutrina nacional. O fundamento dessa
majorante reside exatamente na maior
probabilidade d e dano que o emprego da arm a
(revólver, faca, punhal, etc.), rep resent a e não n o
maior temor sentido p ela vítima. P or isso, é
necessá rio que a arma apresente idoneidad e
ofensiva, qualidade inexi stent e em arma descarregad a,
defeituo sa ou m esmo de brinquedo” (BITENCOURT ,
Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, vol. III, 9ª
edição, São Paulo, Saraiva, 2013, p. 111) (Grifo
nosso).

Influenciado por esse fundam ento, o Superior Tribunal


de Justi ça, no julgamento do REsp n. 213.054/SP, cancelou o supracitado
verbete sumu lar nº 174. O argumento utilizado pela Corte foi de que o
posici onamento ado tado anteriormente of endia o princípio d o ne bi s in
idem e da proporci onalidade da pena, al ém do princípio da legalidade,
ao confundir brinquedo com arma. Ademais, contraria o raciocíni o
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referente à potencialidad e ofensi va do instrumento para efeito s da

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aplicação da majorant e:

RECURSO ESPECIAL. PENAL. ROUBO. EMPREGO


DE ARMA DE BRINQUEDO. CAUSA ES PECIAL DE
AUMENTO DE PENA PREVISTA NO INCISO I, § 2º,
DO ARTIGO 157, DO CÓDIGO PENAL. S ÚMULA Nº
174/STJ. CANCELAMENTO. O aumento especial d e
pena no crime de roubo em razão do emprego d e
arma de brinquedo (con sagrad o na Súmula
174/STJ) viola vários princípios basilares do
Direito Penal, tais como o da legalidade (art. 5º,
inciso XXIX da Constituição Federal e art. 1º, do
Código Penal), do ne bis in idem, e da
proporci onalidade da pena. (...) (RESP 213.054-SP,
Terceira Seção, Rel. Min José A rnaldo da Fonseca.
24/10/2001.) (Grifo nosso).

O tema, já majoritário na doutrina, passou a ser


também a ser pacífico na juri sprudência dos Tribunai s Superior es. Nesse
sentid o o Supremo Tribunal Feder al:

ROUBO - UTILIZAÇÃO DE ARMA IMP ROPRIA A O


USO - EFEITOS. A utilização de arma i mprópria a o
disparo ou de brinquedo não descaract eriza o tipo
do artigo 155, "caput", do Código Penal. Conforme
preced ente dest a Corte - habeas-corpus n. 70.534-1,
por mim relatado, cujo acórdão foi publicado no Diári o
da Justi ça de 1. de outubro de 1993 - apenas afasta a
causa de aumento inserta no inci so I, par. 2. do
artigo 157 daquel e Diploma. Exi stên cia, no caso, da
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grave ameaça, muito embora sob a óptica da aparênci a,

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a evidenciar a violênci a a pessoa. ATENUANTE -
MENORIDADE. Não há como cogitar da atenuant e
quando a pena-base e fi xada con siderado o
quantitati vo mínimo previ sto par a o tipo. Sendo o
direito uma ciência, descabe confundir institutos qu e
tem significado próprio - o da atenuante - com o
revelado pela causa de diminui ção da pena. Soment e
em relação a esta e po ssí vel chegar -se a quantitati vo
inferior ao mínimo estabeleci do na norm a de regên cia.
COMPETÊNCIA - HABEAS-CORPUS -
EMPRESTIMO DE EFEITO SUSPENSIVO A
RECURSO. A compet ênci a para o h abeas-corpus, no
que ganh a cont ornos de verdadeira demanda caut elar ,
e do tribunal comp etent e para julgar o recurso.
Precedente: habeas-corpu s n. 68.547-SP, relatado pel o
Mini stro Néri da Silveira, cujo acórdão foi publicado
no Diário da Justi ça de 11 de out ubro de 19 91, a pagina
n. 14.249. (STF. HC 71051/MG. Relator( a): Ministro
Marco Aurélio. Julgamento: 20/06 /19 94; Segund a
Turma) (grifo nosso).

ROUBO - CAUS A DE AUMENTO - EMPREGO DE


ARMA IMPROP RIA AO DIS PARO -
INSUBSISTENCIA. Constatado, media nte exam e
pericial da arma utilizada no roubo, a
impossibilid ade de produzir dispa ro s, descabe a
observância da causa de aumento do inci so I do par.
2. do artigo 157 do Código Penal. O quadro e
semel hant e aquel e revelado pelo emprego de arma de
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brinquedo, val endo not ar que não se pode colocar na

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vala comum situações concretas em que a
potenci alidade do risco tem gradação diversa. A
hipótese está compreendida p elo "caput " do citad o
artigo, no que cogita da grave ameaça, ist o
consi derada a óptica, da vítima, decorrente das
aparências. (STF. HC 70534/RJ; Relator: Minist ro
Marco Aurélio; Julgamento: 14.09.1993; Segund a
Turma) (Grifo nosso).

Decorrên cia lógica de tal argum ent ação é a


necessidad e de ap reen são e perícia da arma de fogo pa ra aferir su a
potencialidade lesiva. Para tanto, fundamental o parecer de profission al
qualificado para caract erizar a arma utilizada como hábil a lesion ar o bem
jurídico. Assim, não demonstrada a eficácia lesi va da arma por outros
meios, não ba sta o simples depoimento da vítima para que in cida a
causa de aumento de pena – até porque a vítima não possui os
conhecimento s técnicos n ecessário s a at estar o pot enci al vulnerante do
objeto. Nesse senti do:

“Não se admit e a causa especi al de aumento da pen a


quando se trata de arma desmuni ciada ou defeituosa,
incapaz de col ocar em ri sco o segund o obj eto jurídico
de tutela no tipo compl exo de roubo, razão pela qual
se exige a apreen são para a feitura da perícia, não
sendo ba stante a palavra da vítima, que não é um
experto em a rmas”.(COSTA, Álvaro Mayrink d a.
Direit o Penal – Parte Especial, p.721)(Gr ifo nosso).

A mesm a orientação é agasalhada pel o Superior


Tribunal de Ju stiça:
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“Em ca so de roubo com emprego de arma é preci so

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apreen são e perícia para definição de p ena. Não se
pode aumentar a pena pelo emprego de arma sem a
apreen são e a realização de perí cia para que sej a
determinado se o instrum ento util izado pel o
acusado, de fato, era uma arma de fogo,
circun stância que en seja ria então o mai or rigor n a
punição. A decisão da Sext a Turma do Superior de
Just iça (STJ) para o acusado foi que ele cumpra a pena
em regime sem i-aberto sem o aument o de pena.” (Sext a
Turma- ST J – Mini stra Maria Thereza de Assi s Moura,
04/12/2006) (Grifo nosso).

PENAL. HABEAS CORP US. ROUBO. CAUSA DE


AUMENTO DE PENA REFERENTE AO USO DE
ARMA DE FOGO. AUSÊNCIA DE APREENSÃO E
DE PERÍCIA. AUSÊNCI A DE DEMONSTRAÇÃO DA
EFICÁCIA DA ARMA POR OUTROS MEIOS DE
PROVA. DECOTE DA CAUSA. REGIME
INICIALMENTE FECHADO. CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICI AIS FAVORÁVEIS. RÉU PRIMÁRIO.
IMPOSSIBILI DADE DE FIXAÇÃO DO REGIME
MAIS GRAVOS O COM BASE NA GRAVIDADE
GENÉRICA DO DELITO. CONSTRANGIMENT O
ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA. 1.
A necessidade de apreen são da arma de fogo para a
implementação da causa de aumento de pena do
inciso I, do § 2.º, do art. 157, do Código Penal,
decorre da revogação da Súmula n. 174, dest e
Sodalício. 2. Sem a apreensão e perícia n a arma, nos
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caso s em que não é possív el aferir a sua eficácia por

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outros meios de prova, não há como se apurar a sua
lesividad e e, portanto, o maior ri sco para o bem
jurídico integridad e física. 3. (...) (HC n. 90.915 - SP
2007/0221 437-7; Relatora: Ministra Jane Silva )
(Grifo nosso).

Assim, como evidenci ado, adota-se a teoria objetiva


no que tange a cau sa de au mento da arm a de fogo, sendo necessário que
seja compro vado o seu poder vulnerante. É por essa razão que a pal avr a
da vítima é suficient e para di zer que havia uma arma, mas não é sufici ent e
para dizer se tal arm a era verdadeira ou um simulacro. Até porque, aind a
que verdad eira fosse, é necessário que arma seja peri ciada, para que se
atest e sua capacidade lesiva.

Nest e diapasão, apesar de haver, em sed e policial e


judicial, decl araçõ es das vítimas no sentido de o revisi onand o ter
empregado arma d e fogo par a intimidá-los, entende-se que tais al egações,
por si só, não con stituem meio efi caz d e prova, capaz d e justificar a
incidência da majorante em di sputa.

Uma vez que não foi apreendida a arma de fogo qu e


teria sido utilizada na prática do delito em poder do apelante, havendo
dúvida, portanto, de seu em prego e de se ela era, ao tempo do crime,
eficaz, o afastamento da hipótese de aumento da pena prevista no
artigo 157, § 2º, I, do Código Penal, é medida que se impõe.

III.III. DA CORRETA APLICAÇÃO DO ARTIGO 68 DO CÓDIG O


PENAL
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Subsidi ariament e, caso não seja afastada a causa de

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aumento d e pena so bre o emprego de ar ma de fogo, verifica-se que, de
qualquer forma, incorreta a majoração da pena em 3/8 em função da
consideração das majorantes de con curso de pessoas e emprego d e
arma de fogo.

Há regra expressa do parágrafo úni co do artigo 68 do


Código Pen al pela qu al se afirm a que, no concurso de causas de aument o
previ stas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento,
prevalecendo o maior entre eles. Bem verdade que, a princípio, é
possível compreender tal hipótese como uma facul dade do magi strado,
porém, entend e-se, predom inant ement e, que o verbo “pod er” encerra um
dever, e não simples faculdade judici al. Nest e sentido, a doutrina:

“Discute-se se tal possibilidade constitui um a


faculdad e ou um dever do juiz. Temos que, a despeit o
de opiniões em contrário, trata-se de um dever, e não
de simples facu ldade.” (QUEIROZ, Paulo. Direit o
Penal. Parte Geral. Rio de Janei ro: Lumen Juri s,
2008, p. 332) (grifo nosso).

A jurisprudência caminha da mesm a forma:

APELAÇÃO. CRIME CONTRA A LIBERDADE


SEXUAL. ESTUPRO DE VULNERÁVE L
MAJORADO PELO RESULTADO GRAVIDEZ DA
VÍTIMA. CONTINUIDADE DELITIVA. CRIME
CONTRA O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE. PRODUÇÃO E
ARMAZENAMENTO DE MÍDIA PORNOGRÁFI CA.
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PLEITO ABSOLUTÓRIO POR INSUFICIÊNCI A

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PROBATÓRIA. AFASTAMENTO. CONCURS O DE
MAJORANTES. VEDAÇÃO. AP LICAÇÃO DO
PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 68 DO CÓDI GO
PENAL. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. (...)
Entretanto, quanto ao 1º fato, em que presentes duas
majorantes, é de ser aplicada somente uma delas, a
que mais aumente, por força do artigo 68 do Código
Penal. Assim, é de incidir apena s um daqueles
dispositiv os. (...) IV. Redimensionam ento da pena,
em razão d o afastamento de um a das majorantes em
relação ao 1º fato. Mantidas as demai s disposições d a
sent ença. Rel ator vencido no pont o. APELO
PARCIALMENTE PROVIDO. (TJRS - ACR:
700592337 26 RS, Relator: José Luiz John dos Sant os,
Data de Julgamento: 25/11/2015, Oit a va Câmara
Criminal, Data de Publicação: 11/02/ 2016) (Grifo
nosso).

APELAÇÃO CRIMINAL - RESISTÊNCIA -


INSUFICIÊNCIA P ROBATÓRIA - ABSOLVI ÇÃO
DECRETADA - ROUBO MAJORADO - I NCIDÊNCI A
DE DUAS MAJORANTES - AUMENTO ÚNICO -
INTELIGÊNCIA DO ART. 68, PARÁGRAFO ÚNICO,
DO CP - REDUÇÃO DA PENA DE MULTA -
IMPOSSIBILI DADE. (...) Ainda que no roubo
ocorram duas majorantes obrigatórias, na
conformidade do p revi sto no parágraf o único d o
art. 68 do CP, o acréscimo d eve limitar- se à f ração
única e não no aumento cumulativo. Não há que se
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falar em redução da pena de multa, diante da

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hipossufici ênci a do réu. (TJMG - APR:
101661800 143090 01 MG, Relator: Paulo Cézar Dias,
Data de Julgament o: 08/10/2019, Data de Publicação :
18/10/2019) (Grifos nossos).

Vê-se, outrossim, que o STJ, ao trat ar do furto


privilegiad o, que traz o mesmo verbo – “pode” – concl uiu que ele traduz
direito subj etivo do réu:

“6. No que se refere à figura do furto privilegiado, o


art. 155, § 2º, do Código Penal impõe a aplicação do
benefício penal na hipótese de adimpl emento do s
requisito s legais da primariedade e do pequeno val or
do bem furtado, assim con siderado aquele inferior ao
salário mínimo ao tempo do fato. Trata-se, em
verdade, de direito subjetivo do réu, não
configurando mera faculdade d o julgador a su a
concessão, embora o dispo sitivo legal empregue o
verbo "poder"(...)”. (HC 424.745/SP, Rel. Ministro
RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado e m
15/03/2018, DJe 20/03/20 18) (Grifo nosso).

Ainda qu e assi m não fosse, a cumulação não s e


sust enta. Vej amo s a redação da súm ula 443 do STJ: “O aumento n a
terceira fase d e aplica ção da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamenta ção concreta, não sendo sufici ente para a sua
exasperação a mera indicação do número de majora nte”. Mesm o que sua
redação tenh a sido confeccion ada sob a égide da lei anterior, sua premi ssa
persi ste: não é po ssí vel o aumento somente pela existên cia de mais d e
uma majorante, não seguindo o aumento de pena, no concurso d e
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majorantes, critérios estritamente matemáticos, visto que o juízo tem o

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poder-dev er de proceder a um só aumento, verificando a circun stânci a
preponder ante.

Nesse caminho, segue a manifestação de Gust avo


Octavi ano Diniz Junqu eira e Rafael Folador Strano:

“Tudo indica, porém, que o novo diplom a legisl ativo


ocasionará nova cel euma rel acionada à matéria. Isso
porque, originalmente, todas as causas de aumento do
roubo eram fixad as no § 2º, do art. 157, do Código
Penal e possibilitavam o incremento de 1/ 3 até metad e
de pen a. Ocorre que a Lei 13.654/18 i ncluiu no va
“esp éci e” de majorant es no § 2º-A, o qual prevê que a
reprimenda da situação descrit a em seus inci so s
poderá ser acrescida em 2/3. A situaçã o p oderá g era r
dúvidas na hipótese de incidência de majorantes
previ stas em ambo s os parágrafos, e.g., roubo
cometido em concu rso de p essoa s median te empreg o
de arma de fogo. Nessa si tuação, qual fração d e
majoração deve incidir? Haverá possi bilidade d e
incidên cia sobreposta? A resposta é óbvia e
legalmente previ sta no art. 68, parág raf o único, do
Código Penal: “no concurso de causas de aumento o u
de diminuição previst as na parte especial, pode o juiz
limitar-se a um só aum ento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavi a, a causa qu e mai s aumente ou
diminua”. Aliás, foi o referido artigo o orientador da
Súmula 443 do STJ, e é a baliza legal e vinculante par a
a interpretação do aparente conflito de normas. ”
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(IBCCRIM, Lei 13.654/2018: consideraçõe s

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dogmáticas e críticas. Publicado em 01.06.2018)
(grifo nosso).

Sublinhe-se, ainda, que em caso muito semelhant e ao


ora anali sad o, este Egrégio Tribunal já decidiu no sentido de apli cação de
apenas uma das major antes, visando o respeito à proporcion alidade:

“Por outro lado, excessiv o o aumento de 1/3 pelo


concurso de ag entes e, na sequência, a exasperação
previ sta no art. 157, § 2º-A, do CP. Consoant e
expresso no art. 68, parágrafo úni co, do mesm o
diploma legal, quando presentes dua s ou mai s
majorantes previ stas na parte especi al , como é o
caso, “pode o Jui z limitar-se a um só aumento”,
“preval ecendo, todavia, a causa que mai s aumente”.
Assim, na ter ceira fase do cálculo, ado ta-se único
acréscimo d e 2/3. Aind a que se aceit e f acultati va a
aplicação do referido di spositivo, conform e
preced entes cit ados nas contrarrazões e pel o
Procurador de Justi ça ofici ante, recomendável a
medida no caso para evitar punição
desprop orcion al em relação a situaçõe s
semelhantes”. (TJSP – Apelação Criminal n.
1502072-51.2018.8.26.0228; 12ª Câmara de Direit o
Criminal; Relator Vico Mañas; Data Julgamento :
26.06.2019) (Grifos nossos).
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Nest e diapasão, verifica-se que deveria incidir ,

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portanto, em relação ao delito pr evist o pelo art. 157, apenas uma da s
majorantes impo stas pelo m agistr ado de primeiro grau, de maneir a a se
respeit ar o com ando do parágrafo único do artigo 68 do Códi go Penal.
Porém, ainda q ue não seja este o ent endim ento, ainda deve incidir apenas
uma das cau sas de aument o, em vistas à súmula 443 do STJ e à observânci a
de critérios d e proporcion alidade. Assim, de rigor o redimen sionament o
da pena aplicada.

IV. DO PEDIDO

Diante do exposto, requer -se seja dado provimento a


esta Revi são Crimin al para que seja r econhecida a NULIDADE DO
RECONH ECIMENTO PESSOAL do revision ando, com a consequent e
ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓ RIA. Não sendo est e
o entendim ento do juízo, requer -se o afastamento da majorante d e
emprego de arma de fog o, na sentença condenat ória. Subsi diariam ente,
requer-se a incidên cia de ap enas uma das majorantes para o cálculo da
dosimetri a da pen a.

São Paulo, 07 de maio de 2021.

PATRICK LEMOS CACICEDO


Defen so r Público do Estado de São Paulo
8ª Defensoria Pública da Unidade DIPO/ JECRIM/ JVD

SABRINA REBOUÇAS WANDERLEY


Estagiá ria da Defensoria Pública do Estado de São Paulo

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