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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RODRIGO PEREIRA GONCALVES, protocolado em 09/01/2023 às 16:05 , sob o número WJUR23700000960 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1500110-31.2021.8.26.0052 e código CB08185.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Apelante: RAIMUNDO HENRIQUE DA SILVA

Apelado: MINISTÉRIO PÚBLICO

Processo Crime n.º 1500110-31.2021.8.26.0052

RAZÕES DE APELAÇÃO

Egrégio Tribunal de Justiça;

Colenda Câmara;

BREVE SÍNTESE

O mérito da denúncia trata-se de suposta prática dos delitos de homicídio


qualificado no artigo 121,§ 2º, incisos II, do Código Penal.

Segundo consta da Denúncia, o acusado teria cometido crime de homicídio


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Av Pereira Barreto nº 1395, Torre Norte, Paraiso, Santo André, São Paulo, CEP 09.190-610

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com incurso no artigo 121, § 2º, inciso II, do Código Penal, crime este cometido por motivo
fútil, simplesmente porque a vítima resolveu questionar o denunciado a respeito da manobra
que havia feito com o veículo.

O denunciado exerceu o direito de se manifestar em fase inquisitorial


2 relatando a realidade dos fatos e se evadiu do domicilio de culpa sendo preso em Outubro de
2022.

Após trâmite regular, a ação obteve a seguinte decisão:

(...) Ante o exposto, de acordo com o veredicto do Conselho de


Sentença, que JULGOU PROCEDENTE A PRESENTE AÇÃO nos seguintes
termos; Realizado o julgamento, o E. Conselho de Sentença, consoante termo de
votação em anexo, decidiu o seguinte:

SÉRIE ÚNICA- Homicídio consumado (artigo 121, §2º, inciso II,


do Código Penal): afirmou a materialidade, a autoria, não absorveu o acusado e
reconheceu a qualificadora da motivação fútil. (...)

Ocorre que referido decisum merece reparo, pois julgou o E. Conselho de


Sentença em desacordo as provas colacionadas no presente processo, senão vejamos;

DO DIREITO

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DA INEXISTÊNCIA DE MOTIVO FÚTIL

A qualificadora por motivo fútil exige a demonstração inequívoca das


circunstâncias que motivaram o crime, as quais se enquadrem como fútil.

3 No presente caso, a acusação se limita a indicar que o apelante cometeu o


crime pelo simples motivo que a vítima foi questionar sobre a manobra efetuada pelo
apelante, sem descrever quais seriam estes motivos. No entanto, é preciso mais para
configuração da motivação fútil como circunstância qualificadora.

Nesse sentido confirma a jurisprudência sobre o tema:

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIMES CONTRA A VIDA.


TENTATIVAS DE HOMICÍDIO. PROVA DE MATERIALIDADE
E INDÍCIOS DE AUTORIA. QUALIFICADORA DO MOTIVO
FÚTIL MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. CRIME
CONEXO. PROVA DA MATERIALIDADE E INDÍCIOS
SUFICIENTES DE AUTORIA. DESCLASSIFICAÇÃO
IMPOSITIVA. A existência do fato restou demonstrada e há
suficientes indícios de autoria. Nesta primeira fase processual
indaga-se da viabilidade acusatória, a sinalizar que a decisão de
pronúncia não é juízo de mérito, mas de admissibilidade. (...). Nesse
contexto, impositiva a desclassificação para a conduta prevista no
artigo 12 da Lei nº 12.826/03. Recurso Ministerial. Caso dos autos
em que sequer a denúncia descreve, suficientemente, a motivação
fútil do delito imputado aos réus, vez que refere apenas que crime
foi cometido em razão de "desavença preexistente entre o

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denunciado e o irmão da vítima (...)". Presume-se, como regra, a
existência de alguma animosidade entre o homicida e sua vítima,
salvo situações excepcionais. É preciso mais para configuração da
motivação fútil como circunstância qualificadora. Imprescindível
evidenciar quais as razões pelas quais se deram os desentendimentos
4 que culminaram com a tentativa de homicídio. Somente a partir daí é
que seria possível aferir se o motivo do delito de homicídio era, de
fato, ao menos em tese desproporcional. RECURSO DEFENSIVO
PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO MINISTERIAL
DESPROVIDO. (TJ-RS; Recurso em Sentido Estrito, Nº
70080799885, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Jayme Weingartner Neto, Julgado em: 29-05-2019,
#83736077)

Para que seja admitida circunstância qualificadora na sentença condenatória, exige-se o


vislumbre existência de fortes indícios do cometimento do delito de maneira qualificada,
incumbido de maior reprovabilidade, cabendo ao juiz o óbice de fundamentar na decisão
sobre a existência de tais circunstâncias no caso concreto, indicando os fatos que ensejariam
seu reconhecimento.

O reconhecimento da prática do crime de homicídio qualificado por motivo fútil é, no caso


em tela, extremamente questionável. Por certo, é considerado motivo fútil a justificativa
descabida de se chegar ao resultado morte. Contudo, ressalta-se que o acusado, no momento
em que praticara o fato, pairava sobre estado de fúria, após ter sido xingado e ter seu veículo
chutado pela vitima. O acusado, após tomado pelo sentimento de que deveria proteger sua
vida pois foi agredido dentro de seu veículo, apenas com a intenção de ver cessada a agressão
por parte da vítima tentou se defender com uma faca que utilizava para descascar frutas.

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Razões pelas quais, deve ser desqualificado o crime como motivo fútil.

AUSÊNCIA DO PERICULUM LIBERTATIS

Nos termos do art. 321 do CPP, "ausentes os requisitos que autorizam a


5 decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se
for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 (...)".

Ou seja, a prisão preventiva será mantida SOMENTE quando presentes


os requisitos e não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, conforme
clara redação do Art. 282, §6 do CPP.

No entanto, não há nos autos do processo, qualquer elemento a evidenciar a


manutenção da prisão preventiva. Afinal, a gravidade abstrata do delito não ostenta motivo
legal suficiente ao enquadramento em uma das hipóteses que cabível se revelaria à prisão
cautelar. (CPP, arts. 282 e 312)

A prisão preventiva tem caráter cautelar diante da manutenção das


circunstâncias que a fundamentam, previstas no Art. 282 do CPP:

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser


aplicadas observando-se a:

I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou


a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para
evitar a prática de infrações penais;

II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do


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fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.
(...)

§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a


medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de
6 motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem.

§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição
por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da
substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos
elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.

Tais requisitos devem estar presentes não somente no ato da prisão, mas
durante todo o lapso temporal de sua manutenção.

Todavia, considerando que a prisão ocorreu a mais de 06 meses, não


permanece qualquer risco à investigação ou instrução criminal, desfazendo-se qualquer
periculum libertatis que pudesse fundamentar a continuidade da prisão, conforme
leciona o STJ:

"Sabe-se que o ordenamento jurídico vigente traz a liberdade do


indivíduo como regra. Desse modo, antes da confirmação da
condenação pelo Tribunal de Justiça, a prisão revela-se cabível tão
somente quando estiver concretamente comprovada a existência do
periculum libertatis, sendo impossível o recolhimento de alguém ao
cárcere caso se mostrem inexistentes os pressupostos autorizadores

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da medida extrema, previstos na legislação processual penal." (HC
430.460/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO,
SEXTA TURMA, DJe 16/04/2018, #53736077)

Trata-se da aplicação do princípio da provisionalidade, conforme desta


7 respeitável doutrina, de forma esclarecedora:

"Nas prisões cautelares, a provisionalidade é um princípio básico,


pois são elas, acima de tudo, situacionais, na medida em que tutelam
uma situação fática. Uma vez desaparecido o suporte fático
legitimador da medida e corporificado no fumus commissi delicti
e/ou no periculum libertatis, deve cessar a prisão. O
desaparecimento de qualquer uma das "fumaças" impõe a imediata
soltura do imputado, na medida em que é exigida a presença
concomitante de ambas (requisito e fundamento) para manutenção
da prisão." (LOPES JR, AURY. Direito Processual Penal. 15ª ed.
Editora Saraiva jur, 2018. Versão Kindle, P. 12555)

Ou seja, os "indigitados fundamentos de cautelaridade devem ser apreciados


sob o signo temporal, devendo ser atuais independentemente de se tratar de novo decreto
de prisão ou de restabelecimento de prisão há muito revogada, seja em virtude da ausência
dos requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal, seja em virtude da ausência de
fundamentação idônea" (AgRg no REsp 1.195.873/MT, Rel. Min. MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA).

Afinal, a conversão em prisão preventiva seria cabível somente diante dos


requisitos dos arts. 312 e 313 do CPP:

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Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia
da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal,
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
8
Art. 313. Nos termos doArt. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva:

I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade


máxima superior a 4 (quatro) anos;

II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença


transitada em julgado, ressalvado o disposto noInciso I do Caput do
art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal;

III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a


mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência;

Situações que não estão mais presentes no presente quadro., uma vez que não
há indícios de que o acusado em liberdade ponha em risco a instrução criminal, a ordem
pública ou risco à ordem econômica.

Portanto, considerando que ausentes os requisitos que pudessem motivar a

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conversão em prisão preventiva, não subsistem motivos à manutenção da prisão cautelar,
conforme precedentes sobre o tema:

HABEAS CORPUS. DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA.


AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. ILEGALIDADE
9 FLAGRANTE. ORDEM CONCEDIDA. PRISÃO REVOGADA.
RESSALVADA A POSSIBILIDADE DE QUE NOVA CUSTÓDIA
VENHA A SER DECRETADA, SE APONTADAS RAZÕES
CONCRETAS. 1. As instâncias ordinárias, in casu, não
indicaram fatos concretos aptos a justificar a segregação cautelar
do paciente, estando a decisão fundamentada apenas em conjecturas
e na gravidade abstrata do tráfico de drogas, o que configura nítido
constrangimento ilegal. No caso, a quantidade de droga
apreendida (4 mudas de maconha e 885 g de maconha) não
constitui elemento concreto a evidenciar a periculosidade do
paciente para o fim de justificar a determinação da prisão
cautelar. 2. Desde 11/5/2012, após o Plenário do Supremo Tribunal
Federal declarar, incidentalmente, a inconstitucionalidade de parte do
art. 44 da Lei n. 11.343/2006, a saber, da que proibia a concessão de
liberdade provisória nos casos de tráfico de drogas, a fundamentação
calcada nesse dispositivo simplesmente perdeu o respaldo. De acordo
com o julgamento da Suprema Corte, a regra prevista no referido art.
44 da Lei n. 11.343/2006 é incompatível com o princípio
constitucional da presunção de inocência e do devido processo legal,
dentre outros princípios. Assim, para se manter a prisão,
imprescindível seria a presença de algum dos requisitos do art.
312 do Código de Processo Penal, o que não ocorreu no caso. 3.
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Ordem concedida, confirmando-se a liminar, para garantir ao
paciente o direito de responder ao processo em liberdade, salvo se
por outro motivo estiver preso e ressalvada a possibilidade de haver
nova decretação de prisão ou a aplicação de uma das medidas
cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, caso se
10 apresente motivo concreto para tanto. (STJ - HC: 401830 MG
2017/0127983-6, Relator: Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
Data de Julgamento: 18/09/2018, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 07/11/2018, #43736077)

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRISÃO


EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA. 1. Sabe-se que
o ordenamento jurídico vigente traz a liberdade do indivíduo como
regra. Desse modo, antes da confirmação da condenação pelo
Tribunal de Justiça, a prisão revela-se cabível tão somente quando
estiver concretamente comprovada a existência do periculum
libertatis, sendo impossível o recolhimento de alguém ao cárcere caso
se mostrem inexistentes os pressupostos autorizadores da medida
extrema, previstos na legislação processual penal. 2. Na espécie, ao
converter a prisão em flagrante em preventiva, deteve-se o Juízo
de piso a fazer ilações acerca da gravidade abstrata do crime de
tráfico, a mencionar a prova de materialidade e os indícios de
autoria, a supor a fuga do distrito da culpa e a invocar a
quantidade do entorpecente apreendido, o que, na hipótese
específica dos autos, não constitui motivação suficiente para a
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segregação antecipada, sobretudo porque não há falar, no caso, em
apreensão de elevada quantidade de droga, já que encontradas com o
paciente 20 porções de cocaína, com peso líquido de 26,9g (vinte e
seis gramas e nove decigramas). 3. Habeas corpus concedido. (STJ -
HC: 458857 SP 2018/0171330-9, Relator: Ministro ANTONIO
11 SALDANHA PALHEIRO, Data de Julgamento: 09/10/2018, T6 -
SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 26/10/2018, #73736077)

EMENTA: EMBARGOS INFRINGENTES - LESÃO CORPORAL


E AMEAÇA - DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA -
IMPOSSIBILIDADE - EXCEPCIONALIDADE DA PRISÃO
CAUTELAR. No processo penal brasileiro a prisão cautelar, antes
do trânsito em julgado, deve ser entendida como medida excepcional,
sendo cabível exclusivamente quando comprovada a sua real
necessidade, pautando-se em fatos e circunstâncias do processo, que
preencham os requisitos previstos no artigo 312 do Código de
Processo Penal. Ausentes os requisitos do artigo 312 do Código de
Processo Penal, não há como se decretar a prisão preventiva. (TJ-MG
- Emb Infring e de Nulidade: 10433150282450002 MG, Relator:
Maria Luíza de Marilac, Data de Julgamento: 10/04/2018, Data de
Publicação: 20/04/2018, #83736077)

HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.


A prisão sem condenação é medida excepcional, devendo ser
imposta, ou mantida, apenas quando houver prova da existência do
crime, indício suficiente de autoria e, ainda, forem atendidas as
exigências dos artigos 312 e 313, ambos do Código de Processo
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Penal. Decisão que carecedora de fundamentação, não sendo possível
inferir necessidade de garantia da ordem pública, da ordem
econômica, a conveniência da instrução criminal e tampouco a
exigência da prisão do paciente para garantir a aplicação da lei penal.
(TJ-SP 20325049820188260000 SP 2032504-98.2018.8.26.0000,
12 Relator: Kenarik Boujikian, Data de Julgamento: 09/04/2018, 2ª
Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 13/04/2018,
#63736077)

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. LIBERDADE


PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. A gravidade do crime em
abstrato, por si só, não pode fundamentar prisão preventiva, sob pena
de séria violação aos mais basilares princípios constitucionais. Caso
em que nada no fato concreto ou nas circunstâncias pessoais do
paciente poderia justificar a alegação de que sua soltura é um perigo
concreto à ordem pública, assim como nada indica que possam
prejudicar a instrução criminal ou eventual aplicação da lei penal.
ORDEM CONCEDIDA. UNÂNIME. (Habeas Corpus Nº
70077105138, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Luiz Mello Guimarães, Julgado em 12/04/2018).

Por se tratar de requisitos indispensáveis para a condução da prisão em


flagrante para preventiva, não há motivos para a manutenção da prisão em flagrante.

Motivos pelos quais, requer o provimento do presente pedido de liberdade


provisória.

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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RODRIGO PEREIRA GONCALVES, protocolado em 09/01/2023 às 16:05 , sob o número WJUR23700000960 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1500110-31.2021.8.26.0052 e código CB08185.
DOS BONS ANTECEDENTES, ENDEREÇO CERTO E EMPREGO FIXO

Não obstante a preliminar arguida, importa destacar que o Réu é motorista,


trata-se de pessoa íntegra, de bons antecedentes e que jamais respondeu a qualquer processo
crime conforme certidão negativa que junta em anexo.
13
Possui ainda endereço certo na comarca de São Paulo, onde reside com sua
família nesta Comarca, conforme comprovantes em anexo.

DOS PROCESSOS CRIMINAIS SEM TRÂNSITO EM JULGADO

O princípio da presunção da inocência faz com que o réu não possa sofrer
consequências penais ou extrapenais em decorrência de processos criminais em curso.

Logo, a ausência de trânsito em julgado de eventuais ações penais passa a ser


um argumento na defesa do reconhecimento de bons antecedentes do réu, para fins de
dosimetria da pena, conforme expressamente previsto no CPP:

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à


elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem


solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar
quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra
os requerentes.

Portanto, a simples existência de inquéritos policiais ou processos criminais


sem trânsito em julgado, não podem ser considerados como antecedentes criminais para
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qualquer fim, conforme já sumulado pelo STJ:

Súmula STJ 444 - É vedada a utilização de inquéritos policiais e


ações penais em curso para agravar a pena-base.

14 Sobre o tema, o STF já se pronunciou em Recurso Extraordinário com


repercussão geral declarada, ao afirmar que "A existência de inquéritos policiais ou de ações
penais sem trânsito em julgado não podem ser considerados como maus antecedentes para
fins de dosimetria da pena". (RE 591054)

O Art. 5º, inciso LVII da Constituição Federal traz expressamente a garantia


de que ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado de sentença
condenatória.

Desta forma, para efeito de aumento da pena somente podem ser valoradas
como maus antecedentes decisões condenatórias irrecorríveis, sendo impossível considerar,
para tanto, investigações preliminares ou processos criminais em andamento, mesmo que
estejam em fase recursal.

Sobre o tema, cabe destacar os precedentes do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


DOSIMETRIA DA PENA. ANTECEDENTES CRIMINAIS.
INQUÉRITOS E PROCESSOS EM CURSO. TEMA 129/STF. 1. As
ações e inquéritos penais em andamento não são hábeis a validar a
fixação da pena-base além do piso legal, por intermédio da valoração
prejudicial das circunstâncias judiciais elencadas no art. 59 do CP,

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em respeito ao princípio da inocência. 2. "Ante o princípio
constitucional da não culpabilidade, inquéritos e processos criminais
em curso são neutros na definição dos antecedentes criminais" (RE-
RG 591.054, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em
17/12/2014, publicado em 26/2/2015 - Tema 129/STF). Agravo
15 regimental improvido. (AgRg no RE no AgRg no HC 392.214/RS,
Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, CORTE ESPECIAL,
julgado em 07/03/2018, DJe 23/03/2018, #33736077)

Sobre o tema, a jurisprudência acompanha este entendimento:

PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO. ROUBO "SIMPLES".


CONDENAÇÃO. RECURSO DA DEFESA. Recurso visando, em
preliminar, ao reconhecimento de nulidades, e, no mérito, à
absolvição por falta de provas ou à mitigação da pena (fixação da
base no mínimo e alteração do regime inicial para o semiaberto), com
pedido, ainda, de concessão de liberdade provisória. Parcial
pertinência. 1. Prejudicado pedido de concessão de liberdade
provisória com o julgamento do presente recurso. Legitimidade, de
todo o modo, de execução definitiva da pena em face da
concretização do duplo grau de jurisdição na esteira de recente
jurisprudência do C. STF (HC 126.292/SP, de 17/02/2016 e MC nas
ADCs 43 e 44, de 05/10/2016). 2. Nulidades inexistentes. A) Ilicitude
na prova de autoria não detectada. A despeito de ilegal condução
coercitiva, a elucidação de autoria partiu de denúncia anônima,
confirmada a suspeita depois de efetuado reconhecimento
(fotográfico e de pessoa, ambos "Positivo"), surgindo, portanto, de
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fonte independente. Art. 157, do CPP. B) Inexistente violação ao
princípio da judicialização das provas. Policiais que descreveram
com precisão a dinâmica da investigação, não se limitando, ao
reverso do colocado, a ratificar o que fora afirmado na fase
inquisitiva. Existência, ademais, de outras provas incriminadoras
16 (confissão e relatos da vítima) regularmente produzidas em juízo.
Nulidades inexistentes. 3. Condenação legítima. Acusado que,
simulando estar armado, subtraiu bens da vítima que caminhava em
via pública. Integral admissão em juízo. Confirmação da confissão
pela prova judicializada. Inviável absolvição. Idoneidade das provas,
quais sejam, da confissão judicial (comprovando, no caso, a prática
da infração), bem como das declarações da vítima e dos testemunhos
dos policiais (confirmando aquela). Precedentes. 3. Imperiosa
fixação da base no mínimo. Na sentença, foram valorados, sob a
pecha de "maus antecedentes", processos em trâmite, sem
sentença e um com trânsito em julgado posterior, mas em que
fora declarada a extinção da punibilidade pela prescrição da
pretensão punitiva. A existência de inquéritos policiais ou de
ações penais sem trânsito em julgado não pode ser considerada
como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena.
Entendimento firmado, pelo C. STF, no RE 591054 SC, com
repercussão geral reconhecida. Súmula nº 444, do C. STJ.
Retorno ao mínimo. 4. Inviável alteração do regime determinado
para início de expiação da aflitiva. Apesar de se cuidar de roubo
"simples", em tese, inicialmente, possível de determinação de
cumprimento da pena mais brando, a escolha pelo fechado se mostra
mais adequada, para que a pena surta suas devidas finalidades,
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quando o crime é cometido mediante simulação de porte de arma,
aspecto este que demonstra maior ousadia e periculosidade do agente,
extraíveis, também pelo fato de a subtração ter ocorrido em via
pública, local não ermo, portanto, Reincidência específica que,
ademais, impõe, de todo o modo, determinação de início de
17 cumprimento em regime fechado (não incidência da Súmula de nº
269, do C. STJ). Inteligência do art. 33, §§ 2º e 3º, do CP. Situação
que tornou inaplicável, no caso, o disposto no artigo 387, §2º, do
CPP, porque irrelevante, para aquele objetivo, quantum imposto e,
por consequência, eventual tempo de prisão provisória. Parcial
provimento, na parte não prejudicada e afastadas as nulidades. (TJSP;
Apelação Criminal 0011724-21.2018.8.26.0050; Relator (a): Alcides
Malossi Junior; Órgão Julgador: 8ª Câmara de Direito Criminal; Foro
Central Criminal Barra Funda - 28ª Vara Criminal; Data do
Julgamento: 25/04/2019; Data de Registro: 29/04/2019, #23736077)

REVISÃO CRIMINAL. SENTENÇA CONTRÁRIA À PROVA


DOS AUTOS. ABSOLVIÇÃO. AFASTADA. ROUBO. PALAVRA
DA VÍTIMA. ESPECIAL VALOR PROBANTE.
CONTINUIDADE DELITIVA. IMPOSSIBILIDADE.
CONTUMÁCIA. DESPROVIMENTO. UNÂNIME. 1. Tese
absolutória rejeitada em virtude do arcabouço processual fundado
nos depoimentos prestados pelas vítimas dos delitos de roubo, pois
em crimes deste jaez a palavra da vítima têm especial valor
probante.Precedentes.2. Conquanto os delitos praticados pelo réu
sejam da mesma espécie, praticados contra distintas vítimas, mas
com idêntico modus operandi, em curto espaço de tempo e dentro da
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mesma comarca, não há como aplicar o favor legal quando se
constata que não se tratam de crimes continuados e sim de inegável
e deslavada contumácia delituosa. 3. Ao reconhecimento da
continuidade delitiva não basta que se façam presentes os requisitos
objetivos (mesmas circunstâncias de tempo, lugar e modo de
18 execução) é imperioso que se demonstre a unicidade de desígnios,
que se estabeleçam liames entre os crimes praticados em sequência
tal que permita admitir a ficção de que os demais delitos são a
continuação do primeiro.4. O requerente, entre os meses de abril e
julho do ano de 2005, praticou isoladamente vários crimes de roubo
na localidade, de forma que os excertos demonstram que o Réu faz
do crime de roubo à mão armada um meio de vida, um modo de
auferir dinheiro.5. Constata-se que o réu trata-se de delinquente
habitual, de modo que sua contumácia impede que seja amparado
pela benesse da continuidade delitiva, pois verifica-se que as
condutas perpetradas são independentes, com desígnios autônomos
em condições de tempo distintas e isoladas, de forma que caberia à
espécie o concurso material e não a continuidade pretendida.
Precedentes.6. Continuidade delitiva afastada. À unanimidade de
votos.PENA. ART. 59, CP. REDIMENSIONAMENTO. VETORES
DO MOTIVO E CIRCUNSTÂNCIAS. VALOR NEGATIVO
AFASTADO. UNÂNIME. MAUS ANTECEDENTES.
MANTIDOS. STF: RE 591054/SC REPERCUSSÃO GERAL
AFASTADA E INTELIGÊNCIA DA SÚM. 444 DO STJ
AFASTADA. POR MAIORIA DA TURMA. 7. Pena reduzida, à
unanimidade, ante o reconhecimento da ausência de fundamentação
legal na análise das circunstâncias do art. 59 do CP, dos motivos e
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das circunstâncias do crime, todavia, por maioria, a Turma afastou a
incidência do entendimento sufragado pelo pleno do STF quando do
julgamento realizado no RE 591054/SC, com repercussão geral
reconhecida, em foi assentada a tese de que "A existência de
inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não
19 podem ser considerados como maus antecedentes para fins de
dosimetria da pena", afastando, consequentemente, o escólio já
sedimentado pelo STJ na Súm. 444, vencido o Relator. 8. Habeas
corpus concedido ex officio, à unanimidade de votos, para estender a
ação n. 661/2006 a redução aqui procedida, resultando em cada uma
delas a pena de 06 (seis) anos e 08 (oito) meses de reclusão. (Revisão
Criminal 499848-10001228-35.2018.8.17.0000, Rel. Fausto de
Castro Campos, Seção Criminal, julgado em 28/03/2019, DJe
11/06/2019, #53736077)

A doutrina ao lecionar sobre a matéria, esclarece:

"no âmbito penal, em particular, por conta da edição da Súmula 444


do STJ. ("É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais
em curso para agravar a pena-base"), somente se podem considerar
as condenações, com trânsito em julgado, existentes antes da prática
do delito" (NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal -
Vol. 1 - Parte Geral - Arts. 1ª a 120 do Código Penal, 3ª edição. Rio
de Janeiro: Forense, 2019.)

Portanto, quaisquer inquéritos ou processos criminais sem trânsito em julgado,


não podem ser considerados para fins de antecedentes.
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As razões do fato em si serão analisadas oportunamente, no devido processo
legal, não cabendo, neste momento, um julgamento prévio que comprometa sua inocência,
conforme precedentes sobre o tema:

EMENTA: HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO E


20 FURTO QUALIFICADO TENTADO. PRISÃO PREVENTIVA.
SUBSTITUIÇÃO POR MEDIDAS CAUTELARES
ALTERNATIVAS MENOS GRAVOSAS. POSSIBILIDADE.
AUSÊNCIA DE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA.
PACIENTE PRIMÁRIO, DE BONS ANTECEDENTES E COM
RESIDÊNCIA FIXA. ORDEM PARCIALMENTE
CONCEDIDA. - A prisão preventiva é medida excepcional que deve
ser decretada somente quando não for possível sua substituição por
cautelares alternativas menos gravosas, desde que presentes os seus
requisitos autorizadores e mediante decisão judicial fundamentada (§
6º, artigo 282, CPP)- No caso, considerando a ausência de
violência ou grave ameaça e, ainda, as condições pessoais
favoráveis do paciente (primariedade, bons antecedentes e
residência fixa), a substituição da prisão por medidas diversas
mais brandas revela-se suficiente para os fins acautelatórios
almejados. (TJ-MG - HC: 10000180115032000 MG, Relator:
Renato Martins Jacob, Data de Julgamento: 15/03/2018, Data de
Publicação: 26/03/2018, #33736077)

Neste sentido, Julio Fabbrini Mirabete em sua obra, leciona:

"Como, em princípio, ninguém deve ser recolhido à prisão senão


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após a sentença condenatória transitada em julgado, procura-se
estabelecer institutos e medidas que assegurem o desenvolvimento
regular do processo com a presença do acusado sem sacrifício de
sua liberdade, deixando a custódia provisória apenas para as
hipóteses de absoluta necessidade." (Código De Processo Penal
21 Interpretado, 8ª edição, pág. 670)

À vista do exposto, requer-se a consideração de todos os argumentos acima


com o deferimento do presente pedido.

DOS PEDIDOS

Por estas razões REQUER:

1. O recebimento do presente recurso nos seus efeitos ativo e suspensivo,


concedendo o pedido LIMINAR para poder RECORRER EM
LIBERDADE;

2. O deferimento da gratuidade de justiça, por tratar-se de hipossuficiente


sem condições para arcar com as custas processuais;

3. Que ainda, se assim não entenderem os Eméritos Julgadores, pede-se


novo julgamento pelo Tribunal do Júri, em virtude de serem
manifestamente contrária às provas trazidas aos autos.
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4. EX POSITIS, invocando a Sabedoria e Sensibilidade desta Colenda
Câmara, requer seja conhecida e provida a presente Apelação, com
fundamento no artigo 593, III, “d”, § 3º, interposta a fim de sujeitar o
Apelante a novo julgamento perante o Tribunal do Júri, como medida da
mais alta Justiça!
22
Nestes termos, pede deferimento.

São Paulo, 09 de Janeiro de 2.023

Rodrigo Pereira Gonçalves

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