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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
12ª Câmara de Direito Privado

Registro: 2021.0000432920

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1024116-03.2017.8.26.0602 e código 15997EC3.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação Cível nº

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SANDRA MARIA GALHARDO ESTEVES, liberado nos autos em 07/06/2021 às 11:47 .
1024116-03.2017.8.26.0602, da Comarca de Sorocaba, em que são
apelantes ALUÍSIO GONÇALVES e GRAZIELA CRISTINA METZKER
GONÇALVES, são apelados ANTÔNIA RODRIGUES e ILDEFONSO
RODRIGUES.

ACORDAM, em 12ª Câmara de Direito Privado do Tribunal


de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento
ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto da Relatora, que integra
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Excelentíssimos


Desembargadores JACOB VALENTE (Presidente sem voto), CASTRO
FIGLIOLIA E CERQUEIRA LEITE.

São Paulo, 2 de junho de 2021.


(assinatura digital)

SANDRA GALHARDO ESTEVES


Desembargadora – Relatora.
[Relator do Processo]
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
12ª Câmara de Direito Privado

Voto nº 26.950
Apelação Cível n.º 1024116-03.2017.8.26.0602

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Foro de Sorocaba / 7ª Vara Cível
Juiz(a): José Elias Temer
Apelante(s): Aluísio Gonçalves e Graziela Cristina Metzker Gonçalves
Apelado(a)(s): Antônia Rodrigues e Ildefonso Rodrigues

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SANDRA MARIA GALHARDO ESTEVES, liberado nos autos em 07/06/2021 às 11:47 .
POSSESSÓRIAS. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE.
EXERCÍCIO DA POSSE, PELO AUTOR, E ESBULHO, PELO
RÉU, DEMONSTRADOS.
Enquanto o autor comprovou a posse e o esbulho, o réu não
logrou demonstrar e nem esclarecer a que título vem ocupando
o imóvel. Presume-se que ele invadiu o terreno e nele fixou
cercas, por sua conta e risco, sem justo título, sub-
repticiamente. É quanto basta à procedência da pretensão
possessória formulada na inicial.
Apelação não provida.

Vistos,

1. Trata-se de recurso de apelação interposto contra a r.


sentença (fls. 360/362), cujo relatório se adota, que julgou procedente o
pedido formulado por ANTÔNIA RODRIGUES E ILDEFONSO RODRIGUES
na ação de reintegração de posse c.c. indenização por danos materiais
ajuizada contra ALUÍSIO GONÇALVES E GRAZIELA CRISTINA METZKER
GONÇALVES.

Consta na inicial que os Réus invadiram os terrenos de


propriedade dos Autores situados na Rua Major de Barros França, 123,
Gramados de Sorocaba, nesta cidade, matrículas nºs 19.749 e 19.758 do
Primeiro Registro Imobiliário de Sorocaba. Afirmam que os Réus são
vizinhos dos terrenos e passaram a cercar e utilizar o local para guardar
vidros automotivos. Postulam pela reintegração de posse e pela
condenação do réu ao pagamento do montante de R$ 1.200,00 mensais a
título de aluguel.

Em contestação, o Réu ALUÍSIO GONÇALVES alega que os


autores nunca exerceram a posse de fato nos terrenos. Rebatem que os
Autores não declararam qual é o imóvel que está ocupado pelos Réus.

Apelação Cível nº 1024116-03.2017.8.26.0602 - Comarca de Sorocaba 2/4


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Aduz que inexiste notificação para a desocupação voluntária.

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O nobre magistrado a quo entendeu que (a) a área litigiosa
está bem delimitada; (b) o réu apresentou narrativas contraditórias; (c) o
réu não comprovou a realização de benfeitorias no local. Assim, julgou
“PROCEDENTE a ação, para deferir a reintegração de posse definitiva
aos autores, condenando o réu nas custas do processo e em honorários de
advogado, fixados em R$ 3.000,00 (três mil reais), com base no artigo 85,
parágrafo oitavo, do Código de Processo Civil.”.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SANDRA MARIA GALHARDO ESTEVES, liberado nos autos em 07/06/2021 às 11:47 .
Inconformado, o réu apela (fls. 365 e seguintes). Alega, em
suma, que: (a) a ação de usucapião suspende o andamento da ação
possessória; (b) o réu comprovou a propriedade do imóvel. Pugna pelo
andamento da ação de usucapião e a reforma da sentença.

Contrarrazões dos autores carreada a fls. 371 e seguintes.

Houve oposição ao julgamento virtual.

É o relatório do essencial.

2. Decide-se.

É cediço que, nas demandas possessórias, não é dado pleitear


com fundamento em domínio. Perquire-se, nesta sede, a respeito de quem
exerce a melhor posse sobre o bem, máxime porque posse é poder de fato
sobre a coisa, enquanto a propriedade é poder de direito. Não se
confundem, destarte, o ius possessionis (direito de exercer as faculdades de
fato sobre a coisa) com ius possidendi (direito de ser possuidor).

O art. 1.196 do Código Civil diz ser possuidor aquele que tem
de fato o exercício, pleno ou não, de algum poder inerente à propriedade e,
em princípio, em demanda possessória sai vitorioso aquele que demonstra
a melhor posse, ou seja, o melhor exercício de fato sobre a coisa e não
aquele que demonstra ter um direito sobre ela (coisa).

Os autores dizem que são proprietários de um terreno situado


na Rua Major de Barros França, n.º 123, na Cidade de Sorocaba e os Réus,
que são vizinhos, passaram a invadir o terreno, cercar e usar o local como
depósito, sem autorização.

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A narrativa do Autor encontra amparo nas provas carreadas


aos autos e naquelas produzidas na fase instrução do processo.

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Apresentaram matrícula do bem litigioso, fotografias, notificação, boletim
de ocorrência lavrado na época da invasão perpetrada pelo Réu. As
testemunhas ouvidas em juízo declararam que houve levantamento
topográfico feito no local, antes mesmo de que fosse feita a invasão pelo
Réu.

Em contrapartida, a articulação dos fatos descritos pelo Réu é

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contraditória. Destaca-se a oitiva da Réu em juízo, quando afirmou
categoricamente que não teria adquirido o terreno de terceiros e, todavia,
juntou aos autos um contrato de cessão de posse de terreno (fls. 124).
Ademais, não logrou apresentar provas consistentes de que teria tomado
posse antiga de terreno, de forma mansa e pacífica, sem oposição dos
proprietários, e nele realizado benfeitorias.

Em suma, após a análise da tese e da antítese, em cotejo com o


conjunto probatório a ser produzido, em cognição exauriente, infere-se que
o autor comprovou a posse e o esbulho. O réu, por sua vez, não logrou
demonstrar e nem esclarecer a que título vem ocupando o imóvel. Presume-
se que ele invadiu o terreno e cercou-o, por sua conta e risco, sem justo
título, sub-repticiamente.

Do possuidor não se exige a presença física e ininterrupta no


imóvel, e tampouco que nele erija construções. Basta que, de alguma
forma, exteriorize o exercício de algum dos atributos da propriedade. E de
acordo com o panorama fático descrito nos autos, conclui-se que o autor
vinha exercendo regularmente a posse sobre o imóvel, até vê-la esbulhada
pelo réu, que passou a ocupar o bem de forma violenta.

É quanto basta à procedência da pretensão possessória


formulada na inicial.

3. Em face do exposto, nega-se provimento ao recurso.


Levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, os
honorários advocatícios, arbitrados em R$ 3.000,00 (três mil reais),
comportam majoração em mais R$ 500,00 observado o disposto no art.
98, §3º, do Código de Processo Civil.
(assinatura digital)

SANDRA GALHARDO ESTEVES


Desembargadora Relatora.

Apelação Cível nº 1024116-03.2017.8.26.0602 - Comarca de Sorocaba 4/4

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