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Para conferir o original, acesse o site https://consultasaj.tjam.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0661452-05.2022.8.04.0001 e código 9A449C1.
Estado do Amazonas
Poder Judiciário
Comarca de Manaus
Juízo de Direito da 1ª Vara do Tribunal do Júri

Autos n.°: 0661452-05.2022.8.04.0001

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROSEANE DO VALE CAVALCANTE JACINTO, liberado nos autos em 08/02/2023 às 10:34 .
Acusado: Edinaldo Oliveira de Freitas

DECISÃO

Trata-se de pedido de Revogação de Prisão Preventiva


formulado pela defesa do acusado Edinaldo Oliveira de Freitas.

O membro do Parquet exarou parecer opinando pelo


indeferimento do pedido, uma vez que continuam presentes os requisitos
ensejadores da medida de segregação cautelar constantes no artigo 312 do
Código de Processo Penal.

É o breve relatório. Passo a decidir.

Insta salientar prima facie que, na análise do pedido de revogação


da prisão preventiva, em hipótese alguma pode o magistrado se pronunciar
sobre o meritum causae, e sim sobre a permanência ou não dos motivos que
ensejaram a decretação da prisão cautelar.

Consoante se extrai dos autos, o acusado fora preso


preventivamente em 27/06/2022, após decisão do Juiz Plantonista, conforme
Decisão Interlocutória de fls. 39-40.

Apesar da decretação da prisão preventiva, a qual havia


reconhecido a presença dos pressupostos cautelares, o reexame dos autos,
motivado pelo pedido formulado, assinala a possibilidade de substituir a
constrição cautelar pela aplicação de medidas diversas da prisão.

A exegese que se extrai do art. 282, § 6º do Código de Processo


Penal não deixa dúvidas de que a prisão preventiva somente será decretada
quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar. Logo,
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o Estado-Juiz deve primeiramente examinar se as medidas cautelares

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diversas da prisão se revelam adequadas ou suficientes. Caso contrário,
observados os demais requisitos, a segregação cautelar surge como medida
nitidamente secundária.

Dentro desse feixe, toda edificação fática extraída dos autos


sinaliza a possibilidade de substituir a constrição cautelar decretada
anteriormente pela aplicação das medidas cautelares diversas da prisão,
tendo em vista a falta de motivos para que subsista.

O perfunctório exame dos autos não assinala a necessidade da


imposição da prisão preventiva para a aplicação da lei penal, ou mesmo
para a investigação ou instrução criminal, tendo em vista que não há nos
autos nenhuma prova de que se venha a causar intempéries à marcha
processual, conforme preconiza o art. 282 CPP.

Ademais, a novel legislação permite a revogação da medida


cautelar decretada ou mesmo sua substituição quando se verificar a falta de
motivos para que subsista, de acordo com o artigo 282, §5º do Código de
Processo Penal.

A par do estado em que se encontram os autos e do que nele


consta, não se identifica conduta que venha subverter, neste momento, a
ordem pública, fragilizando os alicerces da segurança social.

Como já esmiuçado, não se afigura a necessidade de se assegurar


a aplicação da lei penal, posto que não há elementos comprobatórios que
assinale possíveis ou eventuais percalços que possam vir a ser causados
pelo acusado à instrução criminal. Nesse tom, os requisitos da prisão
preventiva não se afiguram presentes nesta nova análise dos autos, o que
autoriza a concessão da liberdade provisória.

Cumpre destacar que o réu encontra-se preso há mais de 6 (seis)


meses, sem que tenha sido possível encerrar a instrução criminal e que o
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mesmo entregou-se e confessou a prática delituosa.

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Dentro desse contexto, a partir de um critério razoável, entendo
cabível as medidas cautelares diversas da prisão elencadas no artigo 319, do
CPP, uma vez que a conduta do indiciado é reprovável no meio social, e sua
aplicação deve ter o condão de ressocialização do indiciado.

Com o advento da nova Lei nº 12.403/11, a prisão preventiva


passou a ser encarada como medida de exceção, ou seja, como a última ratio.
A inteligência que se extrai do artigo 319 do Código de Processo Penal é
que a prisão cautelar só será aplicada quando restar ineficaz as cautelares
inscritas no referido artigo e seus incisos.

Entre as medidas cautelares diversas da prisão disciplinada no


artigo 319, IX, do CPP, está a MONITORAÇÃO ELETRÔNICA, tal medida
é de vital importância para impedir a fuga do réu, sem no entanto estar o
mesmo encarcerado.

Pelo exposto, REVOGO A PRISÃO PREVENTIVA DE


EDINALDO OLIVEIRA DE FREITAS e APLICO as medidas cautelares
diversas da prisão previstas constante no artigo 319, caso em que deverá:

1. Comparecer pessoal e mensalmente neste juízo, para informar


e justificar suas atividades;
2. Não se ausentar da Comarca, já que sua permanência é
necessária para a instrução criminal;
3. Proibição de acesso ou frequência a bocas de fumo e locais
relacionados ao consumo de entorpecentes e afins;
4. Proibição de frequentar bares, boates e ambientes congêneres,
bem como recolher-se em seu domicílio até as 22h;
5. Proibição de portar arma de fogo;
6. Recolher-se em seu domicílio no período noturno, finais de
semana e nos dias de folga;
7. Proibição de praticar qualquer tipo de infração penal;
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8. Proibição de manter contato com as testemunhas arroladas

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neste Processo, bem como com os familiares da vítima ou pessoas
relacionadas ao fato;
9. Monitoramento eletrônico, como garantia da efetividade da
instrução criminal e aplicação da Lei Penal, e o faço com fulcro no artigo
319, incisos I, II, III, IV, V e IX, da Lei n.º 12.403/2011.

Caso as medidas não sejam cumpridas, ensejará a possibilidade


da decretação da prisão preventiva, nos termos do artigo 312, parágrafo
único do Código de Processo Penal.

A impossibilidade de cumprimento de quaisquer das medidas


deverá ser prontamente comunicada a este Juízo.

Deverá o acusado comparecer a este Juízo em 48 horas para


assinar o Termo de Compromisso, no qual constará, a participação deste no
PROJETO REEDUCAR, devendo apresentar endereço e comprovante de
endereço atualizado.

Na ocasião, será encaminhado a SEJUS, no dia imediatamente


posterior, para instalação da tornozeleira eletrônica e cumprimento
imediato das medidas acima impostas de monitoramento eletrônico.

Expeça-se o competente Alvará de Soltura em favor do acusado,


se por outro motivo não estiver preso, constando no mesmo a aplicação das
medidas cautelares concedidas, e que seu descumprimento poderá acarretar
nova decretação de sua prisão.

Oficie-se à SEAP para que envie mensalmente os registros da


monitoração eletrônica e identificado qualquer descumprimento que seja
imediatamente comunicado a este Juízo.

Á Secretaria para realizar o controle acerca do comparecimento


mensal.
Cumpra-se.
Notifique-se o Ministério Público.
Poder Judiciário

Juíza de Direito
Estado do Amazonas

Comarca de Manaus

Manaus, 7 de fevereiro de 2023

Roseane do Vale Cavalcante Jacinto


Juízo de Direito da 1ª Vara do Tribunal do Júri
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