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Universidade do Estado da Bahia

Departamento de Ciências Humanas- Campus IV- Jacobina

Componente Curricular: Direito Processual Civil

Docente: Rodrigo Guerra

Discente: Lariza dos Santos Silva

FICHAMENTO

Gonçalves, Marcus Vinicius Rios

Direito processual civil / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. Coord. Pedro Lenza. 12
ed. - São Paulo: Saraiva Educação, 2021. ( coleção esquematizado).

RECONVENÇÃO

Além da contestação, o réu poderá valer-se da reconvenção, que dela se distingue por
não constituir um mecanismo de defesa, mas de contra-ataque.(pág 733)

A contestação não amplia os limites objetivos da lide: o juiz se limitará a apreciar os


pedidos formulados pelo autor, acolhendo-os ou não. Na reconvenção, sim: o juiz terá
de decidir não apenas os pedidos do autor mas também os apresentados pelo réu, na
reconvenção.(pág 733)

A reconvenção pressupõe que o réu queira algo mais do autor, que não se satisfaça
com a mera improcedência, e queira formular pretensões em face dele.(pág 733)

NATUREZA DA RECONVENÇÃO

A reconvenção é uma nova ação, pois aciona o judiciário a proferir uma resposta às
pretensões formuladas pelo réu. A peculiaridade reside em que não forma um novo
processo. A ação principal e a reconvenção terão um processamento conjunto e serão
julgadas por uma só sentença. Haverá duas ações em um único processo.(pág 733-
734)

Uma vez que a reconvenção não cria um novo processo, se o juiz indeferi-la de plano,
não estará proferindo sentença, pois não porá fim ao processo ou à fase condenatória.
O ato será decisão interlocutória.(pág 734)
INDEPENDÊNCIA DA RECONVENÇÃO

Conquanto ação e reconvenção processem-se em conjunto, para que possam ser


julgadas juntamente, há relativa independência entre elas.(pág 734)

Afora as hipóteses de extinção sem resolução de mérito, a ação e a reconvenção serão


ambas julgadas por uma só sentença.(pág 734)

PROCESSOS E PROCEDIMENTOS EM QUE CABE A RECONVENÇÃO

A reconvenção é própria do processo de conhecimento e não cabe em processos

de execução.(pág 735)

PRAZO

O art. 343 é expresso: “Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção (...)”. Não
basta que a reconvenção seja apresentada no prazo de contestação. É preciso que seja
oferecida na contestação. Portanto, se o réu contestar sem reconvir, não poderá mais
fazê-lo, porque terá havido preclusão consumativa. E vice-versa.(pág 735)

Mas isso não significa que o réu precise contestar para reconvir (art. 343, § 6º). É
possível a reconvenção sem que o réu conteste, caso em que deverá ser apresentada
no prazo que o réu teria para contestar.(pág 735)

Se o réu não contestar, mas reconvir, não será revel, porque terá comparecido ao
processo, e se manifestado. Portanto, deverá ser intimado de todos os atos processuais
subsequentes. Mas serão presumidos os fatos narrados na petição inicial? Depende.
Se, ao reconvir, ele apresentou fundamentos incompatíveis com os do pedido inicial,
estes não se presumirão verdadeiros. Contudo, naquilo em que não houver tal
incompatibilidade, haverá a presunção. (pág 736)

PEÇA ÚNICA

O art. 343 não deixa dúvida de que contestação e reconvenção, quando o réu quiser
valer-se das duas, serão apresentadas em peça única.(pág 736)

Requisitos da reconvenção

A reconvenção – nova ação que é – exige o preenchimento das condições comuns a

todas elas. E os pressupostos processuais: os mesmos requisitos que seriam exigidos


se a reconvenção assumisse a forma de ação e de processo autônomos deverão ser

observados por quem a apresenta.(pág 736)

Conexidade

Estabelece o art. 343, caput, que “na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção
para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento
da defesa”. A reconvenção está ligada à economia processual e ao afastamento do
risco de decisões conflitantes: isso pressupõe a conexidade exigida pelo art. 343, pois
não se justificaria o processamento, a instrução e o julgamento conjuntos se ela não
existisse. (pág 737)

Caberá reconvenção se o pedido ou a causa de pedir apresentados pelo réu reconvinte


estiverem relacionados com os da ação principal.(pág 737)a reconvenção também será
admitida se houver conexão com os fundamentos da defesa, isto é, se o seu pedido ou
causa de pedir estiverem relacionados com os fundamentos da contestação, com as
razões de fato e de direito expostas pelo réu, para justificar que o pedido inicial seja
desacolhido.(pág 737)

COMPETÊNCIA

Para que caiba reconvenção, é preciso que o mesmo juízo tenha competência para
julgar o pedido principal e o reconvencional. Não será admitida se o juízo for
incompetente para o julgamento da reconvenção, desde que a incompetência seja
absoluta.(pág 738)

COMPATIBILIDADE DE PROCEDIMENTOS

Como a ação e a reconvenção terão um só processo e serão julgadas conjuntamente, é


preciso que tenham procedimentos compatíveis. Não cabe reconvenção em
procedimento especial, a menos que este siga pelo comum, com a resposta. Assim, só
caberá reconvenção se ela também seguir o procedimento comum ou procedimento
que possa converter-se nele.

(pág 738)

A RECONVENÇÃO EM CASO DE LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA


Há casos em que o autor propõe a ação na condição de legitimado extraordinário, em
defesa não de direito próprio, mas de direito alheio. Ele será o substituto processual e
o titular do direito será o substituído. Para que o réu possa reconvir, ele precisa
formular pretensão conexa com o fundamento da ação principal ou com os
fundamentos de defesa.(pág 738)

RECONVENÇÃO E OS LIMITES SUBJETIVOS DA DEMANDA

Na vigência do CPC de 1973, havia controvérsia doutrinária sobre a possibilidade de


a reconvenção ampliar os limites subjetivos da demanda, trazendo para o processo
pessoas que até então nele não figuravam. Mas já predominava o entendimento de que
a ampliação era possível e que, além do réu, uma pessoa estranha ao processo
reconvenha em face do autor; e que o réu reconvenha em face do autor e de uma
terceira pessoa que não figurava no processo.

O CPC atual permite expressamente que isso ocorra, no art. 343, §§ 3º e 4º. (pág 739)

O que não se admite é que a reconvenção seja formulada somente por quem não é réu,
ou somente em face de quem não é autor.(pág 740)

PROCEDIMENTO DA RECONVENÇÃO

Ao apresentar a reconvenção, na contestação, o reconvinte deve cumprir o disposto no


art. 319 do CPC, indicando as partes, o pedido com suas especificações, os fatos e
fundamentos jurídicos que o embasam, o valor da causa e o pedido de intimação do
autor, para que, querendo, conteste a reconvenção. O juiz fará um exame de
admissibilidade. Se a reconvenção for recebida, mandará processar a respectiva
anotação pelo distribuidor (art. 286, parágrafo único). (pág 740)

Como a reconvenção sempre correrá pelo procedimento comum, o juiz mandará


intimar o autor a, querendo, oferecer resposta no prazo de quinze dias. A intimação é
feita na pessoa do advogado do autor, por meio de publicação no Diário Oficial: sua
natureza é de verdadeira citação, uma vez que a reconvenção tem natureza de ação e
serve para veicular uma nova pretensão, do réu em face do autor.(pág 740)

O reconvindo, além de contestar a reconvenção, poderá oferecer nova reconvenção.


Tem-se admitido a possibilidade de reconvenções sucessivas.(pág 740)
A falta de contestação à reconvenção pode ou não gerar os efeitos da revelia. É
preciso distinguir: se o que foi alegado na reconvenção é incompatível com os
fundamentos de fato e de direito da petição inicial, não haverá presunção de
veracidade. Mas se o pedido reconvencional for conexo, por exemplo, com os
fundamentos da defesa, e estes não forem rebatidos pelo autor, nem em réplica, nem
em contestação à reconvenção, haverá a presunção. (pág 741)

REVELIA

Desde que citado, o réu, executado ou interessado passou a integrar a relação

processual (art. 238 do CPC).(pág 742)

O réu tem o ônus de se defender. Não está obrigado a fazê-lo, pois pode optar por
permanecer em silêncio. O juiz não o forçará a apresentar contestação, se não o
desejar. Mas a falta dela poderá trazer consequências gravosas, contrárias aos seus
interesses. Por isso, quando citado, ele é advertido das consequências que advirão da
sua omissão (art. 250, II, do CPC). (pág 742)

Ao apresentar a petição inicial, o autor dará a sua versão dos fatos, que embasam a
pretensão. O juiz não os conhece e dará oportunidade ao réu para apresentar a versão
dele. Em sua resposta, poderá negar os fatos alegados pelo autor (defesa direta) ou
admiti-los, apresentando fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do
autor. Nesse último caso, este terá chance de se manifestar novamente, a respeito dos
fatos alegados (réplica).(pág 742)

Haverá revelia se o réu, citado, não apresentar contestação. O revel é aquele que
permaneceu inerte, ou então aquele que ofereceu contestação, mas fora de prazo. Ou,
ainda, aquele que apresenta contestação, mas sem impugnar os fatos narrados na
petição inicial pelo autor. Em contrapartida, não será revel o réu que, citado, deixa de
oferecer contestação, mas apresenta reconvenção, cujos fundamentos não sejam
compatíveis com os da pretensão inicial. Também será revel o réu que comparecer aos
autos, constituindo advogado, se este não apresentar contestação.(pág 742)

REVELIA E CONTUMÁCIA

A revelia é a omissão do réu, que não se contrapõe ao pedido formulado na inicial.Já a


contumácia é a inércia de qualquer das partes, que deixa de praticar um ato processual
que era ônus seu. Só o réu pode ser revel; jamais o autor. Mas contumaz pode ser
qualquer das partes. A revelia é uma espécie do gênero contumácia, específica para a
hipótese de o réu não apresentar defesa. (pág 742-743)

EFEITOS DA REVELIA

A revelia é a condição do réu que não apresentou contestação. Dela poder-lhe-ão


advir duas consequências de grande importância: a presunção de veracidade dos fatos
narrados na petição inicial e a desnecessidade de sua intimação para os demais atos do
processo. (pág 743)

Por isso, contestar no prazo e impugnar especificamente os fatos que fundamentam a


pretensão inicial é um ônus do réu. O seu descumprimento poderá levá-lo a suportar
consequências processuais gravosas. (pág 743)

PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS FATOS

Na petição inicial, o autor exporá os fatos em que se fundamenta o pedido. A


descrição dos fatos é indispensável, pois constituirá o elemento principal da causa de
pedir e servirá para identificar a ação.

Cumpre ao réu contrapor-se a eles, manifestando-se precisamente. Não basta que o


faça de maneira genérica. O ônus do réu é de que impugne especificamente,
precisamente, os fatos narrados na petição inicial. Os que não forem impugnados
presumir-se-ão verdadeiros.(pág 743)

Ora, se o réu é revel, não apresentou contestação válida, o juiz, em princípio, há de


presumir verdadeiros todos os fatos narrados na petição inicial, e, se estes forem
suficientes para o acolhimento do pedido, estará autorizado a julgar de imediato,
conforme art. 355, II, do CPC.(pág 744)

Sendo a presunção de veracidade dos fatos consequência assaz gravosa, o juiz deve
aplicá-la com cuidado. Tal presunção não é absoluta, mas relativa, e sofre
atenuações,que devem ser observadas.

Ela só pode dizer respeito aos fatos, nunca ao direito: fará o juiz, em princípio,
concluir que eles ocorreram na forma como o autor os narrou, mas não o obrigará a
extrair as consequências jurídicas pretendidas por ele.(pág 744)
Disso decorre que a falta de contestação não levará sempre e automaticamente à
procedência do pedido do autor. Há casos, por exemplo, em que a questão de mérito é
exclusivamente de direito, e a falta de contestação não repercutirá diretamente no
resultado.

Além disso, é preciso que os fatos sejam verossímeis, possam merecer a credibilidade
do juiz e não estejam em contradição com a prova constante dos autos. (pág 744)

HIPÓTESES DE EXCLUSÃO LEGAL DA PRESUNÇÃO DE VERACIDADE


PLURALIDADE DE RÉUS, QUANDO UM DELES CONTESTA A AÇÃO

Essa causa de exclusão está prevista no art. 345, I, do CPC. A redação do dispositivo
poderia levar à falsa impressão de que, em qualquer espécie de litisconsórcio, a
contestação apresentada por um dos réus poderia ser aproveitada pelos demais. Mas
não é assim.(pág 745)

Em princípio, no litisconsórcio simples, em que o julgamento pode ser diferente para


os vários réus, o regime é o da independência, e a contestação de um não aproveitará
aos demais; já no unitário, o regime é o da vinculação, e basta que um conteste para
que todos sejam beneficiados.(pág 745)

Há fatos que têmcunho genérico e dizem respeito a todos os réus. Se apenas um deles
contestar, contrariando-os, a presunção de veracidade será afastada em relação a
todos, porque o fato terá se tornado controvertido. Mas é possível que haja um fato
específico, que diga respeito tão somente a um dos réus. E se só este contestar, os
demais não serão beneficiados. (pág 746)

Só haverá revelia em relação àquilo que disser respeito aos aspectos disponíveis.
(pág747)

A petição inicial desacompanhada de instrumento público que a lei considere


indispensável à prova do ato

A hipótese vem mencionada no art. 345, III, e no art. 341, II, do CPC. O juiz não
poderá presumir verdadeiros atos jurídicos que só podem ser provados por
documentos, como, entre outros, os contratos de venda de bens imóveis, que
dependem de escritura pública, da própria substância do negócio. Por isso, o art. 406
do CPC estabelece que “quando a lei exigir instrumento público, como da substância
do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta”.

Sem o instrumento público, a existência do negócio que o exige não poderá ser
demonstrada, porque ele não terá se aperfeiçoado.(pág 747)

O art. 341 e seu parágrafo único versam sobre a necessidade de que a contestação
impugne de forma precisa, específica, os fatos narrados na inicial e sobre a presunção
de veracidade daqueles que não forem contrariados. Os ônus impostos nos arts. 341 e
344 são semelhantes: se o réu não contestar, presumir-se-ão verdadeiros todos os fatos
narrados na inicial, já que nada terá sido contrariado (salvo as exceções do art. 345).
Se o réu contestar, mas impugnar especificamente somente alguns fatos, os demais se
presumirão verdadeiros, ressalvadas as exceções do art. 341 e incisos e seu parágrafo
único. (pág 748)

O art. 341, parágrafo único, do CPC estabelece que “o ônus da impugnação


especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao
curador especial”. Esses entes poderão apresentar contestação por negativa geral, o
que será suficiente para afastar a presunção de veracidade dos fatos narrados na
Inicial (pág 748-749)

Mas, sendo revel e não tendo advogado constituído, os prazos correrão para ele
independentemente de intimação, pois demonstrou desinteresse pelo processo. No
entanto, concluída a fase de conhecimento e iniciada a de cumprimento de sentença, o
devedor que não tiver advogado constituído nos autos deverá ser intimado por carta
com aviso de recebimento, nos termos do art. 513, § 2º, II, do CPC.(pág 749)

O revel poderá a qualquer tempo ingressar no processo e participar dos atos


processuais que se realizem daí em diante, passando a ser intimado desde que
constitua advogado. A dispensa de intimação decorrente da revelia não é definitiva,
podendo o réu, a qualquer tempo, participar. (pág 750)

REVELIA EM PROCESSO DE EXECUÇÃO E EM TUTELA CAUTELAR


ANTECEDENTE

No processo de execução não se pode falar em revelia porque o réu não é citado para
apresentar contestação, controvertendo os fatos narrados na inicial, mas para pagar,
entregar alguma coisa, fazer ou deixar de fazer algo. O juiz, na execução, não
proferirá sentença de mérito, mas, verificando que há título executivo, determinará as
providências executivas postuladas, contra as quais o devedor poderá opor-se, por
meio da ação autônoma de embargos.

Quando houver requerimento de tutela provisória cautelar antecedente, o réu será


citado para no prazo de cinco dias contestar o pedido.(pág 750)

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