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FICHAMENTO
Direito processual civil / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. Coord. Pedro Lenza. 12
ed. - São Paulo: Saraiva Educação, 2021. ( coleção esquematizado).
RECONVENÇÃO
Além da contestação, o réu poderá valer-se da reconvenção, que dela se distingue por
não constituir um mecanismo de defesa, mas de contra-ataque.(pág 733)
A reconvenção pressupõe que o réu queira algo mais do autor, que não se satisfaça
com a mera improcedência, e queira formular pretensões em face dele.(pág 733)
NATUREZA DA RECONVENÇÃO
A reconvenção é uma nova ação, pois aciona o judiciário a proferir uma resposta às
pretensões formuladas pelo réu. A peculiaridade reside em que não forma um novo
processo. A ação principal e a reconvenção terão um processamento conjunto e serão
julgadas por uma só sentença. Haverá duas ações em um único processo.(pág 733-
734)
Uma vez que a reconvenção não cria um novo processo, se o juiz indeferi-la de plano,
não estará proferindo sentença, pois não porá fim ao processo ou à fase condenatória.
O ato será decisão interlocutória.(pág 734)
INDEPENDÊNCIA DA RECONVENÇÃO
de execução.(pág 735)
PRAZO
O art. 343 é expresso: “Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção (...)”. Não
basta que a reconvenção seja apresentada no prazo de contestação. É preciso que seja
oferecida na contestação. Portanto, se o réu contestar sem reconvir, não poderá mais
fazê-lo, porque terá havido preclusão consumativa. E vice-versa.(pág 735)
Mas isso não significa que o réu precise contestar para reconvir (art. 343, § 6º). É
possível a reconvenção sem que o réu conteste, caso em que deverá ser apresentada
no prazo que o réu teria para contestar.(pág 735)
Se o réu não contestar, mas reconvir, não será revel, porque terá comparecido ao
processo, e se manifestado. Portanto, deverá ser intimado de todos os atos processuais
subsequentes. Mas serão presumidos os fatos narrados na petição inicial? Depende.
Se, ao reconvir, ele apresentou fundamentos incompatíveis com os do pedido inicial,
estes não se presumirão verdadeiros. Contudo, naquilo em que não houver tal
incompatibilidade, haverá a presunção. (pág 736)
PEÇA ÚNICA
O art. 343 não deixa dúvida de que contestação e reconvenção, quando o réu quiser
valer-se das duas, serão apresentadas em peça única.(pág 736)
Requisitos da reconvenção
Conexidade
Estabelece o art. 343, caput, que “na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção
para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento
da defesa”. A reconvenção está ligada à economia processual e ao afastamento do
risco de decisões conflitantes: isso pressupõe a conexidade exigida pelo art. 343, pois
não se justificaria o processamento, a instrução e o julgamento conjuntos se ela não
existisse. (pág 737)
COMPETÊNCIA
Para que caiba reconvenção, é preciso que o mesmo juízo tenha competência para
julgar o pedido principal e o reconvencional. Não será admitida se o juízo for
incompetente para o julgamento da reconvenção, desde que a incompetência seja
absoluta.(pág 738)
COMPATIBILIDADE DE PROCEDIMENTOS
(pág 738)
O CPC atual permite expressamente que isso ocorra, no art. 343, §§ 3º e 4º. (pág 739)
O que não se admite é que a reconvenção seja formulada somente por quem não é réu,
ou somente em face de quem não é autor.(pág 740)
PROCEDIMENTO DA RECONVENÇÃO
REVELIA
O réu tem o ônus de se defender. Não está obrigado a fazê-lo, pois pode optar por
permanecer em silêncio. O juiz não o forçará a apresentar contestação, se não o
desejar. Mas a falta dela poderá trazer consequências gravosas, contrárias aos seus
interesses. Por isso, quando citado, ele é advertido das consequências que advirão da
sua omissão (art. 250, II, do CPC). (pág 742)
Ao apresentar a petição inicial, o autor dará a sua versão dos fatos, que embasam a
pretensão. O juiz não os conhece e dará oportunidade ao réu para apresentar a versão
dele. Em sua resposta, poderá negar os fatos alegados pelo autor (defesa direta) ou
admiti-los, apresentando fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do
autor. Nesse último caso, este terá chance de se manifestar novamente, a respeito dos
fatos alegados (réplica).(pág 742)
Haverá revelia se o réu, citado, não apresentar contestação. O revel é aquele que
permaneceu inerte, ou então aquele que ofereceu contestação, mas fora de prazo. Ou,
ainda, aquele que apresenta contestação, mas sem impugnar os fatos narrados na
petição inicial pelo autor. Em contrapartida, não será revel o réu que, citado, deixa de
oferecer contestação, mas apresenta reconvenção, cujos fundamentos não sejam
compatíveis com os da pretensão inicial. Também será revel o réu que comparecer aos
autos, constituindo advogado, se este não apresentar contestação.(pág 742)
REVELIA E CONTUMÁCIA
EFEITOS DA REVELIA
Sendo a presunção de veracidade dos fatos consequência assaz gravosa, o juiz deve
aplicá-la com cuidado. Tal presunção não é absoluta, mas relativa, e sofre
atenuações,que devem ser observadas.
Ela só pode dizer respeito aos fatos, nunca ao direito: fará o juiz, em princípio,
concluir que eles ocorreram na forma como o autor os narrou, mas não o obrigará a
extrair as consequências jurídicas pretendidas por ele.(pág 744)
Disso decorre que a falta de contestação não levará sempre e automaticamente à
procedência do pedido do autor. Há casos, por exemplo, em que a questão de mérito é
exclusivamente de direito, e a falta de contestação não repercutirá diretamente no
resultado.
Além disso, é preciso que os fatos sejam verossímeis, possam merecer a credibilidade
do juiz e não estejam em contradição com a prova constante dos autos. (pág 744)
Essa causa de exclusão está prevista no art. 345, I, do CPC. A redação do dispositivo
poderia levar à falsa impressão de que, em qualquer espécie de litisconsórcio, a
contestação apresentada por um dos réus poderia ser aproveitada pelos demais. Mas
não é assim.(pág 745)
Há fatos que têmcunho genérico e dizem respeito a todos os réus. Se apenas um deles
contestar, contrariando-os, a presunção de veracidade será afastada em relação a
todos, porque o fato terá se tornado controvertido. Mas é possível que haja um fato
específico, que diga respeito tão somente a um dos réus. E se só este contestar, os
demais não serão beneficiados. (pág 746)
Só haverá revelia em relação àquilo que disser respeito aos aspectos disponíveis.
(pág747)
A hipótese vem mencionada no art. 345, III, e no art. 341, II, do CPC. O juiz não
poderá presumir verdadeiros atos jurídicos que só podem ser provados por
documentos, como, entre outros, os contratos de venda de bens imóveis, que
dependem de escritura pública, da própria substância do negócio. Por isso, o art. 406
do CPC estabelece que “quando a lei exigir instrumento público, como da substância
do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta”.
Sem o instrumento público, a existência do negócio que o exige não poderá ser
demonstrada, porque ele não terá se aperfeiçoado.(pág 747)
O art. 341 e seu parágrafo único versam sobre a necessidade de que a contestação
impugne de forma precisa, específica, os fatos narrados na inicial e sobre a presunção
de veracidade daqueles que não forem contrariados. Os ônus impostos nos arts. 341 e
344 são semelhantes: se o réu não contestar, presumir-se-ão verdadeiros todos os fatos
narrados na inicial, já que nada terá sido contrariado (salvo as exceções do art. 345).
Se o réu contestar, mas impugnar especificamente somente alguns fatos, os demais se
presumirão verdadeiros, ressalvadas as exceções do art. 341 e incisos e seu parágrafo
único. (pág 748)
Mas, sendo revel e não tendo advogado constituído, os prazos correrão para ele
independentemente de intimação, pois demonstrou desinteresse pelo processo. No
entanto, concluída a fase de conhecimento e iniciada a de cumprimento de sentença, o
devedor que não tiver advogado constituído nos autos deverá ser intimado por carta
com aviso de recebimento, nos termos do art. 513, § 2º, II, do CPC.(pág 749)
No processo de execução não se pode falar em revelia porque o réu não é citado para
apresentar contestação, controvertendo os fatos narrados na inicial, mas para pagar,
entregar alguma coisa, fazer ou deixar de fazer algo. O juiz, na execução, não
proferirá sentença de mérito, mas, verificando que há título executivo, determinará as
providências executivas postuladas, contra as quais o devedor poderá opor-se, por
meio da ação autônoma de embargos.