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1.

Estrutura Cultural
Edward Tylor citado por Lakatos e Marconi “Cultura - é aquele todo complexo que inclui
conhecimento, crença, arte, moral, direito, costume e outras capacidades e hábitos
adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Enunciada de maneira mais simples,
cultura é tudo que é socialmente aprendido e partilhado pelos membros de uma
sociedade.

1.1. Cultura Material e Não – material

A cultura não-material consiste nas palavras que o povo usa, ideias, costumes, crenças e
hábitos.
A cultura material consiste nos objectos manufacturados, como ferramentas, mobília,
automóveis, prédios, canais de irrigação, fazendas cultivadas, estradas, pontes e, na
verdade, qualquer substância física que foi modificada e usada pelo povo. Estes
objectos manufacturados são chamados artefactos.

1.2. Cultura como sistema de normas.


1.2.1. Hábitos e tradições populares, os folkways (usos) e os mores (costumes).

Os folkways e mores foram classificados por Sumner (1906) “Folkways" são simplesmente
as maneiras normais e habituais de um grupo de fazer as coisas. Apertar as mãos,
comer com garfos e facas, usar gravatas em certas ocasiões e camisas-de desporto em
outras, dirigir do lado esquerdo de uma via.
❖Existem duas classes de folkways:

1) os que devem ser seguidos como questão de boas maneiras e comportamento polido; e

2) os que tem de ser seguidos porque se acredita que sejam essenciais ao bem-estar do
grupo.

Estas ideias do certo e do errado, que se vinculam a certos folkways, são chamadas
normas. Por normas queremos dizer as fortes ideias do que é certo e do que é errado,
as quais exigem certos actos e proíbem outros.

❖Mores é o plural da palavra latina mos, porém a forma singular raramente aparece na
literatura sociológica.
Em outras palavras, Mores. "São as normas moralmente sancionadas com vigor“,
constituem comportamento imperativo, tido como desejável pelo grupo, apesar de
restringir e limitar a conduta.

A não-conformidade com os mores provoca desaprovação moral. A reacção do grupo é


violenta e séria, como no adultério, roubo, assassínio e incesto. Quem obedece aos
costumes recebe o respeito, a aprovação, a estima pública. Quem os viola, além do
sentimento de culpa, cai no ostracismo e sua reputação sofre desvios. É apedrejado,
ridicularizado, encarcerado, açoitado, exilado, degradado, excomungado, morto.
Os mores variam de sociedade para sociedade. Coisas terminantemente proibidas em
determinadas culturas podem ser aceitas, permitidas e mesmo encorajadas em
outras. Tanto os mores quanto os folkways estão sujeitos a mudanças que nem
sempre são lentas. A escravidão é um exemplo: considerada moral no passado, é imoral
hoje.

Exemplos de mores: actos de lealdade e patriotismo, cuidado e trato das crianças, enterro
dos mortos, uso de roupas, monogamia.
1.3. Traços e complexos culturais
A menor unidade de cultura é chamada de traço. Contudo, o que é uma única unidade
para um individuo pode parecer uma combinação de unidades para outro.

1.3.1. Traços de cultura Material e Traços de Cultura não – material


Os traços da cultura material incluem coisas tais como o prego, a chave de fenda, o lápis e o
lenço.

Os traços da cultura não-material: são acções tais como os apertos de mãos, fazer acenos
tirando os chapéus, o beijo como um gesto de afeição entre os sexos ou a saudação a
bandeira. Cada cultura inclui milhares de traços e alguns dos mais disseminados são parte
de muitas culturas.
A dança é um traço? Não; é uma colectânea de traços, porque, inclui os passos de
dança, alguns critérios para a escolha dos que vão dançar e um acompanhamento musical
ou rítmico. Por outro lado, a dança tem um significado — como um cerimonial religioso,
um rito mágico, um namoro, uma orgia festiva ou alguma outra coisa. Todos estes
elementos se combinam para formar um complexo de cultura, um aglomerado de traços
relacionados.

➢Um outro aglomerado de objectos, habilidades e atitudes forma o complexo do futebol.

➢A oração de graças, a leitura da Bíblia, as preces da noite pode formar um complexo


religioso da família.
O complexo é algo intermediário entre traço e instituição. Uma instituição é uma série
de complexos centrados em uma actividade importante. Assim, a família inclui o
complexo do namoro, o complexo do noivado e casamento, o complexo da lua-de-mel, e
diversos outros.

1.4. Subculturas e contraculturas.


Os grupos económicos, de status alto, baixo ou médio, usualmente desenvolvem maneiras
de comportamento que os marcam, separando-os do resto da sociedade. As instituições
tendem a produzir padrões de comportamento não exigidos fora do ambiente institucional, e
as expressões “cultura da escola” ou “cultura da fábrica” sugerem conjuntos
especiais de padrões de comportamento.
Aglomerados de padrões como estes, que são relacionados a cultura geral da sociedade e
ainda assim se distinguem dela, são chamados de subcultura. As subculturas em nossa
sociedade incluem as ocupacionais, religiosas, nacionais, regionais, classes sociais, etárias,
de sexo, e muitas outras.

Diversos sociólogos julgam que o termo contracultura deve ser aplicado para designar os
grupos que não apenas diferem dos padrões dominantes, mas que também contestam
radicalmente tais padrões.

O bando delinquente, por exemplo, não é um grupo sem padrões ou valores morais, tem
padrões muito definidos e um conjunto bastante obrigatório de valores morais, mas
que são completamente opostos aos preceitos convencionais da cultura geral ou
predominante.
Os jovens treinados nesta cultura são influenciados contra as normas culturais dominantes,
por isso são “contra culturais”.

1.5. Etnocentrismo.
Etnocentrismo, significa a supervalorização da própria cultura em detrimento das
demais. O etnocentrismo pode ser manifestado no comportamento agressivo ou em
atitudes de superioridade e até de hostilidade. A discriminação, o proselitismo, a
violência, a agressividade verbal são outras formas de expressar o etnocentrismo.
O etnocentrismo apresenta um aspecto positivo, ao ser agente de valorização do próprio
grupo. Seus integrantes passam a considerar e aceitar o seu modo de vida como o melhor,
o mais saudável, o que favorece o bem-estar individual e a integração social.

1.5.1. Promoção da unidade, lealdade e moral do grupo.


O etnocentrismo reforça o nacionalismo e o patriotismo. Sem etnocentrismo,
provavelmente será impossível uma vigorosa consciência nacional. O nacionalismo não
é senão um outro nível de lealdade de grupo. Os períodos de tensão e conflito nacionais
são sempre acompanhados de intensa propaganda etnocêntrica.
1.5.2. Protecção contra a mudança.
❖O etnocentrismo também atua para desencorajar a mudança.
Fontes Consultadas
GUIDENS, Anthony. (2006). Sociologia, 6ª ed, Lisboa: . Fundação Calouste Gulbenkian.

LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. (2006).Sociologia Geral. 7º ed. São
Paulo: Atlas.

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