Você está na página 1de 8

O Índio no Solo Piauiense

Monsenhor Joaquim Chaves. (Teresina Fevereiro de 2022).


Pesquisas para a História do Piauí I — Odilon Nunes (Capitulo 01 — Pré-história:
primeiros contatos com a terra).
• O Piauí no século XVII.

• Isso aqui era um fim de mundo [Monsenhor Chaves ao se referir ao Piauí no século XVII).

• Os territórios que vão compor o Piauí são áreas geográficas de transição entre as regiões litorâneas, a Serra da Ibiapaba, as regiões mais secas
mais ao sudeste, as áreas mais úmidas ao sul e ao centro nas regiões próximas ao Parnaíba, O grande rio coletor das águas da região.

• Do ponto de vista da vegetação nós teremos: matas de cocais, vegetação de cerrados, de caatinga, florestas tropicais pré-amazônicas.

• O Piauí era área de moradia/trânsito para os silvícolas, e será área de transito/moradia e ligação para os colonizadores.

• As primeiras informações que temos desses territórios datam do século XVI Algumas Incursões de exploração no litoral e na foz do Rio
Parnaíba, e alguns avanços de padres e exploradores vindos dos caminhos do Rio São Francisco e da Serra da Ibiapaba.

• Esses territórios eram ocupados por populações indígenas diversas — Essas populações tinham um padrão cultural simples — Pouca produção
material — pouco uso da agricultura — na sua maior parte povos nômades.

• Não cabe a divisão: índios do Piauí, do Maranhão, do Ceará, de Goiás. Eles transitavam por esses territórios, a procura de alimentos, ou se
refugiando de inimigos ( colonizadores ou indígenas).

• Os principais grupos presentes no Piauí eram: Os Tremembés ( litoral do Piauí - Maranhão e Ceará).

• Os Acoroás e os Rodeleiros nas cabeceiras do Rio Gurguéia; os Potis, na foz do Rio Poti; os Pimenteiras, nas regiões próximas a Pernambuco;
os Gueguês na região central do Piauí; e ainda os Gamelas, os Genipapos, Tabajaras...

• Luís Mott define 37 nações indígenas no Piauí ( nos territórios do Piauí, mas transitando tbm por áreasdo Maranhão, Ceará e Goiás).
• Segundo Odilon Nunes — a organização social/política dos indígenas era a tribo, em alguns momentos se uniram em nações é se levantaram
contra os conquistadores, formando verdadeiras confederações que ameaçaram a obra dos colonizadores/conquistadores.

• Os indígenas não conheciam os metais e seus utensílios eram fabricados de pedras polidas e lascadas, de ossos, de fibras, de cerâmica, de
madeira.

• Fabricavam ainda a cerâmica que utilizavam entre outras coisas para urnas funerárias, utensílios domésticos e artefatos de uso pessoal.

• Os indígenas, particularmente os do litoral, faziam contatos com europeus/comerciantes onde trocavam produtos da terra como madeiras,
âmbar.

• As tribos indígenas faziam conflitos entre si, com o objetivo de conquistar territórios que favorecessem a caça, a pesca e a coleta de alimentos
de forma mais significativa.

• Na segunda metade do século XVII — se intensifica o interesse da Coroa Portuguesa de desvendar um caminho, interior, entre Pernambuco,
Bahia e Maranhão; as tentativas de navegação entre São Luiz e o Ceará foram fracassada, a comunicação deveria ser por terra.

• São doadas as primeiras sesmarias na região posterior ao Rio São Francisco e a Serra da Ibiapaba (Os territórios que vão formar o Piauí
começavam a ser explorados e ocupados pelos colonizadores).

• Os historiadores dão a entender que as iniciativas, oficiais, e as iniciativas privadas de conquista, não se dão de forma sincrônica, combinada,
planejada.

• De certa forma as iniciativas de exploração que partiam de diversos pontos de colonização no litoral, vão atuando no Piauí, mas não há
planejamento prévio.
• A ocupação do interior (hinterland) só vai se dar depois que o controle do litoral está assegurado. As iniciativas de entrar no sertão são
interrompidas enquanto os conflitos no litoral prosseguem ( conflitos com holandeses, franceses, ingleses).

• Os fluxos migratórios dos colonizadores/exploradores seguem origens e rotas diversas:

• 1- O fluxo dos bandeirantes paulistas (Domingos Jorge Velho), já atuava na região do Rio São Francisco, era grande predador de
indígenas, vai se estabelecer nas proximidades do Rio Poti.

• 2- Um segundo fluxo, vindo de São Luís — Maranhão, vai explorar a região do litoral e entrar no Rio Parnaíba até a região de Palmeirais
(conhecendo, explorando).

• 3- Da região de Pernambuco, e em perseguição aos índios Gueguês, que atacavam os currais próximos ao Rio São Francisco e se
refugiavam no sertão de dentro (na Bacia do Rio Parnaíba).

• 4- Da Bahia, sede do Governo colonial - começou a doar terras a exploradores interessados nas terras do sertão, para além da Ibiapaba e
do Rio São Francisco. ( Os Potentados da Casa da Torre ( os Garcia D'ávila) e os Guedes de Brito ( Casa da Ponte).

• 5- Precisamos afirmar também que os Missionários tiveram papel importante na conquistados indígenas — conquista espiritual —

• Os conquistadores espirituais nem sempre eram bem vistos pelos curraleiros, e em vários momentos eram percebidos como concorrentes
(atraiam os indígenas para suas missões, os aldeavam, ocupavam terras onde instalavam os seus catecúmenos (indígenas) e isso não agradava
os curraleiros, e os grandes sesmeiros.

• Essas movimentações vão provocar, em primeiro momento conflitos com os indígenas, habitantes originais, e, em momento seguinte entre os
posseiros e os sesmeiros.
• As guerras entre indígenas e colonizadores se intensificará entre 1674 e 1763. Os relatos historiográficos dão conta de mais de 30 conflitos
significativos entre tribos indígenas e tropas colonizadoras ( formadas por homens brancos, negros e indígenas já pacificados e controlados
pelos colonizadores).

• Os grandes conflitos começaram em 1674 na guerra contra os Gueguês, que atacaram fazendas de gado na Bahia e foram perseguidos e
mortos até o Piauí.

• Em 1679 — Os Tremembés, senhores do litoral - fecharam a comunicação entre o Maranhão e o Ceará, e os colonos fizeram um grande
conflito contra eles;

• Entre 1712 e 1713 - houve o levante indígena comandado por Manu Ladino, comandando populações indígenas do Piauí e Maranhão - as
disputas se desenrolaram por quase 3 anos até que os colonizadores conseguiram quebrar à resistência dos indígenas, depois da morte de
Manu-ladino,

• Nos anos 1720, começa o longo processo de aldeamento e assimilação dos indígenas à sociedade colonial.

• Os indígenas são aldeados por padres missionários, ou mesmo por bandeirantes e prepostos miliares/mestres de campo.

• Os indígenas lutavam em defesa de seus territórios, da cultura do seu povo, seu modo de vida, em defesa da vida e da liberdade.

• Os colonizadores — queriam as terras, outros queriam aprisionar para escravizar, outros queriam catequisar e promover a assimilação das
populações indígenas à sociedade colonial.

• Todos consideravam os indígenas como povos rústicos, bárbaros, que precisavam ser retirados do seu modo de vida e direcionados a novas
práticas.
• Há um claro choque cultural entre brancos e indígenas — os índios não assimilavam e não respeitavam a ideia de
propriedade privada — matavam os animais das fazendas para se alimentarem.

• Não aceitavam a invasão dos brancos pelos seus espaços territoriais/existenciais.

• Nos anos 1759, com a chegada de João Pereira Caldas, primeiro governador da capitania.

• Os indígenas encontravam-se em parte significativa aldeados e controlados pelos Jesuítas ou por


colonos/militares.

• Pereira Caldas chega com a missão de expulsar os Jesuítas e tomar de conta das terras, gados e também das
populações indígenas que estivessem sob o domínio deles.

• Pereira Caldas resolve e depois de muita insistência, é autorizado pela Coroa Portuguesa a fazer uma guerra
ofensiva contra os Gueguês e Acaroás que habitavam as ribeiras do Rio Gurgueia. Os indígenas foram derrotados,
e os sobreviventes levados para um aldeamento, de onde eram cedidos para quem os requisitasse.

• O Pereira Caldas se alia com o João do Rego Castelo Branco e seus filhos. Que se tornam nas décadas seguintes
grandes algozes dessas populações indígenas (Gueguês e Acoroás)

• No final do século XVII e início do século XIX — muitos aldeamentos indígenas foram sendo transformados em
núcleos populacionais, e transformados em vilas e cidades.
• Um numero significativo de indígenas foram perdendo sua identidade com a
miscigenação, as mulheres e crianças eram incorporadas aos núcleos familiares
como mulheres, como agregadas e assim assimiladas as populações coloniais.

• Outros grupos aldeados, foram perdendo seus tragos identitário, perdendo as


terras que por lei eram dos aldeamentos ( espaços de habitação pacificada).

• E no transcorrer do processo histórico, a desvalorização da identidade indígena, a


progressiva assimilação da cultura do colonizador, e mesmo a transformação da
cultura do indígena como cultura do colonizador: dormir em redes, a farrinha de
mandioca e seus usos, as praticas agrícola, as praticas de cura e uma serie de
outros hábitos foram incorporados.
A legislação portuguesa relacionada aos indígenas.

• 0 Regimento de 17 de dezembro de 1548 propugnava a conversão dos índios à fé


católica - proibindo a guerra contra 0s indígenas amigos. Porém o citado
Regimento desnudava, mais uma vez, a ambiguidade da legislação, pois ordenava
"a guerra aos que se mostrassem inimigos....destruindo-Ihes as aldeias e
povoações, matando”

Você também pode gostar