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OS ÍNDIOS DE ASSUNÇÃO E SANTA MARIA: VILAS DE ÍNDIOS,

TERRITORIALIZAÇÃO E TERRAS INDÍGENAS NA REGIÃO DO RIO SÃO


FRANCISCO NO SÉCULO XIX.

Carlos Fernando dos Santos Júnior


Mestre em História (UFPE)
Secretaria de Educação de Pernambuco (SEE-PE)
Carlosfernando_1984@yahoo.com.br

O artigo propõe uma análise do processo histórico de territorialização vivenciado pelos


índios nas vilas de Santa Maria e Assunção no século XIX, localizadas nas ilhas dos
mesmos nomes no Rio São Francisco. O artigo é um recorte da minha dissertação de
mestrado defendida no ano de 2015. Nela desenvolvi um estudo sobre os processos
históricos vivenciados pelas populações indígenas na bacia do Submédio Rio São
Francisco na primeira metade do século XIX.
Na dissertação evidenciei a aplicação do Diretório dos Índios de Pernambuco no
período citado e também a situação histórica na qual as populações indígenas no Sertão
de Pernambuco se encontravam. Uma história marcada por: uma grave seca, conflitos
com criadores de gado pelo acesso a água e terra, a reintrodução do trabalho missionário
dos capuchinhos, as disputas entre índios e moradores brancos pelos bens e terras das
vilas de Assunção e Santa Maria que levaram a usurpação dessas terras indígenas.
Busca-se neste artigo compreender o processo histórico vivido pelos índios nas citadas
vilas e como eles desenvolveram estratégias de resistência e negociação para impedir o
máximo possível a usurpação de suas terras. E para entender como isso ocorreu, o artigo
analisa quatro aspectos: a criação das vilas de Assunção e Santa Maria; as disputas entre
índios e não índios pelas terras das vilas; a ingerência das câmaras municipais e do
governo da província no esbulho dessas terras; e as respostas dos índios diante da
ameaça do roubo delas.
Em termos geográfico, o Rio São Francisco percorre uma distância de 2.830 km sendo a
montante na Serra da Canastra (MG) e a jusante entre os Estados de Alagoas e Sergipe.
Já no seu curso médio, existe a bacia hidrográfica do Submédio Rio São Francisco1 que
corta os Estados de Pernambuco e Bahia, servindo de fronteira natural entre os
respectivos estados. O Bioma predominante da região é a caatinga onde o regime de
seca é periódico. Contudo, o alívio dos rigores do semiárido era obtido nas margens do
São Francisco, nos seus rios tributários, na fertilidade das suas ilhas, ou nos brejos de
altitudes na Serra Negra (rio Moxotó), Serra da Baixa Verde (rio Pajeú) e Serra dos
Cariris (divisa entre PE, PB e CE).
Em termos históricos, o Rio São Francisco foi uma das primeiras áreas no Nordeste
brasileiro onde se iniciou o povoamento do interior. O primeiro relato de expedições por
esse rio ocorreu em 1587 por Gabriel Soares de Sousa que subindo pela foz desse rio
alcançou o seu interior. Gabriel Soares de Sousa foi um dos primeiros viajantes a relatar
contatos com as populações nativas do Sertão do São Francisco (SOUSA, 2000). Um
“Sertão” que abriga outros “sertões” com uma diversidade de culturas indígenas.
A pecuária bovina foi a melhor atividade econômica a se adaptar ao clima da região e o
fator da colonização do Sertão do São Francisco. Para Capistrano de Abreu a criação de
gado incentivou a exploração e colonização do Sertão, onde os baianos ao saírem do
Recôncavo Baiano povoaram os “Sertões de dentro” e os pernambucanos exploraram os
“Sertões de fora”, atravessando o Planalto da Borborema até chegar a Capitania do
Ceará (ABREU, 1988, p. 172).

Durante os séculos XVIII e XIX as serras, os brejos de altitude, as ribeiras e as matas


que circundam esses espaços serviram de abrigos para diferentes populações indígenas.
Pois se tratavam de espaços que serviam como fontes de alimento (caça e mel) e água,
principalmente nos períodos da seca. E também nos momentos que precisavam se
protegerem dos ataques dos criadores de gado vizinhos ou em situações pós-confrontos
contra moradores das fazendas. No Sertão de Pernambuco esses abrigos eram as serras

1
O Submédio São Francisco possui uma área de 168.528 km2, correspondendo 26% da Região do Rio
São Francisco. A sua abrangência alcança os Estados da Bahia e Pernambuco, estendendo-se de Remanso
até a cidade de Paulo Afonso (BA), e incluindo as sub-bacias dos rios Pajeú, Tourão e Vargem, além da
sub-bacia do rio Moxotó, último afluente da margem esquerda. A sua topografia ondulada varia entre 800
a 200 metros de altitude, com vales muito abertos. A Caatinga é a vegetação predominante em quase toda
a área. http://brasildasaguas.com.br/educacional/regioes-hidrografica/regição-hidrografica-do- sao-
francisco; http://www.codevasf.gov.br/DeSaTiVaDo_osvales/vale-do-sao-francisco/recus/submedio-sao-
francisco/ Acesso em: 05/02/2015
Negra, do Arapuá e Umã, e os brejos dos Padres e do Gama, e também, os rios Pajéu e
Moxotó, os riachos da Brígida e Terra Nova. Nesses espaços viveram os Bancararu,
Tuxá, Rodela, Tamaqueu, Oê (Hoês Hoês), Chocó, Carnijó (Carijó), Carapotó, Pipipã
e Umã (COSTA, v. 5, 1987a, p. 165-171; MEDEIROS, 2000, p. 117).
No século XVIII essas populações experimentaram o que João Pacheco de Oliveira
denominou de “Processo de territorialização” (OLIVEIRA, 2004, p. 24). Nele, as
populações indígenas no Brasil passaram por uma reorganização enquanto coletividade,
formulando uma identidade diferenciada e reestruturaram as suas formas de expressões
socioculturais. Permitindo a criação de mecanismos ou estratégias para tomadas de
decisão ou de representação sociopolítica.
Naquele século ocorreram dois processos de territorialização com os povos indígenas no
Sertão (OLIVEIRA, 2004, p. 24-25). O primeiro ocorreu nas missões religiosas nas
ilhas do São Francisco, quando diferentes etnias foram reunidas, sedentarizadas e
catequizadas nos aldeamentos sobre a direção de jesuítas, franciscanos, capuchinhos e
etc. O segundo ocorreu com a implantação do Diretório Pombalino, quando ocorreram:
a transformação das missões em vilas de índios; homens brancos leigos passaram a
administrar os bens e o trabalho dos índios das vilas em lugar dos padres; o estimulo a
casamentos entre portugueses e indígenas; a fixação de colonos brancos nas terras das
vilas de índios. Nesses dois processos de territorialização ocorreram misturas entre
índios de diferentes etnias nos tempos das missões, e entre índios e brancos nas vilas
criadas pelo Diretório.

Com a implantação do Diretório dos Índios houve a desorganização do trabalho


missionário e a reorganização da política indigenista sem a influência dos jesuítas e
demais ordens religiosas. A civilização dos índios seria uma tarefa do Estado Português
que nomearia leigos para administrar não só os bens das extintas aldeias, mais também
conduzir os índios para um projeto civilizatório laico e racional. As antigas missões,
suas terras contiguas, bens e benfeitorias foram incorporadas ou vendidas para construir
as novas vilas de índios. Nelas habitariam índios das extintas missões e brancos casados
com índias, e também os índios “bárbaros” não aldeados que se abrigavam nas serras e
nos “matos”.
No ano de 1759, coube a Jerônimo Mendes da Paz – o Sargento-Mor do Sertão de
Pernambuco – informar ao governo da Capitania de Pernambuco sobre a situação das
missões na Bacia do Rio São Francisco e reunir nas futuras vilas os "índios do corso"
que atacavam as fazendas nas ribeiras do Moxotó e Pajeú. Esses “índios brabos” eram
chamados de Gueguê, Manguesa, Paratió, Pipipã, Umã e Chocó (Xocó) que se
abrigavam na Serra Negra (rio Moxotó) e na Serra do Arapuá (rio Pajeú).

No ano seguinte, Jerônimo Mendes da Paz organizou expedições chamadas de


“bandeiras” no Sertão de Pernambuco. Elas objetivavam a perseguição e captura dos
"índios do corso", vencer a resistência indígena e obrigar as populações vencidas a
residirem nas recém-criadas vilas. Com a saída dos religiosos no controle das aldeias e a
desorganização de seu trabalho de civilização via religião, e somado a violência e
exploração do trabalho dos índios pelas mãos dos diretores leigos, produziu-se o
fenômeno das fugas dos índios das vilas fundadas pelo Diretório (LOPES, 2005).

Nessa conjuntura, nas ilhas do São Francisco foram fundadas as Vilas de Assunção e
Santa Maria para reduzirem os índios "bravos" do Pajeú e Moxotó que residiriam juntos
com índios das missões de Pambu, Araxá, Zorobabé e demais índios aldeados nas outras
ilhas. Contudo, com o passar do tempo, os índios foram abandonando a citadas vilas e
voltavam para seus antigos territórios, naquele tempo, ocupados pela criação de gado e
fazendas. Consequentemente, reiniciando um novo ciclo de conflitos entre índios e
criadores (GALINDO, 2011).

O Diretório Pombalino foi regulamentado em 1757 para ser aplicado as povoações de


índios na Capitania do Grão Pará e Maranhão e região amazônica. Já no ano seguinte
ele foi estendido para todo o Brasil. O Diretório enquanto política indigenista da Coroa
Portuguesa nas Américas colocou em execução as leis de liberdade dos índios de 1755
(SANTOS JÙNIOR, 2015, p. 141). A Carta Régia de 1798 aboliu o Diretório no Pará,
contudo, ainda estava em vigor na Capitania de Pernambuco e nas demais capitanias
anexas a ela (LOPES, 2011, p. 249) até a primeira metade do século XIX.

Em Pernambuco coube ao Governador da Capitania Luís Diogo Lobo da Silva aplicar o


Diretório tanto na região do São Francisco quanto nas capitanias anexas de Pernambuco
(Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará). Entre os anos de 1760 e 1763, no Sertão do Rio
São Francisco, o Capitão Jerônimo Mendes da Paz recebeu a missão de pacificar os
“índios do corso” e reuni-los nas Vilas de Santa Maria e Assunção, juntamente com os
índios dos recém-extintos aldeamentos missionários. No ano de 1763, o Governador
Luís Diogo Lobo da Silva encaminhou para o Secretário de Estado, Francisco de Xavier
Mendonça Furtado, a relação das vilas fundadas na Capitania de Pernambuco e nas suas
anexas no ano de 17612.

No século XIX, o Diretório ainda estava em vigor em Pernambuco e demais capitanias.


Mas não se tratava daquele criado para o Grão Pará e Maranhão, e sim a adaptação feita
pelo citado Governador de Pernambuco, afim de adequar os artigos do Diretório a
realidade do Sertão do São Francisco. Desta forma, o Diretório permanecia em vigor no
Nordeste até meados do século XIX e seus efeitos sobre os índios eram perceptíveis.
Em Pernambuco, o Diretório adaptado por Diogo Lobo da Silva foi o instrumento
utilizado pela Junta de Governo de Pernambuco para o controle e "civilização" dos
índios chamados de "brabos", e também na administração das vilas de índios (SANTOS
JÚNIOR, 2015, p. 77).

A Vila de Santa Maria foi fundada na Ilha do Arapuá, antiga Missão dos índios Kariri
que possuía 30 ilhotas no espaço de três léguas rio acima. A Vila tinha 275 fogos e 668
almas agregadas das antigas Aldeias dos Coripós (índios Coripó e Karacois), Inhanhum
(nação Kariri), São Felix (Kariri), Araripe (nações Enxu e Karacoi), Pontal (Tamaqueu
e Umã trazidos do mato)3. A Vila de Assunção foi erigida na ilha antigamente chamada
de Pambu que servia de aldeia dos índios da nação Kariri. A Vila possuía 276 Fogos e
713 Almas, resultantes da união das "antigas aldeias de Axará da nação Procás e
Brancararu, a da Vargem da nação Brancararu, a do Sarobabel da nação Pacuruba, e a
do Brejo do Gama dos “índios mais bárbaros” das nações Oê, Chocó, Pipipã, Mangueza
e pessoas que estavam no Sítio do Riacho do Navio tratados por “escravos"4. Possuía
uma extensão de mais de cinco léguas de comprimento e uma légua de largura de terra,
com mais de 12 ilhotas de boa produção.

2
APEJE. AHU ADENDA, Pernambuco, 23 de novembro de 1763, Cx76, doc. 27. Carta, fls. 21-40.
3
Idem, p. 35.
4
Idem.
A transferência dessas populações para novas vilas transformou a territorialidade
(RAFFESTIN, 1993)5 dos índios no Sertão do São Francisco, isto é, a relação que as
diferentes etnias mantinham com os seus territórios. Uma relação que foi reelaborada e
ressignificada a medida que conectou os terrenos das antigas missões incorporadas ao
patrimônio das vilas e os outros territórios ocupados tradicionalmente. Como Maria
Regina Celestina de Almeida apontou, à medida que a colonização avançava “os sertões
encolhiam”, isso dificultava a sobrevivência “fora dos acordos” e forçava os índios
antes isolados a interagirem (misturassem) com os índios das aldeias, em conformidade
com os objetivos da legislação pombalina (ALMEIDA, 2015, p. 195).

Assim como os índios na Missão da Ibiabapa estavam espalhados em terras adjacentes


ou longe da área urbana da Aldeia (MAIA, 2010, p. 166). Os índios de Santa Maria e
Assunção moravam nas ilhas pertencentes ao patrimônio das vilas ou as utilizavam
como locais de cultivo ou de criação de gado, ou também mantinham certo trânsito
entre essas ilhas com os terrenos que ocupavam no Moxotó e Pajeú. Os grupos
indígenas das referidas vilas se integravam por meio de uma rede de comunicação que
ultrapassava as fronteiras geográficas, rompendo com isolamento que caracterizava uma
boa parte dos aldeamentos missionários no período colonial.

Quando os índios de Assunção e Santa Maria adentram no século XIX, eles


enfrentavam problemas relacionados com a violência e exploração nas mãos dos
diretores das vilas, assuntos muito bem esmiuçados por Fátima Lopes (2011). Por mais
que a legislação pombalina equiparasse eles a condição de vassalos, no oitocentos eles
se diferiam muito pouco ou um status um pouco melhor aos grupos transgressores da
época (vadios, vagabundos ciganos e etc) que precisavam ser vigiados (LOPES, 2005;
DIAS, 1997).

Houve fatores de natureza ambiental que também trouxeram graves problemas para
esses índios. Em 1792, uma enchente no Rio São Francisco destruiu a Vila de Assunção

5
A territorialidade para Raffestin era a relação dos humanos com o território considerado seu, em outros
termos, o sentimento de pertencimento há um determinado lugar, cuja identidade individual ou coletiva se
liga ao espaço. O sentimento de territorialidade, se assim poder ser chamado, manifesta-se "em todas as
escalas espaciais e sociais" (RAFFESTIN, 1993, p. 162).
e as suas ilhas no Rio São Francisco. O outro foi o longo período de seca entre os anos
de 1802 a 1834, afetando tanto os índios nas vilas como os índios na Serra Negra e
Pajeú. Quando criadores de gado deslocavam seu gado para “as proximidades das
serras, na busca de pasto e água como forma de atenuar os efeitos negativos da
estiagem” (SANTOS JÚNIOR, 2015, p. 68), inevitavelmente, os conflitos ocorreram e
afetaram os índios das ilhas do São Francisco.

Diante de um quadro de desorganização e penúria das vilas, reorganiza-las se fazia


necessário. Em maio de 1828, Ouvidor da Comarca do Sertão, Antônio de Araújo
Ferreira confirmou o recebimento de uma cópia do Diretório dos Índios de Águas Belas
pertencente à Presidência da Província de Pernambuco6. E comprometeu-se em: criar
um livro para receita e despesa em favor dos necessitados (artigo 40 Diretório); obrigar
os índios "vadios, e inquietos" ao trabalho em favor dos pobres (artigo 39 Diretório);
remeter anualmente listas com os nomes dos índios alugados no ano anterior e os que se
encontravam ausentes das suas vilas7. E atribuiu o atraso da civilização dos índios de
Assunção a "falta de observância do diretório", oriunda da "impericia dos Legisladores"
e a diminuição da população indígena na Vila8.

Talvez a principal dificuldade enfrentada pelo Ouvidor Antônio de Araújo Ferreira foi
ajustar o Diretório, oriundo da legislação colonial portuguesa, a legislação imperial e ao
quadro socioeconômico e fundiário do Sertão. No esforço de solucionar este problema,
o citado Ouvidor encaminhou a Presidência da Província de Pernambuco um plano de
reformulação da política indigenista adotada e a redistribuição das terras das vilas de
índios no Sertão de Pernambuco. Com base nos argumentos da diminuição da
população indígena, pouco aproveitamento do solo e a miséria vivida pelos mesmos,
recomendou a reunião dos índios de Cimbres, Assunção, Santa Maria, Ipanema e
Missão de Rodelas em uma ou duas ilhas no Rio São Francisco9.

Para o Diretório dos Índios de Pernambuco, os índios das vilas eram nominalmente os
proprietários das terras, gados e demais propriedades que possuíssem nas vilas.

6
Ouvidores das Comarca, OC 05. Ofício, Garanhuns 03/05/1828, fls. 91-92.
7
Idem, fl. 91.
8
Idem.
9
Ouvidores das Comarca, OC 05. Ofício, Garanhuns 12/12/1828, fl. 168.
Contudo, juridicamente estavam tutelados pelo Estado e colocados na condição de
“incapazes” de se autogovernarem, os seus bens deveriam ser administrados por tutores
nomeados pelo Estado. O Governo da Capitania de Pernambuco – transformada em
Província no século XIX – nomeava os moradores brancos, os vigários, diretores,
autoridades civis e militares locais, e os vereadores das Câmaras das vilas para
administrar as terras e gados das vilas indígenas (SANTOS JÙNIOR, 2015).

No ano de 1828, o administrador dos gados e bens da Vila de Assunção e da Igreja


Matriz de Cabrobó, José Francisco Coelho foi acusado de expulsar os índios da Ilha de
Assunção por furto de gado e de castigar "com bolos" duas índias que furtaram
mandioca. O denunciante foi um índio e desafeto de José Francisco Coelho, o Capitão
Mor dos índios da Vila de Assunção, Francisco Jerônimo da Cruz. Em fevereiro daquele
ano, o citado capitão enviou um requerimento ao Desembargador e Provedor da
Comarca do Sertão denunciando os abusos cometidos pelo administrador dos gados e da
fazenda da Vila de Assunção, José Francisco Coelho:

(...) bem longe de zelar a administração em favor dos agraciados, pelo


contrário elle só se lucupleta de sua Fertilidade, uzo, e rendimento; de
maneira que tem passado a despejar a todos os Indios, levando-os a bôlos, e
xicotadas, a Todos quanto exitão (sic.) sem excepção de sexo, ou estado 10.
(SANTOS JÚNIOR, 2015, p. 182).

Diante das acusações contra José Francisco Coelho, em despacho, o Desembargador11


mandou comunicar aos vereadores da Vila Assunção sobre os castigos ("bôlos e
xicotadas") que José Francisco Coelho causava aos indígenas, e ordenou que os
vereadores procedessem uma investigação e um substituto para ele na administração dos
bens da Vila (Ibidem, p. 182).

O fato acima descrito e as autoridades citadas apresentam uma situação rotineira nas
vilas de índios no século XIX, a ingerência das câmaras municipais e demais
autoridades civis no usufruto das terras, gados, rendas e outros bens que pertenciam aos

10
APEJE. Ouvidores das Comarcas, OC 05. Requerimento, Vila de Assunção 12/02/1828, fl. 64
11
No requerimento do índio Francisco Jerônimo da Cruz não foi possível identificar quem era o
Desembargador e Provedor da Comarca do Sertão. Mas, com base nos muitos outros manuscritos do
poder público da época, que tratavam sobre as denúncias contra o José Francisco Coelho, a autoridade a
frente da investigação foi o Ouvidor da Comarca do Sertão, Antônio de Araújo Ferreira e Jacobina. E
possivelmente ele acumulava outras funções jurídicas, como as de Desembargador e Provedor.
índios das vilas. Naquele período era de praxe os Ouvidores da Comarca do Sertão
nomearem os moradores locais – “homens brancos e de bem” como assinalados nos
documentos – como administradores dos bens dos índios e das igrejas por sugestão das
câmaras municipais. A razão pela qual explica a permanência de José Francisco Coelho
no cargo12 mesmo sabendo que ele abusou e extrapolou de suas funções.
Isso gerou conflitos internos nas vilas entre índios e moradores brancos, e outras
autoridades locais que conviviam com os índios. E quando o governo provincial
intervia, não significava que sua intervenção seria a favor dos índios, mas aos interesses
das elites locais que cada vez mais controlavam as câmaras das vilas. Entre os anos de
1923 e 1825 ocorreu uma querela entre os antigos e novos vereadores da Vila de
Assunção em razão da nomeação do novo diretor dos índios.
No mês de agosto de 1823, os membros da Câmara da Vila escolheram João da Silva
Santiago como o novo Diretor dos Índios da Vila de Assunção13, homem branco de
conduta correta e um bom históricos de serviços prestados ao Governo da Província de
Pernambuco. Naquele ano, João da Silva Santiago assumiu o cargo e seguiu os ritos de
investidura do cargo que o Diretório de Pernambuco estabelecia: o juramento em
público do Termo de Compromisso das Obrigações enquanto Diretor dos índios14.
Contudo, a nomeação sofreu uma agressiva resistência e boicote dos antigos vereadores
(índios e brancos) insatisfeitos e desprestigiados. Havia mais dois envolvidos, acusados
de incitarem o tumulto durante a posse do novo diretor: o Padre José Leite Rabelo,
antigo pároco da Vila, e o já citado Capitão Mor dos índios de Assunção, Francisco
Jerônimo da Cruz (SANTOS JÚNIOR, 2015, p. 191).
No ano de 1825, o citado padre foi denunciado pelo Escrivão da Câmara vereadores da Vila
de Assunção, Estevão Vieira da Silva Fernandes, de "laborar entre todos negro veneno,
seduzindo os Índios de mais fácil convenção ao seu partido com o seu Caracter
Sacerdotal atraindo a si a amizade dos mais poderosos, para melhor corroborar as suas

12
APEJE. Ouvidores das Comarcas, OC 05. Carta, Quartel dos Brandonis (Ilha dos Brandonis, Rio São
Francisco, no termo da Vila de Assunção) 03/03/1828, fl. 67-70; Ouvidores das Comarca, OC 05. Carta,
Vila de Assunção 08/03/1828, fl. 65
13
APEJE. Câmaras Municipais, CM 04. Ofício, Vila de Assunção 16/08/1823. Ofício da Câmara da Vila
de Assunção para o Imperador D. Pedro I. Cópia da Nomeação de João da Silva Santiago como novo
Diretor da Vila de Assunção, fl. 258.
14
SILVA, Diogo Lobo da. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, n. 46, 1883, p. 168; 169.
malevo-las intenções"15. Entre os “seduzidos” pelo padre estavam o Capitão dos índios
de Assunção, Francisco Jerônimo da Cruz, e Capitão Gonçalo dos Santos Nogueira
(homem branco), o responsável de remover João da Silva Santiago do cargo de Diretor,
e em seu lugar, colocou o supracitado padre16.
Em resposta ao comportamento inadequado e delinquente do Padre José Leite Rabelo, o
Bispo de Pernambuco retirou dele o controle sobre a Paróquia de Assunção, mas não o
afastou da administração da mesma. E para reaver os seus direitos e impedir o seu
afastamento da Paróquia, o ex-Pároco se aliou ao Juiz branco daquela Vila, David
Gomes de Sá, que provido de um ofício do Ouvidor Interino foi a Casa da Câmara
impedir a perda dos direitos que o padre possuía (Ibidem, p. 192).
Outro assunto tanto grave quanto importante para os índios de Pernambuco e para os
índios do Brasil Império foi a expropriação das terras das indígenas via extinção dos
aldeamentos na segunda metade do século XIX. A nível nacional dois documentos
favoreceram o esbulho das terras indígenas. O primeiro foi o decreto n. 426 de 1845
sobre os “Regulamento Acerca das Missões de Catequese, e Civilização dos Índios”,
resumidamente chamado de Regulamento das Missões de 1845. O outro foi a Lei de
Terras de 1850 que passou a exigir a demarcação e registro das terras no Brasil, no caso
das terras do domínio público (chamadas de terras devolutas) elas deveriam ser
demarcadas para venda ou assentamento dos índios em colônias (Ibidem, p. 212; 213).
Na década de 1870, a Presidência da Província de Pernambuco recebeu relatórios da
Diretoria Geral dos Índios sobre o estado dos sete aldeamentos na Província (Barreiros,
Riacho do Mato, Cimbres, Ipanema, Brejo dos Padres, Assunção e Santa Maria),
informando que os poucos índios viviam inclinados no furto, na embriaguez e na
preguiça e explorados pelos seus diretores ou não tinham um sacerdote ou diretor17. No
ano de 1873, uma comissão foi formada para avaliar o estado dessas sete aldeias e no
seu relatório aconselhou-se a Presidência da Província para não extinguir totalmente as
aldeias, pois ainda existia um grande número de índios e seria prejudicial deixá-los no

15
APEJE. Câmaras Municipais, CM 06. Ofício n. 11, Vila de Assunção 24/09/1825, fl. 57.
16
Idem, fl. 57v.
17
APEJE. Diversos II, DII 19. (1861-1871), Ofício nº 9, Recife 06/02/1870, fl. 155; Diversos II, DII 19.
(1861-1871), Ofício nº 40, Recife 15/11/1870, fl. 175.
abandono. Propondo a extinção de cinco aldeias18, a demarcação das terras delas para
uma posterior distribuição entre as famílias indígenas. E a manutenção das aldeias de
Cimbres e Assunção como colônias agrícolas para os índios19.
Sobre a extinção e expropriação das terras indígenas no Segundo Reinado é importante
frisar que elas já aconteciam em Pernambuco muitas décadas antes de 1850, ano que
deu início ao roubo legalizado das terras indígenas. No ano de 1838, a Assembleia
Legislativa Provincial de Pernambuco sancionou o Decreto Lei n° 58 que extinguia as
Vilas de Assunção e Santa Maria, suas terras e ilhas foram incorporadas para a
transformação do Povoado de Boa Vista em Vila20. As ilhas de Assunção e Santa Maria
foram absorvidas para formar a nova Vila de Boa Vista (Atual município de Santa
Maria da Boa Vista). A recém-criada Câmara da Vila passaria a administrar as
propriedades e outros bens das extintas Vilas de Assunção e Santa Maria (SANTOS
JÚNIOR, 2015, p. 197).
Para os povos indígenas no Nordeste, o século XIX foi marcado pelo processo de
esbulho das suas terras e pela invisibilização da identidade indígena. Para eles foram
atribuídas as designações de “caboclos”, “civilizados”, “mestiços”, “misturados” e
outros termos que indicassem que se tratavam de descendentes dos antigos povos
indígenas inseridos a sociedade da época. Cujas as identidades e culturas foram
transformadas em costumes exóticos e "manifestações folclóricas em vias de extinção"
(SILVA, 2004, p.132).
Contra essa invisibilização, eles vão recorrer a um “acervo de experiências históricas
(DANTAS; SAMPAIO; CARVALHO, 1992, p. 446)21 adquiridas ao longo dos séculos
de contato, úteis para colocar limites ao roubo de suas terras e, ao mesmo tempo, serem
reconhecidos como indígenas com direitos perante a sociedade dos brancos. Tais

18
Barreiros, Riacho do Mato, Ipanema, Brejo dos Padres e Santa Maria
19
Relatório sobre os aldeamentos de Índios na Província de Pernambuco. Publicado no Diário de
Pernambuco em 4 de abril de 1873. In: MELO, José Antonio Gonçalves de. O Diário de Pernambuco e
a História Social do Nordeste (1840-1889) Vol. 1. Recife: Diário de Pernambuco, 1975.
20
APEJE. CLDPPE. Decreto nº 58 de Francisco do Rego Barros sobre a extinção das vilas de Assunção e
Santa Maria. Publicado em 19/04/1838. In: Coleção de Leys, Decretos e Resoluções da Província de
Pernambuco, dos anos de 1835 e 1836. Tomo1: Recife: Typografia de M. F. de Farias, 1856, p. 135.
21
(. . .) um acervo de experiência comuns, cotidianamente vivida e historicamente construídas e
reconstruídas, tendo como referências as tradições culturais dos grupos indígenas aí reunidos, tornava os
habitantes dos aldeamentos diferentes dos regionais com quem viviam em contacto (DANTAS;
SAMPAIO; CARVALHO, 1992, p. 446).
experiências permitiram aos índios reinventarem suas identidades, frente à imposição da
identidade de caboclo, “etnia inventada” que ocultava a sua verdadeira identidade
(XAVIER, 2012, p. 376; 377).

Os índios nas vilas de Assunção e Santa Maria possuíam um "acervo de experiências"


utilizados contra a espoliação de suas terras. As populações indígenas no Nordeste
fizeram uso de diversas estratégias de resistência e de negociação que colocaram limites
na usurpação das suas terras. Uma delas foi a utilização de requerimentos produzidos
pelos índios, para reverter medidas legais que prejudicavam o seu estilo de vida ou a
possibilidade de maior estabilidade social. Na Capitania do Ceará, na primeira metade
do século XIX, por meio de requerimentos, os índios solicitavam a baixa das milícias de
ordenanças, promoção de patente nesses corpos militares, mudança de domicilio e
reclamação contra moradores brancos que lançavam o gado nos roçados dos índios
(COSTA, 2012, p. 221; 222; 223).

Em janeiro de 1845, os índios da extinta Vila Santa Maria foram a Câmara da Vila da
Boa Vista pedir a restituição das suas ilhas usurpadas pelo Vigário Manoel Joaquim da
Silva22. No mês de março, em defesa dos direitos dos índios de Assunção e Santa Maria,
o Juiz Municipal Amaro Baptista Guimarães reconheceu-os como legítimos
proprietários das ilhas das extintas vilas que ilicitamente foram apossadas pelas antigas
Câmaras das vilas Assunção e Santa Maria e pela Câmara da Vila da Boa Vista. A
recomendação do magistrado ao Governo Imperial foi o pagamento de uma indenização
aos índios em razão da tomada de suas terras pela Câmara da Boa Vista23.

Em maio de 1851, os índios de Assunção solicitaram ao Juiz Miguel Gonçalves Lima a


posse de algumas ilhas, que no passado foram concedidas aos índios da Missão do
Pambu, para plantarem e criar gado, porém, o Juiz indeferiu o pedido por julgar "fora de
direitos"24. Os conflitos entre os índios de Assunção com as autoridades locais por causa
das terras das extintas Missão do Pambu e da Real Vila de Nossa Senhora de Assunção
se arrastaram pelos vintes anos seguintes. Em 1870, o Capitão dos índios, Bernardino de
Sena Angelim enviou a Diretoria Geral dos Índios de Pernambuco um abaixo assinado

22
APEJE. Câmaras Municipais, CM 23. Ofício, Vila da Boa Vista 13/01/1845, fl. 108..
23
APEJE. Juízes Municipais, JM 2B. Ofício, Comarca da Boa Vista 02/03/1845, fl. 74.
24
APEJE. Juízes Municipais, JM 5. Ofício, Vila de Cabrobó 08/05/1851, fl. 239.
dos índios da Aldeia de Assunção solicitando demissão do Diretor da Aldeia, propondo
substituí-lo por Berlamino Ferreira Padilha. A motivação deste pedido foi que o referido
Diretor não assumia as suas devidas funções, deixando os índios desprotegidos, pois
arrendava as ilhas da Aldeia – que serviam como plantações para índios – aos
proprietários de gado vizinhos25.

O uso de abaixo-assinado pelos índios de Assunção demonstra um amadurecimento de


uma estratégia permanente de negociação e resolução de conflitos por meio de
instrumentos legais criados pela brancos. Resultado de uma experiência histórica
adquirida e incorporada ao seu “acervo de experiencias”. Eles se apropriaram dos
sistemas e códigos legais do "colonizador para realizarem seus objetivos", pois
precisavam ter domínio desses recursos e manipulá-los ao seu favor (COSTA, 2012, p.
231; 232).
Outro dado importante foi a atuação dos capitães mores dos índios como lideranças e
representantes legais dos indígenas, como exemplos temos Francisco Jerônimo da Cruz
e Bernardino de Sena Angelim. A posição social deles era reconhecida internamente
pelos seus pares e pelas autoridades civis e não índios, permitindo a mediação, o
agenciamento e a reivindicação dos direitos coletivos dos índios de Assunção. A patente
de capitão mor dos índios permitia o trânsito deles entre dois mundos, dos índios e dos
brancos.
O conhecimento que eles tinham da cultura e das normas da civilização dos brancos
permitiu costurar alianças com autoridades civis, militares e religiosas de forma a
assegurar que as suas reivindicações alcançassem instâncias de poder superior.
Permitindo aos capitães mores dos índios garantissem tanto os ganhos coletivos para
sua comunidade quanto os seus ganhos pessoais.
Nosso artigo apresentou como os índios das ilhas Assunção e Santa Maria
desenvolveram variadas estratégias de negociação e resistência contra o roubo de suas
terras. Frutos de uma experiência historicamente construída, tendo como ponto de
ignição a transformação dos aldeamentos missionários nas ilhas do São Francisco em
vilas de índios, conforme os objetivos da Reforma Pombalina e as diretrizes do

25
APEJE. Diversos II, DII 19. (1861-1871), Abaixo-Assinado, Aldeia de Assunção 15/01/1870, fl. 158.
Diretório. E no desenrolar do século XIX, os índios de Assunção e Santa Maria
colocaram em ação os seus “acervos de experiencias” contra todos aqueles que
cobiçavam suas terras, negavam a sua indianidade e o reconhecimento de seus direitos.
Desenvolvendo uma resistência e resiliência que lhes permitiram a permanência como
os donos legítimos das suas terras. E eles estão lá agora: o Povo Truká, herdeiros dos
índios da Vilas de Assunção e Santa Maria.

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