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Em seu trabalho de catequese, os jesuítas concentravam os índios nas reduções, onde os silvícolas
ficavam aldeados ou reduzidos. Dentro destes padrões, introduzidos pelo padre Roque González
de Santa Cruz, foram organizadas as províncias jesuíticas do Guaíra, no atual Estado do Paraná, e
do Tape, no atual Rio Grande do Sul. Mas, se o sistema facilitava a catequese e a aculturação do
índio, por outro lado tornava-o presa fácil dos assaltos dos bandeirantes, em virtude de haver
perdido sua capacidade natural de defesa, baseada na mobilidade e dispersão.
Por isso, os bandeirantes paulistas, não tendo encontrado ainda ouro e havendo necessidade de
escravos cuja fonte achava-se interrompida por causa da dominação holandesa em Pernambuco,
assaltavam as missões onde encontravam índios já dóceis para serem vendidos no litoral como
escravos.
Destruição do Guaíra.
A partir de 1607, entradistas de São Paulo começaram a apresar índios em terras atualmente
paranaenses. A grande expedição de Lázaro da Costa em 1615 percorreu os sertões do Sul,
principalmente de Santa Catarina. A tomada da Bahia pelos holandeses em 1624 levou vários
sertanistas em socorro à área ameaçada.
Entre 1628 e 1638, Antônio Raposo Tavares, um dos mais notáveis bandeirantes, avançou com
grande número de mamelucos e índios para o Sul; a expedição tinha 69 oficiais qualificados para
comando, 900 mamelucos e 2 mil índios auxiliares. O atual território paranaense constituía a
província jesuítica espanhola do Guairá, habitada por cerca de 300 mil índios pacificados,
distribuídos em 13 povoações.
Os bandeirantes aprisionaram muitos índios e destruíram várias povoações. Outras foram
abandonadas pelos silvícolas em pânico. Em 1629 a expedição regressou a São Paulo, conduzindo
de 8 a 9 mil índios cativos. Em 1631, Raposo Tavares preparou-se para a segunda fase do seu
avanço; no entanto, os jesuítas decidiram deslocar-se para o Sul, conduzindo 12 mil índios de suas
povoações. A retirada, muito às pressas, fez-se pelo Paraná abaixo, em 700 balsas e muitas canoas.
No salto das Sete Quedas perderam-se 300 canoas, despedaçadas nas pedras. Dali para o Rio
Grande do Sul a expedição seguiu a pé, perecendo milhares de índios.
Por intervenção do Bispo do Paraguai junto aos bandeirantes, deslocaram-se em ordem, para
aquele país, cerca de 4.500 pessoas, entre brancos e índios. Em 1632 os bandeirantes arrasaram
Villa Rica e Ciudad Real, completando a conquista do Guaíra, que era uma enorme área delimitada
pelos rios Paranapanema, Tibagi, Paraná e Iguaçu.
Para essa conquista os paulistas empregaram como principal força de choque os tupis aliados,
muitos dos quais prisioneiros feitos em campanhas anteriores.
Destruição do Tape.
Entre 1653 e 1655, Álvaro Rodrigues do Prado chefiou uma bandeira que
saiu de São Paulo em busca de esmeraldas. Por volta de 1656, daí partiu
também a bandeira de Luís Pedroso de Barros, atraída pelas riquezas
fabulosas do Peru, onde o chefe da expedição veio a falecer.
Em meados do século XVII, como os tamoios no Rio de Janeiro e os caetés
em Pernambuco, os tupinambás da Bahia ofereciam resistência a
colonização branca, mantendo os portugueses praticamente restritos à orla
litorânea de poucas léguas. O Governador-Geral do Brasil apelou para os
sertanistas de São Paulo e em outubro de 1658 seguiu de Santos a
expedição comandada por Domingos Barbosa Calheiros.
A partir de 1662, Domingos Jorge Velho iniciou a exploração e o povoamento do Piauí, pouco
depois seguido por Afonso Mafrense, rendeiro da Casa da Torre. Em 1668 a bandeira de Lourenço
Castanho Taques atingiu o rio Sapucaí e o Paracatu, afluente do São Francisco, à procura de ouro,
que não encontrou, mas venceu os índios cataguás, que até então bloqueavam aquele itinerário.
Surgiram novas ameaças de índios na Bahia e para lá seguiram, de novo, combatentes paulistas
comandados pelo Capitão Estêvão Ribeiro Parente, que dominou os índios ameaçadores. Por esse
tempo partia de São Paulo a famosa bandeira de Fernão Dias Paes Leme, o Caçador de Esmeraldas
que veio a falecer no sertão.
Entre 1676 e 1692, Francisco Dias de Ávila, o maior entradista baiano, estendia seus domínios no
Nordeste.
Em 1682, Bartolomeu Bueno da Silva, comandando uma bandeira de grande efetivo, penetrou nos
sertões de Goiás e encontrou ouro, que as mulheres índias usavam de adorno. O célebre
estratagema de que lançou mão, inflamando um pouco de álcool e ameaçando os índios de
incendiar os rios, valeu-lhe o apelido de Anhangüera que passou para seu filho, também grande
sertanista.
Após terem os paulistas vencido os tapuias no sertão baiano do Paraguaçu, não demorou a surgir
em todo o interior do Nordeste um movimento geral dos índios contra os colonizadores. Os cariris,
ainda dominavam imensa área que se estendia do São Francisco ao Parnaíba, hoje abrangida pelos
Estados da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí. Os índios da Paraíba
foram os que mais tenazmente resistiram à colonização.
O maior sertanista paraibano, António de Oliveira Ledo, ao lado de outros bandeirantes, teve papel
importante na dominação dos cariris em todo o Nordeste. A longa campanha, denominada Guerra
dos Bárbaros, luta cruenta, difícil, sofrida, começou em 1683 e quatro anos depois assumiu
aspectos alarmantes, sobressaltando toda a população nordestina. Dela participaram muitos
sertanistas de São Paulo, inclusive alguns chefes de destaque, como Domingos Jorge Velho, que
ficaria célebre como destruidor do quilombo dos Palmares. Seu primeiro ataque ao reduto, em
1687, não foi bem sucedido, mas isto não o fez desanimar. A partir de uma posição fortificada
construiu uma forte estacada que fazia avançar durante a noite em direção ao quilombo, ao
mesmo tempo em que cortava todos os suprimentos para o reduto, comandado pelo Zumbi
(chefe) Gangazuma. Desesperados, os quilombolas tentaram romper o cerco às duas da
madrugada de 5 de fevereiro de 1694. A maioria pereceu na luta, sendo os restantes aprisionados.
O Zumbi escapou mas foi denunciado a um destacamento de paulistas, que o capturou e
decapitou.
Descobriu-se ouro nas Minas Gerais ao findar o século XVII, atraindo para aquela região
verdadeiras multidões. Vieram aventureiros até de Portugal, os chamados emboabas. A rivalidade
entre brasileiros e estrangeiros agravou-se com o tempo. Também foram os sertanistas paulistas
que descobriram ouro em Goiás, para onde seguiram, por volta de 1727-29, numerosos
contingentes de outros recantos do país. Começava o grande ciclo do ouro no Brasil.
A descoberta de regiões auríferas em Mato Grosso, Goiás e em Minas teve conseqüências decisivas
na formação do Brasil.
Bandeirantes na Amazônia.
Em 1652, Pará e São Paulo eram os dois pólos da geografia política do Brasil.
Enquanto as bandeiras investiam e aprisionavam os índios ao sul, como
vanguardeiras do povoamento branco e mestiço, ao norte os missionários
procuravam catequizá-los e civilizá-los, protegendo-os dos colonos que
pretendiam usá-los como escravos.
Os missionários, em trabalho lento e seguro, conquistavam a confiança e a
amizade dos índios e aprendiam seus dialetos e seus costumes; ficavam
conhecendo as diversas regiões e desenhavam os primeiros mapas. As próprias
características do local, com numerosos rios, impediam ações militares de vulto,
favorecendo indiretamente a catequese.
Em defesa dos silvícolas, o próprio padre António Vieira chegou a percorrer o sertão do rio
Tocantins, 250 léguas rio acima, na bandeira comandada por Gaspar Cardoso.
Por iniciativa pessoal de Vieira, em 1654, o Governo do Pará e do Amazonas foi confiado ao Mestre-
de-Campo André Vidal de Negreiros, brasileiro e veterano das lutas da Restauração Pernambucana,
que, em sua gestão, muito favoreceu a ação dos missionários. Naquela mesma época Vieira
aconselhava mais entradas na Amazônia.
Em 1658, com os rumores de guerra iminente com a Holanda, as autoridades resolveram
solucionar o problema dos nheengaíbas, índios hostis que ocupavam a ilha de Marajó, até então
inimigos dos portugueses e, possivelmente, ligados aos holandeses e franceses.
Vieira solicitou, uma vez mais, 4ue se fizesse nova tentativa de aliança com aqueles índios. Pelo seu
grande prestígio, conseguiu convencer os indígenas a aceitar aliança com os luso-brasileiros. Após
a missa comemorativa da aliança, colocou os índios alinhados e fez com que repetissem, em coro,
o juramento de fidelidade ao Rei de Portugal. Não fossem o trabalho sereno dos missionários e a
ação pessoal de Vieira, tornar-se-ia difícil o domínio do delta do Amazonas, com graves
conseqüências futuras.
Nos anos seguintes, os luso-brasileiros lançaram-se de maneira decisiva ao interior da Amazônia.
Em 1660, o Capitão Pedro da Costa Favela, de Pernambuco, levantou a primeira fortificação no
Araguari; construiu-se, provavelmente em 1669, o Forte de São José do Rio Negro que daria origem
a Manaus; em 1673, bandeirantes de São Paulo desceram o Tocantins; em 1685, o Capitão
Francisco da Mota Falcão ergueu novos baluartes, marcos da posse luso-brasileira da região.
Enquanto isto, em 1676, os franceses tomavam Caiena aos holandeses.
A ocupação ordeira dos missionários era seguida por militares e sertanistas luso-brasileiros que
asseguravam a posse do terreno, principalmente com a construção de vários bastiões. Em fins do
século XVII, os jesuítas ficaram ao sul do Amazonas, em cuja margem esquerda continuavam os
franciscanos, mercedários e carmelitas.
Essas expedições eram empresas coletivas, organizadas para obter lucros individuais para os seus
integrantes. A obediência incondicional ao chefe fazia parte do negócio, e a disciplina obedecia aos
padrões militares e normas jurídicas da época, muito mais rígidas que as atuais. O comandante
tinha direitos absolutos sobre todos os expedicionários.
Simples e flexível, a organização procurava principalmente manter
sob disciplina os numerosos índios armados.
A grande expedição que em 1628 atacou as reduções jesuíticas
espanholas no Paraná, com 900 brancos e 2.200 índios, constituía-
se de quatro companhias ou bandeiras, das quais a primeira
comandada pelo famoso Raposo Tavares, auxiliado pelo Alferes
Bernardo de Souza e pelo Sargento Manuel Morato. A que
percorreu o norte paranaense em 1676 tinha um capitão-mor comandante, um alferes-mor, um
capelão e dois capitães, cada um com seu tenente. As de maior vulto possuíam mais elementos
administrativos, como ronda-mor e escrivão repartidor para a partilha dos índios apresados. As de
colonização representavam verdadeira comunidade em marcha, levando consigo todos os
elementos de organização social. Exemplo desse tipo especial foi a do Capitão Domingos de Brito
Peixoto para fundar Laguna, posto avançado paulista no litoral sul.
A alimentação vinha da exuberância da terra. A mandioca desempenhou papel importante e até
hoje se consome um prato típico bandeirante, o virado à paulista: feijão com farinha de mandioca e
torresmo ou carne seca.
O sertão apresentava toda sorte de perigos para a saúde, valendo-se os bandeirantes dos precários
recursos da medicina da época, com complicados tratamentos baseados em sangrias, emplastros,
purgantes, vomitórios e cauterizações. Confiavam muito nas raízes, ervas e infusões dos índios.
Havia muitas crendices; umas tinham origem árabe, outras africana. Acreditava-se nas virtudes
ocultas e sutis de certas pedras preciosas, como as do diamante, bom para o fígado. De grande
valia eram os benzimentos: a bandeira de João Batista Vitoriano, que partiu de São Paulo em 1740,
não levava como medicamento senão uma fórmula para benzer o ar e espantar doenças: "Ar vivo,
ar morto, ar de estupor, ar de perlésia, ar arrenegado, ar excomungado, ar te arrenego." Nestas
circunstâncias, foram muitos os sertanistas que adoeceram e faleceram no sertão.
Armas e equipamentos.