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História 5 milhões[1](est.)
Habitavam casas comunais de dez a dezenove Aché, Guanás, Caingangues, Embaiás, Tupis
famílias. Como os guaranis modernos, se
uniam e organizavam-se em redes de
parentesco que compartilhavam perspectivas cosmológicas
comuns. A construção familiar é extensa e quanto mais gente o
patriarca da família abrigar (agregados de sangue ou não), mais
prestígio ele terá. O desmembramento para a formação de novas
famílias extensas se dá a partir de um grande aumento
populacional não acompanhado pela estrutura, já que para abrigar
uma grande família extensa o patriarca precisa estar bem em suas Falante da língua guarani.
colocações sociais, econômicas e territoriais.
De acordo com o missionário jesuíta Martin Dobrizhoffer, alguns destes grupos praticavam
antropofagia.
Nas primeiras décadas do século XVI, quando o processo colonizador mercantilista ainda não havia
compreendido com maior clareza a geografia humana nativa no continente sul-americano, os
indígenas, que, posteriormente, seriam chamados genericamente de guaranis, eram conhecidos como
carijós no Brasil e cariós no Paraguai colonial. O termo guarani, que significa guerreiro (e que,
segundo o tupinólogo Eduardo Navarro, deve provir do proto-tupi-guarani), passou a ser empregado a
partir do século XVII, quando a ordem tribal já estava bastante esfacelada por mais de cem anos de
exploração colonial, para designar um grande número de índios que viviam em aldeamentos
pertencentes a grupos falantes de idiomas da família linguística tupi-guarani.[5]
Em boa parte das regiões litorâneas do sul e do sudeste do Brasil, assim como na bacia dos rios Paraná
e Prata, foram as populações guaranis as primeiras populações ameríndias a ser contatadas pelos
europeus.[6]
No início do século XVI, época dos primeiros contatos com os conquistadores europeus, a população
guarani provavelmente chegava ao número de 1 500 000 a 2 000 000 de pessoas.
Em 1511, o navegador espanhol Juan de Solis comandou a primeira expedição europeia a entrar no
Rio da Prata, o estuário do rio Paraná ou do rio Paraguai, seguido pela expedição de Sebastião Caboto
em 1526 . Em 1537, Gonzalo de Mendoza chegou ao Paraguai pelo atual território do sul do Brasil e,
em seu retorno, fez contato com um grupo guarani, fundando Assunção, que, séculos depois, se
tornaria a capital do Paraguai.
Nominações primevas
Os cronistas dos prelúdios do período colonial denominaram guaranis todas as populações que
partilhavam de uma mesma língua, semelhante à língua falada pelos índios tupis do litoral ocidental
sul-americano. Cada agrupamento humano, por sua vez, foi denominado separadamente a partir do
nome de xamãs, líderes guerreiros e figuras locais de prestígio. Também era comum a denominação
dos grupos de acordo com os nomes dos rios e dos lagos em cujas margens habitavam.
Durante mais de quatrocentos anos de referências escritas sobre os guaranis, muitos nomes
alternativos têm sido empregados para identificar estes vários povos, bem como para indicar suas
visíveis diferenças.
Em grande medida influenciados pelas referências dos índios tupis, os colonizadores da América
Portuguesa chamaram os guaranis de araxás, araxanes, cainguás, carijós e ouitatins. Na América
Espanhola, estes mesmos grupos eram chamados de Carios, Chandules, chandrís e landules. A
despeito das denominações exógenas, cada subgrupo possui sua própria forma de autodenominação,
sendo que todos eles se reconhecem no termo avá ou avaeté kuery que significam, respectivamente,
homem e homens verdadeiros.
Com o avanço da empresa colonial, diferentes grupos autóctones se tornaram peças das disputas e
joguetes por recursos e territórios de Portugal e Espanha. Cada um dos lados buscava, de todas as
formas, incitar os grupos que eram seus aliados a fazer guerra contra seu adversário europeu e aos
indígenas a este coligados. Ao mesmo tempo, uma série de epidemias trazidas da Europa se
alastraram rapidamente pelo continente, eliminando as populações autóctones e devastando
províncias inteiras.
Das diferentes trajetórias vividas pelos grupos guaranis, surgiram novas distinções culturais entre os
mesmos. Com o crescimento das Reduções Jesuíticas, surgiria a figura dos guaranis missioneiros, que,
a partir do sincretismo com elementos jesuíticos, dariam forma e cor à utopia cristã-ameríndia das
Missões. Já as populações guaranis que se refugiaram em florestas, montes e pântanos, escapando do
alcance dos bandeirantes, bem como da submissão aos encomenderos espanhóis ou às missões
jesuíticas, ficaram conhecidas pela exonominação genérica de kainguá, kaaiguá, cainguá ou ka'ayguá
- todos esses termos, derivados da palavra guarani ka'aguyguá, "habitantes das matas". Esta
provavelmente é também a origem do nome de um dos atuais subgrupos guaranis, os caiouás, apesar
de estes provavelmente não serem os únicos grupos da atualidade descendentes daquelas populações
não submissas.
No entanto, é grande a probabilidade de que os chamados "habitantes das matas" nunca tenham
perdido totalmente o contato com os guaranis missioneiros, mantendo, de alguma forma,
intercâmbios de bens, informações e até mesmo de pessoas através do parentesco com estes. Esta é
uma das explicações encontradas para a apropriação de instrumentos como o violão (mbaraká) e a
rabeca (ravé), não só utilizados até hoje pelos guaranis embiás, como também considerados pelos
próprios índios como parte de sua tradição e até mesmo originados em sua cultura.
Atualidade
As populações desta etnia ainda mantêm fortes indícios de unidade linguística e cultural,
desenvolvendo, sempre, formas estratégicas relacionais diante das realidades nacionais com as quais
são obrigadas a conviver.
Apesar da baixa populacional (em comparação com o momento dos primeiros contatos com os
europeus), com exceção das áreas localizadas no Uruguai e no centro da Argentina, onde não existem
mais, os guaranis seguem mantendo a configuração de seus territórios no período colonial. A despeito
do processo de aculturação que sofreram, estas populações vêm se recuperando demograficamente,
constituindo uma das minorias que, invisibilizadas nos diversos contextos em que se encontram, têm
de lidar com o problema do aumento demográfico nos regimes de confinamento impostos pelos
estados nacionais.[12][13]
Três aspectos da vida guarani expressam uma identidade que dá especificidade, forma e cria um
"modo de ser guarani": a) o ava ñe'ë (ava: homem, pessoa guarani; ñe'ë: palavra que se confunde com
"alma") ou "fala", "linguagem", que define identidade na comunicação verbal; b) o tamõi (avô) ou
ancestrais míticos comuns e c) o ava reko (teko: "ser, estado de vida, condição, estar, costume, lei,
hábito") ou comportamento em sociedade, sustentado em arsenal mítico e ideológico. Estes aspectos
informam ao ava (homem guarani) como entender as situações vividas e o mundo que o cerca,
fornecendo pautas e referências para sua conduta social.[14]
Lei 11.645/2008
Ver também
Lista dos Tekoá Guarani
Mitologia Guarani
Missões Jesuíticas
Guerra Guaranitica
Referências
1. «Guarani» (https://www.britannica.com/topic/Guarani). Encyclopædia Britannica. Consultado em 8
de março de 2019
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4. BRIGHENTI 2010, p. 46.
5. NAVARRO 2013, p. 135.
6. EMGC 2016, p. 33.
7. MELIÀ 1991.
8. MONTEIRO 1992, p. 492.
9. MONTEIRO 1992.
10. MONTEIRO 1992, p. 493.
11. NHE’ERY 2016, p. 10.
12. BRIGHENTI 2010, pp. 15-16.
13. BRIGHENTI 2016, p. 236.
14. SUSNIK 1980, p. 12.
15. BRASIL 2008.
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Bibliografia
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Federal de Santa Catarina Paraguay. Etnohistoria de los Guaranies.
Assunção: Museo Etnográfico "Andres
Barbeiro"
Ligações externas
Instituto Socioambiental/Guarani (https://www.socioambiental.org/pt-br/tags/guarani)
Hábitos alimentares dos guaranis (http://sol.sapo.pt/blogs/bandeirante/archive/2007/02/16/A-alime
nta_E700E300_o-dos-Tupi_2D00_guaranis.aspx)
A sombra do Passado, por Leonardo Sakamoto (https://web.archive.org/web/20090222170625/htt
p://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=100&breadcrumb=1&Artigo_I
D=1085&IDCategoria=1225&reftype=1)
A etno-história de uma resistência, por Marco Antônio Gonçalves (https://web.archive.org/web/200
70609124436/http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/171.pdf)
El "modo de ser" guaraní en la primera documentación jesuítica (1594-1639), por Bartolomeu
Melià (http://www.datamex.com.py/guarani/marandeko/melia_modo_de_ser_guarani.html)
Mborayu, O Espírito que nos une: um conceito da espiritualidade Guarani, Tese de Doutorado por
João José de Félix Pereira (http://awajupoty.blogspot.co.at/p/tese.html)
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