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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CIDADANIA

EMEFI PROFª JACYRA VIEIRA BARACHO


CEI – Centro de Educação Integral

NOME Nº TURMA 7º

PROFESSOR Rodrigo DATA NOTA

Leia o texto atentamente.

Seu infográfico será apresentado em uma feira das nações indígenas. O público presente tem
curiosidade para conhecer. Planeje anotando as melhores ideias e frases. Faça um resumo. Elabore o
infográfico.

Guarani Kaiowa

Três aspectos da vida guarani expressam uma identidade que dá especificidade, forma e cria um "modo de
ser guarani": a) o ava ñe'ë (ava: homem, pessoa guarani; ñe'ë: palavra que se confunde com "alma") ou fala,
linguagem, que define identidade na comunicação verbal; b) o tamõi (avô) ou ancestrais míticos comuns e c)
o ava reko (teko: "ser, estado de vida, condição, estar, costume, lei, hábito") ou comportamento em
sociedade, sustentado em arsenal mítico e ideológico. Estes aspectos informam ao ava (homem guarani)
como entender as situações vividas e o mundo que o cerca, fornecendo pautas e referências para sua conduta
social (Susnik, 1980: 12).

Há, contudo, entre os subgrupos guarani-ñandeva, guarani-kaiowa e guarani-mbya existentes no Brasil,


diferenças nas formas linguísticas, costumes, práticas rituais, organização política e social, orientação
religiosa, assim como formas específicas de interpretar a realidade vivida e de interagir segundo as situações
em sua história e em sua atualidade. Esta seção privilegia informações sobre os grupos ñandeva e kaiowa.
Há uma seção específica dedicada aos Mbya.

Histórico do contato

Investigações arqueológicas mostram que a cultura guarani tem origem nas florestas tropicais das bacias do
Alto Paraná, do Alto Uruguai e extremidades do planalto meridional brasileiro (Schmitz: 1979,57). No
século V (anos 400 d.C.) esta cultura já teria se diferenciado da tupi e estaria estruturada com características
observáveis no século XVI, bem como nos dias de hoje. Os mesmos arqueólogos sugerem que sua gestação
seria de aproximadamente um milênio. As populações "proto-guarani", que deram origem aos Guarani da
época da conquista (1500) e de hoje (Susnik: 1975), têm uma história marcada por intensos movimentos de
traslados dentro dos espaços por eles considerados apropriados como territórios de ocupação.
Na chegada do europeu as populações que ficaram conhecidas como guarani ocupavam extensa região
litorânea que ia de Cananéia (SP) até o Rio Grande do Sul, infiltrando-se pelo interior nas bacias dos rios
Paraná, Uruguai e Paraguai. Da confluência dos rios Paraná e Paraguai espalhavam-se pela margem oriental
deste último e nas duas margens do Paraná. O Rio Tietê, ao norte, e o Paraguai a oeste, fechavam seus
territórios.

Nome

A nomenclatura referente aos Guarani, a exemplo de outros aspectos de sua tradição de conhecimento, é
tema de difícil abordagem dada a variedade de nomes que podem assumir. Viajantes dos séculos XVI e
XVII os classificaram de modo genérico como “índios de la generación de los guarani” (Cabeza de Vaca
1971; Azara 1969; MCA, 1952) e apresentaram uma enorme lista de nomes utilizados para designar os
povos dessa “nação", que se agrupavam, segundo descrição desses primeiros colonizadores, em pequenos
grupos ou divisões que tomavam o nome do líder político-religioso local ou, ainda, o nome do lugar por ele
ocupado. Sob uma mesma denominação podiam ser identificadas diferentes “comunidades” que viviam ao
longo de um rio ou próximo de fontes de água e mato, assumindo, cada uma delas, denominação particular,
razão pela qual há uma diversidade muito grande de nomes dados aos Guarani pelos conquistadores, tais
como mbiguas, caracara, timbus, tucagues, calchaguis, quiloazaz, carios, itatines, tarcis, bombois, curupaitis,
curumais, caaiguas, guaranies, tapes, ciriguanas (cf. Azara, 1969:20

Autodenominação

O guarani-kaiowa, como são conhecidos na literatura antropológica brasileira, de bom grado, como informa
Cadogan (1959), aceitariam a designação de paĩ, título empregado pelos deuses habitantes do paraíso ao
dirigir-lhes a palavra, mas o nome que melhor lhes corresponde é o de tavyterã ou paĩ-tavyterã,que significa
"habitante do povo [aldeia] da verdadeira terra futura " (távy-yvy-ete-rã). Os ñandeva referem-se a estes paĩ-
kaiowa como tembekuára (orifício labial) por seu costume de perfurar o lábio inferior dos homens jovens
onde se insere pequeno bodoque de resina em cerimônia de iniciação.

O nome Kaiowa deve decorrer do termo KA’A O GUA, ou seja, os que pertencem à floresta alta,densa, o
que é indicado pelo sufixo “o” (grande), referindo-se aos atuais Guarani-Kaiowa ou paĩ-tavyterã. Haveria,
desta forma, uma diferenciação em relação ao termo KA’A GUA, os que são da floresta
sem,necessariamente, que seja densa ou alta, categoria em que se incluiriam os atuais Guarani-Mbya.

Língua

A língua guarani é falada por diferentes povos e de diferentes modos. De acordo com o lingüista Aryon
Dall'Igna Rodrigues, os Ñandeva, Kaiowa e Mbya falam dialetos do idioma guarani que se inclui na família
lingüística Tupi-Guarani, do tronco lingüístico Tupi. Neste rol se incluiriam também os povos chiriguano,
guarani-ñandeva (Chaco paraguaio), ache, guarayos e izozeños, habitantes da Bolívia e Paraguai. Uma
variante do guarani é falada pela população (provavelmente 90%) não indígena do Paraguai, país bilíngüe
guarani/espanhol.

Levando-se em conta as longas distâncias entre os diferentes subgrupos guarani, são relativamente pequenas
as diferenças entre suas línguas. Em situações territoriais limítrofes, onde ocorre contato entre subgrupos
guarani (como o caso de Ocoy e Tekoha Añetete, no Paraná entre Mbya e Ñandeva), ou em situações
compulsórias de relações de grupos macro familiares (famílias extensas) de subgrupos diversos numa mesma
área (como Kaiowa e Ñandeva de Dourados, Caarapó ou Amambai no MS; ou como Chiripa e Mbya no
Ocoy, PR), se observam atenuantes nas diferenças dialetais ou o surgimento de um léxico específico.

Localização e Tekoha

Habitando a região sul do Mato Grosso do Sul, os Kaiowa distribuem suas aldeias por uma área que se
estende até os rios Apa, Dourados e Ivinhema, ao norte, indo, rumo sul, até a serra de Mbarakaju e os
afluentes do rio Jejui, no Paraguai, alcançando aproximadamente 100 Km em sua extensão leste-oeste, indo
também a cerca de 100 Km de ambos os lados da cordilheira do Amambaí (que compõe a linha fronteiriça
Paraguai-Brasil), inclusive todos os afluentes dos rios Apa, Dourados, Ivinhema, Amambai e a margem
esquerda do Rio Iguatemi, que limita o sul do território Kaiowa e o norte do território Ñandeva, além dos
rios Aquidabán (Mberyvo), Ypane, Arroyo, Guasu, Aguaray e Itanarã do lado Paraguaio, alcançando perto
de 40 mil Km2. O território Kaiowa ao norte faz fronteira com os Terena, e ao leste e sul com os Guarani
Mbya e com os Guarani Ñandeva (v. Meliá, 1986: 218). Algumas famílias kaiowa também vivem,
atualmente, em aldeias próximas às Mbya no litoral do Espírito Santo e Rio de Janeiro.

O território Ñandeva atual toma parte dos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná, estendendo-se também
ao Paraguai oriental. Migrações ñandeva do início do século XX oriundas do Paraguai cristalizaram
assentamentos no estado de São Paulo, interior e litoral, assim como em Santa Catarina, no interior do
Paraná e do Rio Grande do Sul. No Paraguai, concentram-se na região compreendida entre os rios Jejui
Guasu, Corrientes e Acaray, tendo por vizinhos ao sul os mbya , ao norte os paï-kaiowa e a leste os Aché. O
território atual dos Ñandeva compreende os rios Jejui Guasu, Corrientes e Acaray, no Paraguai, e, no Brasil,
o Rio Iguatemi e seus afluentes, sendo encontrados também nas proximidades da junção deste com o Paraná.
Bartolomé (1977) fala de um "habitat histórico" localizado ao sul do Jejui Guasu, ao longo do Alto Paraná e
ao sul do Iguasu. Há também assentamentos Ñandeva no interior do Paraná e de São Paulo, e no litoral deste
último.

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