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CENTRO UNIVERSITÁRIO SAGRADO CORAÇÃO

DEBORA ELLEN BUENO ANTUNES, GABRIELA FERREIRA


LIMA, SARA DO ESPÍRITO SANDO, VINÍCIUS GONÇALVES
FRENEDA

XAVANTE: UMA BREVE ANÁLISE DO SÉCULO XVIII AO


XXI

BAURU
2021
1- NOME E GRUPO LINGUÍSTICO

Os Xavantes, como chamam os não-índios, se autodenominam A´uwe (“gente”)


- formam com os Xerente (autodenominados Akwe) do Estado do Tocantins, um
conjunto etnolinguístico conhecido na literatura antropológica como Acuen, que fazem
parte da família lingüística Jê, do tronco Macro-Jê. No período colonial e imperial,
grupos Acuen também foram identificados pelos etnônimos “xacriabá” e “acroá”.
Ademais, na literatura de viajantes, os Acuen, ficaram conhecidos como Tapuias, em
oposição aos grupos do tronco Tupi, denominados Tamoios e localizados no litoral
brasileiro.

A versão mais comum sobre a origem do nome “xavante” lhes atribuído por
não-índios, é por nao visarem sua diferenciação dos demais Acuen.

Os A’uwe de hoje adotaram a designação “Xavante” e é por ela que se referem


a si próprios ao lidar com os waradzu (“brancos”). No entanto, entre a sociedade local
e a outros grupos indígenas se identificam como a’uwe ou a’uwe uptabi (“gente de
verdade”).

A língua de origem é mantida e retransmitida para as novas gerações – agora


também por meio da escola. Fora do contexto social da tribo eles também costumam
falar português muito bem.

2- LOCALIZAÇÃO

As primeiras notícias sobre os Xavante trazem informações sobre sua


localização entre os rios Araguaia e Tocantins no século XVIII, a primeira delas em
um mapa de 06 de abril de 1751 (Lopes da Silva, 1992, p. 363)
Atualmente, os Xavante estão presentes em diversas Terras Indígenas que
constituem parte do seu antigo território de ocupação tradicional há pelo menos 180
anos, na região compreendida pela Serra do Roncador e pelos vales dos rios das
Mortes, Kuluene, Couto de Magalhães, Batovi e Garças, no leste matogrossense.
Afora as Terras Indígenas Chão Preto e Ubawawe que são contíguas a TI Parabubure,
as demais terras xavantes - Marechal Rondom, Maraiwatsede, São Marcos, Pimentel
Barbosa, Areões e Sangradouro/Volta Grande - são geograficamente descontínuas.
Tais terras estão localizadas em meio a um conjunto de bacias hidrográficas
responsáveis pela biodiversidade regional e pela base do modo de vida tradicional
indígena.
Os Xavante vivem na região do leste mato-grossense desde o século XIX,
embora existam controvérsias sobre a data de sua fixação nestas terras. O período
provável é entre 1800 e 1840, quando atravessaram os rios Araguaia, Cristalino e das
Mortes. (Lopes da Silva,1986)

3- FORMA DE VIDA TRADICIONAL

Na Literatura Antropológica se encontra diversas características acerca do


povo indígena Xavante, incluindo suas tradições e rituais. A organização social se
baseia no dualismo, um princípio dual, onde tudo é dividido em metades opostas e
complementares. Sua tradição é transmitida através de relatos, rituais e ensinamentos
que são passados de geração em geração, inclusive se adaptando a escrita com o
intuito de reivindicar seu espaço na sociedade.
Em sua cultura há diversos pontos marcantes, como a corrida de buriti, que
se baseia em duas equipes de gerações diferentes competindo entre si. Quando
pequenos, os meninos se agrupam de acordo com a idade e participam de sua
primeira cerimônia, que através da luta com clavas demonstram sua coragem e
fraqueza. Ao crescerem, são encaminhados à uma casa tradicional chamada Hö,
onde ficam reclusos por cinco anos. O ritual do furo de orelha, um dos mais
conhecidos, acontece na passagem da adolescência para a vida adulta. Durante o
ritual, o furo é preenchido com um cilindro de madeira, que acreditam ser um indutor
de sonhos.
Na alimentação tradicional, os xavantes utilizam a coleta de raízes silvestres,
castanhas e frutos (em sua maior parte feita por mulheres), além da caça e pesca
(feita pelos homens). Como complemento, há o cultivo de milho, feijão e abóbora.
Os xavantes tornaram-se famosos por volta da década de 1940, com uma
campanha promovida durante o Estado novo junto da SPI (Serviço de proteção aos
índios). Eram um povo seminômade e combatiam quem invadisse seu território. Os
fazendeiros que cobiçavam suas terras resolveram “pacificá-los”, nesse ataque muitos
indígenas morreram, tiveram suas casas queimadas e tiveram perdas demográficas
em virtude de doenças. É interessante notar que, na versão xavante, quem foi
pacificado foram os brancos, e não eles.
Nesse sentido, assim como diversos outros povos indígenas no Brasil, os
Xavantes têm um grande histórico de resistência na luta por seus direitos.
Desenvolveram táticas eficazes para exercer pressão sobre o Estado e enfrentaram
adversários de peso, tais como fazendeiros com grande poder político e imensas
propriedades.

4- ATUALMENTE

Segundo dados do ano de 2020, existem cerca de 22.526 xavantes. O ponto


principal dos xavantes atualmente é a saúde. Nos dias de hoje encontramos algumas
situações positivas na saúde dos xavantes. Apresentam elevadas taxas de natalidade,
aumentando regularmente seu crescimento populacional. Porém ainda há vários
pontos negativos, como por exemplo a taxa de mortalidade infantil, a qual é superior
à média brasileira e muitas vezes são causadas por doenças que facilmente poderiam
ser sanadas, como infecções respiratórias e gastrointestinais provocadas pelas más
condições sanitárias. Dessa forma, excrementos humanos ou mesmo o acúmulo de
lixo se depositam próximos a fontes de água que posteriormente serão consumidas
pela população. Além disso, analisa-se problemas como o sedentarismo e o abandono
das atividades antes por eles realizadas acompanhada do grande consumo de farinha
de trigo refinada e açúcar que tem levado vários xavantes a adquiri problemas de
saúde. Ademais, o alcoolismo, que vem prejudicando muitos indígenas, adversidade
relativamente nova no contexto das comunidades xavantes.
Contam ainda com o precário atendimento médico e difícil acesso a saúde,
complementado com a falta de profissionais especializados e a falta de recursos para
os procedimentos clínicos.

CURIOSIDADE:
Os xavantes são apaixonados por futebol, promovendo competições
esportivas, torneios e jogos intracomunitários ou intercomunitários, que busca
divertimento e interação entre a comunidade.
REFERÊNCIAS:

GRANHAM, Laura. Xavantes – Povos Indígenas no Brasil. Povos Indígenas no


Brasil, 2008. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Xavante. Acesso
em: 11 mar 2021.

LOPES DA SILVA, Aracy. Nomes e amigos – da prática Xavante a uma reflexão


sobre os Jê –FFLCH-USP – 1986. Disponível em:
http://www.wederalab.blog.br/pt/nomes-e-amigos-da-pratica-xavante-e-uma-reflexao-
sobre-
osje/#:~:text=Texto%20de%20Aracy%20Lopes%20da,%E2%80%94%20FFLCH%2F
USP%2C%201980. Acesso em: 11 mar 2021.

LOPES DA SILVA, Aracy. “Dois séculos e meio de História Xavante”, In Manuela


Carneiro da Cunha (Org.), História dos índios no Brasil, São Paulo, Secretaria
Municipal de Cultura/Companhia das Letras/Fapesp, 1992. Disponível em:
http://www.etnolinguistica.org/hist:p357-378. Acesso em: 11 mar 2021.

COIMBRA JR, Carlos E. A. WELCH, James R. Antropologia e História Xavante em


Perspectiva – Rio de Janeiro: Museu do Índio – FUNAI, 2014

XAVANTES. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Xavantes#:~:text=O%20povo%20ind%C3%ADgena%20b
rasileiro%20xavante,ao%20tronco%20lingu%C3%ADstico%20macro-j%C3%AA
Acesso em: 11 mar 2021.

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