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No Rio Grande do Sul, cerca de 33 mil pessoas se autodeclaram indígena, sendo uma das
maiores concentrações do país, reunindo mais de cem comunidades das etnias Mbya Guarani,
Kaingang, Xokleng e Charrua em 66 municípios gaúchos, conforme o Censo de 2010. Atualmente
o estado possui 90 escolas indígenas bilíngues onde estudam 7 mil estudantes, as instituições
atendem os integrantes dos povos originários conforme necessidades identificadas nas próprias
comunidades, também são fontes de produção de materiais de estudo em idioma guarani.
3. Situação das Terras indígenas no Brasil
São consideradas terras indígenas as áreas demarcadas e homologadas por meio das
etapas do processo legal que conhecemos anteriormente, sendo elas habitadas de forma
permanente por uma ou mais comunidades indígenas, que ali desenvolvem as suas atividades
cotidianas.
Conforme a definição apresentada na Constituição de 1988, as terras indígenas são
imprescindíveis para a reprodução cultural e física das comunidades e povos indígenas do Brasil.
A base de dados do Instituto Socioambiental (ISA) mostra que existem hoje 731 terras
indígenas no Brasil. Nelas vivem 268 povos diferentes e uma população de 676.193 indígenas,
que representam aproximadamente 48% dos 1,4 milhão de indígenas que vivem no país, de
acordo com o balanço parcial do censo demográfico de 2022, feito pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Do total de terras indígenas, 490 tiveram seu processo de demarcação finalizado e já
foram homologadas e registradas. O quadro das demais áreas é o seguinte:
Mais da metade das terras indígenas do Brasil (58%) está localizada na Amazônia Legal,
seguido do domínio da Mata Atlântica (30%). O Amazonas, estado da região Norte do país,
concentra 164 terras indígenas, que perfazem uma área de 45.800.730,73 hectares. O segundo
estado com o maior número de terras indígenas é o Mato Grosso, onde há 79 áreas, que somam
mais de 15 milhões de hectares, seguido do Pará, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.
Considerando as Grandes Regiões, as informações disponibilizadas pela Funai indicam
que a parcela de terras indígenas em cada uma das regiões se distribui da seguinte forma:
5. Alimentação Indígena
A alimentação dos povos indígenas provém basicamente destas atividades: pesca, caça,
coleta e agricultura. Costumava ser baseada no consumo de frutas, legumes, verduras, raízes,
caules, peixes e carnes de caça. Frutos como o caju e o açaí eram comuns na alimentação de
povos de algumas localidades, como o Norte e o Nordeste brasileiros. Os índios do Norte também
consumiam muito o guaraná como fonte de energia para as atividades diárias e para a guerra. A
mandioca era a principal fonte de carboidrato deles, por isso era amplamente cultivada. A tapioca
e a farinha de mandioca eram maneiras de estocar a mandioca para a utilização posterior.
Hoje em dia, apesar de manterem muitos hábitos alimentares, os indígenas que
permaneceram tiveram que se adaptar aos hábitos alimentares da sociedade brasileira
contemporânea. A caça, a pesca e a coleta, que eram possíveis quando as florestas eram
preservadas, já não são mais suficientes para alimentar a pequena população indígena, devido ao
desmatamento.
A introdução forçada dos indígenas no modo de vida urbano e rural (desenvolvido pelos
brasileiros pós-colonização) modificou drasticamente a vida indígena dentro e fora das aldeias,
entre 1500 e os dias atuais.
6. Religiosidade
Cada povo indígena brasileiro tem o seu próprio sistema de crenças, com seus rituais,
seus deuses e suas lendas. As religiões dos povos indígenas do Brasil são politeístas, cultivam
muitas entidades e não há a adoração a uma única divindade. Também não há dogmas ou um
conjunto de doutrinas registradas em livros sagrados, como a Bíblia. Mas a religião indígena,
normalmente é panteísta, onde não existe somente uma figura relacionada a um ser criador (que
acreditam que a natureza e o divino estão conectados).
Nos rituais religiosos, os índios costumam reverenciar os seres ancestrais, os elementos,
as plantas, animais, os seres mitológicos e a natureza. Esses rituais são marcados pela presença
do xamã, também chamado de pajé, responsável pela mediação entre o plano espiritual e
material, bem como pela preservação e difusão do conhecimento da tribo. A principal tarefa dos
xamãs é a cura. Através desse trânsito entre o mundo dos vivos e a dimensão sobrenatural, o
xamã consegue controlar os espíritos causadores das enfermidades, evitando inclusive a morte do
paciente. Os rituais variam entre as tribos e podem ocorrer pela toma de algumas substâncias,
como por exemplo o tabaco, ou ingestão de ervas (geralmente alucinógenas), as quais irão fazer
a ligação entre os mundos espiritual e material.
7. Cultura
A língua portuguesa falada em nosso país possui uma infinidade de palavras de origem
indígena, como Iara, Jaci, Itu, Itapetininga, Anhanguera, tapioca, beiju, pamonha, gamela, puçá,
arapuca, dentre outras. Os povos indígenas contribuíram para a formação do povo brasileiro. Na
sociedade colonial, a união entre eles e brancos - no princípio, ilegítima - ganhou o nome de
"mameluco" ou "caboclo". Por sua vez, da união entre indígenas e negros, que ocorreu em menor
grau, chamou-se "cafuzo" ou "caburé".
Dança indígena
A dança e a música tiveram e ainda têm um papel religioso dentro da cultura indígena.
Geralmente a dança é realizada em rituais e festividades religiosos entoados em agradecimento
ou como forma de pedidos às divindades. Podendo ser realizada individualmente ou em grupo,
geralmente a dança indígena possui uma execução de passos que requer a formação de duplas
ao menos em algum momento dela. Geralmente, as danças são realizadas por pessoas com o
corpo pintado, pois a pintura corporal também é um elemento da simbologia religiosa indígena. A
dança é realizada ao ar livre por homens e mulheres, acompanhada por instrumentos, como os
maracás (chocalhos feitos com cabaças e sementes), e pelo coro dos participantes.
Algumas danças de rituais xamânicos (liderados pelos xamãs, pessoas capazes de fazer
uma ponte entre o mundano e o sagrado, como os pajés) entoadas por índios de tribos
amazônicas utilizam também máscaras.
Podemos destacar como principais danças indígenas as listadas a seguir:
● Acyigua: feita pelo pajé e pelo melhor caçador da tribo para resgatar a alma de um
guerreiro indígena morto. Ela advém da tradição indígena Guarani.
● Atiaru: praticada por homens e mulheres da tribo, ela objetiva afastar os maus espíritos do
local.
● Toré: entoada por várias tribos e com diferentes variações. Geralmente é feita em círculos
por todos da tribo, ao ar livre, com passos definidos pela batida de um chocalho feito de
cabaça e pedras.
● Kuarup: dança típica de povos do alto Xingu, o kuarup, que é dançado por todos os
membros da tribo, visa fazer uma homenagem aos membros que já morreram."
Os objetos produzidos pelas culturas indígenas, apesar do evidente valor estético, não são
considerados “arte” pelos seus produtores, pois são de uso cotidiano ou ritual, bem como para
troca com povos vizinhos. Entre eles, destaca-se a importância da música, dança, arte plumária,
cestaria, cerâmica, tecelagem e a pintura corporal.
A arte indígena é bastante variada e pode ser observada em diversos:
● Objetos de uso cotidiano (como a cerâmica, as armas e os cestos)
● Objetos ritualísticos (como as máscaras)
● Itens de decoração do corpo (como as plumas, as braçadeiras e os botoques)
Línguas indígenas
Atualmente, existem 274 línguas indígenas no Brasil, segundo o censo do IBGE de 2010.
Muitas delas surgiram dos troncos linguísticos tupi e macro-jê. A oralidade é algo notório nas
comunidades indígenas, sendo que grande parte da cultura é transmitida desta maneira. É comum
pensar que o Brasil é um país monolíngue, onde só se fala português. Mas a realidade é que
cerca de 300 outras línguas são faladas no território brasileiro. No censo de 2010, os indígenas
pertencentes às 305 etnias declaradas listaram 274 idiomas de origem nativa americana.
A ideia de que todos os povos indígenas falam Tupi-Guarani, é um exemplo de como a
cultura indígena foi generalizada. Na verdade, Tupi-Guarani não é uma única língua, mas uma
família linguística de um mesmo tronco, o Tupi. Essas línguas eram faladas majoritariamente por
povos indígenas que viviam na costa do continente e tiveram mais contato com os colonizadores
que, por não conhecerem as línguas, achavam que todos os povos estavam falando o mesmo
idioma. O tronco Tupi ainda é um dos mais falados por povos indígenas atualmente, e é bastante
diverso. Esse tronco é composto por 10 famílias linguísticas, incluindo a Tupi-Guarani, onde se
enquadra a língua Guarani, além de mais de 20 outras. Muitas das línguas também possuem
diferentes dialetos. O Guarani, por exemplo, é falado em três dialetos diferentes: o Kaiowá, o
Mbyá e o Nhandéva.
Infelizmente, como grande parte dos idiomas falados pelos povos indígenas não utilizam
linguagem escrita e há uma pressão para o ensino do português nessas comunidades, a
diversidade linguística está ameaçada.Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN), em 2020 haviam somente 180 idiomas sendo ativamente usados no Brasil.
8. História
10. Curiosidades
● O caoim era uma bebida típica feita pelos tupi-guarani à base de mandioca. Em um ritual,
vários membros da tribo mascavam a mandioca crua e cuspiam o bolo de mandioca
misturada com saliva em uma moringa de barro que era enterrada. A fermentação da
mistura resultava em uma bebida alcoólica apreciada em festas.
● Os índios brasileiros não conheciam a metalurgia antes da chegada dos europeus ao
território brasileiro.
● Antes da chegada dos portugueses, havia tribos indígenas canibais no Brasil. Alguns
relatos dão conta de que tais tribos sobreviveram até o início do século XX na Amazônia.
● Várias palavras comuns no nosso cotidiano são de origem indígena. São exemplos:
maracujá, guaraná, mandioca, caju, acerola, moringa, tambaqui, pirarucu e oca.
● O consumo de mandioca, de peixes típicos de rios brasileiros, como o pirarucu, o cará e a
caranha, e de frutas brasileiras, como a acerola, o maracujá e o guaraná, está em nossas
mesas hoje graças à presença marcante da cultura indígena na formação cultural do
Brasil.
Fontes:
https://www.todamateria.com.br/indios-brasileiros/
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/a-populacao-indigena-no-brasil.htm
https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/20506-indigenas.html
https://blog.meudna.com/dia-da-diversidade-dos-povos-indigenas/
https://www.estado.rs.gov.br/estado-desenvolve-acoes-e-politicas-publicas-para-povos-indigenas
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/demarcacao-terras-indigenas-no-brasil.htm
https://terrasindigenas.org.br/
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/cultura-indigena.htm
https://www.todamateria.com.br/cultura-indigena/
https://www.significados.com.br/cultura-indigena/#:~:text=Cultura%20ind%C3%ADgena%20%C3%
A9%20o%20conjunto,de%20pensar%20e%20agir%20%C3%BAnicos.
https://www.gov.br/mast/pt-br/assuntos/noticias/2023/abril/a-importancia-dos-povos-indigenas-para
-a-preservacao-da-natureza#:~:text=Os%20povos%20ind%C3%ADgenas%20desempenham%20
um,ecol%C3%B3gica%2C%20como%20a%20floresta%20amaz%C3%B4nica.