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ALUNO(A) _________________________________________
Os Kadiwéu
Língua
Demografia
Os dados da Funai apontam como sendo, em 1999, de 1.041 o total da
população Kadiwéu sob a jurisdição do Posto Indígena Bodoquena (que abrange as
aldeias Bodoquena e Campina), sediado na aldeia de mesmo nome. A população
referente ao Posto Indígena São João, que abrange as aldeias São João e
Tomázia, seria de 551, segundo a mesma fonte e data. Cabe notar que, como já foi
aludido acima, na aldeia São João vivem principalmente índios Terena e Kinikináo.
Por conseguinte, a população total de 1.592 em 1999 corresponde aos índios
destas três etnias que habitam a Terra Indígena Kadiwéu e inclui também os
Kadiwéu que moram fora dela, de proveniência daquelas aldeias.
Não contávamos, até essa data, com outro censo atual da população
Kadiwéu que não este da FUNAI, que, entretanto, não relacionava em separado as
etnias habitantes do Posto Indígena São João, o que impossibilitava o cálculo total
da população Kadiwéu. Segundo dados da Funasa mais atuais, em 2006 os
Kadiwéu somavam 1.629 pessoas. Em 1992, época da pesquisa de Mônica
Thereza Pechincha, viviam 633 Kadiwéu na aldeia Bodoquena, 39 na aldeia
Campina, 60 na aldeia Tomázia e 67 em outras localidades no interior da Terra
Indígena, além da aldeia São João, que, na época, contava com 170 habitantes.
Para fins de observação do crescimento demográfico, apresento ainda dados de
1995, recolhidos na Administração Regional de Campo Grande, da FUNAI, que
indicam como sendo 951 o número da população do Posto Indígena Bodoquena, e
388 o do Posto Indígena São João.
Histórico do contato
A primeira notícia que se tem dos Guaikurú data do século XVI, proveniente
de uma expedição européia que adentrou a região chaquenha à procura de metais
preciosos no interior do continente. Muitos grupos Mbayá estiveram sob a influência
de reduções missionárias a partir do século XVIII. No mesmo século e no início do
seguinte, o contato com as frentes colonizadoras se intensificou com o
estabelecimento de fortes militares estabelecidos pelo curso do rio Paraguai, seja
de portugueses ou espanhóis, que se debatiam pela definição de fronteiras. As
cidades fundadas na região fizeram parte do cenário de sua história, muitas vezes
de conflito. Ou de acordo, como o celebrado em 1779 entre os Mbayá e os
espanhóis, e o firmado em 1791, com os portugueses.
Um marco de peso na história do contato com a sociedade nacional,
recordado com orgulho e insistência, foi a participação dos Kadiwéu na Guerra do
Paraguai. Esta participação rendeu o seu registro em inúmeras narrativas históricas
que lembram detalhes do evento e um desempenho heróico guardado com
cuidado. Contam os Kadiwéu sua fundamental participação naquela guerra, quando
lutaram em favor dos brasileiros e ganharam como recompensa o território que
habitavam e onde até hoje habitam. É aí que buscam o argumento mais eficaz de
sua posse incontestável, mas sempre ameaçada.
A Terra Indígena Kadiwéu esteve sujeita a um primeiro reconhecimento oficial
no início do século, por ato do Governo do Estado do Mato Grosso. Houve
demarcação em 1900 e expedição de decreto em 1903, que já estabelecia como
limites naturais os mesmos atuais acima mencionados. Em 9 de abril de 1931, o
decreto n° 54 ratificou estes limites. Mas os problemas fundiários foram uma
constante em sua história e os Kadiwéu não apagaram de sua memória as
tentativas de invasão e conflitos ocorridos desde o início do século.
Mais recentemente, a demarcação de suas terras, concluída em 1981,
cercou-se de muita tensão com invasores e deixou inclusive de fora de seu
perímetro uma aldeia Kadiwéu de nome Xatelôdo, localizada na serra da
Bodoquena. Em 1983 eram em número de 1.868 os posseiros que ocupavam
aquela Terra Indígena. Os conflitos gerados, notadamente nos anos de 1982 e
1983, foram amplamente divulgados pela imprensa.
Esta história marcou-se também por inevitáveis conflitos com fazendeiros
arrendatários. Os pecuaristas começaram a adentrar o território Kadiwéu há quase
cinco décadas, havendo notícias de que o primeiro o teria feito em 1952. Desde o
final da década de 50 começaram, de outra forma, a ocupar este território com
autorização oficial do Serviço de Proteção ao Índio (SPI, órgão que antecedeu a
atual FUNAI). Em 1961, já haviam sido efetivados 61 contratos individuais com
arrendatários. Esta ocupação alterou significativamente a utilização pelos índios de
seu território. No início da década de 90, eram 89 as fazendas arrendadas no
interior da Terra Kadiwéu, as quais se estendiam pelo território quase que na sua
inteireza, de forma a ficarem os índios espremidos nas suas aldeias.
Arte
Desenhos publicados em VIDAL, Lux (org.). Grafismo Indígena. Studio Nobel, Fapesp, Edusp, SP,
1992
Ritos
Fontes de informação
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