Os responsáveis pelo conceito contemporâneo do vocábulo "bunda" como sinônimo de nádegas,
são os africanos. Mais especificamente os angolanos e os cabo-verdianos, quando aqui chegaram durante a escravidão. Foi assim: Naquela época, a palavra bunda não existia. Os portugueses, quando queriam falar a respeito do traseiro de uma cachopa, diziam "nádegas" . Aí, os escravos angolanos e cabo-verdianos chegaram ao Brasil. Só que eles não eram conhecidos como angolanos nem cabo-verdianos. Eram conhecidos como povos bantos, também chamados bundos, que falavam o idioma ambundo ou quimbundo. Na verdade, a portuguesada se referia a eles como "povo banto de Angola" ou "povo bundo de Angola", e à língua como "língua banta dos bundos" ou simplesmente "língua bunda". Tempos depois, alcunhavam qualquer língua dos povos negros africanos de "bunda". Os bundos, em especial as mulheres, possuíam a região glútea muito mais sólida, avantajada e globosa do que a dos povos que aqui já residiam. E os portugueses, que ao contrário do que se acredita não são bobos, logo encompridaram os olhares para as nádegas das mulheres bundas. Acostumados a se decepcionar com os acanhados glúteos de suas conterrâneas, camuflados sob camadas de anáguas, quando uma representante do povo bundo passava diante de uma patota de indivíduos eles comentavam: - Que buuunda! Desse jeito, em pouco tempo, a palavra bunda, antes designação das mulheres de um povo, passou a ser sinônimo de nádegas.
(Coleção O Brasil Visto Por Estrangeiros) Auguste de Saint-Hilaire-Viagem Ao Rio Grande Do Sul-Secretaria Especial de Editoração e Publicações Do Senado Federal (2002) PDF