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COLETÂNEA

Cultura Afrodescendente

ESCOLA FÁBIO NACKPAR


LÍNGUA PORTUGUESA - 6º e 7ºANO EF 2023
Autores
Este projeto foi produzido e organizado pelos alunos do 6º ano e do
7° ano do Ensino Fundamental no ano letivo de 2023, turmas 61, 62 e 71, no
componente de Língua Portuguesa sob orientação da professora Greici
Quéli Machado, na Escola Estadual de Ensino Médio Professor Fábio
Nackpar dos Santos.

Alunos-autores:

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A Influência Africana no Brasil

A construção da sociedade brasileira baseou-se na diversidade


cultural, precisamente entre povos nativos e colonizadores. Fortemente a
presença da cultura africana faz-se necessária para compreender a
diversidade étnica do povo brasileiro, suas lutas, crenças, especificidades,
remetem-nos a observar as diversas situações que procederam a
constituição do nosso povo. Apropriar-se dos conhecimentos que a Cultura
Afro Brasileira transmite, contribui para o respeito e valorização dos
direitos da população negra. A garantia de ampliar novas discussões que
levem a mudança social, que alcancem uma postura fortalecida por meio
das reflexões e resistências. Devido a todos estes fatores, o presente
trabalho tem como objetivo principal apresentar a cultura do povo
africano, pois é ela fonte de subsídios para o misto cultural que o Brasil faz
parte.
Na primeira parte, a presente coletânea visa apresentar a incrível
herança e riqueza cultural deixada pelos africanos no Brasil, a nossa
língua jamais seria tão rica e dinâmica sem as palavras de origem africana
apresentadas na primeira parte desta coletânea, linguagem esta que
chega ao Brasil durante o período da escravidão, quando milhões de
pessoas escravizadas, que trouxeram consigo uma imensa riqueza cultural
e muitas palavras que influenciaram na nossa maneira de falar que
permanece no nosso idioma até os dias atuais. O resultado dessa

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importante contribuição da raça negra para a cultura brasileira foi um
vasto vocabulário de palavras originárias da África, que usamos até hoje
no nosso cotidiano.
Na segunda parte arrolamos vários provérbios africanos que tratam
acerca da rotina e da vida em sociedade. Na terceira parte selecionamos
alguns jogos e brincadeiras de origem africana, pois o brincar faz parte da
cultura e, quando propiciamos um espaço brincante, ajuda crianças a
desenvolver a criatividade, a ampliar a sensação de liberdade, sendo esta
capaz de ser autônoma e autora de sua própria história. Por falar de
história, os jogos nos conectam com os contextos sociais, os povos e as
nações, logo, conhecer as suas origens e seus desdobramentos nos
permitem ampliar os nossos repertórios lúdicos, culturais e africanos.
Já na quarta parte da coletânea, apresentamos várias receitas
típicas da culinária africana. As mulheres negras foram as primeiras
cozinheiras desta terra sob a colonização portuguesa. Eram elas que
preparavam as comidas das casas grandes e também das senzalas.
Trouxeram não só o jeito de preparar a comida, os guisados e ensopados
como também trouxeram alimentos tipicamente africanos para o Brasil,
como mingaus, peixes fritos, bolos, acarajés, cocadas, quiabo, inhame,
maxixe, óleo de dendê, as pimentas, entre outros.
E, na quinta e última parte, relacionamos algumas personalidades
negras muito importantes para a sociedade brasileira, tanto no âmbito
social como cultural, devida a importância de seus trabalhos e estudos,
muitas vezes pioneiros, que foram desenvolvidos em contextos de muita
dificuldade e suor. Essas e tantas outras personalidades negras nos
ensinam com as suas histórias de vida e luta como a coragem, o trabalho,
a cultura e o respeito podem reduzir a desigualdade racial e tornar a
nossa sociedade mais justa.

Profª Greici Quéli Machado

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Sumário

Palavras da Língua Portuguesa de origem africana 08

Provérbios africanos 23

Lendas de origem africana 27

Jogos e brincadeiras de origem africana 34

Culinária de origem africana 41

Personalidades negras 66

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Palavras
da Língua Portuguesa
de origem africana

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A
ABADÁ: curte pular carnaval? pois saiba que até aqui, a influência africana
está presente: hoje em dia, a palavra abadá é conhecida por se referir à
camiseta de carnaval recebida na compra do ingresso para blocos de rua.
ela tem origem no iorubá e originalmente era utilizada para se referir às
batas/túnicas brancas vestidas em rituais religiosos.

ABARÁ: bolinho de feijão.

ACARÁ: peixe de esqueleto ósseo.

ACARAJÉ: bolinho de feijão frito (feijão fradinho).

AGOGÔ: instrumento musical constituído por uma dupla campânula de


ferro, produzindo dois sons.

ANGU: massa de farinha de trigo ou de mandioca ou arroz.

AXÉ: o termo geralmente é usado como o “assim seja”, da liturgia cristã, e


também “boa-sorte”. contudo, segundo as religiões afro-brasileiras, axé (do
iorubá ase) é bem mais do que isso: é a energia vital encontrada em todos
os seres vivos e que impulsiona o universo.

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B
BABÁ: ama-seca; pessoa que cuida de crianças em geral; pai de santo; a
origem é controvertida sendo, para alguns estudiosos originários do
quimbundo, e para outros do idioma iorubá.

BAGUNÇA: baderna desordem.

BALANGANDÃS: enfeites, originalmente de prata ou de ouro, usados em


dias de festa.

BAMBOLÊ: aro de plástico ou metal usado como brinquedo.

BANGÜÊ: padiola de cipós trançados na qual se leva o bagaço da cana.

BANGUELA: desdentado. os escravos trazidos do porto de benguela, em


angola, costumavam limar ou arrancar os dentes superiores.

BANGUELA: desdentado.

BANGULÊ: dança de negros ao som da puíta, palma e sapateados.

BANTO: nome do grupo de idiomas africanos em que a flexão se faz por


prefixos.

BANZAR: meditar, matutar.

BANZO: nostalgia mortal dos negros da áfrica.

BATUQUE: dança com sapateados e palmas.

BERIMBAU: instrumento de percussão com o qual se acompanha a


capoeira.

BIRITA: cachaça; gole de cachaça.

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BRUACA: espécie de mala ou sacola que se levava no lombo de animais.

BUGIGANGA: objeto de pouco ou nenhum valor ou utilidade.

BÚZIO: concha.

C
CACHAÇA: essa aguardente de cana-de-açúcar é usada no preparo do
coquetel brasileiro mundialmente conhecido: a caipirinha. a cachaça é
obtida com a fermentação e destilação do caldo de cana. A palavra tem
origem na língua quicongo, do grupo banto (atualmente congo, angola e
moçambique). a cultura da cachaça no brasil começou no tempo de
escravidão, quando os africanos trabalhavam na produção de açúcar
proveniente da cana. o método consistia em moer a cana, ferver o caldo
obtido e, em seguida, deixá-lo esfriar. desse processo, resultava a rapadura
– produto que tinha como finalidade adoçar alimentos e bebidas. quando o
caldo fermentava, o açúcar da garapa se convertia em álcool.

CACHIMBO: outra palavra de origem africana que define um instrumento


utilizado para fumar, geralmente, tabaco. a palavra deriva do termo kixima
de uma das línguas bantas mais faladas em angola: o quimbundo.

CACIMBA: cova que recolhe água de terrenos pantanosos.

CAÇULA: do quimbundo kazuli, que significa o último da família ou o mais


novo.

CACULÉ: cidade da bahia.

CAFIFE: diz-se de pessoa que dá azar.

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CAFUA: cova.

CAFUCHE: irmão do zumbi.

CAFUCHI: serra.

CAFUFA: centro; esconderijo.

CAFUNDÓ: lugar afastado, distante e isolado, de difícil acesso.

CAFUNÉ: coçar a cabeça de alguém, carinho.

CAFUNGÁ: pastor de gado.

CALOMBO: inchaço. quisto, doença.

CALUMBÁ: planta.

CALUNDU: mau humor.

CAMUNDONGO: rato pequenino.

CANDOMBLÉ: religião dos negros iorubás, esta é a religião de matriz


africana mais praticada no brasil. em virtude da proibição da prática do
candomblé no passado, aconteceu um sincretismo – a junção dos cultos do
candomblé com o catolicismo. até hoje, alguns católicos e praticantes do
candomblé celebram juntos a lavagem de senhor do bonfim (no candomblé
águas de oxalá) , santa bárbara (no candomblé iansã), nossa senhora dos
navegantes (no candomblé iemanjá). Candomblé é a união do termo
quimbundo candombe, que significa “dança com atabaques”, com o termo
iorubá ilé ou ilê (casa): “casa de dança com atabaques”.

CANDONGA: intriga, mexerico.

CANJERÊ: feitiço, mandinga.

CANJICA: papa de milho verde ralado.

CARIMBO: instrumento de borracha.

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CASSANGUE: grupo de negros da áfrica.

CATIMBAU: prática de feitiçaria .

CATUNDA: sertão.

CAXAMBU: grande tambor usado na dança harmônica.

CAXUMBA: doença da glândula parótidas..

CHILIQUE: desmaiar. “ter um troço”.

CHUCHU: fruto comestível.

COCHILAR: breve soneca. sono leve.

CUBATA: choça de pretos; senzala.

CUÍCA: o instrumento, chamado em angola de pwita, é semelhante a um


tambor e contém uma haste de madeira interna e fixa. o som é produzido
ao esfregar a haste com um pano úmido. seu uso foi muito difundido na
música popular brasileira e, por volta de 1930, passou a fazer parte das
baterias das escolas de samba.

CUMBA: forte, valente.

CUMBE: povoação em angola.

D
DENDÊ: do quimbundo ndende, o dendê, ou óleo de palma, é popular nas
culinárias africana e brasileira. ele é produzido a partir do fruto do
dendezeiro – um tipo de palmeira originária do oeste da áfrica.
indispensável na cozinha afro-brasileira, o dendê é utilizado em pratos

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como o vatapá e o acarajé.

DENGO: segundo os dicionários, a palavra significa “lamentação infantil”,


“manha”, “meiguice”. contudo, a palavra de origem banta (atualmente
congo, angola e moçambique) e língua quicongo tem um sentido mais
profundo e ancestral: dengo é um pedido de aconchego no outro em meio
ao duro cotidiano.

DIAMBA: maconha.

E
EFÓ: espécie de guisado de camarões e ervas, temperado com azeite de
dendê e pimenta.

EMPACAR: não continuar. não prosseguir. diz-se quando o animal firma


teimosamente as patas para não prosseguir viagem.

EXU: deus africano de potências contrárias ao homem.

F
FAROFA: mistura de farinha com água, azeite ou gordura.

FOFOCA: intriga. mexerico

FUBÁ: da língua banta quimbundo, é uma farinha feita com milho ou arroz.
feijão e angu – creme feito apenas com fubá e água – eram a base da

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alimentação dos africanos e afro-brasileiros. hoje, vários pratos e quitutes
são preparados com o ingrediente, sendo o bolo de fubá o mais querido
entre os brasileiros.

G
GERINGONÇA: coisa malfeita e de duração precária. objeto ou coisa
estranha cujo nome e finalidade não se conhecem. ginga – bamboleio.
balanço com o corpo. dançar com o corpo ao som de uma música ou
instrumento. movimento corporal na capoeira, na dança e no futebol.
sacerdotisa do culto omolocô. remo que se usa para fazer a embarcação
balançar. • gogó – pomo-de-adão. garganta. laringe

GOROROBA: comida feita com restos de diversos alimentos. diz-se também


do indivíduo lento, molengão ou covarde.

GUANDU: o mesmo que andu (fruto do anduzeiro), ou arbusto de flores


amarelas, tipo de feijão comestível.

I
IEMANJÁ: deusa africana, a mãe d’ água dos iorubanos.

INHAME: designação comum de um tipo de tubérculo comestível menor


que a mandioca; homem de corpo defeituoso. coisa ou objeto disforme ou
deformado.

IORUBANO: habitante ou natural de ioruba (áfrica).

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J
JABÁ: suborno oferecido a programador de emissora de rádio ou televisão
para que inclua na programação determinada obra musical. certo tipo de
abóbora.

JEGUEDÊ: dança negra.

JERIBATA: alcóol; aguardente.

JILÓ: fruto verde de gosto amargo.

JONGO: o mesmo que samba.

L
LAMBADA: golpe dado com o chicote tabica ou rebenque. copo ou gole de
bebida alcoólica. dança de salão de origem amazônica. significa bater,
castigar, ferir, atingir com golpe ou pancada.

LAMBANÇA: desordem. sujeira. serviço malfeito. embuste. trapaça em


conversa ou jogo.

LARICA: apetite desenfreado. dificuldade. aperto. apuro.

LENGA-LENGA: conversa narrativa ou discurso enfadonho.

LIBAMBO: bêbado (pessoas que se alteram por causa da bebida).

LUNDU: primitivamente dança africana.

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M
MASSAGANA: confluência, junção de rios em angola.

MÁCULO: nódoa, mancha.

MACUMBA: (quimb makumba) é uma religião que começou a ser praticada


na primeira metade do século xx no rio de janeiro e é uma variante do
candomblé. originalmente, a palavra se referia apenas ao instrumento
musical utilizado em cerimônias religiosas de raíz africana.

MALUCO: alienado mental. endoidecido.

MALUNGO: título que os escravos africanos davam aos que tinham vindo
no mesmo navio; irmão de criação.

MANDINGA: feitiçaria, bruxaria.

MANO – tratamento respeitoso entre os antigos sambistas cariocas (“mano”


elói, “mano” décio etc.). irmão.

MARACATU: cortejo carnavalesco que segue uma mulher que num bastão
leva uma bonequinha enfeitada, a calunga.

MARACUTAIA – trapaça. embuste. engodo. golpe.

MARIMBA: peixe do mar.

MARIMBONDO: o mesmo que vespa.

MATUTO: indivíduo que vive no mato. na roça. pessoa ignorante e ingênua.

MAXIXE: fruto verde.

MIÇANGA: conchas de vidro, variadas e miúdas.

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MILONGA: certa música ao som de violão.

MOCAMBO: habitação muito pobre.

MOCHILA – alforge. bornal que se leva às costas.

MOLAMBO: pedaço de pano molhado.

MOLEQUE: do quimbundo mu’leke, que significa “filho pequeno” ou “garoto”,


menino de pouca idade, era um modo de se chamar os seus filhos de
mu’lekes. Com o passar do tempo, a palavra começou a apresentar um
significado pejorativo, devido ao preconceito existente contra tudo o que
era próprio dos negros, inclusive o modo como chamavam os seus filhos.
antes da abolição da escravidão, por exemplo, chamar um menino branco
de “moleque” era uma grande ofensa. Atualmente, a palavra “moleque” é
atribuída a crianças traquinas e desobedientes.

MUAMBA: contrabando.

MUCAMA: escrava negra especial.

MULUNGA: árvore.

MUNGUZÁ: iguaria feita de grãos de milho cozido, em caldo açucarado, às


vezes com leite de coco ou de gado. o mesmo que canjica.

MURUNDU: montanha ou monte; montículo; o mesmo que montão.

MUTAMBA: árvore.

MUVUCA: mvúka, de origem banta e língua quicongo, significa


aglomeração ruidosa de pessoas como forma de lazer, celebração.

MUXIBA: carne magra.

MUXINGA: açoite; bordoada.

MUXONGO: beijo; carícia.

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O
OGUM ou OGUNDELÊ: deus das lutas e das guerras.

ORIXÁ: divindade secundário do culto jejênago, medianeira que transmite


súplicas dos devotos suprema divindade desse culto, ídolo africano.

P
PAMONHA – certo tipo de iguaria derivada do milho. diz-se também da
pessoa molenga. inerte. desajeitada. preguiçosa. lenta. • pindaíba – falta de
dinheiro.

PINGA – aguardente extraída do caldo da cana.

PITOCO – objeto ou utensílio o qual já falta uma parte essencial, parte


amputada ou a restante no corpo humano.

PUITA: corpo pesado usado nas embarcações de pesca em vez fateixa.

Q
QUEIMANA: iguaria nordestina feita de gergelim .

QUENGA: vasilha feita da metade do coco.

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QUENGO – cabeça. região próxima da nuca.

QUIABO – fruto de forma piramidal, verde e peludo.

QUIBEBE: papa de abóbora ou de banana.

QUIBUNGO: invocado nas cantigas de ninar, o mesmo que cuca, festa


dançante dos negros.

QUILOMBO: valhacouto de escravos fugidos.

QUIMBEBÉ: bebida de milho fermentado.

QUIMBEMBE: casa rústica, rancho de palha.

QUIMBONGÔ: quiabo.

QUINTANDA: do termo quimbundo kitanda, trata-se de um pequeno


estabelecimento onde se vende produtos frescos, como frutas, verduras,
legumes, ovos, etc.

QUITUTE – iguaria. acepipe. canapé, comida fina, iguaria delicada.

QUIZÍLIA: antipatia ou aborrecimento.

S
SAMBA – dança cantada de origem africana de compasso binário (da
língua de luanda, semba = umbigada). nome genérico de um ritmo de
dança afro-brasileiro.

SAPECA – diz-se de moça muito namoradeira ou assanhada. diz-se também


da criança muito arteira.

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SENZALA: alojamento dos escravos.

SERELEPE – vivo. buliçoso. astuto. esperto.

SOBA: chefe de trigo africana.

SONGAMONGA – pessoa dissimulada. sonsa. débil. boba.

T
TAGARELA – pessoa que fala muito é à toa.

TANGA: pano que cobre desde o ventre até as coxas.

TRIBUFÚ – maltrapilho. negro feio.

TUTU: iguaria de carne de porco salgada, toicinho, feijão e farinha de


mandioca.

U
URUCUNGO: instrumento musical.

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V
VATAPÁ: iguaria que tem por base pão amolecido (ou farinha de trigo) e a
que se acrescentam carne de peixe desfiada, camarão fresco, camarão
seco e diversos temperos, além de azeite de dendê. Prato similar tendo por
base, entre outros, fruta-pão, farinha de milho, abóbora etc. com
ingredientes e temperos variados.

X
XENDENGUE: magro, franzino.

Z
ZAMBI ou ZAMBETA: cambaio, torto das pernas.

ZOMBAR – tratar com descaso, escarnecer, gracejar.

ZUMBI: fantasmas.

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Provérbios africanos

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Abaixo alguns provérbio africanos:
★ "Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo."

★ "O africano nunca vê a sombra de seu próximo."

★ "A abelha não leva chumbo."

★ "A luz com que vês os outros é a luz com que os outros te vêem a ti."

★ "A mocidade é como a água da ribeira: entregue a si própria, destrói


as pontes."

★ "As tatuagens nas costas são conhecidas daqueles que as executam,


não de quem as traz."

★ "Bater no cão do amigo, o amigo é batido."

★ "Cada pessoa pede para o seu ídolo."

★ "Caranguejo esconde-se para a água passar."

★ "Não foi feito para marcar grandes passos, mas pequenos que levam
aos grandes triunfos."

★ "Mata primeiro o elefante e depois arranca-lhe os pelos da cauda."

★ "Na água turva é que se apanha o bargue."

★ "Na lareira uma pedra só não aguenta a marmita."

★ "O eco da primeira palavra fica sempre no coração."

★ "O macaco, mesmo coberto com a pele dum carneiro, é sempre um


macaco."

★ "Pouco a pouco a lagarta consegue devorar a folha da árvore."

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★ "Padre sem sacristão toca o sino com os pés."

★ "Quando dois elefantes brigam, quem sofre é a grama."

★ "Se passa o que é bom, também passa o que é mau."

★ "Trate bem a Terra, ela não foi doada a você por seus pais, mas
emprestada a você por seus filhos."

★ "Aquele que aprende ensina."

★ "Quando não existe inimigo no interior, o inimigo no exterior não


pode te machucar."

★ "Se subir numa árvore, você deverá descer essa mesma árvore."

★ "Aquele que não sabe dançar irá dizer: a batida dos tambores está
ruim."

★ "Pobreza é escravidão."

★ "Lágrimas são melhor enxutas com nossas próprias mãos."

★ "O amanhã pertence àqueles que se preparam hoje."

★ "Se um homem prometer te machucar enquanto dorme, durma;


agora, se for uma mulher, fique acordado."

★ "Se sua boca virar faca, cortará seus lábios."

★ "Cinzas voam ao rosto de quem as jogou."

★ "Quando souber quem são os amigos dele, saberá quem é ele."

★ "Não diga ao homem que te carrega que ele fede."

★ "O que é bom se vende por si só; o que é ruim faz propaganda de si."

★ "Um leão não se vira quando um cachorrinho late."

★ "Se quer saber o final, preste atenção no começo."

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★ "O mundo não lhe fez promessas."

★ "Independe se foi a faca que caiu no melão ou se foi o melão que caiu
sobre a faca, o melão irá sofrer."

★ "Ser feliz é melhor do que ser rei."

★ "O macaco só olha no rabo do outro."

★ "No mundo ninguém nasce pobre, mas todos que nascem encontram
a pobreza no mundo. (Kiangolo)"

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Lendas
de origem africana

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1. A lenda do Baobá

Quando Deus estava criando o mundo, depois de já ter feito quase


tudo o que existe, resolveu criar uma árvore que fosse a mais perfeita de
todas.
Ela deveria ser grande, forte, robusta e principalmente, viver muitos
anos para carregar consigo a sabedoria ancestral que seria passada para
os homens que dela se aproximassem.
Então, Ele criou o Baobá, uma árvore que poderia viver até seis mil
anos.
O Baobá era a árvore mais alta de toda a savana e assim conseguia
ver todas as outras árvores que lá viviam.
Um dia Baobá começou a reclamar com Deus:
– Por que aquela árvore tem flores tão lindas e delicadas e eu não
tenho?
– Porque você é uma árvore muito grande, então suas flores também
são grandes.
– Mas, por que meu caule é tão grosso e não é fino como aquela outra
árvore?

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– Porque você tem trinta metros, se tivesse um caule fino, não seria
tão grande, além do mais, seu caule consegue armazenar até 120 litros de
água e assim você pode sobreviver a longos períodos de seca. Querido
Baobá, Eu te criei para ser a melhor dentre todas as árvores, você é a mais
forte, mais linda e ainda carrega toda a sabedoria que somente milênios
podem oferecer. Pare de se comparar e veja como você é especial e única.
– Mesmo assim, acho que as outras são melhores que eu! – falou o
Baobá.
Deus, que já estava cansado das reclamações daquela árvore, então
falou:
– Já que você não vê tudo o que lhe dei, vou te virar de cabeça para
baixo, suas raízes ficarão para fora e sua copa debaixo da terra!

Moral: Felicidade é saber o seu verdadeiro valor!

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2. A lenda de Kiriku

No ventre da mãe, uma criança clama pelo seu nascimento. A mãe


afirma que o bebê tem capacidade para nascer tanto quanto para pedir, e
a criança corta o próprio cordão umbilical, nascendo. Se aproximando da
mãe, diz suas primeiras palavras: “Meu nome é Kiriku”.

Kiriku havia nascido prematuramente. Como se não bastasse a


criança ter apenas nascido, ele também conseguia falar, andar, tomar
banho sozinho e fazer tudo que uma pessoa crescida faz. Sua mãe, então,
lhe conta que a aldeia onde eles vivem é amaldiçoada por uma feiticeira –
Karabá – que tirou toda a água e riquezas que eles possuíam e devorava
todos os homens que tentavam negociar com ela. Revoltado com a
situação em que sua aldeia se encontra, Kiriku decide que não quer ficar
parado enquanto os homens da aldeia lutam e se esconde no chapéu de
seu tio, para poder chegar perto da feiticeira.

Ao chegar lá, a feiticeira, com raiva, decide devorar o tio do menino,


mas é enganada pela voz de Kiriku que sai do chapéu, acreditando que a
criança é um mágico. Karabá, então ordena que o tio entregue o chapéu
em troca de sua vida, mas a feiticeira recebe apenas o chapéu e Kiriku
consegue fugir. Ao descobrir que foi enganada, Karabá manda servos para

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buscar qualquer ouro que as mulheres ainda tiverem escondido,
deixando-as sem nada e deixando a tribo ainda mais aterrorizada.

As crianças da aldeia começam a excluir Kiriku por ele ser muito


pequeno, mas todas as vezes que a Feiticeira planeja algo para o mal da
aldeia, Kiriku os salva, conseguindo até mesmo trazer a água de volta e
fazendo com que a tribo perceba que, apesar de pequeno, Kiriku é muito
valente, esperto, engenhoso e bastante ágil.

Mais tarde, o menino descobre que só há uma pessoa que pode


decifrar o mistério de tanta maldade vinda da feiticeira: seu avô. Para isso,
Kiriku parte em uma grande e perigosa aventura. Quando chega em seu
destino, o sábio responde todas as dúvidas do menino, que descobre que
os homens da aldeia nunca foram devorados, apenas transformados e que
a razão do ódio da feiticeira, e o fato de terem colocado um espinho em
suas costas, do qual ela não consegue se livrar. Determinado, Kiriku
arranca o espinho das costas de Karabá, levando também seu ódio. Ao
agradecer Kiriku com um beijo, a feiticeira o transforma de um menino para
um homem e os dois se apaixonam.

Eles voltam para a aldeia e, depois de muita insistência, Kiriku


convence a tribo de que realmente é ele que está ali e que a feiticeira – que
trouxe os homens da aldeia de volta – deixou de ser má.

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3. A lenda dos tambores africanos
A origem dessa lenda vem das terras de Guiné Bissau e explica como
surgiram os tambores, instrumentos tão importantes na cultura de toda a
África.

Conta-se que os macaquinhos de nariz branco da região quiseram


um dia trazer a Lua para perto da Terra.

Eles não tinham ideia de como executar tal feito. Até que o macaco
menor sugeriu que uns subissem nos ombros dos outros a fim de alcançar
a Lua.

O grupo de macacos colocou o plano em ação e o macaquinho


menor foi o último a subir, conseguindo chegar no céu e agarrando-se à
Lua.

Mas antes que conseguissem puxar o satélite, a pilha de macacos


desmoronou e todos caíram, menos o macaquinho, que continuou
agarrado à Lua.

Uma amizade então cresceu e a Lua presenteou o pequeno animal


com um maravilhoso tambor branco, que ele logo aprendeu a tocar.

O macaquinho ficou por muito tempo morando na Lua, mas um dia


começou a sentir saudades da Terra, de seus amigos e da natureza. Ele
então pediu à sua amiga que o ajudasse a retornar para sua casa.

A Lua ficou chateada e respondeu:

— Mas por que você quer voltar? Não está feliz aqui com o
tamborzinho que eu te dei?

O macaco lhe explicou que gostava muito, mas que tinha saudades.

A Lua ficou com pena, prometeu ajudá-lo e lhe disse:

— Não toque o tambor enquanto não estiver em terra firme. Toque


apenas quando chegar lá embaixo, assim saberei que chegou e poderei
cortar a corda. Então você estará liberto.

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O macaco concordou. Ele sentou em seu tambor e foi amarrado a
uma corda, que começou o processo de descida.

Enquanto descia, o macaquinho olhava seu tambor e surgiu uma


vontade irresistível de tocá-lo. Ele começou a tocar bem baixinho, para que
a Lua não ouvisse.

Mas, mesmo assim, a Lua escutou e cortou a corda conforme o


combinado. O macaco começou a cair e ao chegar ao chão, não resistiu e
morreu. Mas antes, uma menina que passeava por perto viu a queda. Ela
foi até o macaco e ele disse:

— Isso é um tambor. Por favor, entregue ao povo de seu país.

A menina pegou o instrumento e correu para entregar às pessoas de


sua família, contando o que havia acontecido.

Todos adoraram o tambor e começaram a tocá-lo. Desde então, o


povo africano produz seus próprios tambores e sempre que possível toca e
dança ao som deles.

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Jogos de tabuleiro
de origem africana

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1. Morabaraba
Esse é um dos jogos de tabuleiros africanos que é bem tradicional na
África do Sul. Ele é muito jogado também em Gana e na Somália, apesar de
às vezes apresentar nomes diferentes. O jogo consiste em um tabuleiro que
conta com três quadrados, com um maior, outro mediano e um menor. Eles
são colocados um dentro do outro e há 24 círculos dispostos em cima das
linhas dos quadrados. Há ainda uma ligação entre cada círculo que é feita
também por uma linha.
É também para dois jogadores. Cada um tem 12 peças, que são
chamadas de vacas. O objetivo é matar 10 vacas do adversário ou
impossibilitá-lo de fazer qualquer movimento mais. Para atacar o
adversário ou o impedir de te atacar você deve fazer um moinho, que é
como uma trinca com três vacas sequenciais, uma ao lado da outra.
Apenas assim você pode retirar a peça do seu adversário.
Para ilustrar, veja a imagem do tabuleiro abaixo:

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2. Zamma Dhamet
É um jogo tradicional de estratégia do norte da África. Sua lógica é
similar a do jogo de dama, há uma leve diferença entre os tabuleiros.
Trata-se de um quadrado com linhas que o cortam horizontal, diagonal e
verticalmente. Há a entrega de peças brancas e pretas, a ideia é capturar
as peças do adversário.
Como na foto abaixo:

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3. Butterfly
Mais um dos jogos de tabuleiro africanos que é parecido com damas.
Butterfly, ou borboleta, tem como diferença o formato do tabuleiro e
quantidade de peças, mas é a mesma lógica. Composto por dois triângulos
que são conectados a partir de um ponto comum entre ambos. São
distribuídas nove peças para cada participante, sendo também um jogo
para dois. Butterfly tem a origem no Zimbábue, mas há um jogo similar a
ele em Marrocos também.
Como na foto abaixo:

37
4. Terra – Mar
Adaptação de uma brincadeira popular de Moçambique. É uma
brincadeira simples, mas muito atrativa para as crianças de todas as
idades.
Uma longa reta é riscada no chão.
Um lado é a “Terra” e o outro “Mar”.
No início todas as crianças podem ficar no lado da terra.
Ao ouvirem: mar! Todos pulam para o lado do mar.
Ao ouvirem: terra! Pulam para o lado da terra.
Quem pular para o lado errado ou fizer menção de pular quando não
deve pular, sai. O último a permanecer no jogo vence.

38
5. Osani
Objetivo: relatar objetos e coisas redondas.
Participante: a partir de três participantes.
A brincadeira Osani tem origem da República Democrática do Congo, da
floresta de Ituri. Esta brincadeira possui significados e conhecimentos
milenares. Os participantes sentam-se juntos, uns dos outros, com as
pernas esticadas para o centro do círculo. Lembre-se de que os pés devem
estar alinhados, formando uma muralha protetora. Aí o brincar começa!
Cada participante deve dizer o nome de algo redondo: -Olho! diz o menino.
-Sol! -Lua! -Planeta Terra!... A pessoa que não consegue falar o nome de
algo redondo deve sair da brincadeira. A criança ou o adulto que
conseguir ir até o final é a que vencerá o Osani.

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6. Mamba
Objetivo: fugir da cobra, sendo o último a ser pego.
Participantes: a partir de cinco pessoas.
Mamba é originário da África do Sul. Para realizar essa brincadeira,
primeiramente, devem-se marcar e estabelecer os limites da área do jogo.
Após isso, um jogador deve ser escolhido para ser Mamba (cobra). O
participante que for eleito cobra deverá correr ao redor da área marcada
tentando apanhar os outros. Quando um dos demais participantes for
pego, ele segurará sobre os ombros ou a cintura do jogador que
representa a cobra e, assim, o ajudará na caça dos outros jogadores
sucessivamente.
Somente o primeiro jogador (a cabeça da serpente) pode pegar
outras pessoas. Os outros jogadores do corpo podem ajudar não
permitindo que os adversários passem, pois estes não podem passar pelo
corpo da serpente.
O último que for pego vencerá.

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Culinária
de origem africana

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1. Fufu

Fufu é uma massa típica africana feita com milho, mandioca ou inhame
cozidos, a depender da região – é como se fosse um angu ou pirão bem
grosso que é moldado e acompanha ensopados, carnes e peixes. É só ir
pegando os pedacinhos do bolo formado e mergulhar no molho para
saborear.

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2. Arroz Jollof

O Arroz Jollof é mais consumido na costa atlântica africana. É um prato


picante de arroz com tomate que leva pasta de tomate, pimenta vermelha e
temperos diversos com sabores marcantes, como a noz-moscada,
gengibre, cominho e cebola.

43
3. Ekó ogi

O ekó ogi africano deu origem ao acaçá baiano. É uma massa feita com
cereais, que pode ser o milho branco, sorgo ou milho da Guiné, que ficam
de molho por alguns dias, depois é processado, volta ao molho por mais
um dia, então é coado, cozido e está pronto para ser embalado em uma
folha verde chamada guedu.

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4. Àkarà nigeriano (acarajé)

O àkarà nigeriano é a comida típica africana que deu origem ao que


conhecemos como acarajé. É um bolinho de feijão com o formato de uma
colher de sopa, frito em óleos vegetais, que pode ser o de dendê.

Na África Ocidental, principalmente na Nigéria e em Benin, o àkarà faz


parte do café da manhã, acompanhado por moin-moin (abará), pão de
trigo e ekó, um mingau à base de milho branco.

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5. Chakalaka

Chakalaka é um prato picante típico da África do Sul com consistência de


molho (ou não) feito com feijões e legumes, como repolho, tomate e
cenoura. É um ótimo acompanhamento para carnes e pão, servido frio.

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6. Bobotie

Nelson Mandela era fã de bobotie, uma das comidas africanas mais


famosas, mas com origem na Indonésia. O prato é preparado com carne
moída, damasco, passas e curry, entre outras especiarias, e vai ao forno
com uma cobertura de ovo e leite. Para acompanhar, arroz amarelo e vinho!

47
7. Bunny Chow

O bunny chow é um ensopado sul-africano feito com carne de carneiro ou


frango em pedacinhos, temperado com erva-doce, gengibre, cúrcuma e
canela em pau, alho e cebola, cardamomo e folhas de louro, entre outras
ervas e condimentos.

O ensopado é servido no pão partido ou como uma cesta.

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8. Pap en vleis

Pap en vleis é uma comida africana familiar que combina o pap, uma
espécie de polenta ou mingau de milho (na verdade, qualquer preparo com
amido de milho) com a carne cozida ou assada. Um prato popular muito
apreciado.

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9. Koki – Bolo de Feijão

Feito com feijão caupi esmagado e enrolado em folhas de bananeira,


cozido no vapor. Acompanha óleo de palma vermelho ou molho de nozes,
peixes, pimenta, entre outros temperos, uma comida africana bastante
popular em Camarões.

50
10. Samosas

Entre as comidas de origem africana, estão as samosas ou samoosas, mini


pastéis na forma triangular com massa bem fininha, recheados com carne
ou vegetais com molho picante, fritos em azeite de oliva.

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11. Nyama na irio

Nyama na irio é uma combinação cheia de energia: purê de batata, milho e


ervilha com carne picante ensopada. É uma comida africana bem popular
no Quênia.

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12. Cuscuz marroquino

O cuscuz marroquino ou cuscuz royale não poderia estar de fora da lista,


uma comida africana difundida em todo o país, presente, também, no
Brasil. Ele leva carne de cordeiro, frango e legumes e tem toda uma técnica
especial de preparo para o cuscuz chegar ao ponto de cozimento perfeito.

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13. Cachupa

A cachupa nasceu em Cabo Verde e é uma comida africana feita à base de


feijões e milhos demolhados em água ou caldo de legumes, batata ou
banana cozida e carnes, que pode ser o peixe (na cachupa pobre) ou
chouriço, galinha, vaca ou porco (na cachupa rica).

O prato é servido quente, logo após o cozimento, mas também pode ser
frito.

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14. Feijoada angolana

A feijoada angolana é feita com feijão branco ou feijão castanho, perna de


frango, carne de porco, incluindo a pata de porco, e carne de vaca,
chouriço, vegetais e condimentos, como cenoura, couve, alho, gengibre e
pimentão.

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15. Mungunzá

O mungunzá, feito com milho cozido, também veio da África, acrescido de


ingredientes como leite de coco e canela. Ele pode ser salgado ou doce
também.

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16. Qumbe

Qumbe significa dengo. É um docinho africano enrolado como o nosso


brigadeiro, feito com leite de coco, farinha de trigo, açúcar refinado
caramelizado e coco ralado seco.

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17. Melktert

O melkert é feito com massa de pastel, recheado com creme de ovos,


farinha, leite e açúcar. É um doce crocante e levado pelos holandeses para
o continente.

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18. Puff Puff

Puff puff é um bolinho frito muito consumido em Serra Leoa, Nigéria e


Gana. Os ingredientes da massa são a farinha de trigo, manteiga, ovos,
fermento, sal e açúcar. Depois de frito, é polvilhado com açúcar.

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19. Pudim de malva

O pudim de malva é muito comum na África do Sul, servido quente, no


inverno, ou gelado. A receita leva geleia de damasco, manteiga, açúcar
refinado, leite e vinagre, entre outros ingredientes, e o pudim fica bem
consistente.

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20. Koeksisters

O koeksisters é como se fosse um bolinho de chuva no Brasil, mas em


formato diferente. Ele parece uma trança , a massa é feita com farinha de
trigo, sal, fermento, manteiga, ovos e água. O doce é frito e passado em
uma calda de açúcar com canela e especiarias.

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21. Cocada angolana

A cocada angolana é feita com coco, açúcar e especiarias, como canela,


cravo-da-índia, anis estrelado.

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22. Receita de H ertzoggies

Hertzoggies koekies é outra torta doce da África do Sul, de origem


holandesa. Ela é feita com massa folhada, geleia de damasco, açúcar
refinado, fermento, ovo e coco desidratado.

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23. Bebida Amarula

Trata-se de uma bebida típica da África do Sul, feita com creme de leite e
licor, cremosa e doce com notas de caramelo, além de um toque cítrico leve.

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24. Bebida Kissanguá

Kissanguá é uma bebida alcoólica caseira do sul de Angola, mas também


consumida em outros países. É feita com fubá de milho e pode ter a adição
de polpa de abacaxi.

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Personalidades negras

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1. Zumbi dos Palmares

É por causa dele que no dia 20 de novembro é comemorado no Brasil


o dia da Consciência Negra. Zumbi é o ícone da resistência negra à
escravidão no Brasil. Último líder do Quilombo dos Palmares, na região da
Capitania de Pernambuco, ele era responsável por uma comunidade
formada por escravos negros que haviam escapado das fazendas, prisões
e senzalas coloniais. Zumbi, depois de dar muita dor de cabeça aos
portugueses, foi morto em 20 de novembro de 1696 e teve sua cabeça
exposta no estado de Pernambuco para acabar com o mito da sua
imortalidade.

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2. Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis foi outro brasileiro que superou o


racismo e se tornou um dos maiores nomes da literatura nacional, sendo,
inclusive, fundador da Academia Brasileira de Letras. Machado de Assis
mal frequentou escolas e, superando as dificuldades, conseguiu ascender
socialmente. Vivendo no contexto de difusão do ceticismo e das teorias
sociais de que os negros seriam atrasados e inferiores aos brancos, ele
conseguiu comprovar que a capacidade não está na cor, mas no intelecto.
Além disso, através de sua atuação na administração pública, lutou contra
a escravidão, buscando alargar a Lei do Ventre Livre, de 1871, para que ela,
de fato, conseguisse beneficiar os escravos.

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3. Aleijadinho

Ícone do barroco brasileiro, Antônio Francisco Lisboa foi um


importante escultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial. Durante o
ciclo do ouro em Minas Gerais, Aleijadinho produziu suas obras
especialmente em igrejas com o patrocínio de uma elite urbana. Suas
obras se inseriam no contexto da época: a Igreja Católica passava pelo
momento de contrarreforma e foi nesse período que os jesuítas foram
enviados ao Brasil para catequizar a população. Sendo assim, a produção
das obras sacras contribuíram para reforçar a religiosidade. Através da
arte, ele conseguiu projeção numa sociedade escravista, apesar de sua cor.

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4. Tia Ciata

Hilária Batista de Almeida, a tia Ciata, foi muito importante para a


difusão e afirmação da cultura afrodescendente no início do século XX.
Estabelecida na Praça Onze, zona portuária do Rio de Janeiro, essa região
ganhou o nome de Pequena África porque reunia os ex-escravos e os
negros vindos da Bahia que moravam nos morros próximos ao centro da
cidade. Lá, eles faziam festas aos orixás, já que tia Ciata era uma mãe de
santo muito respeitada, cantavam e tocavam samba, difundindo a música.
Os célebres Pixinguinha, Donga, Heitor dos Prazeres e João da Baiana
eram alguns dos frequentadores da região.

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5. Dandara

Mulher negra, Dandara foi uma das líderes femininas na luta contra a
escravidão durante o século XVII. Ela vivia no Quilombo dos Palmares, em
Alagoas, no Nordeste do Brasil, com seu marido, Zumbi, e seus três filhos.
Ajudava o símbolo de resistência dos negros em suas táticas de guerra
contra aqueles que queriam invadir os quilombos, que eram os refúgios de
negros que conseguiam escapar de seus senhores opressores, racistas e
escravistas. Foi presa em 1694 e se matou para não voltar à condição de
escrava.

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6. Carolina de Jesus

Carolina de Jesus foi uma escritora, compositora e poetisa brasileira,


e ficou conhecida por seu livro “Quarto de Desejo: Diário de uma favelada”.
Ela foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é lembrada também
como uma forte figura do feminismo negro.

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7. Grande Otelo

O ator Grande Otelo foi um dos maiores das artes cênicas brasileira
no século XX. Os seus trabalhos, especialmente com Oscarito, fizeram
muito sucesso no cinema. Sebastião Bernardes de Souza Prata nasceu em
Minas Gerais e começou a representar nas festas populares. Ele
protagonizou um marco importante: os negros não podiam entrar pela
porta da frente nos cassinos, esse evento só foi superado depois que
Grande Otelo foi contratado para atuar em um deles.

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8. Elza Soares

Conhecida pela voz rouca, Elza Soares é uma das maiores cantoras
do Brasil apesar da dura história de vida que teve. Ela fez o primeiro teste
para a Rádio Tupi em 1953, no show de calouros do famoso Ary Barroso, e
ficou em primeiro lugar. A cantora atuou na Orquestra Garam Bailes, na
Rádio Vera Cruz, participou do Festival Nacional da Bossa Nova e foi
representante do Brasil na copa do mundo do Chile. A BBC elegeu em 2000
Elza Soares como a melhor cantora do universo.

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9. Gilberto Gil

Cantor, músico, instrumentista e ministro da cultura, Gilberto Gil foi


importante de muitas formas para o Brasil. Em 1963 conheceu outros jovens
talentosos: Caetano Veloso, Maria Bethânia, Tom Zé e Gal Costa. Juntos,
revolucionários, criaram o Movimento Tropicalista. Gilberto Gil participou
dos históricos Festivais da Canção e foi um contestador dentro da sua
geração. Com a ditadura, em 1969, foi obrigado a se exilar e só retornou ao
Brasil em 1972. Na política, Gil trabalhou como vereador na Câmara
Municipal de Salvador (1989-1992) e em 2003 foi nomeado para Ministro da
Cultura (2003-2008). Em 2021 foi o eleito para ocupar a cadeira 20 da
Academia Brasileira de Letras.

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10.Conceição Evaristo

A escritora e professora Conceição Evaristo é um dos maiores nomes


da literatura brasileira contemporânea e é uma das grandes ativistas do
movimento negro. As suas publicações vão desde poemas, ensaios e até
mesmo ficção. Formada em Letras, Conceição fez Mestrado e Doutorado e
deu aulas em escolas e na Universidade. Em 2018 ganhou o Prêmio de
Literatura do Governo de Minas Gerais.

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