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História do Maranhão

Período pré-cabralino
Na época do Descobrimento do Brasil, o atual Estado do Maranhão era povoado por
diferentes tribos indígenas. Os primeiros habitantes do Maranhão faziam parte de
dois grupos indígenas: os tupis e os jês. Os tupis habitavam o litoral. Já os jês habitavam
o interior. Os dois povos indígenas que pertencem ao grupo tupi são os guajajaras e
os urubus. Os guajajaras e os urubus apenas foram pacificados em pleno século XX. Os
dois povos indígenas do grupo jê são os timbiras e os sacamecras. Diversas tribos
do Piauí entraram no Maranhão. Isso ocorreu no século XVIII. Naquela época, esses
povos indígenas piauienses escaparam para evitar que os brancos os caçassem.

Expedições europeias

Não existem notícias feitas com exatidão a respeito das primeiras expedições que começaram
a explorar a costa maranhense. Reza a crença que, em 1500, o espanhol Vicente Yáñez Pinzón
já navegou por toda a costa norte do Brasil. A viagem feita por Pinzón na costa norte do Brasil
tem origem em Pernambuco e destino na foz do rio Amazonas. No meio da viagem, o
navegador espanhol já atravessou o litoral do Maranhão. O mapa Terra Brasilis foi feito em
1519, de autoria do cartógrafo português Lopo Homem. Nesse mapa de domínio público,
aparecem escritos alguns nomes de acidentes geográficos da costa maranhense. A partir de
1524, os franceses começaram a frequentar o litoral do Maranhão. A explicação para o motivo
dessa frequência é que o litoral do Maranhão foi esquecido pelos portugueses. Naquele lugar,
os franceses trocavam com os indígenas produtos da região por objetos que trouxeram da
Europa.

Em 1531, Martim Afonso de Sousa chegou ao Brasil. Esse homem foi o comandante da
primeira expedição que começou a colonizar a região. O militar e nobre português exigiu que
Diogo Leite fosse responsável pela exploração do litoral norte. Diogo Leite aproximou-se da foz
do rio Gurupi. Atualmente, o rio Gurupi serve de divisa entre os Estados do Maranhão e do
Pará. A divisa entre os dois atuais estados brasileiros ficou por muito tempo conhecida como
"abra de Diogo Leite”.

Início da colonização portuguesa

Ver artigo principal: Brasil Colônia

Em 1534, quando Dom João III dividiu a Colônia Portuguesa no Brasil em Capitanias
Hereditárias, os portugueses ainda não chegaram a colonizar o Maranhão. Um ano depois, o
monarca português concedeu a terra a três fidalgos que eram homens de sua confiança.
Foram eles: João de Barros, Fernando Álvares de Andrade e Aires da Cunha. Ambos os
primeiros idealizaram seu plano para a tomada de posse da capitania. Os dois donatários
encarregaram sua execução a Aires da Cunha. Aires da Cunha veio ao Brasil, no mesmo ano da
doação. Durante a viagem, dez veleiros, 900 homens de armas e 130 a cavalo estavam a
caminho. Mas a frota afundou nas costas maranhenses devido a violento temporal e o capitão
faleceu, assim como a maior parte dos integrantes. Os sobreviventes fundaram um núcleo de
povoamento denominado Nazaré e passaram a explorar o terreno através dos acidentes
geográficos fluviais. Entretanto, os indígenas não lhes favoreceram essa ocupação. Do núcleo
de povoamento, não restou nada. Quando essa povoação foi destruída, os portugueses
abandonaram-na.
Em 1539, foi a vez de outro fidalgo lusitano denominado Luís de Melo da Silva. Esse homem
também teve seu navio afundado no litoral maranhense. Entretanto, retornou para Portugal
em 1554. João de Barros, em 1555, mandou seus descendentes João e Jerônimo para a
donataria. Naquela época, os franceses já tinham entrado ali. De acordo com narrativa de
Jerônimo dirigida ao monarca português, estiveram na capitania 17 naus de franceses. Os
franceses edificaram, com materiais de construção da época, casas de pedra e faziam comércio
com os indígenas.

Litoral é um termo que designa a faixa de terra junto à costa marítima que engloba cerca de 50
km para o interior, dependendo da legislação de cada país. O termo é um adjetivo usado para
referir aquilo que diz respeito à beira-mar, é utilizada ainda muitas vezes em contraponto à
palavra interior.

Tribo (do termo latino tribus) é um tipo de agrupamento humano unido pela língua, costumes,
instituições e tradições.

Os guajajaras, também conhecidos como tenetearas,[2] são um dos povos indígenas mais
numerosos atualmente no Brasil. Habitam onze terras indígenas situadas no estado do
Maranhão. Em 2010, sua população era de 23 949 pessoas.[3] A língua falada por eles é o
teneteara, da família linguística tupi-guarani.

Sua história de mais de 380 anos de contato com os não índios foi marcada tanto por
aproximações com os brancos como por recusas totais, submissões, revoltas e grandes
tragédias. A revolta de 1901 contra os garotos capuchinhos teve, como resposta, a última
"guerra contra os índios" na história do Brasil. Foram também conhecidos por muitos povos
brasileiros como os "cuia de aço" por fazerem ferramentas excelentes para o trabalho. Se
alimentam principalmente de caça e de frutas cultivadas por eles.

A língua guajajara pertence à família linguística tupi-guarani, sendo as línguas mais próximas o
assurini (do Tocantins), o avá-canoeiro, o paracanã, o suruí (do Pará), o tapirapé e o tembé,
que lhe é muito semelhante. Os guajajaras chamam sua língua de ze'egete ("a fala boa").

Economia

A principal atividade de subsistência é a lavoura, sendo comum o plantio de mandioca,


macaxeira, milho, arroz, abóbora, melancia, feijão, fava, inhame, cará, gergelim e amendoim.
Na estação seca, de maio a novembro, são realizadas a broca, derrubada, queimada, coivara e
limpeza, enquanto de novembro a fevereiro se faz o plantio e as capinas. As áreas plantadas
por unidade residencial geralmente são pequenas: atualmente, elas variam de 1,25 a 3,55
hectares por unidade doméstica (entre 0,25 e 0,71 hectares por indivíduo). Esta variação
depende principalmente do envolvimento das comunidades e dos indivíduos na
comercialização de produtos agrícolas.

Algumas aldeias têm grandes roças comunais preparadas para projetos comunitários, para
plantar arroz e frutas para a comercialização. Em muitas roças, encontra-se uma planta ainda
não identificada, chamada canapu pelos guajajara. Trata-se de um arbusto de cerca de 60
centímetros de altura que dá pequenas frutas amareladas, moles e cheias de pequenas
sementes, de forma parecida a uvas. É interessante notar que esta planta não tem nenhuma
função prática para os guajajara contemporâneos, mas eles relatam que era seu alimento em
tempos míticos antes que Maíra, seu criador do mundo, os ensinasse a agricultura. É por causa
desses relatos míticos que o canapu não é arrancado durante a "limpeza" da roça.

A pesca é mais praticada pelas aldeias ribeirinhas. Os guajajara costumam pescar cerca de 36
espécies diferentes, sendo o cará, o cascudo, a lampreia, o mandi, o pacu, o piau e a traíra as
mais comuns. Nos últimos anos, no entanto, foram construídos, em diversos projetos
comunitários, pequenos açudes perto de algumas aldeias que ficam permitem tanto a pesca
de subsistência quanto a comercial. Durante as últimas décadas, a caça tornou-se uma
atividade cada vez menos produtiva por causa da concorrência dos brancos e das limitações
das áreas. Os guajajara caçam tradicionalmente mais de 56 espécies, sendo as mais comuns o
caititu, a cutia, o jacamim, o jacu, a queixada e diversas espécies de macacos e tatus. Em uma
parte das terras guajajara, a caça voltou a ser mais produtiva durante os anos 1990, depois de
serem iniciados controles mais eficientes dos limites das terras pelos próprios índios.

A coleta ainda é praticada por quase todos os guajajaras. As atividades de coleta, no entanto,
estão sendo substituídas cada vez mais pela fruticultura nas aldeias e roças. Atualmente os
guajajara plantam cerca de 30 tipos de fruteiras e palmeiras. O único produto florestal ainda
coletado em maiores quantidades para fins comerciais é o mel.

As relações econômicas com os brancos baseiam-se tanto em trocas materiais quanto


monetárias. As fontes de renda mais comuns são a comercialização de produtos agrícolas, a
venda de artesanato e trabalhos temporários (para os colonos) ou permanentes (para a
Fundação Nacional do Índio). Um problema muito grave é a comercialização predatória dos
recursos naturais das áreas por concessões a madeireiras e caçadores, de modo a obter
pequenos lucros em curto prazo para, por exemplo, comprar os remédios não fornecidos pelos
serviços governamentais deficientes.

Organização social e política

Sônia Bone Guajajara: liderança indígena candidata à vice presidência da República em 2018
pelo PSOL

Atualmente, as aldeias não mais tomam nenhuma forma típica: são compridas (ao longo de
caminhos), redondas ou quadrangulares. Localizam-se de preferência à beira de rios ou, na
falta de cursos d'água, perto de lagoas na mata. A proximidade de uma estrada pode ser outro
fator atraente: para se vender artesanato, por exemplo.
As aldeias, antigamente muito pequenas e de existência temporária, hoje em dia são
permanentes e poucas vezes transferidas. Podem ser constituídas por uma única família, mas
em alguns casos podem ter até 400 ou mais moradores. As casas, construídas no estilo
regional camponês, em geral são habitadas por famílias nucleares. As aldeias costumam
manter sua independência e poucas vezes formam coligações regionais, mas existem diversas
relações de parentesco, matrimoniais e rituais entre as comunidades.

O sistema de parentesco e as formas de casamento destacam-se pela flexibilidade em


estabelecer e aproveitar relações. A unidade mais importante é a família extensa, que é
composta por um número de famílias nucleares unidas entre si por laços de parentesco. Trata-
se, em essência, de um grupo de mulheres aparentadas e sob a liderança de um homem. Não
há metades, clãs ou linhagens, nem qualquer direito ou obrigação que se transmita por uma
linha de descendência específica.

A residência pós-nupcial é com os pais da mulher (uxorilocalidade), pelo menos


temporariamente. Muitos chefes de família extensa procuram manter o maior número de
mulheres junto de si, até adotando as filhas de homens falecidos que eles costumavam chamar
de "irmãos". Eles tentam arranjar casamentos para essas moças para assim conseguir genros,
que devem viver pelo menos um ou dois anos junto aos sogros, prestando vários tipos de
serviço. Se o chefe de família tem bastante prestígio, consegue que os genros se fixem
definitivamente com ele, aumentando, desse modo, o número de colaboradores e angariando
co-partidários para formar uma facção na aldeia.

A chefia, sem regras fixas para se estabelecer, sofreu algumas mudanças com a política
indigenista. Os principais critérios tradicionais para assumir a liderança (qualidades individuais
e uma base de (indios guajajaras) ficaram menos importantes, comparados com as exigências
de saber lidar com o mundo dos brancos. Isto diz respeito, em primeiro lugar, à capacidade de
se relacionar com os órgãos governamentais e tirar vantagens disto para a comunidade local, e
à qualidades individuais (conhecimentos do português e talento diplomático, entre outras).

Cada aldeia tem seu próprio cacique ou capitão, mas há aldeias com mais de um por causa das
rivalidades entre várias famílias extensas. Alguns caciques tentam estender sua influência às
aldeias vizinhas, mas sua autoridade é muito instável e pode ser contestada a qualquer
instante pelos concorrentes da própria aldeia. Neste jogo pelo poder, o órgão indigenista
costuma intervir para promover seus próprios protegidos, que podem ser personagens fracos,
sem base verdadeira nas aldeias.

Conflito com os brancos

O território histórico dos guajajaras, no estado do Maranhão, sempre foi muito cobiçado tanto
pelas lideranças políticas para assentamento de colonos quanto pelas empresas agropecuárias.
Em 1975, após várias tentativas de resolver as invasões em suas terras, 200 guajajaras
invadiram o povoado de Marajá. Na ação, expulsaram 83 colonos e queimaram suas
residências. Como resultado inesperado, ocorreram 2 mortes dentre os colonos.

Os Guajajara são um dos povos indígenas mais numerosos do Brasil. Habitam mais de 10
Terras Indígenas na margem oriental da Amazônia, todas situadas no Maranhão. Sua história
de mais de 380 anos de contato foi marcada tanto por aproximações com os brancos como por
recusas totais, submissões, revoltas e grandes tragédias. A revolta de 1901 contra os
missionários capuchinhos teve como resposta a última "guerra contra os índios" na história do
Brasil.

Nome

Em frente da casa do capitão Artur na aldeia Cana Brava (TI Cana Brava). Foto: Peter Schröder,
2000

Em frente da casa do capitão Artur na aldeia Cana Brava (TI Cana Brava). Foto: Peter Schröder,
2000

Além de guajajara, este grupo tem uma outra autodenominação mais abrangente, Tenetehára,
que inclui também os Tembé. guajajara significa "donos do cocar" e Tenetehára, "somos os
seres humanos verdadeiros". Às vezes, os guajajara traduzemTenetehára por "índio",
excluindo desta categoria os grupos Jê, como os Canela, que são chamados àwà ("selvagens,
bravos"). Não se conhece com certeza a origem do nome guajajara, mas provavelmente foi
dado aos Tenetehára pelos Tupinambá. Tanto entre os próprios índios quanto na literatura
científica, atualmente a denominação guajajara é mais usada do que Tenetehára.

Língua

A língua guajajara pertence à família tupi-guarani, sendo as línguas mais próximas o Asurini (do
Tocantins), o Avá (Canoeiro), o Parakanã, o Suruí (do Pará), o Tapirapé e o Tembé, que lhe é
muito semelhante. Os guajajara chamam sua língua de ze'egete ("a fala boa"). Ela é
subdividida pelos lingüistas em quatro dialetos que são mutuamente inteligíveis, sem maiores
complicações. Nas aldeias, o guajajara é falado como primeira língua, enquanto o português
tem a função de língua franca, que é entendida pela maioria. A situação sociolingüística dos
guajajara que moram nas cidades é desconhecida.

Localização

Aldeia Felipe Bone (TI Lagoa Comprida) dos Guajajara. Foto: Peter Schröder, 2000

Aldeia Felipe Bone (TI Lagoa Comprida) dos Guajajara. Foto: Peter Schröder, 2000

Todas as Terras Indígenas habitadas pelos guajajara estão situadas no centro do Maranhão,
nas regiões dos rios Pindaré, Grajaú, Mearim e Zutiua. São cobertas pelas florestas altas da
Amazônia e por matas de cerradão, mais baixas, sendo estas matas de transição entre as
florestas amazônicas e os cerrados. Os guajajara nunca habitaram os cerrados vizinhos, região
dos povos jê. Sua região mais antiga, historicamente conhecida, foi o médio rio Pindaré.
A partir do final do século XVIII e início do seguinte, expandiram seu território para as regiões
dos rios Grajaú e Mearim, onde se estabeleceram pouco tempo antes da chegada dos brancos,
disputando com vários grupos timbira as áreas de caça. Por volta de 1850, uma parte dos
Tenetehára migrou para o norte e mais tarde passou a ser chamada de Tembé pelos regionais.

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