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História

8 ano - 2022

A expansão da América
portuguesa
O processo de
interiorização
• Durante o primeiro século da colonização
portuguesa, os colonos se concentraram
na faixa litorânea do Brasil.
• A crise da economia açucareira no século
XVII, gerada pela concorrência da
produção holandesa nas Antilhas, levou o
governo português na América a
incentivar expedições para explorar o
interior da América portuguesa.
• Estas expedições foram atravessando
sistematicamente a linha do Tratado de
Tordesilhas, definindo o contorno que o
Brasil tem atualmente.
• Por outro lado, estas expedições também
foram responsáveis pela escravização e
dizimação da maior parte dos povos Mapa representando a criação das cidades no período colonial e imperial.
indígenas que habitava este território. https://www.scielo.br/j/mercator/a/GPZRz7gnx97fWqPVbVf7d3c/?lang=pt#
Pecuária
• A pecuária foi uma atividade fundamental
para a subsistência da população colonial. "Engenho de
Essa atividade supria a necessidade Açúcar"
alimentar (carne, charque e leite), de
transporte (animais de carga), de
funcionamento dos engenhos (moenda
movida por força animal) e de vestuário
cotidiano através do couro.
• No início, o gado era criado próximo às
regiões canavieiras, todavia, a expansão do
rebanho em direção as terras férteis "Habitantes de
ameaçava os interesses dos senhores de Goiás"
engenho. Este problema, levou o governo
português a proibir a criação de gado a
menos de 10 léguas (50 Km) do litoral.
• Esta medida, forçou os criadores de gado a
avançar em direção às áreas distantes do
litoral, chamadas de sertão.
Obras do artista Rugendas, (1802-1858)
Pecuária
• A pecuária constituiu uma das principais formas de
expansão do território colonial, sobretudo, porque a
pecuária extensiva (onde o gado era criado solto em grandes
áreas de terra) possibilitava desbravar vastas regiões sem
um grande custo.
• Inicialmente, a pecuária se desenvolveu nas regiões que
correspondem hoje ao Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande
do Norte e Ceará. Seguindo o curso do Rio São Francisco,
essa atividade chegou às regiões de Goiás e Mato Grosso.
No século XVIII, a pecuária ganharia muita força no Rio
Grande do Sul.
• No final do século XVII, a expansão das fazendas de gado
para o atual sul do Piauí levou ao povoamento desta região
por colonos portugueses. Em 1712, foi criada a Vila da
Mocha que se tornaria a cidade de Oeiras, primeira capital
da Capitania do Piauí que só foi criada em 1758.
Mapa representando a
• A expansão das fazendas de gado para o interior da colônia
expansão do território
se chocou com os povos nativos que viviam no sertão,
através da pecuária
provocando o massacre da maior parte destas populações
indígenas.
Entradas e Bandeiras

• As expedições financiadas pela Coroa portuguesa com o


objetivo de mapear interior da colônia e localizar minas de
metais preciosos eram chamadas de Entradas.
• Já as expedições que saiam da Capitania de São Paulo com
em direção ao sertão com o objetivo de encontrar metais
preciosos, escravizar indígenas e destruir quilombos eram
chamadas de Bandeiras.
• Essas expedições contavam com o apoio de mamelucos –
descendentes de relacionamentos, muitas vezes forçado,
entre homens europeus e mulheres indígenas. Os
mamelucos tiveram papel fundamental nessas
expedições, uma vez que, conhecendo a língua tupi e a
língua portuguesa, serviam de mediadores entre os dois
grupos.
• Essas expedições atravessaram gradualmente a linha
imaginária do Tratado de Tordesilhas, alargando, assim, o Mapa representando as entradas e as bandeiras
território da América portuguesa. Todavia, essa expansão
teve um custo humano altíssimo, sobretudo, das
populações indígenas e negra.
Repensando o mito dos bandeirantes

• Com o desenvolvimento da região de São Paulo,


no século XIX, houve uma idealização dos
bandeirantes que passaram a ser retratados como
heróis nacionais. Diversos monumentos foram
erguidos para homenagear os bandeirantes
paulistas como Borba Gato.
• Estudos atuais vem questionando a imagem dos
bandeirantes como heróis ao destacar o papel
destas expedições na massacre e escravização de
centenas de povos nativos, destruição de
quilombos e de missões jesuíticas.
• Essa nova perspectiva sobre os bandeirantes vem
sendo compartilhada por descendentes dos povos
atingidos por aquelas expedições. A queima da
estátua do bandeirante Borba Gato por um grupo
de manifestantes da periferia de SP demonstra
que há um forte questionamento da imagem
heróica destes personagens.
Documento 01
Documento 02
“Os monumentos às bandeiras- Uma nova perspectiva
[...] Os jornais e televisão noticiavam o vandalismo e a
depredação de dois monumentos da cidade e
chamaram a tinta de pichação. Evidentemente não
se tratava de pichadores, mas de uma manifestação
violenta não apenas contra os monumentos em si,
mas também contra aquilo que eles representam na
sua origem. [...]”
Silvio Oksman. Os monumentos às bandeiras – Uma nova perspectiva.
Minha Cidade.
Monumento às Bandeiras.
1. Em setembro de 2016, após um debate entre as candidatas e candidatos à prefeitura de São Paulo, o Monumento às
Bandeiras, na capital paulista, amanheceu coberto por tintas coloridas. Sobre o contexto dos documentos e partindo das
discussões feitas em sala, elabore um comentário sobre as diferentes representações que os bandeirantes tiveram ao longo
do processo histórico, apontando os motivos deles serem vistos ora como heróis ora como vilões.
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As Missões Jesuíticas A fundação de missões em colégios
jesuítas constituiu outra forma de
expansão da América portuguesa como
• Na América portuguesa, a ação missionária dos podemos perceber no mapa em destaque:
religiosos integrou o processo de colonização e
expansão do território português na América.
• No contexto da Contrarreforma, a missão de
expandir a fé católica na América portuguesa foi
iniciada em 1549 quando membros da Companhia
de Jesus chegaram ao Brasil junto com o primeiro
Governador Geral Tomé de Sousa.
• Os jesuítas fundaram colégios próximo às aldeias
indígenas do litoral, nos quais se dedicaram à
catequese dos povos nativos.
• Mais tarde, dirigiram-se para o interior em meio às
matas, fundando aldeias cristãs,
chamadas missões ou reduções, que reuniam os
indígenas da região. Nessas aldeias, os nativos
eram cristianizados e submetidos a uma rígida
disciplina de orações e de trabalho.
Conflitos entre Jesuítas e colonos
• As tentativas dos colonos de escravizar os
indígenas geravam constantes conflitos
com os jesuítas, que eram contrários a
essa prática.
• Na redução jesuítica de Sete Povos das
Missões, no atual Rio Grande do Sul, na
região do rio da Prata, ocorreu um dos
conflitos mais intensos entre bandeirantes e
indígenas. As batalhas perduraram
por mais de um século, ocasionando a
morte de milhares de nativos.
• Esses ataques também foram comuns nas
missões amazônicas. As ofensivas dos
bandeirantes levaram grupos indígenas a
fugir para regiões mais distantes, em Ruínas de São Miguel Arcanjo, Rio Grande do Sul. Foto:
ThiagoSantos
direção ao interior do território. Dessa
maneira, as expedições começaram a
adentrar cada vez mais as áreas do sertão,
ampliando os limites coloniais.
O Eurocentrismo e a diversidade cultural indígena
• As missões jesuíticas chegaram a reunir milhares de
indígenas de diferentes povos. Os nativos eram
orientados a seguir os princípios cristãos, a organizar seu José de Anchieta,
cotidiano de acordo com os preceitos dos missionários gravura de
europeus e a abandonar seu modo de vida e sua cultura. Giovanni-Girolano
• Para legitimar a escravização e a exploração dos indígenas os Frezza, c. 1680-1710.
colonizadores apoiaram-se em valores eurocêntricos, segundo
os quais a cultura e o modo de vida europeus eram superiores Na imagem o jesuíta
aos dos demais povos e representavam um padrão civilizatório é revestido de uma
a ser seguido. Os indígenas, por sua vez, eram vistos como
povos bárbaros, selvagens e inferiores. aura, e a missão de
• Esse modo de enxergar os nativos levou à imposição de catequese é
hábitos, da religiosidade e de valores europeus. Para viver apresentada através
entre os colonizadores, os indígenas foram obrigados a
abandonar muitos de seus costumes, como os ritos, a maneira da dominação dos
de se enfeitar, a crença em vários deuses, as formas de animais selvagens. O
construir moradias e de organizar o cotidiano e suas relações indígena é retratado
sociais, entre outros. Mas, ainda assim, eles não perderam a
própria identidade. como parte dessa
• O respeito aos indígenas e à sua diversidade cultural possibilita natureza hostil que
compreender a formação do próprio povo brasileiro e as se curva à
variadas contribuições culturais incorporadas à nossa
sociedade. evangelização.
Tão logo fizeram os primeiros contatos na costa brasileira, os portugueses começaram a carregar suas
embarcações com mercadorias extraídas da nova terra para serem levadas à Europa. Entre elas, o pau-brasil,
animais exóticos, e... nativos. Em pouco tempo, tornou-se comum encontrar escravos indígenas nas ruas de
Lisboa e arredores, principalmente nos serviços domésticos. Eles também eram vendidos na Espanha e em seus
domínios. Quando os portugueses deram início às atividades produtivas no Brasil, a partir da criação das
capitanias hereditárias, decidiram utilizar os nativos para o trabalho escravo. Sem recurso para importar
africanos e sem as condições necessárias para o emprego da mão de obra assalariada, os indígenas acabaram
sendo a base da formação da economia colonial. Transformá-los em escravos era uma tarefa difícil e arriscada. A
presença portuguesa no Brasil e a ocupação das novas terras dependiam do apoio da população nativa. Para
defender tão vasto território, a Coroa precisava de indígenas como aliados militares contra os concorrentes
europeus (no período, especialmente os franceses). Eles também eram úteis para combater grupos indígenas
rivais que atavam os incipientes núcleos coloniais, além de fornecerem informações e alimentos indispensáveis à
sobrevivência em uma terra mal conhecida. Se a princípio chegou a existir um frágil equilíbrio entre nativos e
portugueses ele se rompeu.
GARCIA, Elisa. Solução caseira. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 8, n. 91, abr. 2013.
2. Analise o documento acima e em seguida comente a complexa relação que os colonizadores estabeleceram
com as populações nativas no território colonial português.
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3. Observe atentamente o mapa e estabeleça a
relação entre o bandeirantismo e os aldeamentos
no que diz respeito ao processo de formação do
espaço geográfico colonial brasileiro.
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Resistência indígena
• As áreas para onde se expandiam os colonos
portugueses, isto é, os sertões, não eram
desabitadas. Como vimos, estima-se que por volta
de 1500 o território da América portuguesa era
ocupado por mais de 2 milhões de indígenas.
• Os indígenas, que contavam com estruturas de
poder próprias, não reconheciam os portugueses
como os novos proprietários das terras. Além
disso, viram-se forçados a resistir diante das
tentativas de escravização empreendidas pelos
portugueses.
• Nesse sentido, um dos eventos mais
emblemáticos foi a chamada Guerra dos Bárbaros.
Essa expressão define um conjunto de conflitos
armados, entre indígenas de diversos povos e
A tática de guerrilhas e emboscadas usada pelos
portugueses, nos anos de 1650 a 1720. Esses
indígenas deixava os colonos aturdidos. “Guerrilhas”,
conflitos ocorreram em uma extensa área
aquarela, Rugendas, c. 1835.
Disponível em: que inclui a atual região do interior nordestino, da
https://ensinarhistoria.com.br/guerra-do-acu-ou-dos-barbaros-exterminio-in Bahia ao Maranhão.
digena/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues

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