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Conceitos:

Etnologia: A etnologia é uma disciplina mais teórica e comparativa, que busca entender as
semelhanças e diferenças entre as culturas humanas. Ela se preocupa com a análise de
padrões culturais, estruturas sociais, instituições, crenças, práticas e ideias em diferentes
sociedades. A etnologia procura formular teorias gerais sobre a natureza humana e as
variações culturais, frequentemente baseadas em pesquisas de campo e dados
etnográficos. Os etnólogos realizam estudos comparativos, analisando várias culturas e
tentando identificar padrões recorrentes ou tendências transculturais. > condição de vida

Etnografia: Por outro lado, a etnografia é uma abordagem mais descritiva e detalhada, que
envolve a observação e o estudo intensivo de uma cultura específica. Os etnógrafos
geralmente passam um período prolongado de tempo vivendo em uma comunidade ou
grupo cultural, imergindo-se em suas práticas cotidianas, entrevistando pessoas e coletando
informações detalhadas sobre sua vida social, política, econômica e simbólica. A etnografia
se concentra na descrição densa e na interpretação dos dados coletados no campo,
procurando capturar a perspectiva interna dos participantes da cultura estudada. O objetivo
é obter uma compreensão profunda e contextualizada de um grupo específico, em vez de
formular generalizações amplas sobre as culturas humanas em geral. > modo de vida

Empirismo: corrente filosófica que enfatiza a importância da experiência sensorial e da


observação como fonte primária de conhecimento. Segundo os empiristas, todo o
conhecimento humano deriva da experiência e dos sentidos, e não de ideias inatas ou de
razão pura.

Método Difusionista: De acordo com o método difusionista, os elementos culturais podem


se espalhar por meio de contato direto entre as sociedades, seja por meio de migração,
comércio, conquista ou outras formas de interação.

Método da Similaridade: Esse método envolve a comparação sistemática de diferentes


casos ou exemplos para identificar padrões, regularidades e relações. Os pesquisadores
que utilizam o método da similaridade buscam identificar traços culturais, instituições,
práticas, estruturas sociais ou processos que são compartilhados entre diferentes grupos
sociais ou culturas.

Arthur de Gobineau
1. Desigualdade racial: Gobineau acreditava que as raças humanas eram
fundamentalmente desiguais e que a raça branca, em particular a raça ariana, era superior
às outras raças. Ele defendia a ideia de que a mistura de raças era responsável pelo
declínio das civilizações.

2. Degeneração racial: Gobineau argumentava que a mistura racial levaria à degeneração


das raças superiores, resultando em decadência cultural e social. Ele acreditava que a
miscigenação resultaria em uma diluição da pureza racial e enfraqueceria as qualidades
superiores de uma raça.

3. Determinismo racial: Gobineau sustentava que as características físicas, mentais e


morais das raças eram inatas e determinadas pela herança racial. Ele acreditava que as
diferenças raciais eram imutáveis e que cada raça possuía características distintas e
permanentes.

4. Conservadorismo aristocrático: Gobineau era um defensor do conservadorismo


aristocrático e acreditava que a sociedade deveria ser organizada em uma estrutura
hierárquica, com uma elite governante. Ele considerava a aristocracia como a salvaguarda
da civilização e acreditava que a degeneração ocorria quando as classes mais baixas
ganhavam poder e influência.

Linha estruturalista: refere-se a uma abordagem teórica e metodológica nas ciências


sociais e humanas que enfatiza a importância das estruturas sociais, simbólicas e
linguísticas na compreensão dos fenômenos e processos sociais.

Unidades:

Unidade I - Estudos acadêmicos da Diversidade Cultural. Discussão sobre os primeiros


relatos da alteridade:
Unidade II - Escola Sociológica Francesa e Representações Coletivas.
Unidade III - Antropologia Norte-Americana: tendências da fase clássica
Unidade IV - Funcionalismo Britânico.

● Estudos Acadêmicos da Diversidade Cultural

- Arco e o Cesto - Pierre Clastres

Comunidade paraguaia Guaiaqui


Orientação dessa sociedade em torno da divisão do trabalho de acordo com os gêneros
femininos e masculinos. Apresentam funções bem definidas desde a infância
Homens > arco > caça
Mulheres > cesto > transporte dos bens, cuidado das crianças e preparo dos alimentos
PANÉ: maldição do azar se homens ou mulheres tocarem nas ferramentas do sexo oposto.
Compreensão de ser homem ou mulher atrelado às funções do trabalho mais do que pela
fisiologia > Ex: ao não ser caçador, o homem deixa de ser homem e passa a carregar o
cesto, se tornando “mulher”
Caçador não pode comer sua própria caça > risco de pané > gera uma sociedade mais
coletivista pois um depende do outro para sobreviver
Poliandria: possibilidade da mulher ter dois maridos para minimizar o impacto da diferença
entre o número de homens e mulheres
Canto > mulheres cantam juntas a realidade sofrida em um tom de queixa, enquanto
homens cantam a noite em tom de glória. >>>> Religiosidade

- Dos Canibais - Michel Montaigne

Tema central: etnocentrismo, canibalismo e o bárbaro


Etnocentrismo: crença de cultura superior
Preconceito permeado na sociedade europeia
Povos do Novo Mundo chamados de bárbaros > tudo que é diferente das práticas e
opiniões da sociedade europeia era visto como condenável.
Atos praticados pelos “bárbaros” > questões religiosas, ligados à fé, rituais e culturais.
Para o autor a barbárie estava com os que se julgavam civilizados > europeus
Praticavam canibalismo como questão de honra

- Você tem Cultura? - Roberto DaMatta

Cultura como sinônimo de inteligência > teor classista, o que é sofisticado, como política,
economia e arte. > produções estrangeiras, e intelectualizadas > expõe o eurocentrismo
presente nesse raciocínio
Cultura como agente estrutural: pluralidade que a cultura possui, conceito chave para a
interpretação da vida social.
O autor exalta que toda forma de tradição é um código e deve ser interpretado como tal,
pois, estes possibilitam um maior entendimento dos processos daquela sociedade.

● Escola Sociológica Francesa

- Émile Durkheim

As Formas Elementares da Vida Religiosa

Busca entender a natureza religiosa do homem


Busca uma religião primitiva > TOTEMISMO AUSTRALIANO
Sociedade simples
Possibilidade de explicar aquela religião sem intervenção de outras religiões anteriores
Religião elementar > poucas transformações
Estudo das religiões de tribos aborígenes da Austrália.
Generalizar os resultados dos estudos para outras religiões
Não busca descobrir onde as religiões começam > busca os fundamentos da religião
A religião é uma coisa eminentemente social > fundamento da coesão social> produz uma
comunidade moral
Representações religiosas são representações coletivas
Toda vida religiosa pressupõe um culto > conjunto dos meios pelos quais a religião se cria e
se recria
A religião não pode ser definida apenas como individual
Magia: individual x Religião: coletiva
A sociedade é a alma da religião
Divisão da esfera sagrada e profana
Sagrado: construída por ritos e crenças que formam uma religião
Profano: atividades cotidianas fora da esfera religiosa

Tribos aborígenes da Austrália


Dentro das TRIBOS existem as FRATRIAS e dentro das FRATRIAS existem os CLÃS
Os clãs podem ser representados por uma espécie presente no reino animal ou vegetal >
Existem mais de 500 clãs
Cada clã tem um totem
TOTENS > símbolo identificador do grupo > água, sol, animal > são coletivos
Indivíduos adotavam comportamentos religiosos (ritos) diante seus totens
ritos positivos > deveres religiosos ou negativos > relacionados às proibições
A esfera do sagrado se estende a vida cotidiana dos indivíduos
Totens considerados anormais: um antigo antepassado fez um uma grande ação naquele
local se tornando sagrado e podendo ser um totem daquele clã
Comparação com os mascotes de time de futebol
- Formas de receber o totem:
Linhagem materna, linhagem paterna, antepassado mítico > antepassado fecunda a mãe
Clãs que possuem um certo totem como plantas ou animais são privados de comer aquela
espécie
Totem também funciona como um emblema e brasão
Analogia com os tribos Australianas com as das América do Norte
No totemismo todos os seres são classificados como sagrados ou profanos
Superar o dualismo entre o empirismo > entende o conhecimento com base na experiência
e o racionalismo > ideias inatas do indivíduo
a vida coletiva também é responsável pela origem das formas de conhecimento humana

- Marcel Mauss - Ensaio sobre a dádiva

“Qual é a regra de direito e de interesse que, nas sociedades de tipo atrasado ou


arcaico, faz com que o presente recebido seja obrigatoriamente retribuído? Que força
há na coisa dada que faz com que o donatário a retribua?”
-Dádiva produz a aliança, alianças matrimoniais, econômicas, políticas e religiosas
-SAMOA, um estado independente da Polinésia
-POTLACH (cerimônia praticada entre tribos indígenas): elementos principais: honra,
prestígio e obrigação absoluta de retribuição sob pena de perder autoridade.
-MAORI: espírito da coisa dada
-Matéria espiritual: HAU
-Coisa dada em pagamento: UTU
-MANA: dimensão do hau (matéria espititual), você perde se não retribuir
-A transmissão de uma coisa > detém sua alma própria, propõe um vínculo jurídico
dar alguma coisa a alguém é dar algo de si
-Obrigação de retribuir > a coisa dada exerce uma grande influência mágica sobre quem
quer que a possua
-Recusar dar é tido como negligenciar, e recusar receber equivale a declarar guerra > troca
de matéria espiritual

-Dois elementos essenciais do Potlatch propriamente dito, estão claramente atestados: o


elemento da Honra e do Prestígio de “mana” que confere a riqueza e o da obrigação
absoluta de retribuir essas dádivas sob pena de perder esse “mana”,
-Criança, bem uterino, é o meio pelo qual os bens da família uterina são trocados pelos da
família masculina.
-Olas e tonga – em outras palavras os bens masculinos e femininos
-TAONGA: designam as parafernálias permanentes em particular as esteiras de casamento,
herdadas pelas filhas nascidas do dito casamento, as decorações e os talismãs que entram,
através da mulher na família recém-fundada.
-OLAS: designam, em suma, objetos, instrumentos que são na maior parte, para o marido;
são essencialmente móveis.
-Os Taonga estão, pelo menos na teoria do direito e da religião maori, fortemente ligados à
pessoa, ao clã, ao solo, são o veículo de seu “mana”, de sua força mágica, religiosa e
espiritual.

● Antropologia Norte-Americana

Método comparativo > comparação de similaridades e diferenças de diversas culturas com


o objetivo de determinar um padrão.
Estudo comparativo em função da qualidade cultural.

Franz Boas

-Pai da antropologia
-Rompeu com a ideia de evolucionismo relacionado a grupos étnicos, excluindo o conceito
de etnias mais ou menos desenvolvidas que outras

-Primeiro Estudo: Canadá, Ilha de Baffin


Financiada pelo Jornal de Berlim
Pesquisou sobre esquimós nativos, fazendo observações sobre sua mobilidade e
distribuição, assim como rotas de migração e comunicação
Ele observou a complexidade em estudar a cultura de outros povos, percebendo que
era necessário se imergir por completo e entrar em contato direto com costumes do lugar.
Experiência levou-o a sua passagem da geografia à antropologia

-Segunda expedição: Estudo de línguas e mitos nativos de tribos do Canadá


Passou a ter um interesse etnográfico (condição de vida)
1887: Revista Science > se mudou para os Estados Unidos
1896: Foi contratado para trabalhar na curadoria das coleções etnológicas do
American Museum of Natural History em Nova York, onde realizou uma ampla pesquisa
coletiva.
E foi professor na universidade de Columbia > criação da revista American
Anthropologist tornando-se mais tarde o vice- presidente da American Anthropologist
Association.

-As limitações do método comparativo


Finalidade comparar as características de grupos sociais divergentes e identificar
seus padrões e suas diferenças culturais, criticando e argumentando sobre os métodos
comparativos de estudo utilizados na época.
Crítica ao pesquisador Charles Darwin > “Origem das Espécies” > Darwin
acreditava que da mesma forma que diferentes espécies passavam por uma evolução
natural, nas SOCIEDADES também existia esse desenvolvimento EVOLUTIVO > algumas
culturas eram mais avançadas e outras mais arcaicas > crítica também vista em Lévi
Strauss
Boas acreditava que o desenvolvimento social não era linear, e sim dependente de
cada sociedade, com suas distinções e se desenvolviam de acordo com seu tempo, espaço
e modo.
Boas também criticou o DETERMINISMO GEOGRÁFICO > argumenta que os
fatores geográficos (clima, topografia, recursos naturais) influenciam (exclusivamente) na
formação e no desenvolvimento de uma sociedade, determinando sua política, economia e
cultura. >>>>> Para Boas o ambiente é apenas um dos fatores influenciadores, mas não o
único, é uma fração dos objetos de estudo. > precisa abranger além disso, fatores sociais e
históricos.
Franz Boas não apoiou o método DIFUSIONISTA > tentava explicar a
disseminação e propagação de elementos culturais entre sociedades distintas > acreditava
que essa disseminação moldava o desenvolvimento cultural.
Ex: Essa teoria dizia que um elementos, como a utilização de um objeto para uma
comemoração religiosa, de uma uma sociedade que precisou migrar para outro local,
difundiu esse elemento específico para a sociedade que já habitava o local para qual eles
migraram
Boas defendia que a formação e desenvolvimento de culturas era um estudo
complexo e um produto de fatores internos e históricos específicos > não é possível estudar
o progresso sem um detalhamentos maior no seu contexto histórico.
Apoiava o MÉTODO DA SINGULARIDADE > defendia as culturas como fenômenos
distintos e únicos. Mesmo com aspectos parecidos entre sociedade diferentes, elas não são
as mesmas e não podem ser estudadas da mesma forma, pois possuem características
próprias e dinâmicas distintas. > A compreensão de uma cultura tinha que ser em sua
totalidade e era necessário levar em consideração os valores, crenças e costumes, o que só
aconteceria se pesquisador entrasse em contato direto com a tribo

-Os métodos da Etnologia - 1920


Os métodos etnológicos de pesquisa norte-americanos visam compreender a
história como um todo, complexo e instável, não apenas num determinado momento, mas
seguindo uma sequência cronológica onde a história se modifica continuamente.
Métodos de pesquisa sobre o desenvolvimento histórico da civilização passam por
mudanças
Boas crítica a etnologia EVOLUCIONISTA E DIFUSIONISTA > propõe o uso da
pesquisa empírica ao estudar os fenômenos culturais internos
A partir de 1920, grupos de pesquisadores da Inglaterra e Alemanha passaram a
basear a pesquisa etnológica em conceitos de migração e disseminação do que no de
evolução.
EVOLUCIONISMO propõe que as mudanças históricas na vida cultural da
humanidade seguem leis definidas, o que fariam que o desenvolvimento cultural fosse o
mesmo em todas as raças e povos. Ideia expressa por Tylor, Primitive Culture
Para Boas, “classificar não é explicar”. Ele via cada sociedade como uma totalidade
sistêmica que deveria ser compreendida em seu contexto, não derivando de outra
sociedade nem evoluindo para outra sociedade, portanto, deveria ser estudada em seus
processos específicos no presente, e não conforme leis universais.
-Raça e Progresso
O texto de Boas desafia as ideias predominantes da época, que sustentavam que
algumas raças eram superiores a outras, e propõe uma visão mais igualitária e
culturalmente relativa.
Nele, o antropólogo argumenta que as diferenças culturais entre os grupos humanos
não podem ser atribuídas a diferenças biológicas ou raciais, mas sim a fatores ambientais e
históricos > refuta a ideia de que certas raças são inerentemente mais avançadas ou
civilizadas do que outras.
Críticas ao DETERMINISMO RACIAL: defende que as características biológicas de
um grupo racial determinam seu nível de desenvolvimento > Boas argumenta que a cultura
desempenha um papel fundamental na evolução social e que as diferenças não podem ser
simplificadas em termos de superioridade ou inferioridade.
Rejeita a noção de hierarquia racial fixa
A diversidade cultural é um elemento essencial para o progresso humano > acredita
na importância da tolerância e respeito > o contato e interação entre culturas pode levar ao
enriquecimento mútuo.

Lévi Strauss

-Degenerescência: perda ou diminuição das qualidades primitivas; degeneração


-“O combate do Racismo no Campo das Ideias”
-Inexistências de raças diferentes
-“Nada no estado atual da ciência, permite afirmar a superioridade ou a inferioridade
intelectual de uma raça em relação a outra, a não ser que se quisesse restituir
sub-repticiamente a sua consistência à noção de raça”
-Crítica o EVOLUCIONISMO> Existência de culturas melhores e piores e mais evoluídas ou
não. > visão OCIDENTAL que acredita que sua cultura é superior > percepção
ETNOCÊNTRICA >>>> análise a partir da sua visão de cultura uma vivência diferente.
-Para que não exista o etnocentrismo é necessário analisar uma cultura com
RELATIVISMO >> não levar em consideração a sua crença de cultura, apenas tratar a outra
como diferente.
-Ressalta que as contribuições vêm de conhecimento geográficos, históricos e sociológicos,
não com aptidões distintas ligadas à constituição anatômica ou fisiológica dos negros, dos
amarelos ou dos brancos. > portugueses e indígenas
-Em outro momento, o autor vai discutir o por que as civilizações estão em momentos
diferentes em relação a inovação e desenvolvimento, em seu texto é dito que alguns povos
tiveram uma história aquisitiva e outras que não possuíram os mesmos privilégios dessas
outras, então esse seria o motivo pelo qual as culturas são diferentes entre si. > Ex: Europa,
como colonizadora, sintetizou conhecimento do mundo todo, se tornando mais “evoluída”.
-História acumulativa: civilizações que a partir da observação de outra cultura adquiriu
conhecimento por meio de valores, técnicas e práticas
-História estacionária: civilizações que se preocuparam em desenvolver valores e
conhecimentos próprios sem a interferência das outras culturas.
-No texto “Raça e História” o progresso é um jogo onde a história humana é resultado das
apostas desses jogadores, ou seja, é o resultado da contribuição de várias culturas juntas.
Porém para que exista esse progresso as culturas acabam se homogeneizando e assim
perde-se a diversidade cultural.
Lévi-Strauss ressalta que só existe a raça humana e que todas as culturas devem se
respeitar, mantendo a diversidade cultural.

1: Raça e Cultura

-Nada, no estado atual da ciência, permite afirmar a superioridade ou a inferioridade


intelectual de uma raça em relação a outra, a não ser que se quisesse restituir
sub-repticiamente a sua consistência à noção de raça.
-Gobineau: pai das teorias racistas. Para ele as grandes raças primitivas que formavam a
humanidade nos seus primórdios > branca, amarela e negra, não só eram desiguais em
valor absoluto como em suas aptidões particulares. A degenerescência (decadência cultural
e social) estava, segundo ele, ligada mais ao fenômeno da mestiçagem do que à posição de
cada uma das raças numa escala de valores comum a todas
-A diversidade intelectual, estética, sociológica não está ligada por nenhuma relação de
causa e efeito àquela que existe, no plano biológico, entre determinados aspectos
observáveis dos agrupamentos humanos > distinguem - se por dois aspectos importantes
1- Existem muito mais CULTURAS humanas do que RAÇAS humanas, enquanto uma se
contam por milhares as outras contam-se pelas unidades: duas culturas elaboradas por
homens pertencem à mesma raça podem diferir tanto ou mais que duas culturas
provenientes de grupos racialmente afastados
2- Ao contrário da diversidade entre as raças, que apresentam como principal interesse a
sua origem histórica e a sua distribuição no espaço, a diversidade entre as culturas põe
uma vantagem ou um inconveniente para a humanidade, questão de conjunto que se
subdivide, bem entendido, em muitas outras.

2: Diversidade das Culturas

-Impõe-se uma primeira constatação: a diversidade das culturas é de fato no presente, e


também de direito no passado, muito maior e mais rica que tudo o que estamos destinados
a dela conhecer
-Antigo império dos Incas, no Peru, e o do Daomé, na África, diferem entre si de maneira
mais absoluta do que, por exemplo, a Inglaterra e os Estados Unidos de hoje, se bem que
estas duas sociedades devam também ser tratadas como sociedades distintas.
-Vemos, pois, que a noção da diversidade das culturas humanas não deve ser concebida de
uma maneira estática. Esta diversidade não é a mesma que é dada por um corte de
amostras inerte ou por um catálogo dissecado. É indubitável que os homens elaboraram
culturas diferentes em virtude do seu afastamento geográfico, das propriedades particulares
do meio e da ignorância em que se encontravam em relação ao resto da humanidade, mas
isso só seria rigorosamente verdadeiro se cada cultura ou cada sociedade estivesse ligada
e se tivesse desenvolvido no isolamento de todas as outras

3: O Etnocentrismo

-Parece que a diversidade das culturas raramente surgiu aos homens tal como é: um
fenômeno natural, resultante das relações diretas ou indiretas entre as sociedades;
-A atitude mais antiga e que repousa, sem dúvida, sobre fundamentos psicológicos sólidos,
pois que tende a reaparecer em cada um de nós quando somos colocados numa situação
inesperada, consiste em repudiar pura e simplesmente as formas culturais, morais,
religiosas, sociais e estéticas mais afastadas daquelas com que nos identificamos.
-Deste modo a Antiguidade confundia tudo que não participava da cultura grega (depois
greco-romana) sob o nome de bárbaro; em seguida, a civilização ocidental utilizou o termo
de selvagem no mesmo sentido.
-Nas Grandes Antilhas, alguns anos após a descoberta da América, enquanto os espanhóis
enviavam comissões de investigação para indagar se os indígenas possuíam ou não alma,
estes últimos dedicavam-se a afogar os brancos feitos prisioneiros para verificarem, através
de uma vigilância prolongada, se o cadáver daqueles estava ou não sujeito à putrefação. >
ilustra o paradoxo do relativismo cultural
-Recusando a humanidade àqueles que surgem como os mais "selvagens" ou "bárbaros"
dos seus representantes, mas não fazemos que copiar-lhes as suas atitudes típicas. O
bárbaro é em primeiro lugar o homem que crê na barbárie.
-Preso entre a dupla tentação de condenar experiências que o chocam afetivamente e de
negar as diferenças que ele não compreende intelectualmente, o homem moderno
entregou-se a toda espécie de especulações filosóficas e sociológicas para estabelecer
vãos compromissos entre estes pólos contraditórios > Mas, por mais diferentes e por vezes
bizarras que possam ser, todas estas especulações se reduzem a uma única e mesma
receita, que o termo de falso evolucionismo
-Mas este não está em causa, porque o evolucionismo biológico e o pseudo-evolucionismo
que aqui visamos são duas doutrinas muito diferentes.
-Evolucionismo biológico: nasceu como uma vasta hipótese de trabalho, baseada em
observações em que o lugar reservado à interpretação era mínimo. De acordo com ela os
diferentes tipos que constituem a genealogia do cavalo podem ser ordenados numa série
evolutiva
-Quando passamos dos fatos biológicos para os fatos culturais, as coisas complicam-se de
uma maneira singular.

4. Culturas arcaicas e culturas primitiva

-Crítica o evolucionismo que procura estabelecer analogias entre culturas comparando-as


com a civilização ocidental
-Não se pode admitir a ideia de etapas do desenvolvimento porque as culturas não são
estáticas, não existem “povos sem história”, existem povos do qual não conhecemos o
passado.
-Lévi-Strauss admite uma concepção que distingue duas espécies de história para
interpretar a diversidade: uma história progressiva, aquisitiva (onde as descobertas e
invenções são acumuladas para construir uma grande civilização) e uma outra história sem
este dom sintético (ainda que ativa e talentosa).

5. A ideia de progresso

-A História pode ser cumulativa, em alguns casos, o que não é privilégio de uma civilização
ou de um período histórico”, diz o autor, exemplificando com a América, onde se
desenvolveram culturas com História acumulativa.
6. História Estacionária e História Cumulativa

-Em outro momento, o autor vai discutir o por que as civilizações estão em momentos
diferentes em relação a inovação e desenvolvimento, em seu texto é dito que alguns povos
tiveram uma história aquisitiva e outras que não possuíram os mesmos privilégios dessas
outras, então esse seria o motivo pelo qual as culturas são diferentes entre si.
-História cumulativa: civilizações que a partir da observação de outra cultura adquiriu
conhecimento por meio de valores, técnicas e práticas > Considerar a América como
exemplo de História cumulativa é fruto de um interesse do homem ocidental em aproveitar
certas contribuições dos Índios Americanos
-História estacionária: civilizações que se preocuparam em desenvolver valores e
conhecimentos próprios sem a interferência das outras culturas. > Mas quando a linha de
desenvolvimento de uma cultura nada significa para nós, nós a qualificamos de
estacionária.
Mas quando a linha de desenvolvimento de uma cultura nada significa para nós, nós a
qualificamos de estacionária.

7. Lugar da Civilização Ocidental


Fenômeno da universalização ocidental é difícil de ser avaliado > único na história e
incerteza dos seus resultados.

8. Acaso e Civilização

-Lévi-Strauss descarta a possibilidade do acaso nas grandes invenções da humanidade no


passado e diz que a revolução industrial e científica do Ocidente “se inscreve totalmente
num período igual a cerca de meio milésimo da vida passada da humanidade”.
-Lévi-Strauss diz que a diferença entre culturas não pode ser cumulativa ou não, conceito
que além de depender do relativismo de nossos interesses é negado ainda pelo fato de que
“a humanidade não evolui num sentido único". E se, num certo plano, ela parece
estacionária ou mesmo regressiva isso não significa que, de outro ponto de vista, ela não
seja o centro de importantes transformações.”

Margareth Mead - Sexo e Temperamento

Aluna de Franz Boas


Investiga padrões comportamentais em diferentes culturas ressaltando as
diferenças de gênero entre homens e mulheres em algumas tribos. > buscam
desvincular personalidades e funções do aspecto de gênero > confirmar a ideia de que
esses aspectos são construídos e determinados pela CRIAÇÃO e CULTURA de cada
indivíduo.

Primeiro estudo: Adolescência, Sexo e cultura em Samoa


Visitou uma tribo em SAMOA (mesma de Marcel Mauss) com o intuito de observar o
período da adolescência na vida de indivíduos pertencentes a uma cultura DIVERGENTE
da ESTADUNIDENSE
Desmistificação da ciência: visava escrever para o entendimento e utilidade da
ciência, não só para o mundo acadêmico.
Principal livro: Sexo e Temperamento
Objetivo de observar as diferenças entre os aspectos de gênero em diferentes
culturas > quebrar a ideia de funções e características inerentes de cada gênero.
Observou três tribos diferentes na Nova Guiné:

- ARAPESH:
Tribo de cultura maternal;
Divididos entre povos da montanha, do litoral e da planície;
Foco nos povos da montanha
Tribo composta por pequenos povoados que habitavam o local de terra nua e estéril
Hábito raro de caçar
Sistemas de troca com o povo do litoral
Arapesh da montanha consideravam que o que vinha do litoral era superior e mais
sofisticado
Sociedade HORIZONTAL: não possui rei ou governante > o povo se sentia
pertencente à terra em que viviam mas não proprietários
Indivíduos consideravam que as terras pertenciam aos espíritos: MARSALIS e o
povoado apenas habitava e utilizava da região como abrigo.
Não era uma sociedade agressiva > gentil e cooperativa
Homens e mulheres colaboraram entre o cumprimento de tarefas > Ex: criação dos
filhos
Crianças apresentam um valor imenso > nascimento de uma criança arapesh é
mantido com cuidados e rituais iniciados na gestação e que se cumprem durante o
crescimento.
Preferência por bebês homens > muitas mulheres não passavam pelo lavem-no >
direito da criança de nascer > decisão tomada pelo pai que acompanha o parto de longe
Após o nascimento, caso o homem seja um novo pai ocorre um processo cerimonial
> símbolo da conquista da natureza masculina.
Meninas aprendem a controlar suas emoções antes dos meninos e costumam se
encontrar em colheitas
Meninos: se encontram ao participar de festas e cerimônias
7 ou 8 anos se iniciam os rituais de puberdade
Meninos: CULTO DO TAMBERAN
Meninas: PROCESSO CERIMONIAL DO CASAMENTO
Casamentos MONOGÂMICOS
POLIGÂMIA ocorre apenas em caso da morte do marido > a viúva se casa dentro
do clã com um participante já casado > A primeira esposa deste participante é consultada
durante o processo e tratada com honra extrema, enquanto a viúva é recebida “como uma
cunhada desolada e já amada” > o que proporciona uma relação afetiva e agradável entre
essas mulheres, que permanecem sempre juntas e se denominam “Megan”.
Comportamento violento ou agressivo é considerado FEITIÇARIA colocada por
outra sociedade.

-MUNDUGUMOR
Agressiva e hostil
Dois grupos: tribo do rio e os que não se habituaram ao rio > não se consideravam
pertencentes ao mesmo povo.
Violentos, implacáveis e agressivos > homens e mulheres
Crianças treinadas para não se sentirem bem perto de parentes
Tratadas de forma hostil durante a infância > quando amamentados a mãe encontra
o bebê apenas para esse fim e depois o deixa em um cesto de palha pendurado na porta
durante o resto do dia
Gravidez não é desejada > ao engravidar a mulher é amaldiçoada pelo homem que
busca outra esposa e abandona a mulher grávida que passa a indesejar o bebê desde o
início da gestação.
Mulheres preferem filhos homens e homens preferem filhas mulheres
Sociedade organizada em “corda”
Existe uma hostilidade natural entre todos os membros do mesmo sexo > os únicos
laços possíveis entre os membros do mesmo sexo passam atráves de membros do sexo
oposto. > Filhas leais ao pai e filhos à mãe
Desconfiança e rivalidade entre irmãos
POLIGAMIA: ato de riqueza e poder > homem tem entre 8 e 10 esposas.
Para se casar com uma nova esposa o pai deve entregar sua filha em casamento
Para o irmão se casar precisa entregar sua irmã
> elementos que motivam a hostilidade entre pai e filho e mãe e filha.
Relações fixas e formais
SUICÍDIO SOCIAL: pessoas que não se identificam com o individualismo e
agressividade da tribo e vivem isolados durante a vida toda.

-TCHAMBULI
Dos lagos
Divisão de gêneros mais definida
Mulheres se dedicam à alimentação e à pesca
Homens se abrigam em casas cerimoniais enquanto se dedicam à arte > dança,
escultura, trançado, pintura, etc.
Sociedade patrilinear > com heranças, título e propriedades provenientes do lado
paterno da família
Poligamia presente
Meninos: em seu crescimento são cuidados por suas mães
Ao entrarem na transição para a fase adulta (8-12 anos) passam por um período de
reclusão > leva à uma sensação de abandono > período encerrado pelo RITUAL DO
BANHO > menino passa a frequentar a casa dos homens.
Meninas: crescem em um grupo social de acolhimentos, apoio e afeição e
permanecem a vida toda.
Casamentos arranjados > homens pagam por suas esposas
Mulheres detém posição de poder > garantem alimento e produção de renda

Mulheres: posição carinhosa e solidária quando se diz respeito às outras mulheres


Homens: se relacionam por disputas, incompreensões e repúdios entre si.

Em suma, a partir do estudo e observação dessas três tribos, Margareth Mead concluiu que
as divisões de trabalho e personalidade determinadas para cada gênero não são inerentes
aos seres humanos, mas não passam de uma construção determinada pela cultura de cada
sociedade.
● Escola Funcionalista Britânica

Características básicas do funcionalismo:

-Reconhecimento e valorização da função desempenhada pelos elementos culturais


-Escola se consolidou no séc XX
-Trabalho de campo
-Estudo de pequenas ilhas separadas
-Buscam explicar os fenômenos em termos de funções > para que servem
-Preocupação com a lógica do sistema focalizado, defendendo uma visão sincrônica,
procurando conhecer a realidade cultural, relacionando a sociedade a um organismo, como
uma unidade complexa.
-Cada traço cultural, costume, objeto material, ideia existentes no interior das sociedades
tem funções específicas e mantêm relações com cada um dos aspectos da cultura para
manutenção do seu modo de vida total.

Bronisław Kasper Malinowski

-Fundadores da Antropologia Social


-Fundou a Escola Funcionalista
-Desenvolvimento de um novo método de investigação de campo

Sucesso na tentativa de contato apenas na segunda vez. > não consegue contato
satisfatório por não fazer parte/compreender o espírito tribal
Malinowski quando começou a realizar pesquisar nesses locais não teve sucesso
pois não sabia a língua nativa > mistura de línguas > ocorria uma distanciação dos nativos
>>>> foi levado aos representantes britânico que estavam na parte urbana da cidade >
presença constrangedora para os nativos
2° expedição: aprendeu a língua e foi aceito para a participação > método objetivo e
etnográfico que obriga a participação.
Língua de contato: Pidgin
> Método: de acordo com Malinowski o etnógrafo tem de conviver, compartilhar a vida
cotidiana com os grupos estudados
Isolar de sua cultura
Clareza nos registros da organização da tribo e da anatomia de sua cultura
Esquema completo com fatos da vida real e tipo de comportamento
Coletânea de afirmações etnográficas típicas

- Os argonautas do Pacífico Ocidental


Papua - Melanésios que habitam a costa e as ilhas mais afastadas da Nova Guiné
População litorânea, peritos em navegação.
Utilização de grandes canos para expedições comerciais ou incursões de guerra e
conquista
-Atividade Comercial:
Diversidade da localização dos centros manufatureiros
Formas definidas de troca
Sistema extenso e complexo abrangendo todas as ilhas próxima a Nova Guiné
Kula: fenômeno econômico de importância teórica.
Localização do arquipélago Trobriandês
Grupo de ilhas planas de coral cercando uma grande laguna
Planícies cobertas por solos férteis
Laguna abundante em peixes
Ilhas possuem população densa, ocupada na agricultura, pesca, comércio e troca.
Sistemas técnicos de pesca
Arranjas econômicos complexos
Equipes de trabalho organizadas
Cada um recebe, na divisão do pescado, uma parte equivalente aos serviços prestados.
Divisão das terras: Chefe, feiticeiro, pessoas importantes ou sub-chefes, demais indivíduos
Chefe: autoridade social
Towosi: feiticeiro agrícola, cabe os procedimentos do trabalho
Leywota: lotes
A negligência de um indivíduo pode resultar em prejuízo para todos e repreensão pelo
Towosi
O comércio obedece às regras do costume > determina o que e em que quantidade deve
ser trocado por determinado artigo.
Autoridade do chefe, crença da magia e prestígio do feiticeiro > forças psicológicas e sociais
que regulam e organizam a produção
Atividades dependem do poder social do chefe e influência de seus feiticeiros
Kayasa: atividades tribais realizadas com intensidade especial

-Obrigações de parentesco:
30% da produção total de alimentos destina-se aos celeiros do Chefe
A posse e exibição de alimentos são importantes e valorizadas

> Diário de Malinowski


1967 (15 anos após sua morte)
Argumento poderoso para legitimar outra modalidade de fazer antropologia

- Aspectos essenciais da instituição Kula:

Kula: extensa forma de comércio de caráter intertribal


Aspecto Fundamental: troca cerimonial de artigos
Todos participantes recebem periodicamente, de modo regular, um ou mais mwali ou
solava e transfere a um de seus parceiros, em troca, que recebem o artigo oposto.
O que obriga a reciprocidade é o contrato moral, questão moral
quem supervisiona essa moralidade é o totém
Soulava: longos colares de concha vermelha que seguem no sentido dos ponteiros
do relógio
Mwali: braceletes de conchas brancas que seguem no sentido anti-horário
Essa troca não é feita livremente, possui limitações
Uma única transação não encerra o relacionamento Kula, pois a regra é “uma vez
Kula, sempre Kula”
Braceletes e colares nunca podem ser presenteados por uma mesma pessoa, já que
viajam em direções opostas. Se presenteia com braceletes deve receber colar.
A natureza da operação é determinada pela bússola determinada pelas posições de
ambos.
Com as trocas de braceletes e colares os nativos também mantêm uma troca entre
ilha e outra como forma de comércio, permutando bens considerados indispensáveis mas
impossíveis de serem produzidos em certos locais.
O Kula consiste na entrega de um presente cerimonial que deve ser retribuído por
um contrário presente, a equivalência entre os presentes nunca pode ser comparada ou
pechinchada.
Cada doador do contrapresente deve estabelecer a equivalência > um parceiro que
recebeu um presente Kula, retribua com outro de valor igual - para Mauss, a dádiva, tonga.
Para os nativos a generosidade é a essência de todas as virtudes, mesquinharia o
vício mais desprezado > provoca anomia social > leva a morte ou suicídio social.

Há atividades associadas ao Kula, consideradas secundárias:


>Comércio, construção de canoas e preparamento do equipamento, grandes cerimônias
fúnebres, tabus preparatórios
>Principais transações são cerimoniais e realizadas publicamente obedecendo regras
definidas

A expedição característica do Kula participa um número considerável de canoas >


festas, comida e outras cerimônias
A crença na eficácia da magia domina o Kula, assim como domina as outras
atividades tribais dos outros nativos. > a força total é temer a magia que pode ser feita
30% de toda produção é do chefe.
Chefe > aquele que tem mais domínio do sagrado em relação aos seus
competidores.
Feiticeiro deve supervisionar o trabalho no campo.
podemos entender o Kula como uma relação intertribal, unido por laços sociais definidos
para satisfação de um desejo de posse > troca parte comercial - quando se troca alimentos,
cestos, parte cerimônia
Apenas a riqueza condensada se assemelha ao dinheiro > quanto mais prestígio e
mais honra.
Vaygu’a: símbolo da troca, nunca é usado como meio de troca ou medida de valor >
são medidas de poder e riqueza
Peças de vayagu’a possuem o objetivo de ser trocada e serem exibidas
Processo de troca do vayagu’a, limitado no sentido geográfico em que pode ocorrer
estritamente no círculo social > ilhas são escolhidas geograficamente no momento de troca
para um nativo o vaygu'a possui dignidade e o trata com veneração. possuir um é algo
agradável > amuleto que ressalta a força e presença naquela sociedade.
O kula nos apresenta um novo tipo de fenômeno onde transações econômicas
expressam atitudes relevantes de quase veneração com relação aos valores trocados.
Kula e construção da canoa, figura do chefe, economia primitiva > tudo expressado
pelo Kula.

Relações não são esporádicas nem acidentais mas permanentes e regulamentas,


são diferentes > Margaret Mead: todas as tribos possuem tipos de organização social
diferente.
- Economia Primitiva dos Ilhéus Trobriandeses
Nordeste da costa de Nova Guiné
Chefia bem desenvolvida
Grande habilidade em lavoro e arte decorativa
Lavoura, pesca e artesanato.

Evans-Pritchard

Prática Etnográfica
Concentrou na demonstração da racionalidade da cultura subjetiva
Expedições ao continente africano a partir de 1926

Os Nuer

África Oriental > Regiões centro-meridionais do Sudão, às margens do Rio Nilo.


Relações sociais dos Nuer são influenciadas por limitações ecológicas
Conceitos de tempo e espaço são determinados por motivos ecológicos
Povos Nilóticos: dois rios afluentes do rio desembocaram naquela região >
Grupos voltados a atividade ganadeira: gados > principal forma de alimentação
Divididos em tribos autônomas
Habitam lugares próximos de água
Nômades

-Tempo
Tempo ecológico: reflexos de suas relações com o meio ambiente
Tempo estrutural: reflexos de suas relações mútuas dentro da estrutura social
Contagem do tempo ecológico determinada pelos corpos celestes
Passam metade do ano em acampamentos e metade na aldeia
Referem-se a alguma atividade de destaque que está em processo na época de sua
ocorrência

-Espaço
Espaço Ecológico: aspectos físicos e geográficos da região que são selecionados pelos
Nuer como pontos de referência para a organização dos espaços
Distância Ecológica: relação entre comunidade definida em termos de densidade e
distribuição > água, vegetação, vida animal
Distância Estrutural: entre grupos de pessoas dentro de um sistema social > valores
-Divisões Políticas
Tamanho da aldeia depende do espaço para construções, pastagens e horticultura
Aldeolas: casas dispostas num bloco, formando agrupamentos de choupanas e estábulos,
separadas por terrenos de pastagem
Aldeias ligadas às vizinhas por trilhas > inter-relacionamento social
Tamanho dos acampamentos depende da quantidade de água e pastos.
Rios indicam as linhas da divisão política
Dinkas: inimigos dos Nuer
Nuer atacam por causa dos gados
Nuer consideram os Dinkas como ladrões
Guerra entre dinkas e nuer: relacionamento estrutural
Nuer: sociedade horizontal > estrutura igualitária, na qual não há hierarquia rígida ou
autoridade centralizada. Não existe uma figura de liderança ou chefia dominante, e todos os
membros têm voz igual nas questões relacionadas à organização.
Dinka: sociedade vertical > caracterizada por uma estrutura hierárquica clara, com uma
autoridade centralizada e uma cadeia de comando definida. Existem diferentes níveis de
poder e responsabilidade, desde os líderes ou gestores até os membros com funções mais
operacionais

-Luta Intertribal
Feroz e perigosa, mais do que a guerra com os Dinkas
Não há prisioneiros
Casas e estábulos não são destruídos

-A vida nas Tribos


Não existe organização central > não há unidade política
Cultura homogênea

Instituições Políticas Africanas


Ênfase a: Zulo, Ngwato, Bemba, Bayamkole, Kede, Banto de Kavirondo, Tallensi e Nuer
Numa unidade política as sociedade com organização estatal é numericamente maior do
que as que não tem.
Organizações sociais influenciadas pelo modo de vida e condições ambientais.

Conceito de bruxaria:

- Filosofia natural
explicação das relações entre os homens e o infortúnio > o feitio de alguma coisa sem
sucesso, tenta jogar oráculo para descobrir a causa
onipresença
influência na moral, etiqueta, tecnologia
a bruxaria participa de todos os infortúnios > diferente de magia
é reconhecida de forma natural
desperta agressividade
> ex: tropeço em um toco de árvore e posterior infecção do ferimento causado >>
considerado bruxaria >> alguém com inveja da família do menino que tropeçou causa o
machucado pois não é comum acontecer
> ex: incêndio de uma cada de armazenamento de cerveja causado por seu próprio dono:
cerveja estocada para um certo evento, senhor dono entra no celeiro e ateia fogo para
iluminação, em um momento desses o galpão é incendiado, justamente na véspera do
evento. >> considerado bruxaria >> alguma das famílias provocaram essa bruxaria
> ocorrência de rachaduras em gamelas e durante fabricação e em potes de cozedura

- Filosofia Zande
Bruxaria põe o homem em relação com eventos de tal maneira que ele sofre dano
Não é uma doutrina
não contradiz o conhecimento da causa e efeito
Crenças na morte por causas naturais e por bruxarias
Bruxaria > umbaga > segunda lança - o poder que essa bruxaria pode provocar
divisão da caça entre o homem que atingiu primeiro o animal e o homem que lhe enfiou a
segunda lança > dono da segunda lança > umbaga
mentira, adultério, roubo não são considerados bruxaria
morte por motivo de vingança não é bruxaria
bruxaria é a causa secundária
bruxaria não é causa de fracasso quando ocorre quebra de tabu
> ex: doença de uma criança quando seus pais sabem que mantiveram relações sexuais
antes do desmame > explica a doença
> ex: caso de lepra provocado por causa de incesto.
em casos de quebra de tabu sem ocorrência e morte não menciona-se bruxaria
>ex: falha na eficacia oracular se o homem tiver mantido relações sexuais com a esposa na
noite anterior
>ex: quebra dp trabalho de um ceramista quando o oleiro tiver mantido relações sexuais na
noite anterior.
outras causas de morte entre azande:
vontade de ser supremo > determinado ser determina quando vai morrer
feitiçaria
outras causas de infortúnio/fracassos: adultério
incompetência, preguiça, ignorância. >>>> não tem a ver com bruxaria

BRUXARIA é quando alguém consulta o oráculo e encomenda um efeito contra outra


pessoa
FEITIÇARIA é quando um feiticeiro obtém um certo domínio, como de trabalhar um amuleto
> pode encomendar a morte de uma pessoa. a pessoa sem amuleto é frágil > feiticeiros
dominam isso > feitiços podem salvar e fortalecer, ou enfraquecer uma pessoa
bruxaria tem lógica própria > acontecimento natural
azande não entendem a bruxaria pois desconhecem a forma pela qual alcança seus
objetivos

- Max Gluckman

Africano
Estudou na Inglaterra
Etnológico
Não chegou fazer uma observação participativa

Rituais de Rebelião no Sudeste da África

-Trata especificamente sobre cerimônias realizadas por povos do sudeste da África > afirma
existir elementos de tensão social controlada, que ele chama de rituais de rebelião
-Qual força motriz reforça o poder do líder > busca entender
-Causas da rebelião no sudeste africano
-Ordem social é tida como algo certo, é a estrutura inerente da criação > a “verdade”, às
vezes num nível sagrado
-Existe uma oposição que o líder reconhece > busca enfraquecer essa oposição

Os Zulus

Guerreiros que venceram batalhão militar na África quando tentaram colonizar

Ritual de Nomkubulwana

Divindade desenvolvida do panteão Zulu


Deu a primeira forma ao homem e ensinou a humanidade todas as arte úteis da agricultura
e manufatura
Celebrada em comunidades agrícolas em escala local quando as lavouras começavam a
crescer > se nenhum ritual fosse dedicado os cereais seriam estragados
Deusa Nomkubulwana > protetora das mulheres
Mulheres não queriam alterar seu papel na sociedade > ainda seguiram a tradição de ter
filhos, cuidar da roça.

AS MULHERES
Objetivo de assegurar a prosperidade e produtividade da lavoura
Trabalham e vão para lavoura e assumem as tarefas em casa
Se dedicam ao trabalho
No momento do ritual possuem um tempo para elas
Ações cerimoniais marcadas pela dominância e obscenidade eram efetivas ao contrário
de sua subordinação e discrição costumeira > obscenidade era um tabu, normalmente
Homens impedidos de irem nos locais dos rituais > afastados
Jovens vestem roupas masculinas > praticam atos como se fossem homens
Mais velhas fazem e tomam cerveja
Uma vez por ano
Bântico: fato das mulheres terem um papel dominante e os homens, subordinados na
cerimônia, sendo as sociedades em que ocorriam, patriarcais.
1936-40

OS HOMENS
Convencidos de que as cerimônias ajudariam a produzir colheitas generosas

O MATRIMÔNIO
Se casavam fora de seus grupos de parentesco indo para a família do noivo
Quando uma moça se casava o irmão recebe cabeças de gado > usa para arrumar uma
noiva
Estabilidade do irmão com esse gado dependia da estabilidade do casamento da irmã > se
a irmã separa irmão precisa devolver o gado
Não pode existir casamento endogâmico: acontece dentro da comunidade

OS FILHOS
Linhagem agnática - “primogênito” > o primeiro filho por direito tem a herança
Casamento uterino > direito ao poder na sucessão é o filho do irmão
O tio tem que suceder
Primos disputam poder
Um homem cuja mulher lhe dá dois filhos produz dois rivais na disputa de apenas uma
posição e propriedade dentro da comunidade
Se uma mulher (do chefe) tem duas crianças é a preferida > criação de mais mão de obra >
celeiro e produção mais forte > traz prestígio para a família > mulher com mais filhos
colabora para isso
-Questionamento acerca da autoridade do Rei
-Ninguém aspirava subverte-lo > “divino é o reinado, não o Rei”
O correto é o lugar que a pessoa ocupa > sagrado, portanto tem o lugar da chefia
*Como nossa eleição
-Organização dos Suazi era um sistema onde existiam rebeldes, não revolucionários
-Aqueles que disputavam o poder contra a autoridade

Cerimônia de Incwala

-Cerimônia dos primeiros frutos


-Rei é o primeiro a comer o primeiro fruto
-Precisa acompanhar o tempo, levantar antes do amanhecer > simboliza o sagrado
-Ninguém come daquela colheita antes da cerimônia
-A quebra dessa regra representa perigo ritual para o líder
-O rei tinha que competir pelo seu direito de precedência e competir com o SOL
-Cerimônia começa quando o rei se retirava para um cercado sagrado > lugar sagrado onde
ocorre o ritual > representando a perda de poder do homem em relação às forças cósmicas
-Na última lua nova que antecede o solstício inicia se a pequena cerimônia com as cabaça
sendo colocadas do curral > jovens que acabaram de sair da cerimônia de circuncisão
-Remédios Mágicos trazidos pelos Sacerdotes do Mar
-Cercado de súditos reais e sem laços de parentesco
-Rei permanece dentro deste santuário sagrado durante todo ritual saindo quando a
cerimonio o solicita
-Os príncipes durante o ritual tentam induzir o rei a sair do santuário para que ele seja os rei
dos rei
-Processo dramático e simbólico, o rei dá fim ao velho ano e prepara a entrada do novo ano
> renovação de seu mandato

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