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Milagre Jacinto Cossa

Resolução de perguntas da ficha II

(Licenciatura em ensino de matemática)

Universidade Rovuma

Nampula
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2021

Milagre Jacinto Cossa

Resolução de perguntas

(Licenciatura em ensino de matemática)

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de


Antropologia Cultural, a ser entregue ao
Departamento de Ciências Naturais e
Matemática, 2o Ano, 2o Semestre, a ser
leccionada pelo docente:

Docente: M.A Denisse Kátia Omar

Universidade Rovuma

Nampula
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2021
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1.a) Explique a importacia do parentesco.

R: O parentesco tem um papel importante pois confere ao indivíduo a identidade social perante
ao grupo, de forma que este seja reconhecido pelos outros como membro pertencente ao grupo,
isto é, dentro de uma sociedade pode definir a sua posição por meio de termos de parentesco com
qualquer pessoa com quem se encontre a tratar socialmente, quer pertença á própria tribo quer
pertença a outra(Bernardi, 1974: 258).

1.b) Apresente os tipos de parentesco que existem e caracterize três deles.

R: De acordo com BERNARDI (1978: 259), o Parentesco pode apresentar-se sob diversas
formas: Consanguíneos, Aliados ou Afins e adoptivos.

 Parentes de sangue (biológicos ou cognados) são parentes que tem a mesma relação
genealógica, tem o mesmo antepassado, isto e, representam um grupo de pessoas
descendentes de um mesmo antepassado cujo vínculo de descendência é
genealogicamente demonstrável e não pressuposto miticamente.

 Parentes afins (aliados ou agnados) são aqueles que se obtém por vínculo como o
casamento, portanto podem incluir para alem de esposos (pais dos esposos, irmãos, tios,
etc.).
 Os Parentes Adoptivos ou Fictícios são os que resultam de um processo de adopção de
um indivíduo por membros que não têm nenhuma relação de consanguinidade.

2. a) Apresente a visão crítica da teoria evolucionista e os seus fundadores.

R: Segundo Charles Darwin, (1809-1882), as visões críticas da teoria evolucionista são:

 Os dados não falam por si próprios: é preciso organizar os dados, em relação à teoria.
Os dados são apenas barulho, se não aportam um contributo à teoria antropológica;
 Para eles, as sociedades eram organismos naturais que evoluíam;
 O seu modelo de civilização era a sociedade vitoriana inglesa (Ocidente): o resto do
mundo tinha um desenvolvimento inferior;
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 Pensaram, erradamente, que os ―povos primitivos‖ teriam que elaborar instituições


semelhantes às da sua tecnologia;
 Partem muitas vezes de supostos etnocéntricos;
 A crença não é um erro, como afirmava Tylor. A crença dá sentido à experiência
humana. A mente não pode esperar que a ciência resolva todos os seus problemas, daí
que se alimente a crença (tal disse Durkheim).
Os fundadores da teoria evolucionista são:
 J.J.Bachofen (1815-1887)
 L.H, Morgan (1818-81);
 H. Maine (1822-88);
 J.F. Mc Lennan (1827-81);
 E.B. Tylor (1832-1917);
 J. Frazer (1854-1941).

2. b) Descreva o contributo dado pelos antropólogos evolucionistas para a construção da


antropologia.
R: Segundo BURGESS, Robert G (1997), o contributo dado pelos antropólogos evolucionistas
para a construção da antropologia é na Ilustração, a ideia de progresso foi central; e para o
evolucionismo, as culturas encontravam-se em movimento, através de diferentes etapas de
desenvolvimento, até alcançarem a etapa de desenvolvimento da cultura ocidental. Todas as
culturas evoluiriam da mesma maneira e passariam pelos mesmos estádios. Seria, pois, necessário
pensar numa evoluçao unitária do conjunto da humanidade.

3. a) Analise e diferencie a religião dos rituais na cultura moçambicana.

R: A religião pode ser entendida como o sistema de crenças e rituais ligado com seres, poderes e
forças sobrenaturais. A religião é um universal da cultura, isto é, é um fenómeno inerente a todas
as culturas. Ela pode afirmar a solidariedade social de um grupo humano, mas também a
inimizade mais acérrima. A religião relaciona o homem com o sobrenatural, embora não seja
fácil distinguir-se o natural do sobrenatural. Diferentes culturas conceituam os entes
sobrenaturais de maneira diferente.
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Em Mocambique são, pelas suas tradições cultuais, profundamente religiosos; o fenómeno da


religião faz parte da sua vida quoditiano, no entanto, destaca-se o Islão como campo fértil na
cultura tradicional moçambicana influenciada pela colonização em virtude de não ser uma
religião dogmática, maleável quando necessário, apenas intransigente nas questões que são a
essência da religião.
E m Moçambique, os ritos de iniciação para uma mulher são condições para assumir seus papéis
na sociedade, isto é os ritos de iniciação são vistos como o baptismo cristão. Sem baptismo todo o
ser humano é pagão. Não tem direi to ao céu. No sul, homem que não lobola a sua mulher perde o
direi to à paternidade, não pode realizar o funeral da esposa nem dos filhos. Porque é um ser
inferior. Porque é menos homem. Filhos nascidos de um casamento sem lobolo não têm pátria.
Não podem herdar a terra do pai, mui to menos da mãe. Filhos ficam com o apelido materno. Há
homens que lobolaram suas esposas depois de mor tas, só para lhes poderem dar um funeral
condigno. Há homens que lobolaram os filhos e os netos já crescidos, só para lhes poder deixar
herança. Mulher não lobolada não tem pátria. É de tal maneira rejeitada que não pode pisar o
chão paterno nem mesmo depois de mor ta.

Portanto Os rituais, então, propiciam as passagens acontecerem: Nascimento, puberdade social,


casamento, paternidade, progressão de classe, especialização de ocupação, mor te. A cada um
desses conjuntos acham-se relacionadas cerimónias cujo objecto é idêntico, fazer passar um
indivíduo de uma situação determinadas a outra situação igualmente determinada. Os rituais
reflectem o sistema social e político (Velasco, 1986), mas também ao mesmo tempo são
estruturantes dos mesmos. Os rituais contribuem para a estruturação da forma como a gente pensa
a vida social, que como já vimos é uma tensão entre ordem e caos. O ritual é uma formação social
que estabelece, reitera, reforça laços e ligações sociais, resolve conflitos, regula tempos e
espaços. O ritual é uma espécie de promessa de continuidade. Igualmente, acontece que as crises
são controladas por ritos que definem as etapas do processo social. Nos rituais políticos há
sempre fragmentação, repetição e dramatização.
3.b) Analise os ritos de transição como uma prática sociocultural.

R: As diferentes fases da vida são caracterizadas pelos rios que Arnold Van Gennep definiu como
“ritos de passagem”, nestes ritos o individuo transita de uma fase do ciclo vial à fase sucessiva
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num conexo rico de símbolos e de imagens. A sacralidade de cada momento é protegida por uma
série de de proibições e de normas positivas.

Segundo TURNER (1974), os ritos de transição ou passagem são aqueles que marcam momentos
importantes na vida das pessoas. Os mais comuns são os ligados a nascimentos, mortes,
casamentos e formaturas. Em nossa sociedade, os ritos ligados a nascimentos, mortes e
casamentos são praticamente monopolizados pelas religiões. Já as formaturas não costumam ser,
em si, religiosas, mas frequentemente têm importantes momentos religiosos.

4. a) Analise as formas de casamento consoante a região.

R: segundo TERRAY (1969),Considerando a residência pos-nupcial, temos diversos casamentos,


hoje em fase de extinção:

 A estrutura mais simples é a conjugal, formada pelos pais e filhos, na qual a protecção
se confia a um so homem, numa unidade residencial autonom,a, que chamamos neo-
local, em que os esposos abandonam as respectivas famílias e passam a residir numa
nova residência.
 O casamento defenido patrilocal, a esposa passa a morar na casa do pai do esposo.
Nesse caso, a família é cosiuida por homem, a sua esposa ou esposas e os seus filhos
homens adulos com as respectivas esposas e filhos. Ficam sempre juntos, os filhos de
sexo masculino. O resultado dessa formação são os grupos de colaboração masculina,
jerarquicamente organizados. A norma exige que as mulheres residem na casa onde
moram os maridos.
 O casamento matrilocal é aquele em que o esposo passa a morar na casa da mae da
esposa. Esta família é composta prela mulhar, seu marido e filhos menotres, as filhas
com os seus esposos e filhos. As mulheres ficam juntas toda a vida na mesma
residência, segundo a norma “uxorocal”, isto é, os maridos opassam a residir na casa
das suas esposas.
 Outros casos que se apresentam à observação do antropólogo são: o casamento
ambilocal, nos casos que não há normas estabelecidas soibre a residência do novo
casal; o casamento “natolocal”, isto é, cada um dos cônjuges permanece na residência
onde nasceu, pelo que a forma de matrimónio não implica o abandono da residência
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de origem; e o caso chamado “matriocal”, que não é verdadeiro casamento, e que


consiste em que uma mulher passa a morar sob a protecção de um irmão ou um filho
adulto, que ainda cuida dos filhos que ela gerou de relações livres.
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Bibliografia

ITURRA,Raúl (1987). Trabalho de campo e observação participante. In: José Madureira Pinto,
1987, pp. 149-163.

MARCONI. M. Andrade & PRESOTTO. Z. M. Neves, Antropologia; uma introdução., 7ed, São
Paulo: Atlas, 2010. n.p.

MARTINEZ. F.L. Antropologia Cultural. Editora Brasília, São Paulo, 2008.

TERRAY, Emmanuel. Le marxisme devant les sociétés «primitives». Maspero, 1969.

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