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1.

R: As principais diferenças entre Ciências Sociais e Ciências Naturais é que: as


ciências naturais estudam fatos simples, eventos que presumivelmente têm
causas simples e são facilmente isoláveis. Tais fenômenos são por isso mesmo,
recorrentes e sincrônicos. A matéria-prima da «ciência natural», portanto, é
todo o conjunto de fatos que se repetem e têm uma constância
verdadeiramente sistêmica. Enquanto que ciências sociais estudam fenômenos
complexos, situados em planos de causalidade e determinação complicados.
A matéria-prima das ciências sociais, assim, são eventos com determinações
complicadas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados tendo, por causa
disso, a possibilidade de mudar seu significado de acordo com o ator, as relações
existentes num dado momento e, ainda, com a sua posição numa cadeia de
eventos anteriores e posteriores.

2.
R: A diferença crucial entre Ciências Sociais e Ciências Naturais é que nas
ciências sociais trabalhamos com fenômenos que estão bem perto de nós, pois
pretendemos estudar eventos humanos, fatos que nos pertencem
integralmente. A raiz das diferenças entre «ciências naturais» e «ciências
sociais» fica localizada, portanto, no fato de que a natureza não pode falar
diretamente com o investigador; ao passo que cada sociedade humana
conhecida é um espelho onde a nossa própria existência se reflete.

3.
R: O objecto de estudo da Antropologia é o homem enquanto ser biológico,
social e cultural.

4.
R: Os ramos da Antropologia são Antropologia Biológica e Antropologia Cultural.
Antropologia Biológica dedica-se à análise das diferenciações humanas
utilizando esquemas estatísticos, dando muito mais atenção ao estudo das
sociedades de primatas superiores (como os babuínos ou gorilas), à especulação
sobre a evoução biológica do homem em geral apreciando, por exemplo, a
evolução do cérebro ou do aparato nervoso e ósseo utilizado e mobilizado para
andar; ou está dedicado ao entendimento dos mecanismos e combinações
genéticas fundamentais que permitam explicar diferenciações de populações e
não mais de raças. Por sua vez, a Antropologia Cultural permite tomar
conhecimento, do mundo humano formando-se dentro de um ritmo dialético
com a natureza. Foi respondendo à natureza que o homem modificou-se e assim
inventou um plano onde pôde simultaneamente reformular-se, reformulando a
própria natureza.

5.
R: O objecto de estudo da Antropologia Cultural são as sociedades do passado.
Busca compreender como se formaram as culturas dos diferentes grupos
humanos.

6.
R: No âmbito da Antropologia é necessário distinguir a sociedade da cultura
porque a cada sociedade corresponde uma tradição cultural que se assenta no
tempo e se projecta no espaço, ela pode sobreviver a sociedade que a actualiza
num conjunto de práticas concretas e visíveis. Assim, pode haver cultura sem
sociedade embora não possa existir uma sociedade sem cultura.
A cultura, portanto, trabalha sempre com formas puras, perfeitas, que se
ajustam ou não à sua reprodução concreta no mundo da sociedade, o mundo
expressivo das realizações e realidades concretas.

7.
R: As correntes teóricas em Antropologia são:

1. Evolucionismo - evolucionismo pode, portanto, ser caracterizado por quatro


ideias gerais:

- Primeiro, a ideia de que as sociedades humanas deviam ser comparadas entre


si por meio de seus costumes. Mas tais costumes são definidos pelo investigador
e não são situados lado a lado de modo horizontal. Eles não são vistos como
peças de um sistema de relações sociais e valores, mas como entidades isoladas
de seus respectivos contextos ou totalidades.
- A segunda ideia do evolucionismo é a de que os costumes têm uma origem,
uma substância, uma individualidade e, evidentemente, um fim.
- A terceira ideia mestra do evolucionismo é a de que as sociedades se
desenvolvem de modo linear, irreversivelmente, com eventos podendo ser
tomados como causas e outros como consequências. Junto com essa ideia de
desenvolvimento linear, temos a noção de progresso e a de determinação.
Assim, os sistemas envolvem do mais simples para o mais complexo e do mais
indiferente para o mais diferenciado, numa escala irreversível.
- Quarta ideia o modo típico de pensar as diferenças de posição evolucionista é
pela redução da diferença espacial, dada pela contemporaneidade de formas
sociais diferenciadas dentro de uma unidade temporal postulada posto que
inexistente ou conjectural.

2. Funcionalismo - O plano comparativo do funcionalismo não é mais a


sociedade do observador, situada na mais alta escala civilizatória, estando
fundado na observação de cada sistema como dotado de racionalidade própria,
um fato difícil de ser aceito pelos evolucionistas que somente podem encontrar
sentido social quando situam os costumes numa cadeia historicamente dada.
Aqui, a sociedade do observador tem que entrar não como um modelo acabado,
para onde todas devem tender, mas como um outro dado sobre a sociedade
humana e as relações sociais possíveis entre os seres humanos.

8.
R:
Lacunas do Evolucionismo:
Existe uma perspectiva totalizadora, uma sociedade tomada sempre como ponto
de referência indiscutível e uma teoria histórica que permite alinhavar todos os
costumes em termos de valores muito importantes ao sistema ocidental.
Se o evolucionismo tem por um lado a vantagem de possuir uma posição
globalizadora, não perdendo de vista os costumes de toda a humanidade, por
outro ele tem a desvantagem de não poder perceber as forças concretas que
movem os sistemas sociais não familiares ao observador o qual tende a
interpretá-los projetando neles os seus próprios valores.

Lacunas do Funcionalismo:
O paradigma, representado pelo funcionalismo cristalizado com Malinowski,
mostra uma tendência oposta. Aqui, trata-se de desenvolver uma visão parcial,
mas extremamente acurada da operação das sociedades humanas.

9.
R: O Parentesco é um tema de extrema importância na Antropologia Cultural
porque os sistemas de parentesco, as regras de casamento e de filiação, formam
um conjunto ordenado cuja função é assegurar a permanência do grupo social,
entrecruzando, como um tecido, as relações consanguíneas e as relações
baseadas na aliança.

10.
R: Em Antropologia Cultural o parentesco é um fenómeno de natureza social e
não biológica porque são parentes numa dada sociedade aqueles que se
consideram como tais, quer isso coincida ou não com a realidade biológica. É
como se os homens, para resolverem os problemas com que se deparam,
tivessem posto alguma ordem nas relações com os seus semelhantes,
classificando os parentes, aliados e os estranhos têm valores diferentes.

11.
R: Para Claude Lévi-Strauss proibição do incesto é o fundamento cultural da
sociedade porque esta regra, obrigaria o homem a superar o dado natural,
instaurando a troca matrimonial.
A função principal da proibição do incesto seria obrigar os homens a
distinguirem-se uns dos outros, a trocarem parceiros matrimoniais, em suma, a
organizarem-se socialmente.

12.
R: Os sistemas de filiação são:

1.A filiação patrilinear


O parentesco transmite-se pelos homens. Ego, indivíduo de referência
(masculino ou feminino) faz parte do grupo do seu pai.
Para que dois indivíduos pertençam ao mesmo grupo de parentesco, é
necessário que haja entre eles um laço de descendência pelos homens.

2. A filiação matrilinear
O parentesco transmite-se pelas mulheres. Ego, indivíduo de referência
(feminino ou masculino), pertence ao grupo da sua mãe. Para que dois
indivíduos pertençam ao mesmo grupo de parentesco, é necessário que haja
entre eles um laço de descendência pelas mulheres.
3. Filiação Bilinear
Este tipo de filiação liga os indivíduos a certos grupos devido a sua descendência
pelas mulheres.

4. Filiação Indiferenciada
Este tipo de filiação refere-se à descendência tanto pelos homens como pelas
mulheres.

13.
R: Os sistemas matrimoniais são:

1. As estruturas complexas
Alguns grupos étnicos proíbem o casamento com os membros da linhagem ou
do segmento de linhagem, mas não impedem que se estabeleçam relações
matrimoniais com qualquer outro grupo de filiação. Esta regra resulta numa
estrutura que se qualificou de complexa porque o seu estudo é dificultado pela
multiplicidade de escolhas possíveis.

2. As estruturas elementares
As estruturas elementares resultam de regras que estipulam que um indivíduo
se case com um parceiro que ocupe, relativamente a ele, uma posição
particular: «ou, se preferirmos, os sistemas que, definindo todos os membros do
grupo como parentes, dividem estes em duas categorias: cônjuges possíveis e,
cônjuges proibidos»

14.
R: O parentesco classificatório é um sistema que implica que um mesmo termo
se aplique a parentes que ocupam, relativamente a Ego, posições muito
diferentes na sua genealogia. Assim, em determinados sistemas, o termo que
vale para o pai aplica-se tanto aos irmãos da mãe como aos do pai; irmãs da
mãe e irmãs do pai são chamadas como a mãe; primos paralelos e primos
cruzados são irmãos e irmãs.

15.
R: Os sistemas de residência são:
1. Residência Matrilocal
Quando a tradição obriga o marido a deixar a casa dos pais para ir viver com a
sua mulher, quer na casa dos pais dela, quer numa habitação vizinha.

2. Residência Patrilocal
Se, pelo contrário, é normal que a mulher se instale na casa dos pais do marido
ou na proximidade.

3. Residência Bilocal
Quando as sociedades dão ao casal a liberdade de viver indiferentemente com
os pais de um ou do outro dos cônjuges ou na proximidade.

4. Residência Neolocal
Quando um casal de jovens casados escolhe o seu domicílio sem levar em conta
a localização das casas dos sogros.

5. Residência Avunculocal
Prevalece em algumas sociedades em que o casal deve ir viver com um tio
materno do marido, ou na proximidade da casa deste.

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